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CONCEITO A Mecânica Respiratória (entrada e saída de ar dos pulmões) é fundamental para manter a ventilação em níveis de normalidade, a fim de garantir a oferta de oxigênio e a remoção do dióxido de carbono e, assim, a vida do ser humano. IMPORTÂNCIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Nós respiramos para fornecer o oxigênio na última etapa da cadeia transportadora de oxigênio, a fim de tamponar os íons hidrogênio que foram formados no Ciclo de Krebs e, dessa maneira, ter a produção anaeróbia oxidativa de ATP. Além disso, respiramos para prover oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de carbono, visto que, esse dióxido age como um ácido, tendo que ser eliminado pelo organismo. O Sistema Respiratório contribui muito para o equilíbrio ácido-base, como sistema de defesa contra infecções, reserva de sangue e produção de componentes vasoativos. Vale ressaltar que, tem-se como componentes vasoativos a enzima conversora de angiotensina. Um ser vivo esférico com 1 cm de raio, numa condição de repouso, necessitaria de uma pressão externa de oxigênio de 25 a 30 atm. para a adequada difusão de oxigênio ao centro do organismo (Krogh). Se um organismo dependesse apenas da difusão do oxigênio do meio para a sua sobrevivência (aporte adequado de oxigênio), seu raio não deveria ultrapassar 0,5 mm. O Sistema Respiratório possui a capacidade de captar o O2 do meio ambiente e, junto com o Sistema Cardiovascular entregar o O2 no espaço intersticial para cada uma das nossas células. Com isso, em humanos, existem cerca de 600 milhões de alvéolos que são formados no período fetal, com diâmetros de 75 a 300 µm, com espessura máxima de 0,1 µm (extremamente fina, pois a difusão é o inverso da distância e, quanto maior a distância maior a velocidade, isso permite a difusão entre o alvéolo e o capilar pulmonar) e uma área de troca gasosa de 70 m2, o que corresponde a 40 vezes a superfície corpórea. CONSTITUINTES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO • Pulmões (brônquios e alvéolos); • Vias Aéreas Superiores; • Circulação Pulmonar; • Musculatura Respiratória. CICLO DE KREBS E A CADEIA RESPIRATÓRIA O CO2 formado no ciclo de Krebs é chamado de CO2 respiratório. No Ciclo de Krebs, tem-se a formação dos íons hidrogênio e, esses íons irão passar pelos diferentes citocromos e, com isso, há liberação de energia para formação do ATP. Mas, esse hidrogênio precisa ser tamponado e neutralizado dentro da mitocôndria para não promover uma acidificação mitocondrial. Para isso, dois hidrogênios e meio oxigênio irão formar uma molécula de água e, dessa maneira, haverá o tamponamento e a neutralização dos íons hidrogênio formados no Ciclo de Krebs e, como consequência, haverá a produção aeróbia e oxidativa de ATP. RESPIRAÇÃO EXTERNA A respiração externa são as trocas gasosas que ocorrem na superfície alveolar e é objeto de estudo da Fisiologia. • Pulmões. RESPIRAÇÃO INTERNA A respiração interna são as trocas que ocorrem na superfície mitocondrial e esta é objeto de estudo da Bioquímica. • Mitocôndria. COMPOSIÇÃO GASOSA DA ATMOSFERA Se for coletado uma amostra de ar atmosférico, longe das grandes cidades e ao nível do mar, e também uma amostra de ar alveolar de um indivíduo normal e analisarmos estas amostras de ar, veremos uma diferença no percentual e na pressão parcial dos principais gases, conforme a tabela: A pressão atmosférica é a soma da pressão de cada um dos gases. Então, se for somado a pressão parcial de cada um dos RESPIRATÓRIA gases existentes à nível do mar, tem-se uma pressão de 760 mmHg. Ademais, vale ressaltar que, o percentual dos gases possui o mesmo valor em diversos locais e estruturas, porém apresentam pressões distintas. Ꙩ Dos valores expostos na tabela, deve-se priorizar o valor do oxigênio no ar atmosférico, este que é 20,9 e pressão parcial no ar