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1 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 As emergências oncológicas estão cada vez mais presentes porque elas podem ser relacionadas tanto com o tumor quanto com o próprio tratamento. As doenças oncológicas, hoje, ocupam o segundo lugar no índice de mortalidade e tem uma alta incidência no nosso país e no mundo. Introdução Emergências médicas em paciente com câncer podem surgir como complicações da própria doença e/ou do tratamento dos tumores (neutropenia febril, síndrome de lise tumoral); Algumas vezes os pacientes descobrem o câncer na emergência oncológica, o que é muito crítico, principalmente quando o sintoma é compressão medular ou síndrome da veia cava. É essencial que médicos de todas as especialidades, inclusive os que prestam cuidados primários e os emergencistas, reconheçam as principais emergências que podem ocorrer. Além disso, devem saber prestar o atendimento correto nessas situações; Algumas vezes são emergências ameaçadoras a vida (ex. neutropenia febril), algumas não. Caso o médico não saiba usar o tratamento adequado pode gerar uma complicação maior e o paciente pode ir a óbito. São classificadas como metabólicas, hematológicas, estruturais ou relacionadas ao tratamento. 1. Síndrome da veia cava superior Ocorre em alguns tumores que acometem a região de mediastino. A síndrome da veia cava superior (SVCS) corresponde a um conjunto de sinais, sintomas e manifestações radiológicas decorrentes da estase venosa no segmento braquioencefálico devido a obstrução da veia cava superior. Os sintomas podem ser: dor, desconforto respiratório. Os sinais podem ser: pletora facial por conta da contração do retorno venoso; edemas importantes nos MMSS. Muitos pacientes evoluem com ingurgitamento na região cervical por conta da própria compressão. Etiologia da SVCS Frequentemente associação de: trombose, compressão extrínseca ou invasão direta da veia. Nem sempre a SVCS está associada ao câncer. • Causas malignas: câncer de pulmão (principalmente tumores de pequenas células – tem a característica de serem tumores mais centrais), linfoma não Hodgkin, neoplasia de células germinativas (tumores que tem o índice de proliferação altíssima), timoma, metástases. • Causas benignas: fibrose mediastinal, trombose relacionada a dispositivos intravenosos como cateteres e marcapassos (mais comuns das causas benignas). Imagem: é possível ver que há uma ingurgitação na região cervical. No raio X é possível observar que há um alargamento do mediastino. Esse paciente deve ter algum tumor comprimindo a veia cava. Investigação clínica Sintoma Doença associada Perda de peso Neoplasia Febre Linfoma Hemoptise Neoplasia Uso de marca-passo ou cateteres Trombose Antecedentes de neoplasia Neoplasia metastática Antecedente de tabagismo Neoplasia de pulmão Linfonodomegalia Neoplasia Emergências Oncológicas 2 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 Alterações de ausculta torácica Massa intratorácica ou derrame pleural sugerindo neoplasia Osteoartropatia hipertrófica, baqueteamento digital Neoplasia de pulmão Palpação tireoidiana e mamária Pesquisa de sítios neoplásicos Palpação de pulsos periféricos Doença aórtica ou de grandes vasos Investigação radiológica Se o paciente chegou com SVCS, a primeira coisa que o médico tem que fazer é pedir exame de imagem. Se for um hospital precário que não ofereça, por exemplo, um TC de tórax, o Rx já vai ser uma grande ajuda. O raio X não vai dizer muita coisa, mas já pode inferir que há algo diferente/compressivo. • Rx de tórax: alargamento de mediastino; • TC de tórax: acurácia de quase 100% em mostrar tumores causando compressões extrínsecas e trombose da cava; fazer a TC com contraste; • RNM de tórax: menor custo-benefício. Não há necessidade de realizar esse exame! A TC já é suficiente, a não ser que exista uma imagem na TC que não seja muito bem vista, que não consegue definir se é linfonodo ou não, se é algum corpo estranho. Tratamento Um radiologista intervencionista pode colocar um stent para alívio dos sintomas como medida temporária. A quimioterapia e a radioterapia podem ser utilizadas como tratamento definitivo. • Oxigenioterapia, decúbito elevado e repouso → paliativo, melhora clínica discreta em pacientes sintomáticos (conduta inicial); • Corticoesteroides diuréticos: paliativo. Uso controverso e sem suporte de literatura. Observa-se melhora clínica em alguns casos, porém, associado a complicações. Se o tumor é um linfoma, o corticoide é muito útil sim, em doses baixas, porque ele faz parte do tratamento e pode dar uma “enxugada” no tumor. Às vezes, os hematologistas pedem pra não fazer uso logo do corticoide, porque quando o tumor é pequeno e usa o corticoide, o tumor some e o hematologista fica sem biopsiar. Então o linfoma falado no caso acima é uma massa considerável grande. O diurético tem que ter MUITO cuidado, porque volta e meia aparece nas emergências paciente com ascite neoplásica, derrame pleural neoplásico. Do ponto de vista de fisiopatologista, esse diurético não tem ação para diminuir esse liquido neoplásico. Então, dar diurético para esses pacientes vai apenas desidratá-los, aumentar ureia e creatinina. • Quimioterapia: se já tiver os diagnósticos de neoplasia de pulmão pequenas células ou linfoma. • Radioterapia: neoplasia de pulmão, linfoma, neoplasias tímicas e de células germinativas (às vezes a quimioterapia salva porque eles têm alto turn over que nem os linfomas), neoplasias metastáticas. • Tratamento endovascular: trombose de cava, paliativo, adjuvante à terapia primária em pacientes muito sintomáticos. • Tratamento cirúrgico: doença benigna com sintoma persistente, falha na terapia não cirúrgica em pacientes sintomáticos. 