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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
 
 
 
 
AVA2 DA DISCIPLINA ANÁLISE DO DISCURSO 
 
 
 
 
Joyce Conceição da Silva Mattos 
20211301554 
Letras – Português Literatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2021
 
 
1 
INTRODUÇÃO 
 A cena escolhida (https://youtu.be/gusrSscIji8), faz parte de um dos episódios 
da série mais comentada dos últimos tempos (“Os Bridgerstons”). Essa série foi 
inspirada no livro um, da autora Julia Quinn, cujo título é “O duque e eu”. Trata-se de 
uma narrativa épica romântica, que retrata a história de uma família, cuja matriarca, 
após o falecimento do seu esposo, esforça-se para “casar bem” cada um de seus 
filhos e assim garantir a perpetuação do legado familiar de fartura e poder, para os 
seus descendentes. 
 O comportamento da Lady Violet (a matriarca da família), traz à tona questões 
de cunho ideológico, reforçando o pensamento de um sistema capitalista, que é 
hegemônico na nossa sociedade. O discurso é uma prática social no mundo, não 
sendo composto apenas pelas palavras, mas também por uma série de atitudes, 
crenças e posicionamentos. 
DESENVOLVIMENTO 
 As séries e telenovelas, ou seja, as mídias de massa, são as grandes 
responsáveis por influenciar o comportamento dos telespectadores, transferindo 
para esses uma enorme parcela de significado cultural. Esses atributos culturais são 
inseridos na rotina de consumo do país. 
 Essa série, assim como tantas outras, baseia-se na geração de desejos, a fim 
de convencer os espectadores sobre a necessidade exacerbada de consumo. Em 
determinados trechos idealizam-se bailes, organizados pela alta sociedade da 
época, e a cada um deles ratifica-se a necessidade das mulheres da corte 
encomendarem vestidos e sapatos novos. Alguma semelhança com a sociedade de 
consumo atual? 
 Outro desejo despertado, que também gera alta rentabilidade das assinaturas 
de serviço de streaming, como a Netflix, afinal, quem não se sente tentado a 
“shippar”, todos os dias, um romance como o de Simon e Daphne? 
 Por esse motivo, a escola deve privilegiar momentos de reflexão, a fim de 
estimular nos educandos o pensamento crítico, ensinando-os a capacidade de 
exercitar o “poder da escolha”, proporcionando um diálogo aberto sobre o conceito 
de condições de produção, preparando-os para o consumo consciente, e assim 
contribuindo para uma sociedade sustentável. 
 A temporada um conta a história de Daphne, a primeira filha a se casar. Por 
motivos urgentes explicitados no decorrer dos episódios, ela precisa pedir a 
https://youtu.be/gusrSscIji8
 
 
2 
autorização da rainha, para contrair o matrimônio, em tempo recorde, com Simon, 
que vem a ser o Duque de Hastings, que na ocasião já teriam recebido a negativa 
do padre e, somente a rainha, poderia consentir. Acontece que a futura duquesa não 
contava com o discurso impecavelmente romântico, beirando ao surrealismo, que o 
Duque viria a fazer ao ponto de não só convencer, como também emocionar a 
soberana, contrariando totalmente a ideia, apesar dos pesares, do “casamento de 
conveniência”. Pela surpresa de Daphne, observa-se que nem nos melhores sonhos 
que ela pudera ter, ouviria naquele momento de tanta insegurança e incerteza, um 
discurso romanticamente tão perfeito. Observemos agora um trecho desse diálogo. 
 
Rainha: [...] “fiquei sabendo que a licença especial para se casarem foi negada. Não 
sei bem o que acham que posso fazer. Defendam o caso”. 
Daphne: “majestade, eu garanto que nada inapropriado ocorreu. O fato é que nos 
amamos muito. Por mais que me lisonjeasse a atenção do seu sobrinho, o príncipe, 
eu não conseguiria ignorar os meus sentimentos de longa data pelo duque. Veja 
bem, majestade, foi amor à primeira vista”. 
Simon: “não foi, majestade. A jovem me enaltece, mas não foi amor à primeira vista 
para nenhum dos dois. Havia atração, claro, pelo menos da minha parte >...< Mas a 
Srta. Brigerston me achou presunçoso, arrogante e falso <...> Com razão. Eu a vi 
como uma dama muito jovem e puritana, >...< além de irmã do meu melhor amigo. 
Romance estava fora de questão para nós. No entanto, ao removê-lo, descobrimos 
algo melhor <...> Amizade >...< A Srta. Brigerston e eu enganamos Mayfair por um 
tempo. Fingimos que estávamos cortejando... <...> mas, esse tempo todo, só 
gostávamos de ficarmos juntos e não conseguíamos nos afastar >...< Nunca fui um 
homem que gostasse de flertar, papear ou ::: conversar o mínimo que fosse. Mas 
com Daphne... <...> Srta. Brigerston... a conversa flui naturalmente. A risada dela me 
traz alegria. Conhecer uma mulher bonita é uma coisa, mas encontrar sua melhor 
amiga na mais bela das mulheres é algo totalmente diferente. Com minhas sinceras 
desculpas, foi necessário o príncipe aparecer, para eu perceber que não queria a 
Srta. Brigerston só como amiga. Queria como minha esposa. Eu a quero como 
minha esposa. Então eu lhe rogo para não nos fazer esperar”. 
Daphne: “Simon...” 
Rainha: “você é sábio ou talvez sortudo por entender que a amizade é a melhor 
base possível para o matrimônio. Mesmo se a base desmoronar tão rápido quanto 
 