alveolar, também, no sangue arterial, portanto, sangue oxigenado, sendo 100 mmHg. E, valor do dióxido de carbono no ar atmosférico, que é 0,03 e no ar alveolar e, também, no sangue arterial, portanto, sangue oxigenado, de 40 mmHg. PCO2 no sangue venoso é 46 mmHg PO2 no sangue venoso é 40 mmHg VENTILAÇÃO É o volume de ar atmosférico mobilizado/trocado pelos pulmões a cada minuto, sendo expresso em litros/minuto. Também, pode ser denominado de Volume Minuto Respiratório (VMR). A ventilação é a multiplicação de dois elementos, sendo eles, volume corrente (VC), (1 respiração) este que se deve ao volume de ar trocado pelos pulmões em cada ciclo respiratório e pela frequência respiratória (FR), que se deve ao número de ciclos respiratórios por minuto. V = VC x FR VC: volume corrente FR: frequência respiratória VENTILAÇÃO NO REPOUSO A Ventilação no repouso (ou basal) é da ordem de 7,5 a 12 litros/min, dependendo do indivíduo, e a ventilação máxima de 120 a 150 litros/min Valores Esperados V = VC x FR Repouso: 7,5 = 0,5 x 15 Máxima: 150 = 3,0 x 50 Vale ressaltar que, a bomba expiratória é muito mais eficiente do que a bomba cardíaca. Os pulmões estão distantes do ponto de captação do ar atmosférico. Para o ar chegar nos pulmões, parte deste preenche as vias aéreas, com isso, o ar que chega nos pulmões é um pouco menor. Então, nem todo o ar inspirado (VC = 500 ml) chega até a intimidade dos alvéolos para as trocas gasosas, pois parte deles permanece nas vias aéreas de condução, sendo este de aproximadamente 150 ml. Ademais, vale ressaltar que nas vias aéreas de condução não há alvéolos e, portanto, não há trocas gasosas e este valor é chamado de espaço morto anatômico. ESPAÇO MORTO ANATÔMICO (EMA) O espaço morto anatômico (EMA) é o volume do ar que permanece preenchendo as vias aéreas de condução, onde não existem alvéolos e, portanto, não participa das trocas gasosas. VENTILAÇÃO ALVEOLAR A diferença entre 500 ml – 150 ml = 350 ml é o valor de ar atmosférico que chega aos alvéolos para as trocas gasosas. O produto deste valor pela FR nos informa, agora, a ventilação alveolar (VA). VA = V - VEMA Do valor da ventilação alveolar é onde ocorre, nos alvéolos, a captação de oxigênio e a eliminação do dióxido de carbono. Então, a ventilação alveolar participa das trocas gasosas. Visto isso, no repouso e na condição máxima, teríamos: VA = V – VEMA Condição Basal 5,25 = 7,5 – VEMA Condição Máxima 142,5 = 150 – 7,50 LEIS DE BOYLE E DE CHARLES LEI DE BOYLE P1 x V1 = P2 x V2 P = Pressão V = Volume IMPORTÂNCIA Se houver uma diminuição na pressão (P2) para manter a igualdade, há uma elevação na mesma proporção do volume. A Lei de Boyle é muito importante na Fisiologia Respiratória, pois na inspiração ocorre exatamente esse processo, no qual há uma redução da pressão intra-alveolar pulmonar e, como consequência, há a entrada do volume de ar nos pulmões. Agora, se por algum motivo houver uma elevação da pressão para manter a igualdade, o volume diminui na mesma proporção. Isso ocorre durante a expiração. Portanto, tem- se um mecanismo de elevação da pressão dentro dos pulmões e, como consequência vai sair um volume, sendo este o ar expirado. Vale ressaltar que, essa lei ocorre em temperatura constante. LEI DE CHARLES V1/T1 = V2/T2 V = Volume T = Temperatura IMPORTÂNCIA Apresenta grande importância na Espirometria. Este, é um teste no qual se faz a avaliação da quantidade de ar que pode ser contido nos pulmões. ANATOMIA FUNCIONAL DOS PULMÕES PULMÕES É a principal estrutura do Sistema Respiratório, em número de dois (direito e esquerdo), o direito é maior e apresenta 3 lobos (superior, médio e inferior) e pesa cerca de 625 gramas; o pulmão esquerdo é menor devido à localização do coração, apresenta 2 lobos (superior e inferir) e pesa cerca de 560gramas; ambos têm cerca de 25 cm de altura no adulto. A cor o pulmão é rosada nos jovens e vermelho- escuro nos adultos; o