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(anotações de aula) A toxicologia estuda o efeito adverso de substâncias químicas sobre os organismos vivos ➢ Toxicidade ocorre quando uma substância tem capacidade de causar danos, dependendo da dose, tempo de exposição, frequência de exposição e via de administração ➢ Estudo da toxicologia visa 1) prevenir (estabelecer padrões de segurança quanto à exposição); 2) curar (recuperação do intoxicado); e 3) reprimir (estabelecer responsabilidade penal sobre indivíduos envolvidos em situações ilegais de uso de substâncias químicas) Relação entre a exposição e o espectro dos efeitos tóxicos • DL50 – dose suficiente para causar morte de 50% de uma população teste, mg/Kg o Substâncias com valores de DL50 maiores que ≅ 2g/kg de peso corporal são consideradas de toxicidade leve; substâncias com valores de DL50 < 1 mg/kg podem ser consideradas de toxicidade considerável • NOAEL – dose mais alta em que não se observa toxicidade • LOAEL – dose mais baixa em que não se observa toxicidade Agente capaz de produzir um efeito tóxico quando interagir com um sistema biológico • O efeito tóxico é dose-dependente, ou seja, o aumento do agente químico conduz ao aumento da intensidade do efeito o Um efeito biológico é considerado nocivo/tóxico quando, em exposição prolongada (tempo), haja resultado de transtornos da capacidade funcional e/ou capacidade do organismo em compensar nova sobrecarga, diminuindo a capacidade do organismo de manter a homeostasia (ruptura) Classificação de Agentes Químicos • Natureza – sintéticos ou naturais • Características físicas – vapor, gases, partículas, sólidos, líquidos, etc • Características químicas – hidrocarbonetos, metais, halogênios, produtos alcalinos, etc • Quanto aos órgãos ou sistemas que atuam – nefrotóxico, neurotóxico, hepatotóxico, etc ➢ Comunidade europeia o Muito tóxicas – DL50 < 25 mg/kg para ratos o Tóxicas – 25 DL50 < 200 mg/kg para ratos o Nociva – 200 < DL50 < 2000 mg/kg para ratos ➢ Fatores de influência sobre a toxicidade o Dose/concentração o Sensibilidade individual (estado nutricional, sexo, idade, estado patológico) o Agente tóxico (pureza, tamanho molecular, solubilidade, coeficiente de partição óleo/água) o Via de administração (maioria das substâncias tóxicas exibem efeitos tóxicos quando absorvidas tecidualmente) o Tempo e frequência da exposição o Disposição cinética Classificação • Naturalmente presentes nos alimentos – inibidores de tripsina, glicosídeos cianogênicos, etc • Adicionados aos alimentos – contaminação direta de ativos e substâncias resultantes do processamento e estocagem de alimentos; ou contaminação indireta de medicamentos de uso veterinário, praguicidas, migrantes de embalagens 1. Exposição – contato do agente tóxico com o organismo (introdução via oral, pulmonar, cutânea, intravenosa ou intradérmica) 2. Toxicocinética – processos de absorção, distribuição (sangue) e eliminação (biotransformação e excreção por fezes, ar expirado e urina ou excreções láctica, sudorípara, salivar e lacrimal) do agente em função do tempo • Ação do organismo sobre o agente tóxico, tentando diminuir ou impedir a ação nociva da substância o Resulta grande quantidade de agente tóxico disponível para interagir com o receptor biológico → ação tóxica 3. Toxicodinâmica – alterações morfológicas e funcionais no organismo quando o AT atinge e interage biologicamente com o alvo, produzindo os danos 4. Fase Clínica – aparecimento de sinais e sintomas resultantes da ação tóxica que caracterizam o efeito tóxico e evidenciam a presença do fenômeno da intoxicação Absorção Tamanho das moléculas, características lipofílicas, características anatômicas e fisiológicas do TGI, tempo de permanência e presença de alimentos interferem no grau de absorção das toxinas ❖ Difusão passiva – simples (moléculas hidrofóbicas pela membrana fosfolipídica ou pequenas moléculas hidrofílicas por meio de poros) e facilitada (moléculas hidrofílicas e Pb) → agentes tóxicos podem competir com o nutriente ❖ Transporte ativo – requer ATP, transportando nutrientes e substâncias endógenas importantes (ativos de açúcares, aminoácidos neutros e básicos, ác. graxos, vitamina C, etc) → agentes tóxicos podem competir com o nutriente ❖ Pinocitose e fagocitose – corantes e moléculas de alto peso molecular e lipossolúveis → passam direto pela circulação sistêmica • Estômago – velocidade de absorção depende muito das propriedades ácidas/básicas da substância • Intestino – absorção favorecida pela vascularização o Intestino delgado – principal sítio de absorção das toxinas provenientes da alimentação o Cólon – principal parte absortiva do trato alimentar, mas possui absorção menor quando comparado ao intestino delgado ➢ Absorção sujeita à velocidade do trânsito intestinal (motilidade; pH; enzimas; bile; microbiota), ao sistema e biotransformação nos enterócitos, constituintes do alimento e solubilidade • Circulação – AT alcança o fígado a partir da veia porta • Fígado – biotransformação dos AT ou diminuição da toxicidade (metabolismo de primeira passagem → alteração no AT antes de alcançar a circulação geral) • Circulação enterro-hepática (reciclagem) – conversão de metabólito do AT produzido no fígado em um produto que será reabsorvido no intestino; aumenta o tempo de permanência do agente químico no corpo Biotransformação Alterações na estrutura química do AT pouco polares e lipossolúveis em mais polares e hidrossolúveis, catalisada por enzimas e degradação não enzimática • Objetivo de facilitar a excreção do AT, principalmente pela via renal ➢ Mecanismo Bioquímico Fase I – hidrólise, redução e oxidação (monooxigenases = mais frequente) → conferem polaridade por expor ou inserir grupamentos sulfidrila, hidroxila, amina ou carboxila o Enzimas amplamente distribuídas no fígado, pulmões, rins, adrenais, pele e mucosa gastrointestinal ▪ Resultado: produção de grupo funcional que possa ser conjugado na fase II; pequeno aumento da hidroficidade Fase II – glicuronidação, sulfatação, acetilação, metilação, conjugação com aminoácidos e glutationa → incorporação de co-fatores endógenos às moléculas provenientes da fase I ▪ Resultado: menos tóxico que o precursor Distribuição Translocação ≠ Distribuição • Translocação – movimento do agente interórgãos • Distribuição – partilha do agente entre tecidos e compartimentos corporais (passagem do AT da circulação sistêmica para os tecidos e órgãos) AT (fígado) + AT (circulação linfática) → principal fluído de distribuição → sítio de ação • A distribuição depende da facilidade do AT em atravessar barreiras, da afinidade pelos diferentes tecidos e da vascularização (sanguínea e linfática) dos tecidos (órgãos mais irrigados recebem maior quantidade de AT, como coração, cérebro e fígado) → maior AT, saturação e biotransformação, havendo maior acúmulo se existir afinidade o Processo é desigual, dependendo de maior ou menor afinidade o A toxicidade depende do volume de distribuição do AT, mas nem sempre o local de maior distribuição é o órgão mais lesado o Distribuição desigual – sequestro dos AT por componentes sanguíneos, fígado, rins, tecido adiposo, tecido ósseo e tecidos inertes (pelos e unhas) e passagem do AT pela barreira hematoencefálica e placenta • Grau de ligação a proteínas do plasma influencia no volume de distribuição de ATs → distribuição da maioria dos ATs ocorre associada às proteínas do plasma → pode reduzir o efeito tóxico (proteína não consegue atravessar o endotélio capilar) o Pode haver ainda competição pelo sítio de ligação da proteína com alguma droga ou composto endógeno → AT desloca o sítio de ligação, aumentando sua própria atividade • Fígado (biotransformação de 1ª passagem) e rins (excreção) – maior capacidade sequestrante o Fígado – ligandinano citoplasma do hepatócito (caráter ácido e compostos orgânicos) o Fígado e rins – metalotioneína (metais) • Tecido adiposo – reduzida irrigação sanguínea → maior concentração de AT lipossolúveis (isento de atividade) → reservatório estável o Rápida mobilização de gordura (doença ou restrição alimentar ) → toxicidade devido à liberação rápida do AT armazenado o Carnes, leite, ovos, vísceras, etc – maiores teores de lipídeos e substâncias lipossolúveis (praguicidas, antibióticos, fatores de crescimento animal) • Tecido ósseo – flúor e tetraciclinas armazenam-se nos ossos (sítio de ação); metais tóxicos (Pb) armazenam-se na forma inerte, substituindo o cálcio nas trabéculas ósseas o Descalcificação ou osteólise – Pb volta à circulação sistêmica (intoxicações) • BHE – SNC altamente vascularizado mas pouco permeável à passagem de AT o Astrócitos compõem barreira protetora o Junção intercelular dificulta a passagem – pouco ou nenhum espaço o Proteínas mdr ATP-dependentes – expulsam alguns AT de volta para o sangue o Substâncias não ligadas a proteínas passam livremente pelas membranas do tecido nervoso, enquanto compostos ionizados dificilmente penetram (apenas por transporte ativo); substâncias lipossolúveis (maior coeficiente de partição O/A) atingem o cérebro por difusão • Placenta – dificulta a passagem de substâncias nocivas do organismo materno para o fetal e promove a biotransformação de substâncias estranhas o Mais permeável aos AT lipossolúveis Excreção • Excreção renal – principal via de excreção o Unidade funcional responsável pela excreção – néfron o Filtrado (glomérulo) contém a maior parte dos lipídeos e substâncias solúveis em água → AT ligados a proteínas grandes não são facilmente filtrados o Secreção é um processo ativo de transporte de alguns metabólitos do sangue para o túbulo proximal o Reabsorção ocorre no túbulo contorcido proximal e quase toda a água, glicose, potássio e aminoácidos perdidos na filtração retornam para o sangue ❖ Substâncias lipofílicas são reabsorvidas passivamente e em grande quantidade ❖ Influência da urina sobre a reabsorção de substâncias ionizáveis • Excreção fecal – excreção pela bile e excreção direta para o lúmen do TGI o Via biliar – rota principal de metabólitos de tamanho molecular com cerca de 350 Da; produtos de biotransformação hepática são excretadas para o duodeno via secreção biliar o Via intestinal – excreção de substâncias pouco ionizadas no plasma por meio da difusão passiva dos enterócitos para o lúmen Danos no organismo produzidos pelo AT 1. Após atingir o sítio ativo → AT pode interagir com macromoléculas (ex.: DNA e proteínas) → expressão de „end point” para o efeito nocivo 2. Ocorrências: o Interações de agentes tóxicos com receptores – atuação bloqueadora de sítios ativos de receptores, impedindo a ligação de moléculas-alvo o Interferência nas funções de membrana o Inibição da fosforilação oxidativa – interferência na oxidação de carboidratos, reduzindo a síntese de ATP o Complexação com biomoléculas o Perturbação da homeostase do cálcio • Carcinogênese – processo que envolve interações complexas entre vários fatores exógenos (ambientais) e endógenos (genéticos) • Teratogênese – malformações congênitas que podem ser causadas por AT, especialmente na organogênese • Mutagênese – propriedade das substâncias químicas de provocar modificações no material genético das células, transmitindo a alteração às novas células durante a divisão
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