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História e Geografia no Ensino Fundamental 
AULA 1
Onde Chegar?
· Definir a importância do estudo de História e Geografia nos anos iniciais do ensino fundamental;
· Identificar os principais documentos legais, que determinam o ensino de História e Geografia no ensino fundamental.
O que aprender?
Ensinar e aprender História e Geografia, nos anos iniciais do ensino fundamental, no mundo atual.
 
 
A disciplina “História e Geografia no Ensino Fundamental” tem como principal objetivo, propiciar subsídios para a reflexão do desenvolvimento das disciplinas escolares de História e Geografia no Ensino Fundamental da Educação Brasileira.
- O conhecimento dos papéis da História e da Geografia na sociedade atual;
- O espaço como forma de desenvolver o raciocínio geográfico e a consciência espacial;
- Conceitos necessários à formação dos pensamentos históricos e geográfico desde os anos iniciais;
- Além disso, identificar algumas possibilidades de práticas pedagógicas como mediadoras da aprendizagem.
Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar:
a) a alfabetização e o letramento;
b) o desenvolvimento das diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, de Ciências, de História e de Geografia [...] (BRASIL, 2013, p. 122).
Na Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, ainda, é apresentada as relações que se fazem necessárias ao ensino de História.  Ela descreve que:
Art. 15 (...)
· 2º O ensino de História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia (art. 26, § 4º, da Lei nº 9.394/96).
· 3º A história e as culturas indígena e afro-brasileira, presentes, obrigatoriamente, nos conteúdos desenvolvidos no âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no ensino de Arte, Literatura e História do Brasil, assim como a História da África, deverão assegurar o conhecimento e o reconhecimento desses povos para a constituição da nação (conforme art. 26-A da Lei nº 9.394/96, alterado pela Lei nº 11.645/2008). Sua inclusão possibilita ampliar o leque de referências culturais de toda a população escolar e contribui para a mudança das suas concepções de mundo, transformando os conhecimentos comuns veiculados pelo currículo e contribuindo para a construção de identidades mais plurais e solidárias (BRASIL, DCNs, 2013, p. 132).
Outro documento, de grande importância, que fundamenta o currículo escolar de História e Geografia é a BNCC – Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018). Nela afirma-se que:
Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender. Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente (BRASIL, 2018, p. 59).
Para além dos aspectos legais, que respaldam e orientam o ensino e aprendizagem de História e Geografia, é de suma importância entender o papel de cada uma delas na formação escolar do estudante dos anos iniciais do ensino fundamental.
Pergunta-se: Como uma criança de 6 a 8 anos, articula o conhecimento espontâneo sobre o passado, resultado de relações sociais estabelecidas com o meio em que vive, com a História (disciplina) ensinada na escola? Como esta mesma criança, associa os limites e as experiências do espaço físico em que vive, com questões espaciais geográficas mais amplas e diversas interfaces, que impactam e transformam estes espaços?
Não são questões fáceis de responder, elas requerem compreender os conceitos, os objetos, as metodologias das respectivas disciplinas escolares, aqui, em questão. Além disso, faz-se necessário outros conhecimentos, como saberes pedagógicos que são construídos, a partir da relação dos saberes científicos com os saberes da experiência docente, que se refazem, continuamente, a partir da prática, indicando um refazer da própria teoria pedagógica (PIMENTA, 1999).
 
Ensinar e aprender História e Geografia: em busca de uma definição
A História, enquanto área de conhecimento, tem procurado apropriar-se do conhecimento do passado, assim como sobre a representação e a construção das identidades sociais, numa relação com a Memória. Para Nora (1997, p. 9), memória define-se como sendo vida, unida à afetividade, magia e sagrado e sempre surge de um grupo. Ao passo que História é uma operação intelectual, uma representação do passado.
Para Eric Hobsbawm (2007, p.9) “[...] a função do historiador é lembrar aquilo que os outros esquecem, ou querem esquecer”. Desta forma, estudar História é uma atividade social, realizada num tempo histórico, mas que busca outras temporalidades, colaborando para a leitura do tempo presente.
Desde que a História se tornou uma disciplina escolar, entendeu-se que bastava, apenas, informar dados e exigir a memorização dos mesmos. Tal ação, colaboraria na formação de um pensamento nacionalista. Romper com essa visão, de que não basta o acúmulo de conteúdos para aprender História, torna-se um grande desafio na atualidade.
Com a Geografia não é diferente. Ela surge com o objetivo de colaborar na formação de uma identidade nacional, tanto em países da Europa quanto no Brasil. Era necessário trabalhar, para que as pessoas se reconhecessem próprias e ligadas a um território. Decorar fatos, datas e localizações ajudaria a cristalizar esse sentimento de nacionalidade (PEREIRA, 1999). Contudo, as pesquisas acadêmicas, em torno da Geografia, apontam para um deslocamento e por que não dizer avanços em relação a esse momento histórico do ensinar-aprender dessa disciplina escolar. Compreende-se que estudar, aprender e fazer Geografia é lidar com questões espaciais, a saber, com a organização do espaço geográfico.
AULA 2
Onde Chegar?
· Conceituar conhecimento histórico e sua relação teórico-prática na educação escolar.
· Identificar alguns dos principais conceitos que permeiam o conhecimento histórico, tais como: sociedade, cultura, economia e tempo.
· Relacionar algumas possibilidades de representações do tempo histórico nos anos iniciais do ensino fundamental.
O que aprender?
· Conhecimento histórico.
· Conceito de tempo, cultura, sociedade e economia.
· Representações do tempo histórico nos anos iniciais.
Conhecimento Histórico na Sala de Aula dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Estudar, ensinar e aprender História na educação básica é um desafio, tanto para professores quanto para estudantes. Um dos principais motivos deve-se ao fato de ensinar a criança a pensar historicamente (passado, presente e futuro) e a compreender outras formas de ver o mundo já percebidas na história. Entretanto, quando o conhecimento histórico é compreendido, levando em consideração uma transposição didática coerente com a teoria histórica e os processos de aprendizagem da criança, o desafio torna-se uma grande aventura.
Uma aventura permeada por histórias do passado, que de alguma forma nos ajudam a entender melhor o nosso presente, dando pistas do quanto podemos colaborar na construção de um futuro mais consciente e menos desigual em todas as suas instâncias.
Nosso estudo, vai se dividir em duas etapas: a primeira tratará dos principais conceitos que transpassam o conhecimento histórico; na segunda etapa, conversaremos sobre o que são fontes históricas e como instigar nossos estudantes no seu manuseio.
Conhecimento histórico é a investigação do passado das sociedades humanas, que no decorrer do tempo auxiliaa identificar mudanças e permanências. Esse conhecimento pode ser científico ou acadêmico, porém, pode configurar-se, também, como mítico. O conhecimento histórico indica a consciência histórica de uma sociedade. Para Vasconcelos:
 
A escrita da História tem suas origens na Antiguidade, com trabalhos de autores como Heródoto, Tucídides, Salústio, Tácito, entre outros. O grande mérito desses estudos é o fato de eles se oporem a uma interpretação mítica acerca dos fatos do passado. Outro pensador antigo bastante importante é Agostinho, que interpreta a conjunção das tradições grega e judaica no pensamento ocidental, estabelecendo um modelo de narrativa linear para o estudo da História. O conhecimento histórico, contudo, só passa a ser decididamente teorizado a partir do século XVIII. Nesse período, o autor que mais se destaca é Voltaire, com sua insistência em separar a História do domínio da ficção (VASCONCELOS, 2012, p. 57).
 