pulmão tem uma consistência esponjosa, porosa, são macios e extremamente elásticos. Além disso, podem conter de 1 até 4 litros de ar em seu interior, dependendo do tamanho do indivíduo. Cada pulmão apresenta uma forma piramidal irregular, o ápice é arredondado e obtuso e chega ao nível da 1ª costela, abaixo da clavícula. A base é larga, ampla e côncava e apoia- se na curvatura o diafragma. A face externa é ligeiramente convexa e se adapta à parede do tórax, já a face interna é voltada para o mediastino e ligeiramente côncava. Na parte média superior do pulmão há a existência do hilo pulmonar (é por onde chega toda à árvore traqueal e os vasos sanguíneos), único local que o pulmão é fixo. Pelo hilo pulmonar penetram os brônquios e as artérias pulmonares e saem as veias pulmonares. Os brônquios ao entrarem pelo hilo se dividem indo para os lobos pulmonares e vão se subdividindo em estruturas anatômicas menores, separadas por fina camada de tecido conjuntivo; divisões subsequentes, cada vez menores, leva a formação dos bronquíolos respiratórios (já há a presença de alguns alvéolos, ou seja, tudo o que vem antes, não participa das trocas gasosas) e depois forma-se os sacos alveolares (uma reunião de alvéolos), ricamente irrigados. PLEURAS Cada pulmão é revestido por duas camadas finais e brilhantes, denominadas de pleuras, sendo uma mais interna e a outra mais externa. A pleura externa é a pleura parietal e a mais interna, é a pleura visceral. Entre as pleuras, existe um espaço denominado de espaço pleural. Se formos mensurar a pressão entre as duas pleuras, estaremos medindo a pressão pleural. Por sua vez, se mensurarmos a pressão dentro dos alvéolos, estaremos medindo a pressão alveolar, também chamado de pressão pulmonar. Se houver a sua perfuração, como por exemplo, uma facada, o pulmão se colaba e passa a ser não funcional, isso é chamado de pneumotórax. Na situação de pneumotórax, os músculos respiratórios e a circulação continuarão funcionando, porém o pulmão não ventila e, com isso, não é funcional, pois nessa situação, haverá a alteração da pressão pleural e, quando isso ocorre, o pulmão colaba. Através disso, a ventilação é muito afetada, podendo levar o indivíduo por falta de oxigenação. É de suma importância destacar que, a pressão pleural em condições normais é menor que a pressão atmosférica (pressão negativa). Já, a pressão nos alvéolos pode ser negativa na inspiração e pode ser positiva na condição expiratória. GRADIL COSTAL O gradil costal é formado na parte posterior pela coluna vertebral, na anterior pelo osso esterno e ligando estas duas estruturas tem-se um conjunto de 12 costelas. As costelas são ossos alongados em forma de semiarcos que apresentam pouca mobilidade na articulação com a coluna vertebral e grande mobilidade com o esterno. As primeiras 7 costelas articulam-se diretamente com o esterno e são chamadas de costelas verdadeiras, as 3 seguintes não articulam diretamente e são chamadas de flutuantes e as 2 últimas não se articulam e são chamadas de falsas. Vale ressaltar que, o gradil costal deve ser ao mesmo tempo forte e rígido para dar proteção e, também que deve ser móvel para permitir a ventilação pulmonar. ESTRUTURA DOS PULMÕES Na imagem acima, tem-se a representação ampliada dos pulmões. Nos bronquíolos se vê o 1º alvéolo (bronquíolo respiratório). Este, vai se dividindo, apresentando outros alvéolos e na sua extremidade tem-se os sacos alveolares. Fazendo um corte no saco alveolar encontra-se orifícios, onde há a chegada e saída dos alvéolos. ALVÉOLOS Os alvéolos são cavidades diminutas, formam uma área total de 70 m2, cada alvéolo tem, em média, de 0,2 a 0,3 mm de diâmetro, o espaço entre a parede alveolar até o interior do capilar pulmonar é pequeno, da ordem de 0,5 a 0,7 um, o que facilita a difusão gasosa e o número de alvéolos estimado, nos dois pulmões é de 500 a 600 milhões. Cada alvéolo