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1 Matriz de atividade individual Disciplina: Gestão de Pessoas Módulo: N/A Aluno: Marcos Sousa Rodrigues Ferreira Turma: 02 Introdução “Tudo flui. A única lei imutável é a de que não há nada imutável.” Esta declaração de Heráclito de Efeso define bem o mundo em que vivemos, uma vez que este está, a todo momento, em constante mudança. Esse mundo é caracterizado por sua volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (VUCA). A intensidade das mudanças tem exigido da sociedade e das organizações uma reavaliação das práticas e estruturas organizacionais, locais de trabalho, modelos de negócios, e particularmente na atribuição da liderança. “Se a sobrevivência das organizações depende dos seus resultados, e estes, por sua vez, dependem dos seus líderes, então por que nem todas elas se dedicam a investir na qualidade da sua liderança?” Este questionamento feito por Neuza Chaves, senior advisor da FALCONI, é uma provocação aos leitores do seu artigo “LIDERANÇA: Fator que define o sucesso da organização”, mas poderia muito bem ser direcionada a muitas organizações contemporâneas, também conhecidas como Organizações 4.0. As Organizações 4.0 surgem a partir dessa demanda desse mundo mutante. No artigo “Já ouviu falar da Organização 4.0? Veja suas características e visões”, a Formare Associados apresenta as inovações em áreas como automação, controle de inteligência artificial e novas tecnologias aplicadas à realidade organizacional como sendo as principais características dessas organizações. Ressalta, no entanto, que essas características não abrangem apenas questões técnicas ao mencionar que o impacto na gestão de pessoas e liderança também é algo mensurável. Nesse contexto, de acordo com Chaves, “os líderes têm dificuldade de aprender o papel de gestão de pessoas” por acreditarem que esta é uma responsabilidade exclusiva da área de Recursos Humanos. Ocorre que a liderança tem, a cada dia, um papel ainda mais importante na gestão de pessoas, seja através da criação de valor, inovação e na articulação de estratégias junto aos seus lideradores, ou através da implantação da gestão do conhecimento, o que a torna, portanto, um fator crítico para 2 o sucesso dos negócios das organizações. Segundo Burns (1978), o processo de liderança é caracterizado por líderes induzindo seguidores para a ação tendo em vista certos objetivos, metas que representam os valores e as motivações, os desejos e as necessidades, as aspirações e as expectativas, tanto do líder quanto do liderado. Apesar de definir o processo de liderança há mais de 40 anos atrás, a caracterização de Burns permanece atual uma vez que fala, em outras palavras, sobre engajar pessoas e liderar mudanças dentro das organizações, se enquadrando perfeitamente no papel da liderança na sociedade do conhecimento e nas Orgazanições 4.0. Desenvolvimento – análise de diferentes perfis de liderança Quando o assunto é liderança nas Organizações 4.0, há um stakeholder extremamente importante para o sucesso dos negócios: as pessoas. De acordo com Simon Sinek, “100% dos clientes são pessoas. 100% dos empregados são pessoas. Se você (leia-se “líderes”, no contexto deste trabalho) não entende de pessoas, você não entende de negócios.” Dentro desse contexto, para James C. Hunter, pessoas não são gerenciadas, pessoas são lideradas. E liderar, ainda segundo Hunter, significa “conquistar as pessoas, envolvê-las para que coloquem sua mente, coração, criatividade e excelência a serviço de um objetivo, fazendo com que se empenhem ao máximo nessa missão”. Mas será que todo os líderes têm o perfil e as habilidades necessárias para liderar pessoas? Ou ainda, será que existem perfis e habilidades que caracterizam bons líderes? De acordo com o artigo “Conheça os 10 perfis de liderança mais comuns” de Fábio Bandeira de Mello, texto de referência para esta atividade, “no ambiente corporativo é possível encontrar diversos estilos de liderança nas equipes” e “essas diferenças ocorrem pelas variadas personalidades, níveis de formação e estilo de cada um”. Há, no entando, a constante necessidade de