O conhecimento histórico possui um vocabulário próprio que contribui na análise da realidade social. São vários os conceitos apontados, como base no ensino de História. O conceito de tempo é o mais central e por isso, nos dedicaremos mais a ele. Com base em Schmidt (1999), identificamos abaixo os conceitos de:
 
Cultura – Diz respeito às representações como crenças e tradições, assim como aos modos de vida (habitação, alimentação etc.) e patrimônios (língua falada e escrita, monumentos etc.)
Sociedade – Possibilita o conhecimento da organização social de um momento específico da História;
Economia - Desenvolve a noção de produção e consumo, ainda que de maneira simples, dada a complexidade do conceito.
 
Para você o que é o tempo? Como você administra o seu tempo cotidiano? Definir tempo, não é uma tarefa fácil, visto que não é um lugar e nem um objeto. Elias em sua obra "Sobre o tempo" diz o seguinte:
 
Até a época de Galileu o que chamamos "tempo", ou mesmo o que chamamos "natureza", centrava-se acima de tudo nas comunidades humanas. O tempo servia aos homens, essencialmente, como meio de orientação no universo social e como modo de regulação de sua coexistência (ELIAS, 1998, p. 8).
 
Será que a compreensão de tempo continua a mesma? Poderíamos dizer que dada as mudanças pelas quais a sociedade passou desde o século XVI, época em que Galileu Galilei viveu, este conceito de tempo também mudou?
Para o historiador francês, Jacques Le Goff, “o tempo é a matéria fundamental da História” (LE GOFF, 1990, p. 12). Percebe-se a relevância deste conceito para a História. Para a chamada História Tradicional, a noção de tempo relacionava-se com o aspecto cronológico, numa perspectiva de sucessão linear e evolutiva da História. Porém, na efervescência de pesquisas no século XX, desdobrou-se a compreensão de temporalidades plurais, tempos múltiplos, como consequência dos diversos ritmos da vida social. Entender conceitos como esses, passam pela experiência que se faz na concretude de ações.
Desta maneira, o docente dos anos iniciais precisa primeiro compreender e experimentar essa aprendizagem, que se faz na práxis cotidiana de seus saberes. Isto requer busca, isto é, capacidade de refletir na e sobre a ação diariamente. Sobre isso, Elias (1998) afirma:
[...] todo o nosso saber resulta de um longo processo de aprendizagem [...] todo indivíduo, por maior que seja sua contribuição criadora, constrói a partir de um patrimônio de saber adquirido, o qual ele contribui para aumentar. E isso não é diferente no que concerne ao conhecimento do tempo (ELIAS, 1998, p.10).
Trabalhar o conceito de tempo histórico com crianças dos anos iniciais, requer dedicação, pesquisa e capacidade de transposição didática, a fim de que, num processo contínuo, desenvolvam-se atividades que colaborem efetivamente na aprendizagem deste conteúdo tão central para este componente curricular. Sobre isso, é abordado que:
 
Um dos conceitos principais a serem selecionados para ser trabalhado, é o conceito de tempo. É importante fazer com que o aluno construa este conceito, pois ele não o possui de maneira a priori. Aparentemente, uma das primeiras ideias que os alunos apresentam em discussões sobre o mundo social, é a de que ele sempre foi como agora (SCHMIDT, 1999, p. 151).
 
Nesta fase escolar, é importante que os alunos aprendam a diferenciar passado/presente, compreendendo, gradativamente, o sentido dos tempos históricos, da sucessão, da duração, da permanência e das mudanças. Para tanto, sugere-se algumas atividades que, gradativamente, mediante sua aplicação poderão colaborar na apreensão do conceito de tempo histórico:
· Situar numa sequência cronológica acontecimentos de natureza pessoal e familiar;
· Observar e diferenciar objetos antigos e mais novos;
· Confeccionar linhas do tempo, relacionadas a própria vida e de pessoas mais próximas;
· Identificar similaridades e diferenças entre gerações;
· Posicionar acontecimentos da história local (bairro), relacionando-os com outros fatos mais gerais.
 
AULA 3
Onde Chegar?
· Identificar algumas das principais fontes históricas e suas possíveis aplicações.
· Ensinar o aluno a identificar e interpretar fontes históricas (oral, escrita, imagética e monumental).
·  Identificar a relevância do uso de fontes históricas, na sala de aula dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O que aprender?
Fontes históricas
Fontes históricas nos anos iniciais do ensino fundamental
A Base Nacional Comum Curricular-BNCC (BRASIL, 2018) aponta, como algumas das habilidades na formação do estudante dos anos iniciais, a necessidade de que a criança estabeleça relações entre o presente e o passado e que comece a identificar alguns documentos históricos e fontes de informações, distinguindo algumas de suas funções.
Entende-se que é preciso possibilitar a compreensão de que somos sujeitos históricos e de que precisamos desenvolver um pensamento crítico sobre a nossa realidade, produzindo e transformando a mesma. Para tanto, cabe ao professor em seu papel de mediador, proporcionar condições pedagógicas que respeitem o desenvolvimento e a compreensão gradativa das crianças. Segundo Barca (2004)
 
O saber histórico genuíno constrói-se, com base nos significados tácitos que cada sujeito atribui às mensagens, por inferência sobre múltiplas fontes, diversas no seu suporte e nos seus pontos de vista. O pensamento histórico não se limita a uma interpretação parcelar e linear das fontes; alimenta-se de narrativas progressivamente construídas, criticadas e reconstruídas. Este caminho é percorrido por quem interpreta e por quem aprende, e é essencial para a construção de sínteses progressivamente contextualizadas (BARCA, 2004, p. 15).
 
Isto quer dizer que o conhecimento histórico que mediamos e vai se desenvolvendo na criança, não se confunde com a realidade passada, porque foi construído em uma determinada época, e, portanto, comprometido com questões de seu próprio tempo. As fontes não podem fornecer um quadro completo do passado, visto que não podemos saber sobre os pensamentos e sentimentos daqueles que as fizeram e as usaram. Com isso, corrobora a afirmativa de Eliane Candoti (2013)
 
[...] uma vez que não podemos reproduzir fielmente o que já foi vivido, mas por meio de objetos, documentos, lugares e fontes variadas, temos acesso ao passado e este é materializado a medida que imaginamos circunstâncias e possibilidades de uso de determinados objetos e espaços, de modo que estes objetos e demais elementos classificam-se enquanto objetos mediadores do saber histórico (CANDOTI, 2013, p. 290).
 
Sendo assim, nossos indicativos de respostas às perguntas que levantamos, devem ser fundamentadas em hipóteses, análises adivinhações razoáveis, fundamentadas no que conhecemos sobre a humanidade e o seu passado. Conforme o transcorrer da maturidade e das condições de um novo e maior conhecimento, as hipóteses das crianças têm chances de serem validadas na relação teórico-prática do conhecimento histórico. Cabe ao professor, o papel de instigador e provocador da curiosidade, o que contribui para a formação do pensamentocrítico desde pequenos. A validação histórica é feita por meio das fontes históricas.
Com base em Santos; Fermiano (2014) e nos PCNs (1997), as fontes históricas são os locais em que ficaram os registros. As fontes históricas produzem os sentidos culturais, estéticos, técnicos e históricos, que os objetos expressam, organizados por meio de livros, documentos oficiais, cartas, diários, fotografias, esculturas, músicas, filmes, lendas, falas, espaços, utensílios, vestimentas, restos de alimentos, habitações, meios de comunicação.
Professores e fontes históricas vão se tornando mediadores, a fim de proporcionar o desenvolvimento da capacidade de pensar e argumentar sobre a ação dos sujeitos, no tempo e no espaço. Isto fortalece a identidade do aluno no tempo presente, na medida em que infere hipóteses sobre os elementos do passado, suas causas e efeitos, semelhanças e diferenças.
Isso tudo, aponta para a superação de uma pedagogia centrada no ensino para uma pedagogia centrada na aprendizagem. Habilidades cognitivas podem ser ensinadas aos nossos alunos, superando os limites da memorização e vislumbrando outras atividades e meios viabilizadores de novas capacidades, como a de reflexão, interpretação, análise, relações, produção e transformação.
Essa relação professor-aluno implica pensar o conhecimento, sobretudo, o conhecimento escolar, como algo em permanente estado de reconstrução. O conhecimento produzido e acumulado, historicamente, é apropriado, reproduzido e transformado pela sociedade de diversas maneiras, em diferentes níveis e contexto sociais (FONSECA, 2003, p. 105).
 
