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Joëlle Moreira - Turma 05 Hepatologia HEPATITES VIRAIS AGUDAS INTRODUÇÃO: . As hepatites agudas são processos inflamatórios que acometem parênquima hepático de maneira difusa por um período inferior a 6 meses. Os achados de hepatite aguda se caracterizam pela presença de alterações predominantemente lobulares, representadas por infiltrado inflamatório misto de intensidade variável e presença de sinais de degeneração de hepatócitos. As hepatites virais causadas por vírus hepatotróficos representam a maioria dos casos de hepatite aguda, tais como: Vírus Transmissão Incubação Formas crônicas A Fecal-oral 15-45 dias Não B Sangue, sexual, materno-fetal, percutânea, transplante de órgãos 30-180 dias Sim RN: 90% Crianças: 20-50% Adultos: 5-10% C Sangue, percutânea, sexual e desconhecida 15-150 dias Sim Adultos: 85-90% D Sexual e percutânea * Sempre como coinfecção com o HBV 15-56 dias Sim E Fecal-oral 15-60 dias Raro Todas as hepatites virais (agudas e crônicas) são doenças de notificação compulsória (até 7 dias) no Brasil QUADRO CLÍNICO: . Em geral, o quadro clínico das hepatites virais agudas se dão de forma muito semelhantes e divididas em três etapas: FASE PRODRÔMICA ⇒ Sintomas inespecíficos, sistêmicos e gastrointestinais: · Mal-estar, astenia, anorexia, náuseas e diarreia · Febre leve (38-38,5oC) e sinais das vias aéreas superiores (semelhante a um quadro gripal) · Perda ou perversão do paladar e olfato · Artralgia e/ou artrite (15%) · Rash/ urticária · Desconforto abdominal: hepatomegalia dolorosa e discreta esplenomegalia (10%) · Glomerulonefrite aguda FASE ICTÉRICA Icterícia + síndrome colestática (colúria, hipocolia fecal e prurido) Os achados sistêmicos da fase anterior regridem ou abrandam e os gastrointestinais tendem a se acentuar. FASE DE CONVALESCÊNCIA Melhora dos sintomas e sinais da fase ictérica A partir desse ponto o paciente está curado ou em evolução para cronicidade. QUADRO LABORATORIAL: . · Hemograma: Leucopenia que evolui para linfocitose + ⇡do percentual de linfócitos atípicos · Hepatograma: Síndrome hepatocelular ⤍ ⇡> 10x das aminotransferasas + bilirrubina > 20mg/dl + ⇡GGT e FA HEPATITE VIRAL A: . O agente etiológico da "icterícia catarral epidêmica" (por apresentar curta duração, alta infectividade e evolução benigna), o HAV, é um vírus RNA, com capsídeo icosaédrico, desprovido de envelope. Existe apenas um sorotipo de HAV. EPIDEMIOLOGIA: . · No Brasil, o grupo mais acometido é o das crianças < 10 anos (pico entre 5-6 anos). · Não há diferença entre os sexos · As regiões de maior incidência são o Norte e o Nordeste · A vacinação contra o HAV faz parte do calendário vacinal básico PATOGENIA: . O HAV resiste ao pH ácido do trato digestivo alto o que permite que ele penetre na mucosa intestinal e chegue ao fígado através da circulação porta. É um vírus órgão-específico. As partículas virais se proliferam e se concentram no citoplasma dos hepatócitos, sendo, então, liberadas na bile, o que permite suas elevadas concentrações nas fezes e sua transmissão fecal-oral. Não é diretamente citopático o que indica que a lesão hepatocelular provavelmente ocorre em função da resposta imune do hospedeiro. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: . O quadro costuma ser leve, especialmente nas crianças, de forma que o diagnóstico é confundido com uma gastroenterite (a icterícia só ocorre em 5-10% dos casos). Nos adultos, há uma maior acentuação e prolongamento dos sinais e sintomas (a icterícia ocorre em 70-80% dos casos). Em geral, pode se manifestar como: · Assintomática: Comum em crianças · Sintomática: Clássica e autolimitada (dura 8 semanas) · Colestática: Icterícia + padrão laboratorial colestático (dura ≥ 3 meses) · Recidivante: 2 ou mais ataques de hepatite aguda que ocorrem num período de 6-10 semanas. Não costuma ser grave. · Fulminante: Rara (0,35%), com mortalidade de 30-50% e mais comum em idosos e portadores de doença hepática crônica. DIAGNÓSTICO: . Os picos de viremia e de eliminação viral nas fezes ocorre no período de incubação, antes do desenvolvimento dos sintomas. Os anticorpos anti-HAV elevam-se poucos dias antes do aparecimento dos sintomas. Os anti-HAV IgM apontam para a infecção aguda, e tendem a se manter elevados por 3-6 meses. Além disso, o IgG normalmente também já é encontrado antes do aparecimento dos sintomas. ⇒ Se o paciente manifestar icterícia e em seu sangue houver anti-HAV IgG sem o IgM, o diagnóstico NÃO é de hepatite A aguda. TRATAMENTO: . · Repouso relativo + aumento da ingesta calórica + sintomáticos · Evitar drogas com potencial hepatotóxico (ex. paracetamol) · Abstinência de álcool por 6 meses · Administração de vitamina K parenteral em casos de queda da atividade da protrombina · Pacientes com hepatite fulminante devem ser encaminhados para centros que fazem transplante hepático EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO: . O prognóstico é excelente, e a recuperação é total e sem sequelas. A hepatite A não se cronifica. PREVENÇÃO: . Não há justificativa para isolar paciente sintomático (a transmissão ocorre 2 semanas antes da sintomatologia aparecer). ⇒ Segundo o MS, pode ser necessário o afastamento do paciente de suas atividades durante as primeiras duas semanas da doença A imunização é feita com uma vacina de vírus inativado e faz parte do calendário básico do Brasil. A administração é em dose única aos 15 meses de vida. Pacientes IgG negativos podem fazer medida profiláticas por 2 semanas. · Pessoas saudáveis entre 12 meses e 40 anos devem ser vacinados. · Os < 12 meses e > 40 anos, os imunodeprimidos, os hepatopatas e aqueles que têm contraindicação para a vacina devem receber imunoglobulina humana (0.02 ml/kg - IM) HEPATITE VIRAL B: . O HBV possui um envoltório lipoproteico e um núcleo central denso (core). Antígenos de superfície: · HBsAg: Expresso pelo envoltório lipoproteico. É produzido em grande quantidade durante a infecção, sendo detectado no exame sorológico (maior marcador da presença de HBV no corpo). A presença de anti-HBs + desaparecimento do HBsAg indicam cura. · HBcAg: Expresso pelo núcleo central denso. Não é secretado e, consequentemente, não é detectado no sangue. Apesar disso, o anti-HBc é o maior marcador de infecção, mas não indica cura. · HBeAg: Secretado na corrente sanguínea pelos hepatócitos infectados (core) em casos de altas taxas de replicação viral. Isso indica o ponto de grande infectividade da doença. A presença do anti-HBe torna o HBeAg negativo, diminuindo a infectividade. · HBxAg: Molécula que estimula a transcrição de genes virais e celulares, inclusive em outros vírus (como o HIV, havendo coinfecção). EPIDEMIOLOGIA: . · Mais prevalente entre 20-69 anos ⤍ vida sexual ativa · A idade média para o diagnóstico é de 35 anos, predominando o sexo masculino. As mulheres tendem a adquirir a doença mais precocemente (M: 31,8 anos/ H: 39,02 anos) · A maior parte dos casos brasileiros estão nas regiões Sul e Sudeste TRANSMISSÃO: . Como o HBV está presente no sangue e em fluídos corporais, a transmissão se dá pelo contato com esses materiais (principalmente o sangue). A maior chance de contaminação é na fase do HBeAg positivo (maior