2. Síndrome da compressão medular (SCM): • Compressão epidural da medula espinhal; • Causas: crescimento de tumor epidural ou fratura vertebral; A compressão de causa neoplásica é a mais comum, sendo mieloma múltiplo, câncer de mama e câncer de pulmão as causas mais frequentes, visto que causam metástases espinhais com subsequente compressão. O mieloma, na maioria das vezes, tem um acometimento do osso, é uma doença da medula óssea que também pode acometer osso, a ponto de fraturar uma vertebra e, assim, causar compressão. Muitas vezes no câncer de mama, câncer de pulmão e de próstata também ocorre dessa forma. Às vezes ocorre achatamento do corpo vertebral ou fratura do corpo vertebral causando uma compressão da medula. Na grande maioria das vezes a metástase é óssea e, o osso fragilizado, causa a compressão da 3 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 medula. A fratura é por compressão, porque às vezes podem pensar que o nódulo irá pra medula, mas isso é bem raro. Quando isso ocorre, muitas vezes, são tumores que cresceram ali, por exemplo os condromas, tumores próprios ósseos, mas não tumores metastáticos. A coluna torácica tem mais risco de compressão porque recebe o maior suprimento de sangue e possui mais vértebras; além do que o canal medular é mais estreito nessa região; A síndrome de compressão medular (SCM) ocorre em cerca de 5 a 14% dos pacientes oncológicos. É raro, porém, é uma das emergências oncológicas que podem ser ameaçadoras do ponto de vista de deixar o paciente com uma complicação grave, podendo deixar com sequela para o resto da vida. Às vezes, o tempo de compressão medular é o fator prognóstico mais importante. Coluna torácica (70%), coluna lombar (20%), coluna cervical (10%) – quando ocorre na cervical é trágico, porque às vezes os pacientes ficam em estado vegetativo. Existem pacientesque tem acometimento nas 3 vértebras – cervical, torácica e lombar. O tempo de evolução é determinante no prognóstico neurológico e funcional do paciente. Desenho estratégico: processo da lesão tumoral acometendo a medula. Lesão tumoral causando fratura e compressão da medula. Na lesão tumoral de baixo está atingindo a meninge e causa compressão da medula. CA de mama pega, muitas vezes, a meninge que é o que chamamos de carcinomatose meníngea. Na grande maioria das situações o que percebemos na clínica é que esses tumores pegam mais a meninge craniana, com acometimento mais craniano. Geralmente os pacientes não chegam em uma situação como essa da carcinomatose meníngea. Normalmente, o paciente chega torporoso, letárgico, o que dá a entender que há um acometimento meningeano cerebral. Porém, quando essa situação da imagem ocorre pode causar compressão medular. Avaliação clinica • Dor axial em 85% dos pacientes, a não ser que ele tenha perdido uma parte dos movimentos. Parte sensorial comprometida, sem sensibilidade nos MMII → perda da altura neurológica da compressão. Quando ocorre isso, um paciente chega desse jeito na emergência, o médico deve ver a altura da compressão. Na grande maioria das vezes, na emergência, a gente pede duas ressonâncias, da lombosacra e da torácica, que são suficientes para ver compressão, porque a torácica é mais incidente de compressão e a lombosacra vem logo em seguida. A cervical só pedimos se o paciente tem clínica (dor cervical, perda de força em MMSS). ❖ Sinais de alarme: dor torácica média e alta, piora progressiva, piora com manobra de valsava, dor noturna; ❖ Incontinência ou retenção urinária e fecal ocorre em metade dos pacientes; ❖ Avaliar pontos de dor à palpação e percussão, deformidade vertebral, limitação da amplitude da coluna, distúrbio de equilíbrio e marcha, alteração de força e sensibilidade. Esse caso são aqueles pacientes que chegam no consultório relatando que está cambaleando. Em algumas situações eles relatam formigamento nos MMII e isso confunde com alguns tratamentos de quimioterapia, porque alguns quimioterápicos causam esses formigamentos nas extremidades. Porém se o paciente relata que não sente no MMSS e sente nos MMII tem que estar atento porque pode ser uma compressão medular. Se for um paciente que é um senhor, que está evoluindo com PSA mais alto ou que já tem metástase óssea e está tratando e o PSA (utiliza para avaliar o tratamento) vem mais alto do que o que deveria, está com esse sintoma de compressão, pode ser um alerta de compressão medular. O ideal é realizar uma ressonância de coluna nesse paciente. Se o paciente estiver bem, for aquele mais orientado, consegue-se fazer essa investigação a nível ambulatorial. Se for um paciente um pouco mais 4 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 difícil, deve-se internar e realizar a ressonância. Esses pacientes exemplificados estão andando, sem déficit de força; às vezes a alteração presente é do tipo sensitiva, apenas