tem cerca de 6 a 12 capilares, sendo esse fato de grande importância, pois para adequada hematose, precisa- se de uma alta circulação, por isso, cada alvéolo recebe muitos capilares. Os alvéolos são formados somente no período fetal e vai havendo uma redução em seu número ao longo da vida. Vale ressaltar que, ao longo da vida, nós perdemos alvéolos, eles se rompem. Os alvéolos são formados por dois tipos diferentes de células: (1) células epiteliais finas e planas, em número muito elevado (98% de todas as células) que formam a estrutura básica do alvéolo e são denominadas de pneumócitos tipo I; (2) células cúbicas, em menor número (apenas 2% do total), são produtoras do surfactante pulmonar e são denominadas de pneumócitos tipo II. Há a presença de leucócitos dentro dos alvéolos e sua função é de defesa contra infecções advindas do ar inspirado. A difusão gasosa é um processo passivo e sempre acontece da região de maior pressão parcial para região de menor pressão parcial. O oxigênio vai sempre de dentro do alvéolo para o interstício, para o capilar e, por fim, para dentro da hemácia. VIAS AÉREAS SUPERIORES É formada pela faringe, laringe e traqueia e fazem a comunicação entre o meio externo e os pulmões e o estômago. O ar inalado pela abertura nasal, ao passar pelos cornetos nasais, sendo uma área de mucosa, já é filtrado (retirando impurezas que foram inaladas), aquecido e umidificado, isso é importante pois, se o alvéolo ficar ressecado, este não é funcional. O ar que chega aos pulmões deve estar isento de partículas de impurezas, próximo de 37º C e saturado com vapor de água. O ar inalado pode ser também realizado pela boca, porém não é recomendado. FARINGE É um tubo que se inicia no fundo da boca e do nariz e vai até a laringe e esôfago. É uma via comum do sistema respiratório (passa ar) e digestório (passa o alimento e líquidos); no adulto tem cerca de 15 cm de comprimento por 4 cm de diâmetro na parte superior e de 2 na parte inferior. Durante a deglutição o movimento da glote para baixo fecha a entrada da traqueia, impedindo a passagem de resíduos alimentares para a traqueia. Se isso acontecer, já inicia o reflexo da tosse para eliminar qualquer resto alimentar ou líquido. A faringe pode ser dividida em orofaringe, nasofaringe e laringofaringe. LARINGE A laringe pertence somente ao sistema respiratório e liga a faringe à traqueia. Uma parte da laringe, a epiglote, localizada atrás da língua serve para fechar a ligação da faringe com a glote na deglutição e funciona como uma válvula. A glote, também localizada na laringe, apresenta duas pregas de tecido muscular, as cordas vocais e, na expiração, a passagem do ar com certa velocidade promove vibrações e a gera sons, os quais são melhores vocalizados/entendidos na boca, permitindo ao ser humano falar. A fonação só ocorre durante a expiração. TRAQUEIA A traqueia é uma via de condução gasosa. A presenta uma forma tubular com 10 a 12 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, formado por anéis cartilaginosos semifechados, apresenta um epitélio muco-ciliar que evita a entrada de partículas sólidas para os pulmões e realiza também a higiene brônquica e traqueal. No final da traqueia há divisão, formando dois brônquios fortes para cada um dos pulmões. CIRCULAÇÃO PULMONAR É um leito vascular de baixa pressão, uma diferença de apenas 16 mm Hg já é suficiente para esta circulação. Os pulmões recebem o mesmo valor do débito cardíaco da circulação sistêmica e o sangue provém das artérias pulmonares e brônquica. Os alvéolos são altamente irrigados para garantir a hematose; o tempo de trânsito de uma hemácia num capilar pulmonar (ou alveolar) é cerca de 1 a 2 segundos, tempo suficiente para a adequadahematose. MUSCULATURA RESPIRATÓRIA Os músculos respiratórios vão atuar promovendo a expansão da caixa torácica (ato inspiratório) e a sua retração (ato expiratório). Na inspiração