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M.V Daynneth Maia da Costa Santos TRANSFUSÃO SANGUÍNEA EM RUMINANTES: Consiste em coletar e administrar em outro animal sangue ou constituintes do sangue. Para que a transfusão sanguínea seja segura e eficaz, é preciso que o médico veterinário conheça a enfermidade que irá ser tratada e os riscos e benefícios que a transfusão de sangue pode gerar. Indicações para realizar transfusão sanguínea: 1. Para preservar a capacidade do sangue de transportar oxigênio: anemias hemolíticas graves = perda de eritrócitos. a) Babesiose, anaplasmose, coccidiose, intoxicação por mercuriais, toxemias severas, envenenamentos por samambaias. 2. Manter o volume de sangue: cirurgias, traumas severos, ruptura de útero, lacerações de cervix, vagina e vulva durante manobras obstétricas. 3. Restauração da capacidade de coagulação: intoxicações por antivitaminas K; beterraba forrageira; venenos hepatotrópicos. 4. Doença hemolítica ou icterícia hemolítica do recém-nascido devido à isomunização: a mãe que foi sensibilizada através de transfusão ou vacinação, e tenha adquirido anticorpos contra um antígeno específico presente nos eritrócitos do bezerro, o bezerro recém-nascido ao receber o colostro pode receber esses anticorpos imunes (isohemolisinas) e sofrer hemólise e icterícia nesse. ESCOLHENDO UM DOADOR 1. Animal adulto; 2. Hígido 3. Mesmo rebanho (evitar entrada de doenças) 4. Receptor do sangue (recebe): deve ser mãe, irmão ou filho do doador 5. Doador mais adequado: fêmea parente do receptor 6. Primeira transfusão: qualquer doador; animais jovens a própria mãe Contraindicações para um doador: Não usar fêmeas em gestação avançada (> 6 mês de gestação). M.V Daynneth Maia da Costa Santos Não administrar sangue de um macho em uma fêmea que no futuro poderá ser coberta por esse. Em casos de não ter sangue saudável da na propriedade: colher sangue de animais saudáveis em matadouro. GRUPOS SANGUÍNEOS BOVINOS: Fator sanguíneo: fator que determina qual antígeno estará presente na superfície da hemácia mais os fenogrupos (conjunto de fatores sanguíneos que são determinados a partir de um único alelo). Sistemas sanguíneos bovinos: A B C F-V J L M N N’ S T Z R’-S’ Utilidade de conhecer os grupos: Identificar gêmeos Identificar animal Registro de genealogia Diagnostico diferencial entre gêmeos univitelinos Free-Martin: gêmeos fetos trocam produtos de hemácias na anastomose dos vasos coriônicos e esses apresentam fatores antigênicos do seu co-gêmeo. Imagem ilustrativa da localização de antígenos nas células. Sistema ABO. M.V Daynneth Maia da Costa Santos COLETA DE SANGUE 1. Tricotomia e antissepsia: álcool iodado ou clorexidine. 2. Veia jugular, agulha calibre grosso (40x20mm; 30x20mm). 3. Equipo: polietileno apirogênico com agulhas nas duas extremidades (uma ligada na veia jugular e outra ao tubo hermético com anticoagulante onde irá escoar o sangue) 4. Fazer garrote caudal ao local onde será feito a punção de sangue 5. Bolsa de polietileno para transfusão humana (CPDA-1) 6. Evitar choque do sangue com a parede do recipiente e agitar suavemente (homogeinizar com o anticoagulante). 7. Quantidade de sangue coletado: Até 10% ou 25% do volume de sangue total Vacas secas e lactantes: 6 a 8% do peso corporal Até 2 litros de sangue de uma vaca e 3 a 5 litros de sangue no mesmo animal Até 2% do seu peso vivo (Sarvey,1082 (Correa, 1976) ANTICOAGULANTES 1. Heparina: antitrombina (anticoagulação), porém é inativada rapidamente 2. Citrato de sódio: dorma um complexo permanente com os íons cálcio. Deve-se diluir 20g de citrato em 200ml de água ou solução fisiológica estéril. Da solução fisiológica a 10% deve usar 40ml/L sangue coletado. 3. Solução de ácido cítrico citrato de sódio-dextrose anidra (A.C.D): tem 1,32g de citrato de sódio; 0,44g de ácido cítrico e 1,47g de dextrose em cada 100ml de água destilada livre de pirógenos. Proporção de uso = 1:4 partes de sangue. Obs. É mais indicada para bovinos. 4. Bolsas de CPDA-1: composição (A.C.D; fosfato de sódio e adenina). Ácido cítrico (anidro): 0,299g Citrato de sódio (dihidratado): 2,63g Fosfato de sódio monobásico (monohidratado): 0,222g Dextrose (monohidratada): 3,19g Adenina: 0,0275g M.V Daynneth Maia da Costa Santos Em cada 100ml de água destilada livre de pirogênio. Proporção de uso = 14ml de CPDA-1 para cada 100ml de sangue. TEMPERATURA E TEMPO DE CONSERVAÇÃO: Refrigeração: 4 a 6° C Recomenda-se: adição de 250.000 UI de penicilina cristalina e 0,250g de estreptomicina ou diihroestreptomicina para cada litro de sangue. Evitar contaminação durante a colheita-má assepsia. Sangue com solução de citrato em 4 a 6°C viável por até 4 a 5 dias. Sangue+ A.C.D = viável por 12 a 21 dias. Prazo máximo de estocagem a campo: 5 a 7 dias. Com CPDA-1 = até 60 dias Obs. Heparina pode ser usada se não houver outro anticoagulante, porém deve- se administrar imediatamente no animal que vai receber a transfusão. PROCEDIMENTOS PARA REALIZAR A TRANSFUSÃO SANGUÍNEA: Tricotomia e assepsia Via: veia jugular ou intraperitoneal Infusão: equipo estéril de polietileno apirogênico