um formigamento, por exemplo, podendo ser um início de uma compressão. Avaliação radiológica • Raio-X de coluna: indicado se dor axial persistente ou sinais de alarme; necessário comprometimento ósseo de 30 a 50% para identificar lesão metastática. No caso do raio-X de coluna, situação um pouco diferente da síndrome de veia cava, para o ortopedista e para o neurocirurgião é sempre importante. Mesmo que o paciente tenha feito uma tomografia durante a entrada na emergência, o ideal é ele realizar os dois exames, às vezes até os três (Rx, TC e RNM). • TC de coluna: alta resolução – importante para ver a anatomia óssea, principalmente para a avaliação do cirurgião de remanescente de osso viável, até porque quando o paciente vai para a cirurgia é necessário saber em que lugar uma prótese/parafuso vai ser fixado. Baixa capacidade de diferenciar tecidos moles. • Ressonância Magnética de coluna: padrão-ouro para visualizar compressões, porque como ela pega parte moles melhor que a tomografia, é possível avaliar a existência de algum nódulo/tumor comprimindo a região. *Na maioria das vezes os exames se complementam, ou seja, mesmo em situações em que a TC e a RNM estejam disponíveis, o ideal é que seja feito um Rx também. Imagens: exemplos de Rx, TC e RNM. Imagem 1 → raio-X da transição toracolombar, em que existe uma perda dos pedículos direito de L1. Imagem 2 → TC toracolombar com destruição óssea e invasão medular; a destruição óssea (o pedículo) foi completamente destruído, podendo verificar invasão medular. Imagem 3→ RNM - compressão medular por massa epidural. SCM – tratamento • Deve ser instituído imediatamente frente à suspeita de compressão medular; • Repouso absoluto se: dor mecânica intensa, comprometimento neurológico e suspeita de instabilidade; • Sondagem vesical se retenção urinária; • Corticoterapia imediata: ❖ Ataque: dexametasona 10 a 16 mg, EV. ❖ Manutenção: dexametasona 4 mg, EV, 6/6 horas. Suspeita de instabilidade: Exemplo: paciente que chegou caminhando apoiado por uma muleta, deambulando de forma lenta, podendo perceber que a força está diminuída após a realização dos testes (uma força grau 3 de 5, por exemplo). Além disso, o paciente traz consigo algum exame de imagem semelhante aos exames anteriores, com uma fratura, porém sem compressão medular. Esse paciente apresenta uma instabilidade, ou seja, é um sinal que aquela fratura vertebral pode desabar e reduzir a força do paciente. O que era grau 3 vai para grau 1 ou 0. Em suspeita de instabilidade deve comunicar à enfermagem: repouso absoluto, banho no leito, passagem de sonda, necessidades fisiológicas todas realizadas no leito. Às vezes, a sondagem vesical é mais interessante do que a utilização de fraldas por mobilizar menos o paciente. A troca de fraldas pode ser um risco. CORTICOIDE MANDATÓRIO ATÉ ESSE PACIENTE IR PARA O TRATAMENTO DEFINITIVO. SCM – tratamento definitivo • Deve ser multidisciplinar e envolver oncologista, radioterapêuta e cirurgião de coluna; • Avaliar: prognóstico de sobrevida, sensibilidade do tumor primário a quimioterapia ou radioterapia, extensão da doença sistêmica, comorbidades, gravidade e velocidade de instalação do déficit neurológico, vontade do paciente. Após a passagem do paciente pela emergência e os tópicos anteriores forem realizados, deve-se entrar o tratamento definitivo de forma multidisciplinar. 5 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 Alguns hospitais por uma questão de padronização de equipe, quem cuida de coluna são os ortopedistas, já em outros serviços são os neurocirurgiões. *Esse paciente não precisa de UTI, basta deixar internado enquanto o serviço definitivo não for realizado. Prognóstico de sobrevida: qual é o tipo de paciente? É aquele paciente politratado, que já está em várias linhas de tratamento? É um paciente que chegou com um nível neurológico muito ruim? É um paciente que, além da metástase da coluna se tem também uma metástase cerebral por conta de uma possível hipoatividade? Tudo isso deve ser avaliado. A avaliação do prognóstico de sobrevida dentro da oncologia é bastante importante porque deve-se considerar se vai fazer um tratamento teoricamente de salvamento para aquele paciente dentro de um âmbito de um paciente oncológico que já está na finitude da vida, com suas limitações de tratamento; essa avaliação é muito importante porque uma das primeiras coisas que o neurocirurgião/ortopedista vai perguntar é se a cirurgia vai possibilitar um tempo de vida maior, se tem outras possibilidades terapêuticas ... Outra coisa levada em consideração é a sensibilidade do tumor primário a quimioterapia ou aradioterapia, pois em algumas situações a quimio e a rádio ajudam bastante na melhora da compressão medular, principalmente quando o cirurgião diz que não tem condições de tratar cirurgicamente. Às vezes o osso está muito comprometido, sem possibilidade de fixação de próteses e não tem como realizar cirurgia, precisando ir para uma segunda alternativa de tratamento. A radioterapia é chamada nessas situações na grande maioria das vezes, principalmente quando a cirurgia não está indicada; as sessões são mais curtas e mais intensas. Já a quimioterapia não vai fazer reverter o quadro (a prof já viu alguns pacientes reverterem quadros neurológicos com radioterapia. Uma melhora