Trabalhando com fontes históricas – algumas sugestões
Para você, o que é um documento histórico?
Um documento não fala por si só. É importante perguntarmos ao documento, o que desejamos saber. Você pode pedir, por exemplo, para os alunos do 2º. ou 3º. ano trazerem uma cópia da sua certidão de nascimento; e também a de seus pais; fazer algumas perguntas como: “O que é diferente? O que mudou? O que é semelhante?” Criando o hábito deles, de fazerem perguntas e comparações, eles vão ampliando sua capacidade de reflexão e do pensamento crítico. Além de identificarem quais são os documentos históricos oficiais e os não oficiais. Os alunos podem aprender a produzi-los. Sobre isso, Santos e Fermiano (2014) afirmam que:
 
A gama de documentos que podem ser produzidos pelos alunos é quase infinita: uma planta da escola, um registro de uma entrevista, um álbum fotográfico (com legendas) de uma festa escolar, um “mapa do tesouro”. É também interessante que os documentos produzidos pelos alunos sejam comparados com outros existentes (a planta da escola produzida pelos alunos e a produzida por um engenheiro; a “certidão de nascimento” do animal e a certidão de nascimento de um bebê produzida em cartório oficial), para que possam ampliar sua própria noção de documento e ter uma ideia mais vasta das informações que podem ser obtidas a partir de sua leitura e interpretação (SANTOS; FERMIANO, 2014, p. 110).
 
A Base Nacional Comum Curricular- BNCC (BRASIL, 2018) indica como uma habilidade a ser desenvolvida nos anos iniciais, que o aluno aprenda a selecionar objetos e documentos pessoais e de grupos próximos ao seu convívio e compreenda a sua função, seu uso e seu significado.
Outro tipo de documento histórico são as imagens registradas no próprio livro didático do aluno, na internet, fotografias. Segundo Vasconcelos (2012), a imagem permite “ver” com os olhos dos personagens do passado. Uma feira de escravos, uma cidade da Europa, uma aldeia indígena. As imagens ajudam nossa imaginação e devem ser mediadas por perguntas, pois, nenhuma imagem é neutra. Vale lembrar, que o uso de fontes está intimamente ligado ao conteúdo escolar. Desta forma, é preciso elaborar, previamente, perguntas como: “O que essa imagem mostra? O que ela confirma sobre o que estamos estudando? Em que circunstâncias ela deve ter sido pintada ou fotografada? Essa imagem lembra alguma coisa do nosso tempo presente?"
Outra possibilidade de trabalhar fontes históricas com as crianças dos anos iniciais é por meio da história oral. Ao defini-la, Thompson afirma que:
 
A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimula professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. Ajuda os menos privilegiados, e especialmente os idosos, a conquistar dignidade e confiança. Propicia o contato e, pois, a compreensão entre classes sociais e entre gerações (THOMPSON, 1992, p. 44).
 
O princípio pedagógico da história oral, segundo Soares (1997) constitui em entrevistas, histórias de vida, biografias, árvores genealógicas, entre outros. Revelar a dimensão subjetiva que, também, compõe a nossa história, é uma metodologia que objetiva instituir o momento da escuta, criar espaços que facilitem a prática da fala e da escuta, como também provocar a memória.  Corrobora, também, a fala de Selva Guimarães, ao dizer que:
 
A meu ver, os projetos de história oral na educação básica pressupõem uma concepção de ensino de História que envolva a investigação, a pesquisa, a produção de saberes. O professor desempenha papel de coordenador, gestor das ações educativas, mediador capaz de repensar, religar pesquisa e ensino, saberes e práticas (GUIMARÃES, 2015, p.247).
 
A partir do tema em estudo com os alunos é importante elaborar uma entrevista que será aplicada com pessoas da escola ou da comunidade. Por exemplo, com crianças do 2º. ano, no eixo temático História Local, descrito nos PCNs (BRASIL, 1997) é possível trabalhar com um de seus elementos, como o cotidiano, a família, o papel da mulher, entre outros. Deve-se entender que não vai se estudar o todo, porém, algo específico. O professor dará uma introdução ao tema escolhido e depois poderá construir com os estudantes uma entrevista, que eles poderão fazer com seus familiares. Com os resultados das entrevistas, todos terão a oportunidade de compartilhar e depois, individualmente, produzir um texto, articulando o conteúdo com suas anotações das entrevistas. Poderá ser acrescido, ainda, um convite a uma pessoa idosa do bairro, para falar sobre sua história (atendendo ao tema proposto).
 
 
Vá mais longe
VASCONCELOS, José Antônio. Metodologia do ensino de história. Curitiba, PR: Inter saberes, 2012. P.76-87
 
Sugestão de Leitura
· Saiba como organizar um trabalho com história oral, lendo o que SANTOS, Adriane Santa rosa dos Santos e FERMIANO, Maria Belintane relatam nas páginas 99 -101, do livro “Ensino de história para o fundamental I: teoria e prática”, da editora Contexto. Visite a Biblioteca Virtual da Pearson.
· No artigo “Fontes históricas: a prática mediadora como possibilidade à aprendizagem”, os professores Nilton Maurício Martins Torquato e Rosane Andrade Torquato descrevem um relato de experiência, que tem como objetivo apresentar a prática mediadora, como articuladora no processo de aprendizagem do conceito de fontes históricas. Você pode ler o artigo no link abaixo: educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/19899_8226.pdf (Links para um site externo.)
· Você pode pesquisar e conhecer o acervo com imagens e documentos escritos na biblioteca John Carter Brown. Acesse o link: https://www.brown.edu/academics/libraries/john-carter-brown/jcb-online/image-collections (Links para um site externo.)
 