lapidar tais perfis de liderança de modo que os líderes estejam cada vez mais preparados para assumir com segurança as suas responsabilidades, combinando, desta forma, as necessidades do negócio às demandas das organizações e, principalmente, dos seus liderados para que possa lograr êxito na difícil tarefa que é liderar pessoas. Nesse sentido, para Chaves, “liderança é um processo e não um evento”. E esse processo, a meu ver, está diretamente relacionado a conhecer a si e ao próximo cada vez mais. Para Alvin Tofler, “os analfabetos do próximo século são aqueles que se recusam a aprender, desaprender e voltar a aprender”. Nesse sentido, a resiliência surge como importante aliado dos líderes e é reconhecida como uma das principais competências para pessoas, lideranças e organizações ajustarem-se a mudanças com agilidade e assertividade. Como capacidade de adaptação, é considerada, inclusive, como uma das Top 5 Soft Skills mapeadas pelo Global Talent Trends 2019 do LinkedIn. Muito em função da cultura organizacional de uma empresa, bem como seus valores e missão, verifica-se que cada ambiente organizacional apresenta uma tendência de desenvolver ou recrutar determinados perfis de liderança. O Grupo CCR (companhia em que trabalho), desenvolveu, em parceria com a consultoria da Falconi, o “Projeto de Aperfeiçoamento do Sistema de Gestão” baseando-se no processo de melhoria contínua em que objetivou aperfeiçoar o modelo de gestão da companhia. Fundada pelo Professor Vicente Falconi, a Falconi é uma consultoria líder no Brasil, reconhecida pela capacidade de ajudar as organizações a construir resultados excepcionais pelo aperfeiçoamento de seu sistema de gestão. Atua em todos os segmentos de mercado, atendendo clientes da iniciativa privada e da esfera pública, do Brasil e do exterior. No referido projeto, a Falconi trabalhou em diversas frentes como “Processos e Autonomia”, “Meta e Reconhecimento”, mas as principais frentes foram “Atendimento ao Cliente”, “Liderança” e “Pessoas”. O Grupo CCR entende que a necessidade da companhia nesse momento é transformar o seu modelo de negócio baseando-se nas lideranças, nas pessoas e nos clientes, por entender que estes são os alicerces para o sucesso dos seus negócios. Observou-se, ao longo dos 24 meses de desenvolvimento do projeto, que os líderes com perfis “coercitivos” e “centralizadores” tinham características que estavam desalinhadas com a cultura organizacional e os valores da companhia. Esses líderes enxergavam seus colaboradores apenas como mão de obra que não possui voz. O Grupo CCR tem como seus valores o respeito (pelo outro, pela vida e pela natureza); a autonomia (liberdade de ação com responsabilidade); o desprendimento (o caminho para o crescimento das pessoas e da empresa); a integridade (fundamento das relações pessoais e profissionais); e a ousadia 4 (proatividiade, criatividade e persistência para buscar desafios e superar limites). Constatou-se, no entanto, que as lideranças com os perfis supracitados, que estavam há muito tempo na empresa, historicamente, cerceavam os colaboradores no desenvolvimento diário das suas atividades ao praticar comportamentos desrespeitosos e de muita cobrança com intensa pressão psicológica e a lembrança frequente de que erros resultariam em punições; ao centralizar excessivamente as tomadas de decisões, tornando processos simples em processos extremamente burocráticos; ao impedir que as pessoas desenvolvessem a proatividade e criatividade, neglicenciando, inclusive, o estímulo a busca de novos desafios e superação de limites. A Falconi verificou, ainda, que associado a estes perfis de liderança e comportamentos, estava o baixo rendimento, bem como a falta deresultados para o negócio da companhia. Em contrapartida, perfis de liderança como “democrático” e “inspirador” que tem como característica a liderança pelo exemplo, transmissão de confiança, desenvolvimento do sentimento de pertencimento dos seus liderados e que encaram os desafios em conjunto com a equipe, superavam as expectativas da companhia no que tange o cumprimento de metas e atingimento de resultados. Ainda assim, essa