na força muscular, na dor também é vista, assim como uma certa estabilidade local, como se “congelasse” a fratura, mas o paciente não volta a andar. De uma maneira geral isso é muito difícil), porque a quimioterapia é sistêmica, diferente da radioterapia que é localizada (a prof só viu um caso que a quimioterapia deu certo uma única vez na vida). A extensão da doença sistêmica também é importante na avaliação, visto que as vezes esses pacientes têm doença sistêmica em diferentes lugares (metástase óssea, cerebral, em fígado, pulmão ...), sendo necessário ser colocado na balança: um paciente politratado, cheio de doenças sistêmicas, vale a pena levar para uma mesa de cirurgia? Talvez uma radioterapia paliativa apenas para controle dos sintomas seja suficiente. Comorbidades: tem que controlar! Imagine o cenário: Paciente DM, obesa, que fraturou, não tem como operar de urgência... é uma situação com muita complexidade! A gravidade e velocidade de instalação do déficit neurológico é de suma importância. Muitas vezes a doença se instalou de forma rápida e não tiveram a alteração da sensibilidade como precedente da alteração motora. Essa rapidez leva a ideia de ser um tumor mais agressivo. As vezes os linfomas fazem esses quadros, assim como tumores de células germinativas (turnover mais rápido). Nessas situações é até melhor usar da quimioterapia, como é o caso dos linfomas, que é um câncer que não se opera; pode acontecer de ter compressão medular súbita, realiza-se a cirurgia para descomprimir aquele local, mas as vezes a própria quimioterapia prescrita pelo hematologista pode descomprimir essa medula, visto que são tumores que possuem uma sensibilidade maior a quimioterapia. Lembrar que a vontade do paciente é determinante: ex. teve o caso de uma paciente testemunha de Jeová que não aceitou realizar a cirurgia pela possibilidade de transfusão sanguínea → paraplegia. SCM – radioterápico • Modalidade adequada se houver evidência de comprometimento estrutural significativo; • Fatores de prognóstico: radiossensibilidade do tumor primário (às vezes alguns tumores não apresentam nenhum tipo de sensibilidade à radioterapia), velocidade da piora neurológica, gravidade do déficit motor pré-tratamento. A parte do comprometimento estrutural e a necessidade de uma radioterapia quem vai avaliar essas nuances é o radioterapêuta. 6 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 SCM – tratamento cirúrgico • Avaliar o risco e o benefício para cada paciente – estimativa para prognóstico de tumores metastáticos de coluna (Tokuhashi et. al); • Objetivos: descompressão medular efetiva, preservação ou restabelecimento da estabilidade, prevenir progressão da deformidade, evitar recorrência local; • Indicações: pacientes ainda com algum grau de sensibilidade ou motricidade distal, deformidade vertebral, compressão por fragmentos ósseos, sinais de instabilidade, recorrência dos sintomas após radioterapia. *Explicando a tabela: a tabela abaixo (usado mais por neurocirurgiões) em que vai ser avaliado inicialmente a condição geral do paciente (índice Karnofsky), o número de focos metastáticos extraespinhal, número de metástases no mesmo corpo vertebral que vai ser operado, metástases para órgãos internos, localização do tumor primário, assim como o déficit neurológico. Mesmo os pacientes que vão para tratamento cirúrgico, eles vão para tratamento com radioterapia em sequência com objetivo de evitar recorrência local. SCM – radioterapia pós-cirúrgica • Indicações: prevenção da recorrência local da doença e nova compressão medular; • Aguardar em média 2-3 semanas após a cirurgia para evitar complicações relacionadas à ferida operatória e pelo risco de pseudoartrose nos pacientes em que a fusão óssea é desejável. A radioterapia vai reduzir a ação tumoral naquela região, evitando que aquela metástase se propague localmente e faz como se fosse uma cimentação da vértebra em questão. É necessário que exista a fusão óssea e, muitas vezes, a radioterapia pode prejudicar se for feito de imediato. Por isso que se espera em torno de duas semanas após a cirurgia, pois já está com uma cicatrização boa. SCM – tratamento quimioterápico • Entre os pacientes com malignidade altamente quimiossensível e SCM, a quimioterapia é uma opção atraente porque também pode tratar depósitos tumorais em outras partes do corpo. • No entanto, a maioria dos pacientes com SCM tem um tumor que não é altamente quimiossensível; • Além disso, a terapia sistêmica pode exigir vários dias ou semanas para fazer efeito, e os pacientes com SCM geralmente requerem um tratamento de tumor mais rápido, necessitando de terapia local, com radiação e/ou cirurgia; • Os tumores nos quais a quimioterapia foi usada em casos selecionados para tratar com sucesso a SCM incluem linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin, neuroblastoma, neoplasias de células germinativas e câncer de mama. Não dá para confiar em quimioterapia como solução salvadora, só se o tumor ou linfoma sem metástase óssea que fez um quadro de acometimento linfonodal na região próxima a coluna e está causando uma compressão; nesse caso se faz quimioterapia. Recuperação neurológica pós-tratamento • Função neurológica: a função neurológica de pré-tratamento é o preditor mais forte da função neurológica