 
Assista aos vídeos propostos:
a) Assista o filme Escritores da Liberdade. A narrativa do filme foi fundamentada em diários de alunos de uma escola nos E.U.A. Diante de um quadro escolar complexo, a professora Erin Gruwell (interpretada por Hilary Swank) desenvolve algumas ações, com o uso de fontes históricas e mediadas por uma ação interdisciplinar entre áreas do conhecimento. Vale a pena assistir!
Acesse o vídeo clicando no link: 
Escritores da Liberdade (Links para um site externo.)b) No vídeo “O que é um DOCUMENTO HISTÓRICO? - Fontes Históricas”, ele traz informações sobre o que é e qual a importância de um documento histórico. Você pode assistir no link abaixo:
O que é a Escola dos Annales?
AULA 4
Onde Chegar?
· Identificar as unidades temáticas, que permeiam a base curricular de História nos anos iniciais;
· Reconhecer diferentes possibilidades didáticas no ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O que aprender?
· Base Curricular: unidades temáticas de História nos anos iniciais.
· Atividades didáticas em História.
História Nos Anos Iniciais: Aspectos Curriculares e Possibilidades Didáticas
 
 
História oral enquanto princípio educativo.
O que estamos defendendo é uma metodologia de ensinar e produzir história, onde, no momento da produção, possamos provocar nosso próprio encontro: o homem fazendo história, onde e se fazendo ao mesmo tempo. Acreditamos que ao falar de suas territorialidades, o indivíduo-sujeito vá acabar descobrindo novos territórios, novas histórias.
o ensino e prática de história por meio da história oral revela a dimensão do vivido e do não dito.
A postura do pesquisador centra-se na fala, no ver e ouvir em que os participantes se transformam em produtores de conhecimento histórico.
Cabe a nós, mediadores deste conhecimento que vai se desvelando, conquistar as falas, até então escondidas, porém, carregadas de emoção.
A metodologia da história oral através de entrevistas, histórias de vida, biografias, árvores genealógicas, entre outros, revelar a dimensão subjetiva que também compõe a nossa história.
Metodologia que objetiva instituir o momento da escuta, criar espaços que facilitem a prática da fala e da escuta, como também provocar a memória.
 SUGESTÃO DE ATIVIDADE
A partir do tema em estudo com os alunos é importante elaborar uma entrevista que será aplicada com pessoas da escola ou da comunidade
(por exemplo, com crianças do 2º ano é possível trabalhar com o cotidiano).
1) O professor dará uma introdução ao tema escolhido e depois poderá construir com os estudantes uma entrevista, que deverão fazer com seus familiares.
2) Com os resultados das entrevistas todos terão a oportunidade de compartilhar e depois, individualmente, produzir um texto articulando o conteúdo com suas anotações das entrevistas.
3) Poderá ser acrescido, ainda, um convite a uma pessoa idosa do bairro para falar sobre sua história (atendendo ao tema proposto).
 
 BNCC
 
AULA 5
Onde Chegar?
· Identificar as unidades temáticas, que permeiam a base curricular de História nos anos iniciais;
· Reconhecer diferentes possibilidades didáticas no ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O que aprender?
· Base Curricular: unidades temáticas de História nos anos iniciais.
· Atividades didáticas em História.
História Nos Anos Iniciais: Aspectos Curriculares e Possibilidades Didáticas
O currículo escolar é um processo social permeado por fatores lógicos, intelectuais, epistemológicos, socioeconômicos, políticos e culturais. É historicamente produzido, procurando atender aos ditames de seu tempo.
A BNCC – Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica fundamenta e indica competências a serem desenvolvidas na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Compreende-se que:
 
As experiências das crianças em seu contexto familiar, social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de informação e comunicação são fontes que estimulam sua curiosidade e a formulação de perguntas (BRASIL, 2018, p. 58).
 
A BNCC de História no Ensino Fundamental – Anos Iniciais considera, em primeira instância, a construção do sujeito.  O processo tem início quando a criança toma consciência da existência de um “Eu” e de um “Outro”. O documento afirma que:
 
Retomando as grandes temáticas do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, pode-se dizer que, do 1º ao 5º ano, as habilidades trabalham com diferentes graus de complexidade, mas o objetivo primordial é o reconhecimento do “Eu”, do “Outro” e do “Nós”. Há uma ampliação de escala e de percepção, mas o que se busca, de início, é o conhecimento de si, das referências imediatas do círculo pessoal, da noção de comunidade e da vida em sociedade. Em seguida, por meio da relação diferenciada entre sujeitos e objetos, é possível separar o “Eu” do “Outro”. Esse é o ponto de partida (BRASIL, 2018, p. 404).
 
Como forma de melhor sistematizar e apresentar, aqui, as unidades temáticas de História nos anos iniciais descritas pela BNCC, fizemos um quadro com tais informações.
Quadro 1 – Unidades temáticas de História nos Anos Iniciais
	ANO
	UNIDADE TEMÁTICA
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	1º
	Mundo pessoal: meu lugar no mundo
	 
	 
	 
	Eu, meu grupo social e meu tempo
	 
	 
	 
	A comunidade e seus registros.
	 
	2º
	As formas de registrar as experiências da
	 
	 
	 
	comunidade.
	
	
	 
	 
	 
	O trabalho e a sustentabilidade na comunidade
	 
	 
	As pessoas e os grupos que compõem a cidade
	3º
	e o município.
	
	
	 
	
	O lugar em que vive.
	
	 
	 
	 
	A noção de espaço público e privado.
	 
	 
	 
	Transformações e permanências nas trajetórias
	4º
	dos grupos humanos.
	
	 
	
	Circulação de pessoas, produtos e culturas.
	 
	 
	As questões históricas relativas às migrações.
	 
	 
	Povos e culturas: meu lugar no mundo e meu 
	5º
	grupo social.
	
	
	 
	 
	 
	Registros da história: linguagens e culturas.
Além das unidades temáticas, este documento traz, também, os objetos de conhecimento, as habilidades a serem desenvolvidas nas/pelas crianças, em cada etapa/ano, alguns comentários de caráter pedagógico e as possibilidades para implementação do respectivo currículo.
Identifica-se que nos primeiros anos, a ênfase está na construção das noções fundamentais do conhecimento histórico, do tratamento com os processos históricos e saberes necessários a compreensão e pertinência histórica do tempo.
O processo de ensino-aprendizagem deve ser permeado pela lucidez do conteúdo científico transposto para o escolar, utilizando-se de materiais e linguagens diversificados, a fim de tornar o conhecimento histórico mais significativo.
A linguagem, matéria-prima para a construção do pensamento e instrumento essencial do desenvolvimento intelectual, adquire-se, pois, na comunicação, e é nesse constante intercâmbio entre as pessoas que se torna possível exercitar o pensamento e, desse modo, apropriar-se dele. Não basta receber (ler ou ouvir) uma palavra para incorporá-la ao repertório pessoal; para que ocorra sua efetiva apropriação é preciso que o sujeito a use e a exercite, que a pronuncie, escreva, aplique. Esse exercício só pode ocorrer na comunicação com outros sujeitos, escutando e lendo outros, falando e escrevendo para outros. Pensamos com palavras, mas a aquisição das palavras é um fato cultural, isto é, um produto do diálogo no espaço social (KAPLÚN, 2011).
Não esqueçamos que o ensino de História tem uma responsabilidade social, que é o formar crianças, dos anos iniciais, em sujeitos críticos, conscientes de que sua história local vai se delineando em seu cotidiano, seja este familiar, no seu bairro e cidade, assim como do ambiente social que é transformado em seu espaço e tempo. Nesse sentido, exigem-se ações didáticas que respeitem as metodologias específicas na busca pelo conhecimento histórico, de forma a tornar o processo do ensinar-aprender ativo, mais próximo da compreensão cognitiva e intelectual, em que os alunos dos anos iniciais se encontram, colaborando com novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de analisá-los, a fim de elaborar conclusões (VASCONCELOS, 2012); FERMINANO; SANTOS, 2014).
Para as autoras Maria Belintane Fermiano e Adriane Santarosa dos Santos, a base de tudo é fazer perguntas estimulantes. É importante que as atividades possibilitemdiferentes situações. O quadro abaixo foi realizado com base na descrição das autoras:
	Propostas de atividades de História: desenvolvendo capacidades
	