replicação viral). Vias de transmissão: Vertical A chance de cronificação da doença é inversamente proporcional à idade! Intrauterina(transplacentária): É incomum (5-10%) e tem o HBeAg positivo na mãe; trabalho de parto pré-termo "laborioso" e procedimentos de manipulação da placenta como fatores de risco Perinatal (90-95%): Ocorre por microtransfusões de sangue materno durante as contrações uterinas; ruptura da membrana amniótica com exposição de sangue e secreções contaminadas e contato da mucosa fetal com sangue e secreções no canal vaginal. Chance de transmissão: · Infecção aguda: 10% se adquirida no 1o trimestre e 60% se adquirida no 2o ou 3o trimestre. · Infecção crônica: 90% em mães HBeAg positivo e 10-40% em mães HBeAg negativo. Horizontal Contato diário com adultos ou outras crianças infectadas ⤍ mecanismo não esclarecido. Não há evidências que confirmem a infeção pela amamentação, o que sinaliza para a não suspensão dessa prática em caso de mães infectadas. Sexual É o modo de transmissão mais comum. Percutânea Através de perfurocortantes contaminados: agulhas e seringas contaminadas (usuários de drogas), reutilização de materiais na tatuagem, tratamento dentário, manicures, acupuntura, piercing etc. Hemotransfusão e Transplante de órgãos Atualmente o risco de contaminação por essas vias é irrisório. PATOGÊNESE: . O HBV não é um vírus citopático. Assim, evidências apontam que a hepatite B tem início com uma resposta imune celular dirigida contra antígenos virais expressos pelos hepatócitos, resultando em dano a estas células. Uma resposta imune mais acentuada causa lesão hepática potencialmente mais grave. Uma resposta imune mais branda aumenta as chances de cronificação. HISTÓRIA NATURAL E MARCADORES: . 1. Aparecimento do HBsAg: Após o contágio, pode ser detectado dentro de 1-10 semanas (30 dias em média), antes do aparecimento dos sintomas. Limita o período de soroconversão. 2. Período de incubação: 30-180 dias (média de 4-6 semanas). Quando o sinais e sintomas aparecem, temos: ⇡aminotransferases + anti-HBc. 3. Três fases clínicas e marcadores sorológicos: a. Fase prodrômica (1-2 semanas): HBsAg + anti-HBc IgM (positivo por 4-5 meses) + sintomas de hepatite. Depois de pouco tempo há o aparecimento do anti-HBc IgG b. Fase de convalescência: Inicia-se com o surgimento do anti-HBs (1-2 meses após sintomas e negativação do HBsAg ⤍ janela imunológica) ⤍ ⇣aminotransferases e ⇣icterícia e sintomas sistêmicos. c. Cronificação: Presença de HBsAg por mais de 6 meses. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: . A infecção na infância tende a manifestar um quadro clínico mais brando, oligo ou assintomático (sem icterícia), mas com elevado risco de cronificação. Nos adultos, a infecção tende a ter sintomas proeminentes (com icterícia) e menor chance de cronificação. Já em idosos, a doença tende a ser mais grave. Evolução aguda da hepatite B: Evolução aguda benigna · Assintomática: ⇡aminotransferase + ⇡marcadores sorológicos · Anictérica: Sintomas de fase prodrômica ⤍ quadro gripal + aminotransferases > 500U/L ou doença do soro ⤍ febre, rash e poliartrite simétrica distal. · Ictérica: Clássica · Recorrente ou recrudescente: Novas elevações das aminotransferases em pacientes que já haviam melhorado ou normalizado as enzimas (recorrente), ou que estavam no processo de melhora (recrudescente). Percebidos pelo retorno ou reacentuação da icterícia. · Colestática: Acolia fecal + prurido + ⇡bilirrubina direta, FA e GGT + ⇣aminotransferases Evolução aguda grave · Hepatite fulminante: Definida como encefalopatia hepática por insuficiência hepática num período de 8 semanas a partir do início do quadro clínico. · Hepatite subaguda Manifestações extra-hepáticas: · Glomerulonefrite (frequente em crianças) · Acrodermatite papular (doença de Gianotti) · Poliarterite nodosa (PAN) · Mononeurite · Mielite · Síndrome de Guillain-Barré · Púrpura de Henoch-Schönlein (crianças) · Pericardite · Pleurite DIAGNÓSTICO: . É importante seguir uma ordem sequencial para interpretação: 1. HbsAg +2. anti-Hbc IgG e IgM ⤍ dão o diagnóstico. 