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Amenorreia: Considera-se amenorreia primária quando nunca ocorreu a menarca (primeira menstruação): Aos 14 anos, na ausência de caracteres sexuais secundários; Aos 16 anos, mesmo na presença de caracteres sexuais secundários. O Tratado da Febrasgo também acrescenta algumas outras situações que merecem investigação: 1. A menarca não ocorreu cinco anos após o início do desenvolvimento das mamas, se isso se deu antes dos 10 anos de idade; 2. Meninas com idade inferior a 15 anos e com caracteres sexuais secundários presentes que não apresentaram a menarca e apresentam dor pélvica cíclica (risco de obstrução do trato genital); 3. Meninas com estigmas de Síndrome de Turner devem ser investigadas em qualquer idade (veremos detalhes sobre essa síndrome adiante). ❏ Compartimento I: desordens do trato de saída do fluxo (uterovaginais) A) Síndrome de insensibilidade androgênica (Síndrome de Morris) é uma malformação congênita que ocorre devido a um defeito no desenvolvimento dos ductos de Muller (ductos paramesonéfricos). As pacientes apresentam cariótipo 46XX e caracteres sexuais secundários normais, uma vez que os ovários estão presentes e funcionantes (já este não tem origem dos ductos de Muller), porém não há menstruação. Na forma clássica, não ocorre a formação do útero, trompas e 2/3 superiores da vagina, mas podem haver algumas variantes com útero rudimentar. Possui caracteres sexuais secundários. Ocorre um defeito no receptor de testosterona, de forma que não há útero, trompas e 2/3 superiores da vagina e a genitália externa é feminina. As pacientes têm estatura normal a alta e podem ter discreto desenvolvimento puberal, devido a conversão periférica dos androgênios. B) Síndrome de Asherman corresponde a amenorréia devido à sinéquias uterinas após manipulações endometriais, geralmente após curetagens uterinas excessivas. C) síndrome de Rokitansky é causa de amenorreia primária com caracteres sexuais normais. A paciente é 46XX e ocorre defeito de formação das estruturas derivadas dos ductos mullerianos, causando ausência de útero, trompas e 2/3 superiores da vagina e, por isso, o teste do estrogênio + progesterona é negativo. # O que diferencia a Síndrome de Morris ou Síndrome de Rokitansky é a presença de ovários. A síndrome de Rokitansky tem cariótipo 46 XX e, portanto, tem ovários. Já a síndrome de Morris tem cariótipo 46 XY e tem, portanto, testículos. ❏ Compartimento II (desordens gônadas - ovário) A) Síndrome de Turner temos o cariótipo 45 X0 e por isto os folículos sofrem uma redução acelerada antes da puberdade. A perda da dosagem diploide de um ou mais genes essenciais para o desenvolvimento gonadal, como nos casos de mosaicismos 45, XO, 45, XO/46, XX, 45, XO/47, XXX, levam a atresia mais rápida dos oócitos primários durante o desenvolvimento embrionário dos ovários. A Síndrome de Turner corresponde à disgenesia gonadal mais comum (1 em cada 2130 nascidas vivas). Ao que parece, as pacientes com essa síndrome têm desenvolvimento ovariano normal na vida intrauterina, porém ocorre atresia acelerada dos folículos, fazendo com que os ovários fiquem com aparência “em fita”. Em 55-60% dos casos, é decorrente da ausência de um cromossomo X (45X0), mas também podem ocorrer deleções e mosaicismos. A genitália externa é feminina e o útero e as trompas se desenvolvem normalmente até a idade estimada para a puberdade. Devido a atresia folicular e a consequente produção de estrogênios ausente, as pacientes têm amenorreia primária sem caracteres sexuais secundários. Além da insuficiência gonadal, há estigmas relacionados à síndrome (figura abaixo). os estigmas relacionados à síndrome incluem baixa estatura (95% dos casos), edema de mãos e pés, pescoço alado, tórax em escudo, cúbito valgo (aumento do ângulo entre os braços), implantação baixa dos cabelos, palato em ogiva, hipertelorismo mamário (aumento da distância entre os mamilos), nevos pigmentados e quarto metacarpais curtos. além dos estigmas da síndrome também existem anormalidades cardíacas, como a coarctação da aorta, renais (em 33% dos casos- rim em ferradura, agenesia renal, rim pélvico, obstrução da junção uretrovesical), autoimunes (principalmente tireoidite de Hashimoto, Doença Celíaca, Doença Inflamatória Intestinal e vitiligo), diabetes, obesidade e perda auditiva.
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