com filtro com dispositivo antibolha-evitar tromboembolismo e entupimento da agulha. Sangue resfriado: colocar em temperatura até alcançar 30°C. Sem aquecedores, pois podem dá coque térmico. Homogeinizar o sangue Quantidade administrada em bovino adulto: 5 a 7 litros Bezerros: 0,5 a 1L Cálculo: 10 a 15ml de sangue por kg Fazer transfusão quando o hematócrito baixar a 20% (3 a 4 milhões de hemácias/mm3). Para saber quanto deve transfusionar de hemácias: Cálculo: Para cada 10 a 15ml de sangue tem-se 1milhão de hemácias/mm3. Ex. bezerra; hematócrito 18%; 100kg. Quantos litros devem ser transfundido? Dados: valor normal: 6000 hemácias/mm3 com hematócrito de 36%; 10ml sangue/kg. 15ml_____1000 000/mm3 (doador) Taxa de infusão ideal: 1L______15 a 20min Velocidade de infusão: 40 a 60ml/kg/h. Recomendação: administrar lentamente nos 2 a 3 min iniciais e aumentar o fluxo gradativamente. Auscultar o coração no início da transfusão para detectar possíveis alterações cardiovasculares. M.V Daynneth Maia da Costa Santos ACIDENTES IMUNOLÓGICOS: É raro ocorrer reação na primeira transfusão. Transfusões diárias durante 4 a 5 dias podem ser feitas sem acidentes. As reações podem ocorrer quando é feito 2 transfusões com intervalo de 1 semana ou mais, entre essas. Isso pode gerar com que o receptor reaja ao sangue do doador (antígeno) e produza isohemolisinas (mais ativas que as hemolisinas =anticorpos naturais). Observações importantes: 1. Antígenos de membranas: induzem a formação de anticorpos. Ex. doador (sangue tipo A1H) e receptor (D1H); o receptor irá produzir isohemolisina anti – A1. 2. Frequência dos antígenos variam a depender da raça ou população: animais com parentesco, raças e populações próximas (iguais) possuem menos chances de ocorrer reação, pois os produtos sanguíneos são bastante semelhantes. 3. Formação de anticorpos naturais: bovinos produzem naturalmente anticorpos contra os tipos sanguíneos (A, Oc, F, V1, V2, V3, G, A1, M, U1, U2). Animal J-negativo com anticorpos naturais anti-J recebe sangue J positivo = problemas na primeira transfusão. Animais receptores que não possuem anticorpos naturais não possuem riscos de reações indesejadas na primeira transfusão de sangue. A maioria dos anticorpos naturais são IgM que ao terem contatocom os eritrócitos do doador podem causar hemólise, aglutinação, opsonização e fagocitose dessas células. Obs. Se o receptor já for sensibilizado, possuir anticorpos contra o antígeno do doador, ao ter um grande volume de sangue transfundido isso irá causar uma hemólise massiva e ativação do sistema complemento. A hemólise produz hemoglobinúria e hemoglobinemia. Importante: essa hemólise massiva pode causar CID (coagulação intravascular disseminada); o sistema complemento ativan a liberação de anafilatoxinas, causa degranulação de mastócitos e de agentes vasoativos ( ), e esses geram um quadro de choque circulatório com hipotensão, bradicardia, e apneia; sudorese, salivação, lacrimejamento, diarreia, timpanismo, aborto, hipertensão, hipertermia (40 a 41°C), hemoglobinúria, arritmia cardíaca, aumento na frequência respiratória e cardíaca, como e morte. O que fazer em casos de choque circulatório? 1. Suspender a transfusão 2. Administrar gluconato de cálcio 3. anti-histamina ou corticoide 4. Solução eletrolítica múltipla tamponada 5. Diuréticos-manter o fluxo urinário (altas [ ] de hemoglobinas podem causar destruição dos túbulos renais) Necropsia: exsudato nas cavidades pleurais e abdominais, edema pulmonar, reações efizematosas periféricas nos pulmões. Drogas vasoativas no suporte farmacológico de pacientes críticos, baseia- se na otimização do débito cardíaco e do tônus vascular da circulação sistêmica e pulmonar, com o objetivo principal de restabelecimento do fluxo sangüíneo regional para órgãos vitais durante o choque circulatório. M.V Daynneth Maia da Costa Santos TESTES DE COMPATIBILIDADE SANGUÍNEA Não fazer transfusões com intervalos de 5 a 7 dias- anticorpos isoimunes. Ficha animal: data de transfusão e dados de transfusão Transfusões repetidas: mudar o doador e fazer prova cruzada (teste de Jambreau) o Mistura-se uma gota de sangue com heparina do doador com soro do receptor. Esperar 2 a 5 min e movimentar continuamente até observar se houve ou não hemólise. Obs. Pode dar falso negativo. o Seguro: administrar 100ml de sangue do doador no receptor e aguardar 10 a 30 min. Qualquer reação desqualifica o doador. ACIDENTES NÃO IMUNOLÓGICOS: 1. Choque térmico: injeção rápida de sangue resfriado 2. Colapso cardiovascular + edema + congestão pulmonar devido à volume excessivo de sangue administrado. Esses são raros; acidentes mais comuns tem relação com os anticoagulantes e de transfusão de sangue contaminado. Heparina: doses altas- hemorragia Citrato de sódio em excesso: pode causar hipocalcemia aguda (animal excitado, muge, bate os cascos, inquieto, polipneia, taquicardia). Sangue contaminado: septicemia, choque pirogênico (excitação, polipneia, taquicardia, hipertermia, defecação, micção). M.V Daynneth Maia da Costa Santos
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