	Descrever
	Ex.: Quem são os personagens retratados nessa tela? O que fazem? Onde estão?
	Ordenar (estabelecer
Sequência)
	Ex.: É possível estabelecer uma ordem cronológica para essas fotografias do centro da cidade tiradas em diferentes épocas?
	Localizar acontecimentos
	Ex.: Quando sua família mudou de casa? Quando nasceu sua irmã? O que acontecia em sua cidade no ano que você nasceu? E no mundo?
	Comparar (objetos, acontecimentos etc.)
	Ex.: Este objeto é mais novo ou mais antigo que o outro? Qual a diferença entre o trabalho escravo e o trabalho livre?
	Justificar conclusões e posicionamentos
	Ex.: O que o levou a tal conclusão? Como saber se sua resposta está correta?
	Pensar sobre a organização temporal
	Ex.: Diante de uma fotografia de duas crianças: qual a idade delas? Elas mudaram de aparência de quando fizeram a foto até hoje? Como você sabe?
	Analisar diferentes situações e sua simultaneidade
	Ex.: O que você está fazendo agora e o que a merendeira está fazendo nesse mesmo momento?
	Perceber e explicar a ocorrência de mudanças em uma sequência
	Ex.: Quais as transformações ocorridas nas condições de vida nas cidades no início do século XX? E no início do século XXI? Por que elas ocorreram?
	Perceber as consequências de determinados fatos e atos
	Ex.: Como a lei que aboliu a escravidão afetou a vida das pessoas (trabalhadores, fazendeiros, donas de casa, crianças negras...)
	Encontrar pistas a respeito do passado em diversos tipos de documento
	Ex.: Quais pistas sobre o passado você pode ter a partir dessa música de carnaval, gravura de Debret ...?
	Diferenciar materiais utilizados
	Ex.: Quais eram os materiais usados pelos indígenas para confeccionar suas roupas, casas, armas em 1500? Eram os mesmos que os portugueses utilizavam na mesma época?
	Trabalhar com diferentes documentos
	Ex.: O que você pode pesquisar para conhecer a história de sua família? (depoimentos, certidões de nascimento, fotografias, móveis, vídeos...)
	Redigir diferentes tipos de textos
	Ex.: Como você redigiria tais informações caso seu texto fosse para um jornal (se fosse um relatório, se fosse um poema, se fosse uma peça de teatro...)?
	Produzir narrativas, tabelas, mapas, desenhos, painéis ou esculturas
	Ex.: Como você contaria a História da colonização portuguesa do ponto de vista dos negros escravizados?
	Buscar informações para sustentar argumentos
	Ex.: Como era viver na casa-grande no tempo dos engenhos do Nordeste que produziam açúcar com o trabalho escravo? Onde é possível você pesquisar sobre isso (em quais livros, sites confiáveis da internet) e que tipo de informações você deve procurar (características da arquitetura, formas de obtenção de água e luz, detalhes sobre os interesses das famílias da elite açucareira...)?
	Elaborar sínteses
	Ex.: Quais são os pontos principais desse artigo de jornal sobre as crianças pobres obrigadas a trabalhar para ajudar no sustento da família?
	Utilizar diferentes tecnologias
	Ex.: Como você contaria a história de seus avós em um filme documentário de 10 minutos?
De forma a otimizar as atividades e os procedimentos didáticos, é possível trabalhar com sequências cronológicas, entrevistas, textos escritos, literatura infantil, datas, imagens, fotografias, publicidade, colagens, história em quadrinhos, cinema, arquitetura, museus, jogos, dentre outros. (VASCONCELOS, 2012; FERMIANO, SANTOS, 2014).
 
Primeiro Ciclo - Eixo Temático: História Das Organizações Populacionais
· Comparar acontecimentos no tempo, tendo como referência anterioridade, posterioridade e simultaneidade;
· Reconhecer algumas semelhanças e diferenças sociais, econômicas e culturais, de dimensão cotidiana, existentes no seu grupo de convívio escolar e na sua localidade;
· Reconhecer algumas permanências e transformações sociais, econômicas e culturais nas vivências cotidianas das famílias, da escola e da coletividade, no tempo, no mesmo espaço de convivência;
· Caracterizar o modo de vida de uma coletividade indígena, que vive ou viveu na região, distinguindo suas dimensões econômicas, sociais, culturais, artísticas e religiosas;
· Identificar diferenças culturais entre o modo de vida de sua localidade e o da comunidade indígena estudada;
· Estabelecer relações entre o presente e o passado;
· Identificar alguns documentos históricos e fontes de informações, discernindo algumas de suas funções.
· Busca de informações em diferentes tipos de fontes (entrevistas, pesquisa bibliográfica, imagens etc.).
· Análise de documentos de diferentes naturezas.
· Troca de informações sobre os objetos de estudo.
· Comparação de informações e perspectivas diferentes sobre um mesmo acontecimento, fato ou tema histórico.
· Formulação de hipóteses e questões a respeito dos temas estudados.
· Registro em diferentes formas: textos, livros, fotos, vídeos, exposições, mapas etc.
· Conhecimento e uso de diferentes medidas de tempo.”
 
Segundo Ciclo - Eixo Temático: História Das Organizações Populacionais
· Reconhecer algumas relações sociais, econômicas, políticas e culturais, que a sua coletividade estabelece ou estabeleceu com outras localidades, no presente e no passado;
· Identificar as ascendências e descendências das pessoas que pertencem à sua localidade, quanto à nacionalidade, etnia, língua, religião e costumes, contextualizando seus deslocamentos e confrontos culturais e étnicos, em diversos momentos históricos nacionais;
· Identificar as relações de poder estabelecidas entre a sua localidade e os demais centros políticos, econômicos e culturais, em diferentes tempos;
· Utilizar diferentes fontes de informação para leituras críticas;
· Valorizar as ações coletivas que repercutem na melhoria das condições de vida das localidades.
 
Considerando o eixo temático “História das organizações populacionais”, a proposta é de que, no segundo ciclo, os alunos estudem:
· A procedência geográfica e cultural de suas famílias e as histórias envolvidas nos deslocamentos e nos processos de fixação;
· Os deslocamentos populacionais para o território brasileiro e seus contextos históricos;
· As migrações internas regionais e nacionais, hoje e no passado; os grupos e as classes sociais que lutam e lutaram por causas ou direitos políticos, econômicos, culturais, ambientais;
· Diferentes organizações urbanas, de outros espaços e tempos;
· As relações econômicas, sociais, políticas e culturais que a sua localidade estabelece com outras localidades regionais, nacionais e mundiais;
· Os centros político-administrativos brasileiros;
· As relações econômicas, sociais, políticas e culturais que a sua localidade estabelece ou estabeleceu com os centros administrativos nacionais, no presente e no passado;
· Medições de tempo, calendários, quadros cronológicos, linhas de tempo e periodizações, para organizarem sínteses históricas das relações entre as histórias locais, regionais, nacionais e mundiais.
 