calma (taxa metabólica baixa) ou forçada, há a atuação do diafragma; já na expiração calma, a única força existente, é a tendência de retração da caixa, devido a sua forma e aos tecidos elásticos, chamada de Força de Recolhimento Estático Pulmonar (FREP), mas na expiração forçada, há a participação de alguns músculos expiratórios. Apesar de serem todos músculos esqueléticos, e assim estarem sobre o controle voluntário do indivíduo, o ciclo respiratório não é consciente, mas dado pelos núcleos bulbares que controlam a respiração. Ressalta-se que, durante a inspiração calma não tem nenhum músculo respiratório ativo, somente o diafragma. Os pulmões podem ser descritos como uma mola, que foram esticados durante a expiração e depois a sua tendência é voltar, isso se deve a força de recolhimento estático pulmonar. Então, conclui-se que, na inspiração calma e forçada, há sempre a ação dos músculos inspiratórios. Enquanto isso, na expiração calma, nenhum músculo está ativo. E, na expiração forçada, tem-se outros músculos expiratórios ativos. Ademais, não existe músculo respiratório que se ligue diretamente aos alvéolos. Os músculos estão ligados à pleura parietal e vai ser a movimentação da pleura parietal que vai gerar dentro do espaço pleural uma pressão mais negativa do que o normal e, como consequência, a pleura se descola pela ação muscular, promovendo a expansão do alvéolo. Lembrando que, a respiração é um conjunto da expiração e da inspiração. MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS INSPIRATÓRIOS Os músculos respiratórios inspiratórios quando se contraem tracionam as costelas para cima e para a parte anterior, promovendo a expansão pulmonar e a entrada de um volume de ar nos pulmões (inspiração). Na respiração calma, quando o volume inspirado não precisa ser elevado, há ação apenas do músculo diafragma; já na inspiração forçada há a participação de outros músculos ativos. MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS EXPIRATÓRIOS Os músculos respiratórios expiratórios quando se contraem tracionam as costelas para baixo e para a parte posterior, promovendo a retração pulmonar e a saída de um volume de ar dos pulmões (expiração). Na expiração calma nenhum músculo está ativo, somente ocorre o relaxamento diafragmático e a força que move o ar para fora advém da força de recolhimento estático pulmonar, devido a existência dos tecidos elásticos nos pulmões (o pulmão poderia ser considerado como uma mola), na inspiração esta mola é esticada e armazena energia potencial e quando a mola é “solta“ (quem solta é o diafragma), por não haver mais músculos tracionando a caixa torácica, esta mola retorna a sua posição normal. Na expiração forçada há a participação dos músculos expiratórios ativos. Na inspiração o diâmetro vertical e ântero-posterior é muito maior do que na condição de expiração. Os músculos intercostais externos são músculos inspiratórios. Já, existe os músculos intercostais internos (lado de dentro) e quando eles se contraem eles promovem a diminuição ântero- posterior. Ambos, são intercostais, porém os efeitos fisiológicos internos e externos são totalmente diferentes. Respiração Calma Inspiratórios: diafragma Expiratórios: não há; relaxamento passivo do diafragma + força de recolhimento estático pulmonar. Respiração Forçada Inspiratórios: diafragma, intercostais externos, serrátil, esternocleidomastoideo, eretor da coluna e escalenos. Expiratórios: intercostais internos e abdominais (reto, transverso e oblíquos) PRESSÕES ALVEOLAR E PLEURAL NA RESPIRAÇÃO Não há músculos que se ligam diretamente nos alvéolos, mas eles se ligam a pleura parietal. COMO O AR ENTRA E SAI DOS PUMÕES? Para melhor entendimento, vamos pegar um vidro e cortar o fundo do mesmo, colocando uma rolha perfurada, uma base elástica e os pulmões dentro desse vidro. Para encher esse pulmão, pode-se fazer duas coisas: (1) puxar a base