3. anti-HBs, HBeAg e anti-HBe ⤍ usados em situações específicas Hepatite B aguda (fase inicial) HBsAg positivo + anti-HBc (IgM) positivo e (IgG) negativo + anti-HBs negativo + HBeAg positivo + anti-HBe negativo Hepatite B aguda (fase tardia) HBsAg positivo + anti-HBc (IgM) positivo e (IgG) positivo + anti-HBs negativo + HBeAg negativo + anti-HBe positivo Hepatite B aguda (janela imunológica) HBsAg negativo + anti-HBc (IgM) positivo e (IgG) positivo + anti-HBs negativo + HBeAg negativo + anti-HBe negativo ou positivo Hepatite B crônica (em replicação) HBsAg positivo + anti-HBc (IgM) negativo e (IgG) positivo + anti-HBs negativo + HBeAg positivo + anti-HBe negativo Hepatite B crônica (janela imunológica) HBsAg negativo + anti-HBc (IgM) negativo e (IgG) positivo + anti-HBs negativo + HBeAg negativo ou positivo + anti-HBe positivo ou negativo Hepatite B crônica (não replicativa) HBsAg positivo + anti-HBc (IgM) negativo e (IgG) positivo + anti-HBs negativo + HBeAg negativo + anti-HBe positivo Vacinação prévia HBsAg negativo + anti-HBc (IgM) negativo e (IgG) negativo + anti-HBs positivo + HBeAg negativo + anti-HBe negativo Cicatriz imunológica HBsAg negativo + anti-HBc (IgM) negativo e (IgG) positivo + anti-HBs positivo + HBeAg negativo + anti-HBe positivo ou negativo Exames laboratoriais inespecíficos: · Hemograma: Não alterado ou com discreta leucopenia com linfocitose (pode haver presença de linfócitos atípicos na fase aguda). Na hepatite fulminante, há leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda · Aminotransferases: Elevadas · Bilirrubinas, FA e GGT: Elevadas Mutantes Mutantes na região pré-core: falha na expressão do HBeAg ⤍ hepatite aguda fulminante e exacerbações nas formas crônicas. · Suspeita: HbsAg positivo (>6 meses) + HBeAg negativo + anti-HBe positivo e ⇡aminotransferases · Investigação: DNA-HBV Mutantes por escape: Mutação no HBsAg, impedindo a ação do anti-HBs. · Suspeita: altos títulos de anti-HBs na presença de HBsAg ou hepatite B sem HBsAg positivo PROFILAXIA: . Imunização ativa: 1a dose: ao nascimento (até 12h) – vacina monovalente; 2a dose: 2o mês de vida – vacina pentavalente; 3a dose: 4o mês de vida – vacina pentavalente; 4a dose: 6o mês de vida – vacina pentavalente. >> Adultos e idosos que não foram previamente imunizados devem receber a vacina. O esquema consiste de 3 doses da vacina monovalente nos tempos 0, 1 e 6 meses. Profilaxia de transmissão vertical: Vacina + imunoglobulina para o RN + uso temporário de drogas antivirais na mãe (mesmo que ela não possua indicação para o tratamento). Todos os RN expostos devem receber imunização ativa e passiva logo após o nascimento. Profilaxia pós-exposição: 7-14 dias dependendo do tipo de exposição. Indicações: · Vítimas de acidentes com materiais biológicos com HBV, sem vacinação ou sem resposta após duas séries completas de vacinação (anti-HBs < 10 mUI/ml) · Vítimas de abuso sexual · Exposição sexual a casos agudos de hepatite B · Imunodeprimidos após exposição de risco TRATAMENTO: . (1) Alfapeguinterferona; (2) tenofovir; e (3) entecavir HEPATITE VIRAL C: . É um vírus RNA de cadeia simples envolto por