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Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança Síndrome de Down A trissomia do 21, síndrome de Down, é a mais comum das síndromes malformativas humanas. Diagnóstico: clínico, sendo mais fácil nos mais velhos do que nos RN. Sinais específicos mais frequentes em todas as idades: fissuras palpebrais oblíquas, ponte nasal achatada, prega palmar única, estatura baixa, mãos e pés pequenos, 734 hiperflexibilidade e língua grande e protura. Sinais mais frequentes nos RN: hipotonia, reflexo de Moro diminuído, hiperextensibilidade articular, pele frouxa na região dorsal do pescoço, perfil achatado, obliquidade mongoloide das fissuras palpebrais, anomalias articulares, pelve displásica e clinodactilia do quinto dedo. Características Gerais: − Pele: no recém-nascido mostra acrocianose ou cutis mormorata, posteriormente pode parecer pálida e de consistência pastosa, nos pacientes de mais idade, é áspera, seca e enrugada prematuramente. − Cabeça: face arredondada e achatada, occipital é chato e o aspecto geral do crânio é braquicefálico ou encurtado no diâmetro antero-posterior. Cabelo fino e esparso. − Nariz: ponta nasal é achatada e as fissuras palpebrais são delicadas, estreitas e obliquas. Pregas epicânticas bem evidentes, exceto nos neonatais. − Olhos: podemos encontrar ainda cataratas congênitas, estrabismos, manchas de Brushifield (manchas brancas que formam anela na zona média da íris); − Orelhas: pequenas, hélices dobradas e lóbulos pequeno ou ausente; − Nariz: curto com ponta achatada; − Boca: mantida aberta, língua protusa e superfície fissurada. Erupção do 1º dente ocorre após 1 ano de idade (60% dos casos) e são pequenos com alinhamento anormal, podendo haver aplasia do esmalte ou ausência de vários dentes permanentes; − Pescoço: curto, largo, podendo haver excesso de pelo lateral e posterior; Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança − Extremidades: encurtadas, mãos curtas e largas, dedos com redução do comprimento(falange média curta ou hipoplásica). Comum anomalia no 5º dedo: encurtamento e encurvamento (clinodactilia) com uma prega de flexão. Prega palmar única (simiesca). Pés curtos, largos e grossos, com presença de uma distância aumentada entre o 1º e o 2º artelho. → Dermatóglifos: presença de presilhas ulnares nos dez dedos. Presilhas radiais são encontradas, às vezes, no quarto e quinto dedos, ao passo que padrões em verticilos e arcos são muito raros. O trirrádio palmar está desloca do distalmente e localiza-se geralmente no centro da palma. Nas regiões plantares, é muito comum a presença de um arco tibial na região halucal. • Hipotonia generalizada: visualizada na primeira infância, e tônus melhora com a idade; • Abdome: no lactante é proeminente e há frequentemente diástase do reto e hernia umbilical; →Anomalias Congênitas e Patologias Associadas • Cardiopatias: 40% dos casos, atrioventricular comum e a comunicação interventricular. A tetralogia de Fallot, a comunicação interatrial e a persistência do canal arterial são também comuns; • TGI: atresia do duodeno e o pâncreas anular; • Outras: fístula traqueosofágica, hérnia diafragmática, estenose pilórica, más rotações, duplicação intestinal, megacolo e anus imperfurado, podem também estar presentes em menor frequência; Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança • Trato respiratório: infecções; • Figado: Disfunções imunológicas das células Te B foram demonstradas, assim como ocorrência frequente de antígenos de superfície da hepatite B; • Hematológicas: leucemia aguda; • Disfunção sexual: pacientes do sexo masculino com síndrome de Down geralmente têm criptorquidia e são sempre inférteis, os do feminino costumam ter puberdade tardia e menopausa precoce, além de poder apresentar infertilidade; • Endocrinológicos: hiper ou hipotireoidismo e precocidade sexual. →Achados Radiológicos • Acetábulo raso e proeminência das asas do ilíaco - ângulos acetabular e ilíaco são estreitos; • 30% possuem onze pares de costelas; • Múltiplos centros de ossificação no manúbrio esternal em 80% menores de 5 anos de idade; • Displasia da falange média do quinto dedo - 60% dos RN. →Crescimento • Costumam