elástica atada ao vidro, gerando uma pressão sub- atmosférica ou negativa no interior do vidro e, com isso, há a entrada de um volume de ar ou (2) empurrar a base elástica, gerando uma pressão supra-atmosférica ou positiva no interior do vidro, saindo um volume de ar. Se formos mensurar a pressão entre as duas pleuras, estaremos medindo a pressão pleural. Por sua vez, se mensurarmos a pressão dentro dos alvéolos, estaremos medindo a pressão alveolar, também chamado de pressão pulmonar. Então, inserindo uma cânula na cavidade pleural e também dentro de um saco alveolar, pode-se mensurar a pressão pleural e a pressão alveolar durante um ciclo respiratório (inspiração e expiração). PRESSÃO PLEURAL Quando um indivíduo não está respirando, a pressão pleural é menor que a atmosférica, chamamos a isso de pressão sub- atmosférica ou negativa (em relação ao exterior) e a unidade de medida é em cm de água. Esta negatividade da pressão pleural deve-se a dois fatores: (1) o pulmão ser fixo apenas pelo hilo e (2) a mais importante, os capilares pleurais tem a maior taxa de reabsorção hídrica, gerando um “vácuo” relativo na cavidade pleural. Esta negatividade é importante pois impede o colabamento pulmonar, mantém um volume de ar dentro dos pulmões (mesmo numa expiração forçada) e mantém a hematose entre o fim de uma expiração e início da próxima inspiração. Esse volume de ar que entra nos pulmões ocorre na primeira inspiração ao nascer e a partir disso, esse volume nunca mais sai. Os músculos respiratórios se ligam à pleura parietal e nunca aos alvéolos. Quando inicia-se uma inspiração, os músculos inspiratórios promovem o deslocamento da pleura parietal e, em função da pressão pleural negativa (“vácuo”), a pleura visceral acompanha-a, gerando uma pressão alveolar negativa e, com isso, tem-se o ato inspiratório. Na inspiração a pressão pleural que já é negativa fica mais negativa ainda. Quando inicia-se uma expiração, os músculos expiratórios e a força de recolhimento estático pulmonar, promovem o retorno das pleuras às suas posições originais, há uma redução da negatividade da pressão pleural e uma positividade da pressão alveolar. PRESSÃO ALVEOLAR OU PULMONAR Quando um indivíduo não está respirando e com a glote aberta, a pressão alveolar tem o mesmo valor da pressão atmosférica (o gradiente pressórico entre a atmosfera e o alvéolo é zero e não há fluxo de ar em qualquer direção). Na inspiração, sob a ação dos músculos inspiratórios, ocorre o deslocamento das pleuras e gera-se uma pressão sub- atmosférica (ou negativa, em relação ao exterior – em cm de água) dentro dos pulmões (ou alveolar) e, segundo a lei de Boyle, há uma entrada de ar para dentro dos pulmões até o momento que as pressões fiquem iguais nos dois lados. Na expiração, a pressão dentro dos pulmões fica supra- atmosférica ou positiva e assim saí um volume de ar dos pulmões até o ΔP voltar a zero. Pressão Inspiração Expiração Alveolar Negativa Positiva Pleural Muito negativa Pouco negativa Pressão Negativa: sub-atmosférica Pressão Positiva: supra-atmosférica Ventilação Mecânica Forçada: pressão pleural positiva Então, a pressão pleural nunca fica negativa, ela só fica positiva na situação de ventilação mecânica forçada. Inspiração Expiração O gráfico acima mostra os valores da pressão pleural em cm de H2O durante a inspiração e expiração. Antes de iniciar a inspiração, a pressão intrapleural se encontra em torno de - 5 cm de água já sendo, portanto, negativa. Começando a inspiração, a expansão da caixa torácica traciona os pulmões paradiante com força maior e cria mais pressão negativa, que chega a cerca de -7,5 cm de água. Depois, na expiração, os eventos são essencialmente revertidos. Inspiração Expiração Coloca-se agora, um cateter no alvéolo. Quando a glote está aberta e não existe fluxo de ar para dentro ou para fora os pulmões, as pressões em todas as partes da árvore