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Raciocínio Clínico e Pope CLÍNICA INTEGRADA Pope – Prontuário organizado por problemas e evidências. →Ajuda a organizar o raciocínio clinico. Raciocínio Clínico se aprende na prática! Raciocínio Clínico O Raciocínio Clínico evoluiu muito no decorrer da história. Infelizmente, hoje, a maioria dos médicos confia mais na tecnologia do que no raciocínio clinico. A gente que tem que guiar a tecnologia, não podemos guiar nosso raciocínio através do exame, e sim, o contrário. Um dos pilares do raciocínio é esse ciclo abaixo: c O primeiro contato com o paciente você tira as informações da anamnese e do exame físico e daí se tem uma percepção e através dela você faz uma analise (depende do estudo e da experiencia) e aí disso se faz a síntese do problema. Não se deve nunca partir de uma única hipótese e partir disso se faz um plano diagnóstico inicial. Ele pode incluir exames ou pode já ir direto para um plano terapêutico (depende da situação clinica). A decisão diagnóstica pode ser mais de uma? Pode e geralmente é assim, porém, ela deve ser guiada. DIAGNÓSTICO Problema clínico Hipóteses diagnósticas Testes Resultados O grande pilar do raciocínio clinico: Testes = plano terapêutico/ plano diagnóstico O raciocínio clinico é tipo uma busca de detetive. Existe um outro pilar de como se chega ao diagnóstico que é a medida que se constrói experiencia. Com 5 min de conversa você vê o que paciente tem, você não sabe dizer o porque, mas pela experiencia e pelos marcadores de diversos cenários clínicos se chega aquela conclusão. É a primeira impressão do médico que já viu aquele cenário diversas vezes (feeling). É importe perguntar, ter uma boa anamnese. Exemplo abaixo: Pode refinar a hipótese e sair de um diagnóstico sindrômico de ICC e ir para um diagnostico etiológico de Cor pulmonale por DPOC, por exemplo. A riqueza de informação que você tira é muito importante, porém, tem casos que é claro que a propedêutica armada vai ajudar. Propedêutica armada = exame complementar O que você ouviu e viu + o que você já sabe Formulação diagnóstica + terapêutica É claro que quanto mais você ver, ouvir e estudar, melhor você fará uma formulação terapêutica. Raciocínio Clínico Ordenar o pensamento É preciso ter calma, porque algumas vezes o paciente vai chegar e você não vai ter a mínima ideia do que ele tem e aí sim é preciso ter paciência para ordenar o pensamento e conseguir fazer uma linha de raciocínio. Raciocínio Clínico Coleta de dados História Exame Físico Exames Complementares 70% 20% 10% É muito raro que o exame complementar mude completamente a direção que o médico estava indo. Inclusive, deve-se questionar o exame quando ele leva o médico para uma direção bem diferente do que o raciocínio clinico dele estava seguindo. Raciocínio Clínico idade gênero profissão escolaridade estado civil procedência endereço Queixa principal História da Moléstia atual Interrogatório sintomas Antecedentes pessoais e familiares História psicológica e social Exame físico geral e segmentar Formulação diagnóstica Raciocínio Clínico Identificação Queixa principal História moléstia atual Interrogatório sistemático Antecedentes Exame físico Formulação diagnóstica Escutar Ver Pensar Plano diagnóstico Plano terapêutico Raciocínio Clínico Anamnese Exame Físico Identificação de Problemas Plano Diagnóstico complementar Plano Terapêutico Formulação Diagnóstica Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes ➢ Introdução ➢ Problema – representa o limite de certeza ➢ Suspeita Diagnóstica – ainda precisa de confirmação para chegar ao status de problema ➢ Problemas podem ser de diversos tipos, não apenas diagnósticos Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes Fonte de problemas Exemplos Alteração anatômica Hérnia Distúrbio fisiológico Icterícia Alergia