pós-tratamento; • Na maioria das séries, 67 a 82% dos pacientes ambulatoriais quando tratados permanecem ambulatoriais na conclusão da terapia; • Aproximadamente 1/3 dos pacientes que não deambulam devido à paraparesia recuperam a capacidades de andar com o tratamento, assim como 2 a 6% dos paraplégicos; taxas mais altas são relatadas em séries com neoplasias predominantemente radiossensíveis. Em relação a função neurológica, como o paciente chegou vai dizer como ele vai sair. 7 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 3. Síndrome de lise tumoral • Alterações eletrolíticas resultantes da liberação na corrente sanguínea de conteúdo intracelular das células tumorais; • À medida que as células tumorais morrem e suas paredes celulares se decompõem, liberam potássio, fósforo, proteínas e ácidos nucleicos; • Ocorre frequentemente após administração de quimioterapia efetiva que resulta na rápida destruição das células tumorais; • Pacientes de alto risco: ❖ Portadores de tumores sólidos com grande volume de doença (Às vezes é um paciente com um tumor de mama muito grande, que ao começar a quimioterapia vai começar a morrer muita célula tumoral e, consequentemente, ela pode jogar muito desses eletrólitos na corrente sanguínea); ❖ Pacientes com elevação de DHL (desidrogenase lática): elevada em pacientes com neoplasias com alto índice de proliferação, alto turnover. ❖ tumores com alta taxa de crescimento e alta sensibilidade à quimioterapia; • Identificar e instituir medidas profiláticas. • “Lise” é quebra, logo, quebra das células tumorais. As células tumorais são ricas em vários eletrólitos e componentes que ao serem destruídas, principalmentepelo tratamento oncológico (geralmente quem causa uma lise maior são os quimioterápicos citotóxicos), resultam na liberação desses componentes na corrente sanguínea. São elas: linfomas, tumores de células germinativas que tenham um alto índice de replicação. São tumores, de um modo geral, muito quimiossensíveis (tumores de alto grau → sensibilidade muito maior a quimioterapia). A elevação da DHL pode fazer com que o paciente tenha a liberação dos componentes. Sempre que tiver um caso de síndrome de lise tumoral, a identificação e as medidas necessárias devem ser imediatas. Tumores de risco de lise tumoral por sítio histológico: • Risco elevado: leucemia mieloide aguda; linfoma linfoblástico; leucemia linfoide aguda; linfoma de Burkit. • Risco intermediário: linfoma difuso de grandes células; leucemia mieloide crônica; linfomas de baixo grau; carcinoma de pequenas células de pulmão; câncer de mama e tumores germinativos. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES METABÓLICAS • Hiperpotassemia; • Hiperfosfatemia; • Hipeuricemia; • Hipocalcemia; • Acidose metabólica; • Injúria renal aguda. *A professora ressaltou que nós devemos saber as principais alterações metabólicas, pois nós precisamos identificar. Dados de anamnese • Tempo de início dos sintomas do câncer; • Sintomas abdominais (distensão, dor); • Sintomas e sinais urinários (disúria, hematúria, dor); • Sintomas de hipercalemia: fraqueza, paralisia; • Sintomas de hipocalcemias: náuseas, convulsões, alterações do nível de consciência, espasmos, arritmia, síncope, letargia, edemas; • Lesão renal aguda: sinais e sintomas de uremia; Os pacientes evoluem com, por exemplo, elevação de ácido úrico e podem levar a uma insuficiência renal ou a uma lesão renal aguda por conta dessas alterações, levando a sinais de uremia. • Deposição de fosfato de cálcio (prurido, artrite, irite, gangrenas). Tratamento de acordo com a causa • Hiperpotassemia: • Liberação de potássio intracelular: ❖ Alteração eletrolítica principal e mais grave (pode levar o paciente a óbito) → ECG em todos os pacientes! ❖ Medidas de acordo com os níveis séricos: evitar drogas retentoras de potássio, utilizar gluconato de cálcio, solução polarizante, nebulização com fenoterol, resina de troca, hemodiálise (em algumas situações, em último caso, na maioria das situações consegue-se reverter com as medidas instaladas). 8 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 • Hiperfofastemia: ❖ Liberação de fosfato intracelular; ❖ Expansão volêmica → aumentar a excreção renal! ❖ Antiácidos orais à base de alumínio → quelação do fosfato no TGI (o alumínio se liga ao fosfato, absorvendo um pouco de fosfato sanguíneo). Esses pacientes devem ser sondados sempre com sonda vesical, para quantificação da diurese. Deve ser feito balanço hídrico, quantificando tudo que entrou nesse paciente, tudo que ele colocou na veia, que ingeriu por via oral. A enfermeira faz o balanço de tudo que foi administrado em relação a tudo que foi excretado. • Hipocalcemia: A hipocalcemia é normalmente assintomática. Normalmente passa despercebida, só vai ser identificada quando é feita a relação dos exames laboratoriais. Na maioria das vezes se associa a hipoalbuminemia (albumina baixa), devendo calcular o valor (fazer o cálculo da albumina com o cálcio para ver se realmente está abaixo). Pacientes que fazem transfusões frequentes, é muito comum entre os pacientes oncológicos, é um paciente que tem uma necessidade de transfusões mais frequentes do que outros pacientes, seja ele com tumores sólidos ou hematológicos, principalmente os hematológicos que fazem medicações