 
AULA 6
Onde Chegar?
· Comentar alguns pressupostos teóricos da Geografia escolar nos anos iniciais do ensino fundamental.
· Identificar as unidades temáticas da Geografia dos anos iniciais na BNCC – Base Nacional Comum Curricular.
O que aprender?
· Alguns pressupostos teóricos da Geografia escolar nos anos iniciais do ensino fundamental;
· A Geografia na BNCC – Base Nacional Comum Curricular.
Geografia escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental
 
Ensinar e aprender Geografia nos anos iniciais do ensino fundamental é um grande desafio. Concebe-se como necessário, de que desde criança se compreenda a possibilidade do espaço geográfico, como algo a ser lido e entendido. A Geografia escolar vai se configurando como meio e conhecimento, que colabora no desvendamento da realidade pelo aluno. Para Callai (2005), o papel da Geografia na escola é ajudar a criança a “ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens que podemos ver são resultado da vida em sociedade,dos homens na busca da sua sobrevivência e da satisfação das suas necessidades" (CALLAI, 2005, p. 228-229).
Nesta etapa da educação escolar é necessário aprender a ler e pensar o espaço. Desta forma, cabe ao professor criar condições para que a criança leia o espaço vivido. Isto indica o desenrolar de uma alfabetização cartográfica, que se inicia quando a criança reconhece lugares, conseguindo identificar as paisagens. Para tanto, pressupõe-se que alguns saberes o aluno precisa aprender, como saber olhar, observar, descrever, registrar, comparar, analisar (CALLAI, 2005). Essa afirmativa nos confronta, na medida em que, primeiramente, questiona se nós, como professores (e futuros professores!) aprendemos a ler e pensar o espaço, com base nos saberes acima descritos. Pergunto a vocês: Que lembranças você guarda de seus tempos de estudantes dos anos iniciais? Lembra-se dos conteúdos geográficos desenvolvidos? Como eram as aulas e os livros didáticos?
Talvez, suas respostas às questões acima descritas sejam vagas ou pontuais, como: “decorei mapas, nomes de rios e países...”. Por décadas, o ensino de Geografia tinha o propósito de colaborar na formação de uma identidade nacional. Desta forma, copiar mapas em papel de seda, memorizar nomes dos estados e capitais do Brasil, seus rios e climas, reconhecendo a grandeza de nosso país, foram alguns recursos pedagógicos utilizados para a formação de uma identidade brasileira e de sentimento de nação. Sobre isso, Fantin assevera que:
 
Nos currículos, nos livros didáticos e na sala de aula, o conceito de região marcou o ensino da geografia por muitas décadas, por meio de uma abordagem descritiva e compartimentada, entendendo a região como um organismo autônomo, caracterizado internamente pela relação entre fatores naturais e socioculturais próprios, como: clima, vegetação, relevo, hidrografia, origem étnica predominante, religião, língua oficial, países e capitais, portos, etc.[...]” (FANTIN, et al, 2013, p.44)
 
Parece que esse objetivo já foi alcançado. A Geografia, neste momento, nos indica novos horizontes a partir de seu conhecimento científico, cabendo a Geografia escolar organizá-los, possibilitando novos arranjos que permitam os estudantes se encantarem por esta área de conhecimento.
É certo que uma educação tradicional e, por vezes, cartesiana (certo/errado; isto/aquilo; sim/não), não dará conta de ajudar na construção de saberes que apontam para múltiplos olhares, diferentes relações e análises. Desta maneira, o ensino e a prática de Geografia para os anos iniciais que se propõe, aqui, tem bases teóricas na relação de conhecimentos, num contexto complexo e múltiplo, porque o mundo da vida é assim.
 
A Base Nacional Comum Curricular- BNCC (BRASIL, BNCC, 2018) fala que é fundamental que as crianças, neste nível de ensino, consigam saber e responder algumas questões a respeito de si, das pessoas e dos objetos. Essas perguntas mobilizam as crianças a pensar sobre a localização de objetos e das pessoas no mundo, permitindo que compreendam seu lugar no mundo:
· Onde se localiza?
· Por que se localiza?
· Como se distribui?
· Quais são as características socioespaciais?
Entretanto, Callai (2005) nos adverte que fazer uma leitura do mundo vai além da leitura cartográfica. A autora afirma que:
 
[...] Fazer a leitura do mundo não é fazer uma leitura apenas do mapa, ou pelo mapa, embora ele seja muito importante. É fazer a leitura do mundo da vida, construído cotidianamente e que expressa tanto as nossas utopias, como os limites que nos são postos, sejam eles do âmbito da natureza, sejam do âmbito da sociedade (culturais, políticos, econômicos) (CALLAI, 2005, p. 228).
 
É necessário ajudar o estudante dos anos iniciais a olhar e observar ao seu redor, além de sua moradia, ou seja, no seu bairro, nas ruas da cidade. Ajuda-lo a perceber os problemas existentes nesse espaço. A Geografia escolar indica conteúdos que apontam para: a organização do espaço geográfico que se manifesta por meio de conceitos, como o de paisagem, do território, do lugar. Sobre isso, Cavalvanti (1998) acrescenta:
 
A leitura do mundo do ponto de vista de sua espacialidade demanda a apropriação, pelos alunos, de um conjunto de instrumentos conceituais de interpretação e de questionamento da realidade socioespacial. [...] Esses conceitos – lugar, paisagem, região, natureza, sociedade, território – são considerados como conceitos fundamentais para o raciocínio espacial e são citados (com alguma variação) como elementares para o estudo da geografia, pelo seu caráter de generalidade (CAVALCANTI, 1998, p.25-26).
 
Na BNCC (2018) está indicada as Unidades Temáticas que são comuns ao longo de todo o Ensino Fundamental, porém, numa progressão de habilidades, respeitando o caráter psicopedagógico de desenvolvimento cognitivo das crianças.
Quadro 1 – Unidades temáticas de Geografia nos anos iniciais
 
	UNIDADES TEMÁTICAS
	O sujeito e seu lugar no mundo
	Conexões e escalas
	Mundo do trabalho
	Formas de representação e pensamento espacial
	Natureza, ambientes e qualidade de vida
Além das unidades temáticas, este documento traz, também, os objetos de conhecimento, as habilidades a serem desenvolvidas nas/pelas crianças em cada etapa/ano, alguns comentários de caráter pedagógico e as possibilidades para implementação do respectivo currículo.
AULA 7
Onde Chegar?
· Identificar diferentes possibilidade didáticas no ensino e prática de geografia;
· Comentar como é possível desenvolver representação e orientação espacial na e com a criança dos anos iniciais do ensino fundamental.
O que aprender?
· Encaminhamentos didáticos no ensino e na prática de geografia
· Alfabetização cartográfica na formação da representação espacial
Geografia nos anos iniciais: aspectos curriculares e possibilidades didáticas
É importante compreender e dar evidência de que os conceitos e vivências espaciais fazem parte do cotidiano de nossas vidas. Ou seja, fazemos geografia diariamente: Quando saímos de casa e vamos para a escola, para o trabalho; quando vamos a pé, de carro ou de ônibus nossas percepções são diferentes, pois, ao mapear o trajeto em nossas mentes, assim como ao observar pessoas, paisagens, vamos desenvolvendo o pensamento espacial (geográfico) de nosso território cotidiano. As inferências, reflexões e análises que fazemos das situações, que permeiam este espaço, vão configurando nosso saber geográfico. Sobre a formação do pensamento geográfico, Cavalcanti (2015) afirma que:
 
A ideia é encaminhar o trabalho com os conteúdos geográficos e com a construção de conhecimentos, para que os cidadãos desenvolvam um modo de pensar e agir que considere a espacialidade das coisas, nas coisas, nos fenômenos que vivenciam mais diretamente ou como parte da humanidade (CAVALCANTI, 2015, p. 48).
 
Entende-se, portanto, que os espaços percebidos, concebidos e vividos não são lineares, porém, complexos e dinâmicos. A BNCC- Base Nacional Comum Curricular de Geografia declara que:
 
A abordagem das relações espaciais e o consequente desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal no ensino de Ciências Humanas devem favorecer a compreensão, pelos alunos, dos tempos sociais e da natureza e de suas relações com os espaços. A exploração das noções de espaço e tempo deve se dar por meio de diferentes linguagens, de forma a permitir que os alunos se tornem produtores e leitores de mapas dos mais variados lugares vividos, concebidos e percebidos (BRASIL, BNCC, 2018, p. 353).
 