um capsídeo proteico dentro de um envelope lipídico. Possui diversos genótipos de relevância clínica. É um vírus muito mutagênico, o que dificulta a produção de vacinas e na própria resposta imune do hospedeiro. EPIDEMIOLOGIA: . · A idade média para o diagnóstico é 46,3 anos · Predomina no sexo masculino e esses indivíduos também tendem a se infectar mais precocemente, quando comparado com o sexo feminino. · Predomina no Sudeste (60%) e Sul TRANSMISSÃO:. A transmissão é pelo contato com sangue contaminado (direta ou indiretamente). A transmissão pelo contato entre mucosas e sangue contaminado é menos eficiente mas ainda assim ocorre. Outros fluidos possuem baixas concentrações, o que dificulta a transmissão sexual e perinatal. A presença de IST prévia (principalmente o HIV) é considerado facilitador da transmissão sexual do HCV. A principal forma de identificação de transmissão do HCV é o uso de drogas ilícitas. Hoje, as principais formas de transmissão são: compartilhamento de perfurocortantes (geral), seringas e agulhas (usuário de drogas injetáveis) e confecção de tatuagens e piercing sem obediência das normas de biossegurança. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: . É costumeiramente assintomática. Na presença de sintomas, os pacientes costumam apresentar sintomas gerais da hepatite. Estes costumam aparecer entre 6-12 semanas após a exposição. A evolução da doença para quadros avançados é lenta, e o grau da fibrose na primeira biópsia pode ser preditor da evolução para cirrose e suas complicações. Traz um mau prognóstico para o paciente, uma vez que a maioria dos infectados progride para cronicidade, que pode ocasionar cirrose e carcinoma hepatocelular. Fatores de maior probabilidade para clareamento viral espontâneo: · Sexo feminino · Idade < 40 anos · Icterícia · Genótipo 3 · Fatores genéticos DIAGNÓSTICO: . Nos pacientes que possuem sintomas, o diagnóstico é, em 80% dos casos, pela presença de anticorpos anti-HCV. Nos outros 20% é pela pesquisa do HCV-RNA. Já que o anti-HCV levam 8-12 semanas para positivar, em casos de altas suspeitas de transmissão, recomenda-se a dosagem direta do HCV-RNA. A genotipagem do HCV sempre deve ser feita após confirmação do diagnóstico (anti-HCV + HCV-RNA positivos) pois isso é indispensável para a terapêutica. Indicações de solicitação do HCV-RNA Confirmação do diagnóstico após um resultado anti-HCV positivo (ELISA ou teste rápido) Pesquisa de hepatite C < 18 meses Caracterização da transmissão após acidente ocupacional em paciente assintomático Monitorização do tratamento TRATAMENTO: . Critérios para o início do tratamento: · Paciente sintomático (ictérico): Não começar de imediato, devendo-se dosar o HCV-RNA 12 semanas após o início do quadro. Só iniciar após descartar o clareamento viral espontâneo. · Paciente assintomático: Imediatamente. (1) interferon convencional (IFN) em monoterapia, via SC, dose diária nas primeiras 4 semanas (6 MUI se IFN-alfa 2a, ou 5 MUI se IFN-alfa 2b), seguido de dose reduzida (3 MUI) 3x semana nas 20 semanas subsequentes (total 24 semanas) (2) interferon convencional + ribavirina (24 semanas), fazendo-se o interferon pela via SC 3x semana (3 MUI, tanto IFN-alfa 2a quanto IFN-alfa 2b; a dose da ribavirina é 15 mg/kg/dia VO dividido 12/12h). HEPATITE VIRAL D: . O vírus da hepatite D (delta)/ HDV é um vírus RNA que necessita da função do HBV para sua sobrevivência e disseminação. Possuem um nucleocapsídeo antigenicamente diferente do core do HBV, mas um envoltório lipoproteico igual ao HBsAg. O HDV pode infectar o indivíduo de forma simultânea com o HBV (coinfecção) ou