constatação não significa necessariamente que existam perfis de lideranças perfeitos e que não precisam ser lapidados ou, por outro lado, que existam perfis que são terríveis e impossíveis de serem melhorados ou ajustados. Por esta razão e por acreditar que as pessoas podem desenvolver competências e adequarem seus perfis ao proprósito das empresas, a CCR e a Falconi desenvolveram um plano de ação no sentido de qualificar as lideranças, potencializando os pontos fortes de cada perfil e aprimorando os seus pontos fracos. Em paralelo ao “Projeto de Aperfeiçoamento do Sistema de Gestão” com a Falconi, o Grupo CCR desenvolveu outros projetos através de consultorias de desenvolvimento de pessoas e equipes, como o projeto “Gestores 4.0”, em parceria com a cocriadora do Lapidar, Ana Paula Perón, utilizando processos mediativos, tecnologias de conversação, comunicação não violenta e processos circulares para o desenvolvimento das lideranças. O sucesso do projeto “Gestores 4.0” foi tão grande, que o Grupo CCR estendeu o projeto aos analistas da companhia, criando o “Analistas 4.0”, visando justamente a capacitação e o desenvolvimento das futuras lideranças. Considerações finais No livro “O monge e executivo”, Hunter nos mostra todos os requisitos para nos tornarmos um líder ideal. Quando tentamos trazer à memória os líderes que nos marcaram, seja relacionado aos aspectos empresariais ou até mesmo sociais, nos deparamos em pessoas que tinham ou tem algo cativante, diferente. Ao longo da sua história, o mundo conheceu grandes líderes que deixaram brilhantes legados. Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Barack Obama. Todos eles certamente tinham algo “cativante, diferente” capaz de influenciar pesssoas. Um belo exemplo de liderança de sucesso mais próximo a nossa realidade, geográfica e contemporaneamente falando, é o caso da Luíza Trajano, empresária brasileira dona da Magazine Luiza, que pauta o seu estilo de liderança na valorização da importância do ser humano; na comunicação aberta e na empatia; na crença da prática como forma de aprendizado; na valorização da busca por desafios; e o reconhecimento. Sem dúvidas, todos nós já fomos liderados por bons exemplos de líder, como a Luiza Trajano, assim como já fomos gerenciados por não tão bons exemplos de “líder” assim. Devemos encarar, portanto, estas experiências como uma grande oportunidade para moldar o nosso perfil de liderança, baseado naquilo que gostaríamos de representar para as pessoas e o legado que gostaríamos de deixar para elas. Referências bibliográficas BERSIN, JOHN. LinkedIn 2019 Talent Trends: Soft Skills, Transparency and Trust. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/linkedin-2019-talent-trends-soft-skills- transparency-trust-bersin/> Acesso em: 07 de novembro de 2020. BURNS, James M. Leadership New York. NY: Harper and Row Publishers, 1978. CHAVES, Neuza. LIDERANÇA: FATOR QUE DEFINE O SUCESSO DA ORGANIZAÇÃO. Falconi, 2016. Disponível em: <https://www2.falconi.com/flcn_articles/lideranca-fator-que-define- o-sucesso-da-organizacao/>. Acesso em: 05 de novembro de 2020. 6 CONHEÇA OS 10 PERFIS DE LIDERANÇA MAIS COMUNS. Administradores, 2010. Disponível em: < https://administradores.com.br/noticias/conheca-os-10-perfis-de-lideranca- mais-comuns>. Acesso em: 01 de novembro de 2020. JÁ OUVIU FALAR DA ORGANIZAÇÃO 4.0? VEJA SUAS CARACTERÍSTICAS E VISÕES. Formare Associados, 2019. Disponível em: <https://blog.formareassociados.com.br/ja-ouviu- falar-da-organizacao-4-0-veja-suas-caracteristicas-e-visoes/>. Acesso em: 05 de novembro de 2020. HUNTER, James C. Como se tornar um lid́er servidor: os princiṕios de lideranca̧ de o monge e o executivo. Sextante, 2006. HUNTER, James C. O monge e o executivo: Uma história sobre a essência da liderança. Sextante, 1ª edição (2010). SARTORI, Gisele.; ZANOTTO, Mayara P.; FACHINELLI, Ana C. LIDERANÇA EM TEMPOS DE INDÚSTRICA 4.0: NOVOS PAPÉIS PARA UM NOVO PERFIL? Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/mostraucsppga/xviiimostrappga/paper/viewFile/ 6022/1963> Acesso em: 05 de novembro de 2020.
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