O ensino e a prática da Geografia, nos anos iniciais, devem possibilitar, por meio de diferentes linguagens, a formação do pensamento geográfico. Desta forma, é importante problematizar o relato das vivências dos estudantes, encaminhar aulas por intermédio de recursos lúdicos, explorando os diversos espaços da escola, instigando-os por meio de pesquisas que envolvam o trajeto casa-escola-casa, diálogo com familiares, registros por meio da escrita e outros recursos como desenhos, mapas, fotografias, dentre outros (ANTUNES, 2001) . Promover situações de aprendizagensque estimulem o desenvolvimento do pensamento criativo e crítico, com vistas à formação de cidadãos conscientes e protagonistas em seus territórios. Assim:
 
É nessa fase que os alunos começam a desenvolver procedimentos de investigação em Ciências Humanas, como a pesquisa sobre diferentes fontes documentais, a observação e o registro – de paisagens, fatos, acontecimentos e depoimentos – e o estabelecimento de comparações. Esses procedimentos são fundamentais para que compreendam a si mesmos e àqueles que estão em seu entorno, suas histórias de vida e as diferenças dos grupos sociais com os quais se relacionam. O processo de aprendizagem deve levar em conta, de forma progressiva, a escola, a comunidade, o Estado e o país. É importante também que os alunos percebam as relações com o ambiente e a ação dos seres humanos com o mundo que os cerca, refletindo sobre os significados dessas relações (BRASIL, BNCC, 2018, p. 355).
 
Algumas possibilidades didáticas, como o uso de imagens, vídeos ou trechos de filmes, maquetes, fotografias, pesquisas de campo são algumas atividades possíveis de serem desenvolvidas com os estudantes dos anos iniciais. Porém, cada uma dessas possibilidades devem ser preparadas com critérios que promovam de fato o desenrolar do raciocínio geográfico, que rompe com o simples fato de memorizar informações, porém, colabora no desenvolvimento de habilidades como refletir, comparar, observar, analisar, intuir, perceber, sistematizar, fazer proporções, dentre outras. Para Fantin (2013), as atividades “[...]conforme o encaminhamento pedagógico, elas tornam-se instrumentos para desvelar ideologias, compreender relações sociais, políticas e étnicas, dentre outras [...]” (FANTIN et al, 2013, p. 143).
 
Alfabetização cartográfica a partir dos anos iniciais
 A alfabetização cartográfica, por exemplo, é um encaminhamento que tem como um de seus objetivos representar o espaço solicitado ou sugerido. Entretanto, envolve além da representação deste espaço, a construção da noção de lateralização, anterioridade e profundidade (perspectiva), noções topológicas, euclidianas e projetivas (FANTIN et al, 2013).
A cartografia é um conteúdo que se apresenta como linguagem peculiar da Geografia. É uma forma de representação de análises e sínteses geográficas. Permite, ainda, a leitura de acontecimentos e fenômenos geográficos pela explicação de sua localização. Para Cavalcanti (2015):
 
O principal objetivo é ajudar o aluno a se tornar um leitor crítico em mapeado consciente, por meio de trabalho com o produto cartográfico já pronto, indo da alfabetização cartográfica à leitura crítica, em que se trabalha com um conjunto de correlações e por meio de sua participação efetiva na confecção de maquetes, croquis e elaboração de mapas mentais (CAVALCANTI, 2015, p. 51).
 
Com a atual realidade dos mapas digitais a partir de aplicativos interativos, com uso de informações de geoprocessamento, por meio de diferentes artefatos (celulares, tabletes) faz-se necessário que o professor dos anos iniciais se aproprie desta representação no ensino e na prática de geografia, visto que esses recursos tecnológicos podem ajudar na formação dos alunos, quanto à orientação espacial e representação cartográfica digital.
 
 
Vá mais longe
FANTIN, Maria Eneida; TAUSCHECK, Neusa Maria; NEVES, Diogo Lablak. Metodologia do ensino de geografia. Curitiba: Intersaberes, 2013. P.115-150
 
Sugestão de Leitura
· No artigo “Metodologia para ensinar geografia nos anos iniciais do Ensino fundamental: o relógio solar”, os autores, Robson de Souza Santos eLaiany Rose Souza Santos, apresentam um relato de experiência que vale a pena conhecer. Acesse o link http://www.revistaensinogeografia.ig.ufu.br/N14/Art2-v8-n14-Revista-Ensino-Geografia-Santos-Santos.pdf (Links para um site externo.)
 
· No link, abaixo, você encontra dicas de estratégias no ensino e na prática da Geografia no ensino fundamental. Vale a pena conferir: https://canaldoensino.com.br/blog/5-dicas-para-ensinar-geografia-aos-seus-alunos (Links para um site externo.)
 
Assista aos vídeos propostos:
a) O vídeo “A BNCC e a Geografia” apresentam um resumo das unidades temáticas. Vale a pena conferir no linkA BNCC e a Geografia | SAS (Links para um site externo.)
 
b) No vídeo “Raciocínio Lógico-Matemático e Geográfico”, o professor Bruno Ramos, com base na interdisciplinaridade (Educação Física – Matemática -Geografia) desenvolve lateralidade, percepção de espaço de forma divertida. Veja no linkRaciocínio Lógico-Matemático e Geográfico (Links para um site externo.)
 
Agora é sua Vez
Na unidade temática 
“Formas de representação e pensamento espacial”, do 3º. Ano do Ensino Fundamental, uma das habilidades a serem desenvolvidas é: “(EF03GE06) Identificar e interpretar imagens bidimensionais e tridimensionais em diferentes tipos de representação cartográfica” (BRASIL, BNCC, 2018, p.375). A partir das leituras e informações indicadas nesta Unidade de Aprendizagem, faça o seguinte:
· Elabore um roteiro de ações pedagógicas que tem como objetivo geral ajudar o estudante do 3º. Ano (crianças aproximadamente entre 7 e 8 anos), a desenvolver a habilidade descrita na BNCC;
· Este roteiro deverá prever o passo a passo de todo o seu encaminhamento pedagógico (turma, unidade temática, tema da aula, objetivos, descrição das ações);
· Pesquise e use sua criatividade. Caso você busque apoio em sites da internet, não esqueça de indicar a referência ou fonte consultada!
 