respiratória, até aos alvéolos, são iguais à pressão atmosférica, que é considerada a pressão de referência zero nas vias aéreas, isto é, 0 cm de pressão de água. Começou a inspiração, então, houve o deslocamento da pleura parietal, ficando mais negativa e a visceral a acompanha, gerando uma pressão intra-alveolar negativa. No meio da inspiração, atinge um valor mais negativo, ao redor de -1, mas durante todo o momento a pressão está negativa e, com isso, vai entrando ar. Essa pressão ligeiramente negativa é suficiente para puxar 0,5 litro de ar para o interior dos pulmões, nos 2 segundos necessários para uma inspiração normal e tranquila. Durante a expiração, a pressão alveolar sobe para cerca de +1 cm de água e força o 0,5 litro de ar inspirado para fora dos pulmões, durante os 2 a 3 segundos de expiração. PROPRIEDADES ELÁSTICAS DO SISTEMA O sistema pulmonar tem propriedades elásticas (distensibilidade) que podem ser quantificadas somente pela caixa torácica, isoladamente pelos pulmões ou conjuntamente (caixa + pulmões). Estas ações elásticas devem-se à presença de tecidos elásticos nos pulmões e a forma do arco das costelas no gradil costal. CAIXA TORÁCICA ISOLADAMENTE Nesse sistema, quando não se oferece nenhuma pressão externa, a tendência da caixa torácica é se expandir, ficando com um volume de 75% da capacidade pulmonar total (CPT). Para chegar em 100%, deve-se oferecer uma pressão pequena, de aproximadamente 5 cm de água. Agora, se quiser tirar todo o ar, deve-se oferecer uma pressão contrária, ou seja, uma pressão grande, para tirar todo o ar de dentro do sistema. Portanto, quando não se oferece pressão, a caixa torácica já fica expandida, então, para chegar a 100% é muito fácil. Porém, para tirar todo o ar é muito difícil. Com isso, isoladamente, a caixa torácica apresenta tendência a expansão e, portanto, favorece a inspiração. Pressão Aplicada % da CPT 0 75 +5 100 -20 0 Conclui-se que, caixa torácica isoladamente tem a tendência para a expansão, favorecendo a inspiração (e dificultando a expiração). PULMÃO ISOLADAMENTE Quando não se oferece pressão externa, a CPT é baixa (10%). Quando se quer todo esse ar, basta uma pressão pequena (- 2), saindo ar muito fácil do pulmão. Agora, quando se quer encher esse pulmão isoladamente, deve-se oferecer uma porção contrária (+15) para chegar a 100%. Pressão Aplicada % da CPT 0 10 +15 100 -2 0 Isoladamente, os pulmões tem tendência para um colabamento e, portanto, facilita a expiração e dificulta a inspiração. CAIXA + PULMÃO CONJUNTAMENTE Quando a pressão é de 0, tem-se 50% de CPT, ou seja, um ponto médio de equilíbrio. Mas, para expandir até o máximo, deve-se oferecer uma pressão alta para vencer a tendência dos pulmões de se colabar. Agora, se quer tirar todo o ar, deve-se gerar uma pressão alta, portanto, uma pressão negativa e, com isso, essa pressão vence a tendência da caixa em se expandir. Pressão Aplicada % da CPT 0 50 +20 100 -15 0 Conclui-se que, o sistema caixa + pulmão tem a tendência para o equilíbrio em 50% da CPT e é o ponto de menor gasto energético para um ciclo respiratório A curva da parede torácica (pontilhada) tende a fazer a expansão. A resultante (linha cheia) se apresenta no ponto de equilíbrio (50%). Indivíduos saudáveis desviam muito pouco desse ponto de ponto de equilíbrio e, com isso, o gasto energético é baixo. No caso de pacientes que apresentam dificuldade na respiração, deve-se: • Melhorar a força muscular respiratória que lhe possa gerar mais pressões respiratórias; • Melhorar a permeabilidade de vias aéreas para esses brônquios não se fecharem precocemente. COMPLACÊNCIA OU COMPLIÂNCIA É a relação da variação do volume pulmonar (ΔV) quando é aplicado uma unidade de pressão (ΔP). C = ΔV / ΔP A complacência total de ambos os pulmões no adulto normal é, em média, de 200 mililitros de ar por centímetro de pressão de água transpulmonar. Isto é, sempre que a