pode infectar alguém que está cronicamente infectado pelo HBV (superinfecção). A duração da infecção do HDV nunca ultrapassa a do HBV. A presença do vírus D inibe a replicação do vírus B. A hepatite D tende a ser mais grave que a hepatite B isoladamente e com maior probabilidade de levar à hepatite fulminante, hepatite crônica grave e cirrose. EPIDEMIOLOGIA: . · No Brasil, a infecção ocorre na região amazônica · Os grupos de risco incluem usuários de drogas intravenosas, indivíduos que tiveram contato sexual com pacientes infectados e pacientes com infecção crônica pelo HBV que sejam hemofílicos, usuários de drogas IV, homossexuais masculinos e estejam em prisões. · A coinfecção HDV + HBV aumenta a frequência de hepatite fulminante de cerca de 1 para 5% · A superinfecção da hepatite B crônica pelo HDV cursa com hepatite fulminante em até 20% dos casos MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: . Uma forma peculiar de hepatite D é a febre de Lábrea ou hepatite espongiocitária, na qual o quadro histológico apresenta necrose hepatocelular moderada e hepatócitos aumentados de volume graças a presença de gotículas de gordura em volta do núcleo (células de mórula ou espongiócitos). DIAGNÓSTICO: . O diagnóstico é feito por sorologia com a pesquisa do anti-HDV. Esse anticorpo só aparece 30-40 dias após a infecção aguda (inicialmente IgM, evoluindo para IgM + IgG). TODO paciente HBsAg+ que reside ou esteve em área endêmica para o vírus D deve realizar pesquisa de coinfecção/superinfecção por esse agente. TRATAMENTO: . Alfapeginterferon + tenofovir ou entecavir (48 semanas) HEPATITE VIRAL E: . É um vírus RNA dividido em dois subgrupos: · Genótipos 1 e 2: vírus prioritariamente humano, causa da hepatite E epidêmica · Genótipo 3 e 4: vírus prioritariamente suíno, causa da hepatite E autóctone. FORMAS CLÍNICOEPIDEMIOLÓGICAS: . Hepatite E epidêmica: 1. Período de incubação: assintomático 2. Fase de viremia 3. Surgimento da resposta imune: anti-HEV IgM e IgG ⤍ manifestações secundárias à lesão hepatocelular 4. Fase de convalescência É comum na Ásia e África, e em outras regiões em desenvolvimento. Não há relatos de cronificação. Predomina em adolescentes e adultos jovens. Tende a ser mais grave em gestantes. Hepatite E autóctone: A aquisição se dá por intermédio da ingestão de carne de porco mal cozida e contato direto. Predomínio em pessoas mais velhas. Homens:mulheres ⤍ 3:1. Um padrão encontrado na clínica é o "fenótipo de hepatite crônica agudizada" ⤍ pacientes crônicos que descompensaram a função hepática quando infectados Achados extra-hepáticos: artrite, pancreatite, aplasia de medula e neuropatias (síndrome de Guillain-Barré, paralisia de Bell, polineuropatia periférica etc) DIAGNÓSTICO: . O MS orienta que a pesquisa de hepatite E em áreas não endêmicas deve ser considerada nas seguintes situações: · Hepatite aguda não A, não B e não C, descartadas também as infecções por citomegalovírus e vírus Epstein-Barr. · Histórico de viagem ou procedência de uma região endêmica para o HEV. · Ocorrência de uma epidemia de hepatite aguda cuja investigação revele o contágio por uma fonte comum de água. TRATAMENTO: . Não há um consenso. Em imunodeprimidos: (1) redução na intensidade da imunossupressão farmacológica em receptores de transplante de órgão sólido; (2) uso de ribavirina isolada; (3) combinação de ribavirina + PEG-interferon, de modo semelhante ao tratamento da hepatite C crônica. PREVENÇÃO: . Controle da doença nos rebanhos suínos, não ingestão da carne de porco mal cozida e de ostras.
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