AULA 8
Onde Chegar?
· Identificar alguns dos princípios teóricos que norteiam a interdisciplinaridade;
· Reconhecer caminhos possíveis a interdisciplinaridade no ensino e na prática de História e Geografia nos anos iniciais do ensino fundamental.
O que aprender?
· Interdisciplinaridade no ensino e na prática de História e Geografia;
· Metodologia de projetos, como possibilidade de ação interdisciplinar.
 Interdisciplinaridade: a construção de projetos no encontro da História com a Geografia
O que é interdisciplinaridade?
Conforme Hilton Japiassu (1976), interdisciplinaridade é algo a ser vivido, enquanto atitude de espírito.Essa é feita de curiosidade, de abertura, do senso de aventura e descoberta; e exerce um movimento de conhecimento capaz de intuir relações. Nesse aspecto é uma prática individual, porém, também, é prática coletiva, na qual se manifesta a atitude de abertura ao diálogo com outras disciplinas, compreendendo a necessidade de aprender com outras áreas do conhecimento.
Morin enfatiza a interdisciplinaridade, como algo necessário para a compreensão do todo, afirma Edgar Morin (2001). Quando fragmentamos o complexo do mundo em pedaços separados, fracionamos os problemas. O autor propõe, ainda, a reforma do pensamento, uma vez que a maior dificuldade atualmente é a insuficiência de tratar os problemas mais graves de nossa sociedade. Por exemplo, achamos comum quando passamos por um viaduto e avistamos um mendigo ou uma criança pedindo esmola. No contexto comunitário esta compreensão, implica em não levar uma resposta pronta, fragmentada, mas, que a inserção parta do princípio comunitário, considerando todas as suas facetas, sendo que, o desafio dos desafios seria pensar o global para o desenvolvimento.
Avançar o tema interdisciplinaridade para além do campo das ideias, implica, portanto, em ir para o enfrentamento do fazer atual da educação escolar, fundamentada num paradigma ainda cartesiano, buscando um pensar e fazer fundamentados em saberes diversos de sujeitos concretos, imersos num mundo complexo, dinâmico e cheio de desafios. Para tanto, o ensino e a prática de História e Geografia podem, desde os anos iniciais, indicar um novo pensar e fazer que se quer interdisciplinar. A própria BNCC (2018) aponta para isso, quando fala que:
 
O conceito de espaço é inseparável do conceito de tempo e ambos precisam ser pensados articuladamente como um processo. Assim como para a História, o tempo é para a Geografia uma construção social, que se associa à memória e às identidades sociais dos sujeitos. Do mesmo modo, os temposda natureza não podem ser ignorados, pois marcam a memória da Terra e as transformações naturais que explicam as atuais condições do meio físico natural. Assim, pensar a temporalidade das ações humanas e das sociedades por meio da relação tempo-espaço representa um importante e desafiador processo na aprendizagem de Geografia (BRASIL, BNCC, 2018, p. 361).
 
Ainda sobre isso, Campos e Pedon (2013) comentam que a contribuição da História é fundamental no entendimento e na interpretação das modificações e características de cada paisagem. Os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) indicam, por exemplo, que a Geografia pode trabalhar com recortes temporais e espaciais diferentes daqueles da História, porém, não pode conceber ou estruturar interpretações de uma paisagem, sem buscar sua historicidade, suas influências sociais, políticas e econômicas que são visíveis no hoje, mas que se caracterizam por aspectos temporais. Sendo assim:
 
A percepção espacial que cada indivíduo ou sociedade possui também é marcada por vínculos socioculturais e nesse aspecto a historicidade – qualidade do que é propriamente histórico – focaliza o homem como sujeito construtor do espaço geográfico, tanto do ponto de vista social como do cultural, imprimindo seus valores para a construção de seu espaço e que está localizado além da perspectiva política e econômica. (CAMPOS; PEDON, 2013)
 
Pedagogia de projetos e interdisciplinaridade
Para além de tantos atributos, a pedagogia de projetos é uma estratégia que amplia a visão de mundo daqueles que fazem uso dela. Para Barbosa e Horn (2008, p. 53). “é uma possibilidade interessante em termos de organização pedagógica porque, entre outros fatores, contempla uma visão multifacetada dos conhecimentos e informações”. E, ainda:
 
A ideia de trabalhar com projetos como recursos pedagógicos na construção do conhecimento remontam ao final do século XIX, a partir de ideias enunciadas por John Dewey em 1897. Entretanto, Trabalho apresentado por Michael D.Knoll (2004) estende a gênese da metodologia de projeto ao final do século XVII na Itália, sob uma perspectiva profissionalizante, especialmente na área da Arquitetura. Knoll refere-se ao estudo de diversos autores focalizando as origens e mutações em relação à conceituação e abrangência dos projetos no campo da educação, envolvendo aproximadamente cinco séculos da história educacional do trabalho com projetos.O trabalho de Knoll destaca, ainda, os pontos de vista de vários autores, em especial John Dewey e William H Kilpatrick, ambos do início do séc. XX. Kilpatrick, com o trabalho “O Método de projetos”, de 1918, é considerado o iniciador de trabalhos com projeto com método educativo.  (MOURA; BARBOSA, 2006, p. 216)
 
Dentro de um projeto são desenvolvidas diversas atividades, de acordo com as áreas do conhecimento, sendo elas organizadas pelos eixos de uma proposta, para resolver os questionamentos e problema levantados. Sua duração pode variar de acordo com a proposta e o interesse dos educandos. Não é algo pronto e acabado, pois, pode sofrer alterações que favoreçam a sua organização, despertando a curiosidade, para que haja o interesse em desenvolver as atividades em todo o processo.
Segundo Hernandez e Ventura (2017), o trabalho com projeto contribui na formação de indivíduos com uma visão global da realidade, relacionando aprendizagem com as situações do dia a dia, preparando para a aprendizagem no decorrer do seu desenvolvimento. Os Projetos contribuem para uma ressignificação dos espaços de aprendizagem, de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes.
 
Vá mais longe
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de história. Campinas, SP: Papirus, 2003. P. 162-204
 
Sugestão de Leitura
· No artigo “A aula-oficina: um novo modo de ensinar história”, desenvolvido por Rainer Gonçalves Sousa, destaca-se o fato de que uma aula, inicialmente, deve ser organizada por um tema e um conjunto de objetivos a serem atingidos com o debate em sala de aula. Você pode ler o artigo no link abaixo: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/a-aula-oficina-um-novo-modo-ensinar-historia.htm (Links para um site externo.)
 
· O ensino da História e da Geografia, por meio de projetos, oferece bases para entender como fazer um trabalho, articulando as diferentes disciplinas. As dicas podem ser adaptadas, também, para os anos iniciais, respeitando o nível de aprendizagem das crianças. Confira no link http://www.ppd.net.br/o-ensino-da-historia-e-da-geografia-por-meio-de-projetos/ (Links para um site externo.)
 
Assista aos vídeos propostos:
a) O vídeo “Como Trabalhar Geografia e História de Acordo Com A BNCC”, apresentado pela professora Ludmila Lima, traz dicas a partir de sua experiência como docente. Assista em:
Como Trabalhar Geografia E História De Acordo Com A BNCC (Links para um site externo.)
 
b) No vídeo “Pedagogia dos Projetos”, na Educação Infantil, o professor Nilbo Nogueira, por meio de uma conversa, traz dicas de como organizar um projeto de trabalho com crianças. Apesar do vídeo ser direcionado a educadores da educação infantil, as dicas são pertinentes, também, aos encaminhamentos de trabalho com projetos nos anos iniciais do ensino fundamental. Confira em:
Pedagogia dos Projetos na Ed. Infantil (Links para um site externo.)
Agora é sua Vez
Vamos fazer um exercício, neste momento, em que partimos de nossa experiência pessoal. Traga a sua mente, suas memórias de estudante dos anos iniciais e responda: Como era a paisagem do trajeto de sua casa para a escola? Quais as sensações que você tinha a partir dessa paisagem? Há aspectos sociais, culturais e econômicos demarcados nessa paisagem? Você tem informações de mudanças nessa paisagem? Essas mudanças trouxeram melhores condições de vida para todo o ambiente? Procure se informar com parentes e/ou amigos que, talvez, ainda vivam na região ou pesquise na internet, ou ainda com o apoio do Google Street Viewque, que é um recurso do Google Maps. Sistematize suas respostas por meio de um texto ou mapa conceitual. Convido-o(a) a participar do nosso fórum, compartilhando a atividade desenvolvida.
 
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