Medicamentos, alimentos... Sintoma Dispnéia, dor abdominal Sinal exame físico Hepatomegalia Limitação econômica Dificuldade financeira Desvantagem social Alcoolismo, Problemas familiares Alteração psicológica Depressão Incapacidade física Amputação, paralisia Diagnóstico específico IAM, hipertensão arterial Alteração na aval. complementar Nódulo pulmonar, elevação creatinina Fator de risco História familiar de IAM ou câncer Uso do POPE no Ambulatório O Prontuário Orientado por Problemas e Evidências pode ser utilizado em diversas situações de complexidades diferentes. ➢ Problema – representa o limite de certeza ➢ Suspeita Diagnóstica – ainda precisa de confirmação para chegar ao status de problema ➢ Problemas podem ser de diversos tipos, não apenas diagnósticos ➢A construção do raciocínio clínico é fundamental para a qualidade do atendimento ao nosso paciente ➢A organização permite melhor construção do raciocínio clínico ➢ Também evita que dados importantes sobre o paciente se percam no prontuário NÃO ESQUECER! Homem, 60 anos normotenso, sem anemia e sem história de angina, dispnéia aos mínimos esforços, jugulares túrgidas, IC no 6º EIC, B3, ausência de sopro, estertores em bases pulmonares, hepatomegalia dolorosa, edema MMII, Rx Tórax mostrando linha B de Kerley, redução acentuada da FE do VE ao ECO, uréia 120 mg/dL e creatinina 2,0 mg/dL. A. Problema = Miocardiopatia idiopática B. Problema = Insuficiência Cardíaca C. Problema = IC e Insuficiência renal D. Problema = Doença de Chagas Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes Homem, 60 anos normotenso, sem anemia e sem história de angina, dispnéia aos mínimos esforços, jugulares túrgidas, IC no 6º EIC, B3, ausência de sopro, estertores em bases pulmonares, hepatomegalia dolorosa, edema MMII, Rx Tórax mostrando linha B de Kerley, redução acentuada da FE do VE ao ECO, uréia 120 mg/dL e creatinina 2,0 mg/dL. Como arrumar a lista de problemas? Todos os problemas do caso permitem fazer um diagnóstico sindrômico de ICC e IR (estão dentro do limite de certeza). Suspeitas diagnósticas? Chagas e IR pré-renal Relembrando: Diagnóstico Sindrômico → conjunto de sinais e sintomas que o paciente apresenta e não precisa de comprovação por teste. Uma síndrome pode ter diversas causas. Exemplo: A Síndrome de ICC pode ser causada por infarto, por HAS, amiloidose, Chagas... Todos esses são Diagnosticos Etiológicos para o Diagnostico Sindrômico de ICC. IMPORTANTE: Muitos médicos agrupam os Problemas (P1 + P2 + P3...), isso ajuda na linha de raciocínio, porém, em termos de litetura, está escrito que não se deve fazer isso, porque na hora que agrupa, o médico parte do pressuposto que tudo aquilo faz parte da mesma doença. E se não fizer??? Pode se fazer assim: P1 + P2 + P3 = Tal coisa? Tal coisa? Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes Homem, 60 anos normotenso, sem anemia e sem história de angina, dispnéia aos mínimos esforços, jugulares túrgidas, IC no 6º EIC, B3, ausência de sopro, estertores em bases pulmonares, hepatomegalia dolorosa, edema MMII, Rx Tórax mostrando linha B de Kerley, redução acentuada da FE do VE ao ECO, uréia 120 mg/dL e creatinina 2,0 mg/dL. Problema → Insuficiência Cardíaca Congestiva Suspeita diagnóstica → Miocardiopatia idiopática Problema → Insuficiência Renal Suspeita diagnóstica → Sec à ICC Só porque não vem no caso que o paciente está normotenso, sem anemia e sem historia de angina não significa que ele não é hipertenso e que ele não infartou. Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes Homem, 60 anos normotenso, sem anemia e sem história de angina, dispnéia aos mínimos esforços, jugulares túrgidas, IC no 6º EIC, B3, ausência de sopro, estertores em bases pulmonares, hepatomegalia dolorosa, edema MMII, Rx Tórax mostrando linha B de Kerley, redução acentuada da FE do VE ao ECO. Problema →Dispnéia de Esforço Suspeita diagnóstica → Insuficiência Cardíaca Congestiva Se só tivéssemos de informação o que está de azul o limite de certeza seria: Fica muito mais amplo e não se consegue fechar nada porque não se tem uma anamnese e nem um exame físico descentes. Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes “É importante observar que uma síndrome, sintoma, sinal ou achado ao exame complementar pode ser incluído em uma lista de problemas mesmo que seja secundário a um outro problema do paciente” Problemas → Insuficiência Renal Crônica Hipercalemia Exemplo: Paciente com Insuficiência Renal Crônica (IRC) que desenvolve hipercalemia (considerando-se o risco específico da hipercalemia mesmo que conseqüente à IRC). Nesse caso não basta colocar IRC, a hipercalemia por si só gera riscos específicos, então ela merece ser mencionada enquanto problema. Lembrando que P1 deve ser sempre o problema principal. IMPORTANTE: A lista de problemas é DINÂMICA, ela deve ser atualizada TODOS os dias se o paciente estiver internado ou em toda consulta se for um paciente ambulatorial, portanto, nada de fazer CTRL C + CTRL V (principalmente na prescrição). Exemplo: Paciente em uso ATB que deveria ser feito até o D6, mas já se passaram 10 dias e continuam a fazer Copia e Cola e o rim desse paciente tá lá indo para o espaço... Isso é muito comum acontecer com vários tipos de remédios. Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes O problema e a hipótese de trabalho “O fato do problema não ser o diagnóstico final não significa que não devemos adotar medidas visando o bem estar ou mesmo salvar a vida do paciente” Exemplo: Paciente 68 anos, diabético e hipertenso cujo problema seja dor retroesternal constrictiva há 3 horas. “Embora não tenhamos concluído que o diagnóstico é IAM a nossa conduta será dirigida para esta suspeita que se constitui portanto, na hipótese (ou suspeita diagnóstica de trabalho)” Quando P1 é sua hipótese é nela que você deve trabalhar pra confirmar e transformar em diagnostico ou então salvar o paciente. Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes Classificação do problema quanto à situação em determinado momento: Problema ativo - Necessita atenção contínua do pessoal de saúde envolvido com os cuidados ao paciente, ou que cause algum desconforto ao doente. - Alguns problemas continuam sendo considerados ativos mesmo que controlados clinicamente (ex: diabetes, hipertensão arterial). Problema resolvido ou inativo - O termo resolvido se aplica a problemas que foram solucionados e que não precisam de acompanhamento. - Inativo problemas com risco de recidiva ou coplicação, mas que não causam incômodo e não requer vigilância contínua ou avaliação periódica. Tem que ter muito cuidado com o copia e cola principalmente quando o paciente está internado, UTI ... A lista precisa ser constantemente atualizada. Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes Uso do POPE durante o Internamento Hospitalar 1. Folha de frente do POPE 2. Observação clínica inicial 2.1 Dados do exame clínico da admissão 2.2 Lista de problemas 2.3 Formulação diagnóstica 2.4 Planos (Diagnóstico, terapêutico, educacional) 3. Notas de evolução SOAP (dados Subjetivos, Objetivos, Avaliação e Planos) → MUITO IMPORTANTE, porém , infelizmente é mal feito na maioria das vezes. 4. Sumário de alta Prontuário Orientado por Problemas e Evidências – POPE Antonio Alberto Lopes Uso do POPE no Ambulatório 1. Evita a dispersão dos dados do paciente 2. Facilita o entendimento da situação do paciente 3. Propicia a organização 4. Melhora o acesso à informação relevante 5. Determina melhor qualidade de atendimento oferecido a paciente “O médico não pode ser Pior do que a doença” - Paulo Nienmewer “Curar algumas vezes, aliviar quase sempre, consolar sempre” - Hipócrates
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