nascer pouco prematuramente, 7 a 10 dias antes da data prevista; • Peso: peso médio de nascimento é 400g inferior; • Comprimento: 2 a 3cm inferior ao observado em recém-nascidos normais; • Esses pacientes, em geral, continuam pequenos na vida adulta: maioria deles situa-se em faixa inferior ao terceiro percentil em qualquer idade; − Adulto sexo masculino: 1,35 a 1,70m − Adulto sexo feminino variando de 1 27 a 1,58m →Desenvolvimento • Retardo mental acentuado com manifestações precoces; • Sentar e andar: sentam-se aos 11 meses e andam sem apoio aos 2 anos; • Fala: tardia e, em média, apenas aos 4 anos inicia-se a pronuncia de algumas palavras e sentenças curtas; • Controle Urinário: aos 4 anos; • QI: entre 25 e 50 e raramente entre 70 e 80, tendendo a diminuir com a idade. 23% das crianças com síndrome de Down com idade inferior a 3 anos têm QI superior a 50, praticamente nenhuma acima de 3 anos tem Ql superior a 50. • Sociedade: são agradáveis, tem boa índole, desempenho social bom. →Prognóstico • Mortalidade superior à população geral, relacionada principalmente a cardiopatias congênitas (pior prognóstico); • Pacientes com cardiopatias congênitas: a sobrevida até 1 ano é de 76%, até 5 anos, 62%, até 30 anos, 50%; • Pacientes sem cardiopatias congênitas: a sobrevida até 1 ano é de 90%; até 5 anos 87%; e até 30 anos, 79%. Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança →Considerações Etiológicas e Aconselhamento Genético A síndrome de Down tem como anormalidade básica a presença de uma quantidade extra de material do cromossomo 21. Ao invés de ter um par de cromossomo 21 (um proveniente da mãe e outro do pai), o paciente tem três cromossomos 21. • 97% dos portadores apresentam cariótipo com 47 cromossomos; • A "região critica" do cromossomo 21 responsável pelas manifestações da doença é a porção distal do seu braço longo, a região 21q22.2 a 22.3; • Estudo citogenético deve ser realizado em toda criança afetada, para confirmar o diagnóstico e propiciar o aconselhamento genético correto. Os fetos com síndrome de Down sofrem 75% de mortalidade pré-natal, isto é, terminam em abortos espontâneos. O porquê da correlação entre idade materna avançada e não-disjunção é ainda um assunto em aberto. A não disjunção pode ocorrer: • Meiose materna; • Divisão mitótica - uma célula filha pode ter um cromossomo a menos que o normal (45, faltando um cromossomo 21), a outra terá um cromossomo extra (47, com um total de três cromossomos 21. − Síndrome de Down por trissomia pura: se a não-disjunção ocorrer durante a primeira divisão do zigoto; − Mosaicos: 1-3%, divisão celular mais tarda e o indivíduo resultante terá uma mistura de células de constituição cromossômica normal e de células trissômicas para o cromossomo 21. − Translocação cromossômica: 5%, envolvem quase que exclusivamente dois grupos de cromossomos: os grupos De G. →Risco para Síndrome de Down Os riscos de recorrência de nascimento de crianças com Síndrome de Down variam com a idade materna. O risco de recorrência para a doença após o nascimento de uma criança afetada tem sido calculado por meio de dados empíricos. • Mulheres submetidas à amniocentese para diagnóstico pré-natal, sugerem que o risco está entre 1 e 3% para os casos em que ambos os pais têm cariótipo normal; Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança • Em países onde o aborto é legal, a biopsia do vilo coriónico e a amniocentese vêm sendo mencionadas pelos obstetras a todas as mulheres com idade superior a 35 anos e discutidas com qualquer mulher mais jovem preocupada com o assunto.É importante que o aconselhamento genético seja feito precocemente com os pais de um afetado pela síndrome de Down, uma vez que é importante que eles entenderem que, apesar de a criança com síndrome de Down poder ter certas habilidades sociais durante a infância, não se pode nunca prever o eventual nível de retardo mental ou a aquisição de seu conhecimento. Na grande maioria dos casos, os indivíduos com síndrome de Down necessitarão de supervisão continua quando adultos. Bibliografia: • MARCONDES, E. Pediatria Básica. 9.ed / ver. ampl., São Paulo: Sarvier, 2005-2011
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