com esquemas muito mais tóxicos, necessitando mais de transfusão. Dosar o cálcio iônico desses pacientes é importante. Deve- se corrigir sempre a hiperfosfatemia e utilizar o calcitriol se for uma hipocalcemia persistente. A hipercalcemia que não ocorre na síndrome da lise tumoral, mas é uma outra emergência oncológica, é normalmente sintomática. • Hiperuricemia: ❖ Liberação intracelular de ácido úrico → degradação das purinas (dos ácidos nucleicos)! ❖ Expansão volêmica → evitar precipitação no parênquima renal! Já que hiperuricemia é causa de disfunção renal, devendo-se atuar rapidamente nesses casos. O paciente precisa ter um bom volume urinário, um bom débito urinário. É como se fosse uma lavagem, o soro está ali para arrastar potássio, arrastar ácido úrico, eliminando na diurese. Precisando de uma sonda para computar o quanto está tendo de débito urinário. ❖ Alopurinol 300 a 600 mg, 1x/dia, VO → inibe síntese do ácido úrico! ❖ Rasburicase 0,2 mg/kg/dia, EV → degrada à alantoína! Na maioria das vezes, quando sabemos que são tumores que possuem um alto índice de lise tumoral, porque muitas vezes a lise não é somente na quimio, por exemplo, um linfoma, logo quando é diagnosticado, sempre que chega um paciente com linfoma, com um tumor de células germinativas, deve ser feito todo o laboratório com os eletrólitos. Como eles possuem uma rapidez de proliferação, podem chegar a morrer (a célula), de forma que começa a liberar. A síndrome da lise tumoral, então, pode ocorrer em pacientes que não estão em tratamento, principalmente se o tumor tiver um alto índice de proliferação, como nos linfomas, células germinativas. Então, as células, por serem muito rápidas na proliferação, ter altos índices de desidrogenase lática, terminam aumentando os níveis de ácido úrico, níveis de potássio. Então, o paciente internou, está com uma leucemia aguda na medula óssea, já olhou no microscópio, é uma leucemia, um linfoma, colhe o laboratório completo, com os eletrólitos e avalia, incluindo o ácido úrico. Se estiver alto, já entra com o alopurinol. Existem muitos hematologistas que usam o alopurinol profilaticamente, para evitar a síntese do ácido úrico e, assim, a síndrome de lise tumoral. A rasburicase é muito cara (ácido úrico → alantoína). • Acidose metabólica (é uma emergência oncológica e dentro da síndrome da lise tumoral) ❖ Complicação mais complexa e menos identificada; ❖ Mais frequente em doença metastática avançada, especialmente hepática; ❖ Náuseas, soluços, vômitos, dor abdominal, alteração do sensório, desidratação, hipotensão, choque; ❖ Dosar pH arterial, bicarbonato de sódio e lactato sérico (pode estar alto em algumas situações); 9 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 ❖ Expansão volêmica SEMPRE, reposição de BIC (bicarbonato), hemodiálise. Esses pacientes às vezes precisam de hospitalização em unidade fechada. Caso não consiga reverter em unidade aberta, deve ser enviado para terapia intensiva. Antes da expansão volêmica, deve-se chegar se tem algum problema cardiológico. SE não tiver, VOLUME!!! 4. Hipercalcemia maligna • Emergência metabólica mais frequente em pacientes oncológicos; • Considerada fator de mal prognóstico; • A causa mais comum é a secreção da proteína relacionada com o hormônio da paratireoide (PTH) que mimetiza o hormônio e promove reabsorção óssea e excreção renal de cálcio (muitas vezes essa excreção ocorre para corrente sanguínea, em muitas das vezes, principalmente nas neoplasias malignas que possuem metástase óssea, reabsorve o cálcio do osso, jogando no sangue, tendo muito cálcio solto, levando a níveis elevados de cálcio); • Elevação sérica de cálcio com níveis de PTH normais ou baixos; • Sintomas constitucionais, gastrointestinais (náuseas e vômitos, sem ter feito quimioterapia, com câncer, acender a luz para metástase cerebral ou hipercalcemia maligna; para identificar a hipercalcemia, basta um exame laboratorial, sendo mais rápido que pedir uma RNM), renais, cardíacos, neurológicos → ECG em todos pacientes!• Não tem relação com a síndrome da lise tumoral (possui hipocalcemia); • Tratamento direcionado à doença de base (como uma metástase óssea, fazer uma quimioterapia se for o caso); • Evitar drogas que interferem na excreção de cálcio → tiazídicos, AINEs, antagonistas dos receptores H2; • Hidratação vigorosa → aumentar excreção renal! • Furosemida → controlar balanço hídrico (o diurético faz o paciente urinar muito, jogando para fora o cálcio)! • Mais eficaz dos tratamentos não direcionados a doença de base, como a quimioterapia: bifosfonados → Pamidronato 60 a 90mg ou Zelendronato 4mg. EV (Esses medicamentos pegam o cálcio da corrente sanguínea e jogam no osso, fazendo uma lavagem, calcificando o osso, gerando maior controle do cálcio sérico e cálcio ósseo. Para usar esses medicamentos, o paciente precisa ter uma função renal relativamente boa, não dá pra fazer quando insuficiência renal relativamente avançada. • Quando é tratada a hipercalcemia, o paciente melhora a função renal. Por isso, é necessária a hidratação e o tratamento com os bifosfonatos. Em alguns casos é necessário fazer a hemodiálise. 