pressão transpulmonar aumentar 1 centímetro de água, o volume pulmonar, após 10 a 20 segundos, se expandirá 200 mililitros. ALTERAÇÕES DA COMPLACÊNCIA PULMONAR • Fatores que reduzem a Complacência: fibrose pulmonar, atelectasias e edemas; • Fatores que aumentam a Complacência: enfisema pulmonar, envelhecimento e asma exacerbada; • Enchimento pulmonar para pressão de 5 cm H2O: (litros) Pulmão sadio: 1,5; fibrótico: 0,8; enfisematoso: 2,5. HISTERESE E SURFACTANTE PULMONAR 1) Num tubo em Y, conectar uma pequena bolha de sabão num dos lados do tubo e no outro lado conectar uma grande bolha de sabão. Havendo comunicação, agora, entre estas duas bolhas, qual a direção do ar contido no interior das bolhas? 2) Em um pulmão isolado vamos aplicar vários valores de pressão para o enchimento de ar até 100% e depois ir reduzindo os valores de pressão para o esvaziamento do pulmão. Como seria o comportamento desta curva pressão x volume? O gasto energético é normal, apresentando, portanto, uma histerese normal, sem defeito no surfactante e tendo uma hematose normal. 3) Experiência idêntica à anterior, mas com o pulmão submerso em soro fisiológico. Os resultados seriam idênticos? Por que? • No pulmão cheio de soro fisiológico, por não existir ar, a tensão superficial é muito baixa. Quando os pulmões são cheios de ar, existe uma interface entre o líquido alveolar e o ar no interior do alvéolo. Nos pulmões cheios de soro fisiológico, não existe interface ar- líquido; portanto, o efeito da tensão superficial não está presente, apenas as forças elásticas dos tecidos estão operando neste caso. Além disso, é notório que, as pressões transpleurais, necessárias para expandir os pulmões cheios de ar, são muito maiores que as necessárias para expandir os pulmões cheios de soro fisiológico. Assim, pode-se concluir que as forças elásticas teciduais, que tendem a provocar o colapso do pulmão cheio de ar representam, apenas cerca de um terço da elasticidade total pulmonar, enquanto as forças de tensão superficial líquido-ar nos alvéolos representam cerca de dois terços. 1. o gasto energético é mínimo pela presença de soro fisiológico; 2. o gasto energético é normal, apresentando, portanto, uma histerese normal, sem defeito no surfactante e tendo uma hematose normal; 3. o gasto energético é ainda maior devido um defeito no surfactante, fazendo com que tenha grande gasto energético para romper a barreira de tensão superficial, visto que, essa síndrome faz com que tenha uma má interação água-ar e, com isso, terá um maior gasto energético, gerando uma deficiência no surfactante. A figura acima mostra o diagrama que relacionaas alterações do volume pulmonar com as mudanças da pressão pleural. A relação é diferente para a inspiração e para a expiração. Cada curva é registrada pelas mudanças da pressão pleural em pequenos passos, permitindo-se que o volume pulmonar atinja nível estável entre passos sucessivos. HISTERESE PULMONAR Representa o gasto de energia num ciclo respiratório para vencer as forças visco-elásticas e a resistência das vias aéreas. Há grande tensão superficial ar-água dentro do pulmão. SURFACTANTE PULMONAR É uma mistura de lipoproteínas com propriedades tenso- ativas que reduz a tensão superficial ar-líquido, é produzido pelos pneumócitos tipo II e sua composição é a dipalmitllecitina. Ele reduz a tensão superficial dentro do alvéolo pulmonar, há elevação da complacência pulmonar e redução de ocorrer atelectasias. Recém-natos que não sintetizam quantidades suficientes do surfactante apresentam a chamada Síndrome da Membrana Hialina ou Angustia Respiratória do RN (ARRN) e deve receber imediatamente por via traqueal dose de 100 mg/kg de beractanto (nome comercial de Survanta) A tensão superficial ar-água (em mN/m) é de 70, no pulmão sadio respirando no VC de 1 a 5 e no do RN com ARRN de 40 a 50.
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