 
3 
foi criada. Vou deixá-la escolher, Srta. Brigerston. Quer se casar com esse homem?” 
[...] 
 Ao analisar as conversas fictícias, por mais realistas que possam parecer, 
dependendo do contexto, identifica-se certa diferença entre as possibilidades de 
análise realizadas em comparação as conversas espontâneas, isso porque numa 
situação natural de diálogo, dependendo das respostas, conseguimos, sem que haja 
a necessidade de uma análise pormenorizada, identificar as intenções comunicativas 
desse interlocutor. Na fala fictícia, precisa-se observar uma série de características 
apresentadas, tais como: a intencionalidade que permeia a cena, a escolha de 
certas palavras em detrimento de outras, bem como a composição e a personalidade 
dos personagens. 
Na conversa fictícia apresentada anteriormente, algumas nuances e 
repetições, como por exemplo o emprego do “mas” em diversas ocorrências no 
decorrer das falas do personagem Simon, enfatizando uma ideia contrária a 
apresentada anteriormente, ratificando o quão contraditório poderia parecer aquele 
pedido a soberana, demonstrando que para o amor não existe lógica simétrica. 
 Ao perpassar esse diálogo fictício, percebeu-se também a presença dos 
pares lógicos (adjacentes), que permitiram o prosseguimento do fluxo da interação 
entre os personagens. Na ocorrência da troca de turno entre a fala da Daphne para 
a fala do Simon, observou-se o encadeamento do texto, por meio da apresentação 
de argumentos distintos para defesa da mesma agenda comum a ambos junto a 
rainha. 
 As cenas dessa narrativa são tomadas por tons pastéis configurados pelos 
trajes da rainha e suas damas de companhia, estabelecendo uma relação com azul 
claro do vestido de Daphne e vários níveis de rima de cor, contrastando-se ao preto, 
da roupa do Simon, cuja simbologia da “superioridade de gênero”, na qual 
representa “aquele que é responsável por dar continuidade ao nome e aos negócios 
da família”, combinando com os ideias da sociedade daquela época. 
 O enquadramento da câmera (do tórax para cima), durante o discurso do 
Simon, evidencia o estreitamento das relações não só entre os interlocutores, como 
também com os telespectadores. Essa é a distância para quem deseja estabelecer 
um diálogo sério, dando ao personagem um poder maior de convencimento. O 
posicionamento vertical de Daphne e Simon no espaço da cena evidencia a 
importância da fala deles naquele dado momento da narrativa. 
 
 
4 
CONCLUSÃO 
 Por meio da leitura dessa narrativa, de maneira implícita, identifica-se no 
decorrer da explanação a representação da ideologia, hegemonia e subjetividade 
presentes nas práticas discursivas, bem como nas atitudes, que a partir de uma 
percepção crítica do discurso, contribuem para o nosso distanciamento dos 
conteúdos monolíticos.É importante lembrar que diversos textos que estão disponíveis no ambiente 
escolar, para o aluno acessar, são textos visuais (não verbais). Qual seria a 
ideologia escondida por trás de cada um deles? 
 Para contribuir com essa análise, Bakhtin afirma que: 
Em cada época de sua existência histórica, a obra é levada a estabelecer 
contatos estreitos com a ideologia cambiante do cotidiano, a impregnar-se 
dela, a alimentar-se da seiva nova secretada. É apenas na medida em que 
a obra é capaz de estabelecer um tal vínculo orgânico e ininterrupto com a 
ideologia do cotidiano de uma determinada época, que ela é capaz de viver 
nesta época (é claro, nos limites de um grupo social determinado). Rompido 
esse vínculo, ela cessa de existir, pois deixa de ser apreendida como 
ideologicamente significante (BAKHTIN, 2002, p.119). 
 
Buscou-se seguir a recomendação deixada por Fairclough (2001), que nos 
alerta que, ainda que os elementos da prática social, discursiva e textual estejam 
dispersos em uma análise, eles devem ser utilizados em conjunto, para que não 
venhamos correr o risco de atender apenas ao texto ou a padrões ideológicos. 
Em suma, a partir da prática da análise do discurso, podemos extrair 
questões de cunho ideológico contidas nos enunciados. O sistema capitalista é 
dominante no contexto social em que estamos inseridos, sem que a gente perceba, 
e é justamente esse tipo de “serviço” que a análise do discurso se propõe a fazer: 
nos despertar essa visão de mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 9. ed. São Paulo: Hucitec 
Annablume, 2002. 
 
BARBOSA, Ivan Santo; TRINDADE, Eneus. Enunciação publicitária e suas 
possibilidades. Acta Semiótica et Linguística, São Paulo, v. 12, n.1, p. 59-70, 
2007. 
 
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: Universidade de 
Brasília, 2001. 
 
PÊCHEUX, M. A Análise de Discurso: três épocas (1983). In: GADET, F.; HAK, T. 
Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 
Campinas: Ed. da Unicamp, 1997c, p.311-8.