5. Neutropenia febril • O tratamento citotóxico antineoplásico tem conhecido potencial para causar complicações infecciosas graves (neutropenia febril e sepse com risco de óbito); • Definição prática de neutropenia no cenário do tratamento oncológico; É fundamental um hemograma, uma história clínica muito bem colhida, sintomas importantes, desde quando começou a febre, algum outro sintoma, tontura, se o paciente está com hipotensão, são sintomas de gravidade que devem ser avaliados, há quanto tempo está, dor de garganta, examinar a boca, porque pode ter mucosite associada, sapinho, monilíase oral, se há queixa urinária (urina arde ou não, qual a cor, cheiro forte, está saindo pus, sonda esse paciente para ver como essa urina está), iniciar o tratamento precocemente. O hemograma é um dos exames mais importantes para avaliar se é realmente neutropenia. Nesse leucograma abaixo está tudo normal. Em alguns casos de pacientes com infecções que aumentam os bastões e na grande maioria das situações os neutrófilos estarão com valor abaixo de 1500. 10 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 • O risco de infecção oportunista aumenta quando a taxa de neutrófilos cai abaixo de 1500/mm3; • O risco de infecções mais graves ocorre quando a taxa é inferior a 500/mm3 (neutropenia severa): é o paciente que deve receber uma atenção maior porque o risco de evolução para complicações é alto; • Contagens abaixo de 100/mm3 estão relacionadas a desfechos mais desfavoráveis; • A severidade da neutropenia induzida por quimioterapia e o risco de neutropenia febril estão diretamente relacionados à intensidade do esquema terapêutico utilizado, muito mais comum de ser visto nos esquemas das doenças hematológicas, porque o tratamento de linfoma e leucemia, principalmente as agudas, são tratamentos que causam uma queda importante na medula óssea, os pacientes fazem neutropenias severas, porque esse é o objetivo do tratamento. O foco é limpar a medula óssea daquele paciente, das células neoplásicas. Então, geralmente são esquemas de quimioterápicos muito intensos, em que o paciente faz queda de tudo, faz pancitopenia (queda das 3 séries - plaquetas, leucócitos e hemácias). Então, dependendo do esquema saberá se aquele paciente tem um risco maior ou menor de fazer neutropenia febril. Neutropenia febril é internação para antibiótico venoso. Classificação do risco de acordo com as diretrizes internacionais • Alto risco (>20%); • Risco intermediário (10-20%); • Baixo risco (<10%); • O risco de neutropenia febril aumenta na população idosa, com doença mais avançada (em casos de paciente muito idosos, não se faz quimio não apenas pela intensidade do tratamento, mas também pelo maior risco de desenvolver neutropenia febril), história prévia de neutropenia febril (às vezes é necessário reduzir dose da quimio, podendo comprometer o tratamento, Às vezes é necessário trocar o esquema de quimioterapia pelo paciente não estar tolerando), estado geral comprometido (pacientes mais emagrecidos, mais consumidos pela doença com caquexia neoplásica → maior risco) e doença cardiovascular. Um paciente às vezes politratado, tem doença metastática e está na quarta linha de quimioterapia. Para chegar nesse nível, essa medula óssea está muito sofrida, sendo pacientes que possuem uma tendência maior de fazer neutropenia. • Score > ou = 21 → 5% de mortalidade. • Score <15 → 40% mortalidade. A DPOC é um fator de risco para piora porque pode ser feita infecção de pulmão, de via aérea mais comumente do que pacientes que não possuem DPOC. Em alguns casos tem neutropenia associada a infecção de cateter, com cateter totalmente implantado, principalmente como na imagem abaixo, os portocats, utilizados para fazer quimioterapia, fica abaixo da pele do paciente, a enfermeira com uma agulha vai exatamente no buraquinho e a quimio cai certinho, é cômodo, o paciente não precisa ficar sendo furado, existe risco baixo de extravasar a quimioterapia e essa quimio queimar o braço do paciente. Nesses casos, esses cateteres são de grande valia para gerar um conforto, mas podem causar também infecções, sendo sítios de infecção nos pacientes oncológicos. Então, sempre que for avaliar o paciente deve-se investigar a possível causa dessa infecção, qual o sítio. Isso é importante, até para que possa avaliar a nível de prognóstico. Se 11 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 for a nível de cateter, ele deverá ser retirado e utilizado antibiótico, na grande maioria das situações. Profilaxia da neutropenia febril • A administração de antibioticoterapia profilática (muito discutível, uma vez que pode levar a resistência bacteriana) especialmente com quinolonas (principalmente ciprofloxacina) é capaz de reduzir a incidência de infecções e até mesmo a mortalidade, mas o seu uso rotineiro frequentemente resulta em aumento da resistência bacteriana a essa classe de antibióticos; • Por esse motivo, a antibioticoprofilaxia tem sido desencorajada pela maioria das diretrizes institucionais, restringindo sua indicação para pacientes de alto risco (de acordo com o critério da tabela, sendo eles principalmente os hematológicos pelo tipo de quimioterapia utilizada, com altas doses e esquemas muito agressivos, fatalmente fazendo neutropenia febril). É um paciente que saiu de alta, está com um pouco de neutropenia, não recuperou 100%, vai para casa com uma receita de antibiótico, com toda certeza, porque mesmo não tendo recuperado 100% essa imunidade, pode vir a desenvolver uma infecção, sendo prescrito em muitas das vezes para esses pacientes de alto risco, porque sabe-se que podem vir a complicar com quadros de infecção; • No cenário dos pacientes neutropênicos assintomáticos as controvérsias são ainda maiores, principalmente em tumores sólidos, como mama, próstata, da oncologia. Nos hematológicos até é prescrito, mas nos oncológicos se tem dúvida (A prof disse que até fez em uma paciente com uma neutropenia, mas sem febre, com um pouco de anemia, sem se alimentar, com a boca um pouco ferida, deixou a receita do antibiótico para ela, para não precisar internar e solicitou que vá a emergência se tiver febre, nessas situações, então, a paciente é poupada de internação); • Porém, os benefícios da antibioticoterapia profilática foram observados em pacientes com neoplasia hematológica; • Não está claro se a identificação precoce de neutropenia em pacientes com tumores sólidos em tratamento quimioterápico poderia ter impacto favorável significativo em sua evoluçãoclínica em comparação com a população que não recebe a profilaxia, em especial nos pacientes com baixo risco de desenvolver NF. Essa profilaxia varia. Existem vasculares que fazem antibióticos, como na trombose, faz anticoagulação e dependendo de onde esteja o trombo, mantém ou não. Na infecção na grande maioria das vezes, retira o cateter, usa antibiótico e troca o sítio do cateter. Às vezes não é o sítio do cateter, e sim uma hiperemia na pele, sendo possível manter o cateter e fazer o antibiótico, mas na grande maioria das vezes tira. Neutropenia febril - avaliação inicial • A presença de febre em pacientes que receberam quimioterapia dentro das seis semanas anteriores deve ser considerada como secundária a infecção; • História clínica/exame físico/coleta de exames laboratoriais imediatamente (hemograma, função renal e hepática, eletrólitos e culturas), porém, começa o tratamento, se o hemograma vier com neutropenia, inicia o antibiótico de forma imediata, não espera a cultura. Colhe as culturas antes de iniciar o antibiótico, olhou o hemograma, que está com neutropenia, o paciente está estável, vai internar, continuar internado, não vai precisar ir para unidade fechada porque não tem choque nem hipotensão, é um paciente que se encontra oligosintomático, com febre. Esse paciente ficará em unidade aberta, em uso de antibiótico, colhendo já culturas. • Culturas: 2 amostras de sangue em sítios diferentes, cultura de sangue do cateter (portocate ou picc que é utilizado no braço, o picc hoje quem passa normalmente é o enfermeiro, sendo muito bom, nos pacientes que tiverem 12 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Emergências Oncológicas – Aula 5 contraindicação do uso do portocate), se houver, e culturas de urina. Tratamento da neutropenia febril • Pacientes com índice MASCC inferior a 21 ou com condições clínicas consideradas de alto risco, devem ser hospitalizados; • O tratamento antimicrobiano intravenoso precoce reduz a morte de pacientes neutropênicos febris; • A administração de antibióticos nunca deve ser postergada aguardando realização de culturas; • Espectro antibiótico deve cobrir gram + e gram negativos ... não há necessidade de cobertura de anaeróbios e fungos logo de início (a não ser que seja um paciente que apesar do antibiótico que seja utilizado inicialmente continue persistindo fazendo febre, aí deve-se pensar em MO anaeróbio ou pensar em infecção fúngica); • Em casos de febre prolongada (permanência entre 5 a 7 dias) a despeito do uso de ATB, deve- se investigar infecção fúngica. • O uso de GCSF (fator estimulador de colônias de granulócitos) é bastante controverso, é uma medicação utilizada, normalmente aplicada via SC, cujos nomes comerciais são Granulokine, Filgrastim e que vão estimular a medula óssea a utilizar células jovens, abre a porteira, recrutando células para defender o organismo, leucócitos, neutrófilos liberados na corrente sanguínea, porque apesar de serem um pouco imaturos conseguem ter uma ação contra a infecção. Essas células estão quase prontas para sair e, com a utilização desse fator estimulador de colônias, elas saem mais precocemente, a fim de promover a defesa necessária. • Metanálise demonstrou que o uso associado a antibioticoterapia não alterou mortalidade geral ou mortalidade relacionada a infecção, porém reduziu o tempo de internação hospitalar. • Pode ser considerado nos casos de riscos de complicações como neutropenias prolongadas > 10 dias (a medula não consegue se recuperar sozinha, os níveis de neutrófilos não sobem). Caso o foco primário da infecção seja identificado, o antibiótico deverá ser utilizado no tempo proposto para o tratamento daquela infecção e não devem ser suspensos até que a contagem absoluta de neutrófilos seja > ou = 500/mm3 (caso um paciente chegue a 1000 neutrófilos, não tem mais febre, em algumas situações pode migrar o antibiótico, fez 4 a 5 dias de antibiótico venoso, pode dar alta para ele e passar um antibiótico oral para ele completar 7 a 10 dias em casa; Caso o foco não tenha sido identificado (maioria das vezes), manter ATB até resolução da febre e clara evidência de recuperação da medula óssea ao hemograma! Artigos recomendados acima.
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