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Oncologia - Aula 1 - Cirurgia oncológica

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
Introdução 
Importante problema de saúde pública 
O indivíduo é retirado do seu estado de 
produtividade e colocado em um lugar onde ele 
precisa priorizar cuidados com a própria saúde, 
tornando-o então um problema de saúde pública 
(assim como a cirurgia oncológica). 
REPERCUSSÕES ECONÔMICAS 
❖ Muitas vezes deparamos com um indivíduo jovem, 
com câncer, economicamente ativo, responsável 
pelo sustento da família inteira. Isso leva a 
impactos na saúde, na família e na sociedade. 
O paciente vai ser aposentado no INSS, já que 
ele possui uma doença incapacitante, uma doença 
terminal (o câncer principalmente). 
ESTÁGIO DA DOENÇA 
Quanto mais precocemente se faz o diagnóstico do 
câncer, mais precoce se trata e menos se tira esse 
paciente da sua melhor performance perante à 
sociedade. 
Quando um paciente se apresenta com um nódulo de 
tireoide suspeito de malignidade, realiza uma 
tireoidectomia parcial, e com 15 dias ele volta a 
trabalhar. No entanto, quando o paciente apresenta 
lesão de tireoide metastática para linfonodos 
cervicais e é feita uma cirurgia com esvaziamento 
axilar, exérese de partes de via aérea, de tubo 
digestivo. É completamente diferente fazer a 
retirada de um pequeno pedaço da tireoide, quando 
comparado ao processo de “desfazer” a cabeça e o 
pescoço do paciente, o que ocasiona maior impacto. 
INCIDÊNCIA CRESCENTE 
(2001 -> 305.000 casos novos; 117.000 óbitos - 
INCA); (2012 – 2013 → 518.000 casos novos). Isso 
ocorre porque atualmente tem-se muito mais 
métodos de diagnósticos, e porque as pessoas 
sabendo que podem ser diagnosticadas antes, se 
preocupam mais. Dessa forma, quanto mais cedo o 
câncer for diagnosticado, menos retira-se o 
paciente da sua vida social, ou da própria vida. 
Utilização regras de normatização 
Ao se tratar de câncer, é necessário normatizar, 
para que todos falem a mesma língua e entenda-se 
quem é o paciente. Quando se resume em 
estadiamento, já entende-se prognóstico, sobrevida, 
morbidade e o tipo de cirurgia com uma única palavra. 
Saber que ¨João estágio I¨ é diferente de ¨Joana 
estágio IV¨. 
• Envelhecimento populacional: É um fator 
relacionado ao aumento do número de casos de 
câncer, a depender do seu tipo. O fato de haver 
uma sobrevida maior, uma expectativa de vida 
média maior faz com que isso acabe aparecendo, 
embora não tenha evidência na literatura, pois 
atualmente o rastreio é mais precoce, e o 
indivíduo preocupa-se muito mais, então 
diagnostica-se mais. O câncer de próstata 
apresenta relação com a idade. 
• Rastreio: Ca de cólon (45 anos), Ca de mama 
(40 anos). Neo de tireoide não tem rastreio, 
a pessoa mesmo decide fazer um ultrassom. 
Visão multidisciplinar 
• Na cirurgia, de forma geral não se trabalha só, 
mas sim com outras pessoas. Primeiro porque o 
cirurgião só opera com outra pessoa, e cirurgia 
oncológica não se faz de uma forma geral 
somente a cirurgia, sendo necessário que o 
paciente vá para a quimioterapia, para a 
radioterapia, além de ser necessário o apoio 
psicológico no processo de aceitação (sair da 
negação). Às vezes é necessária a fonoaudiologia, 
pois por exemplo, o paciente fez uma 
tireoidectomia e consequentemente houve uma 
lesão de laringe levando a rouquidão. 
Oncologia 
Medicina que trata o câncer, seja clínico ou cirúrgico 
CIRURGIÃO ONCOLÓGICO 
Até 20 anos atrás, não existia a especialização de 
cirurgia oncológica. Atualmente já existe. 
Cirurgia Oncológica 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
• Ginecologia (cirurgia gênito-urinária), 
gastroenterologia (cirurgia do aparelho 
digestivo), urologia (a especialidade que mais faz 
a sua própria cirurgia oncológica), entre outros. 
• O cirurgião oncológico surge para resolver os 
cânceres em geral, mesmo que envolva áreas 
diferentes (com invasão de áreas adjacentes). 
• Os cirurgiões oncológicos pegaram uma parcela 
muito mais ligada à área da ginecologia; o 
ginecologista, de uma forma geral, possui uma 
área de abrangência muito grande 
(ambulatorial, histeroscopia, fertilidade), e 
acaba que eles não são de formação tão 
cirúrgica, e aí o cirurgião oncológico vendo essa 
abertura hoje, a maior parte deles possui 
predileção para ginecologia. 
CÂNCERES SÓLIDOS 
• O cirurgião oncológico trata de cânceres sólidos 
(rim, fígado, pâncreas), ou seja, não trata, por 
exemplo, uma leucemia, pois não é possível 
retirar a leucemia (o tratamento é basicamente 
quimioterápico). 
CURA X PALIAÇÃO 
A cirurgia oncológica não entra só para cura; 
• Câncer de cabeça de pâncreas (estágio I) → 
cirurgia; 
• Estágio IV - dificuldade de passagem de 
conteúdo gastrointestinal por conta de lesão → 
cirurgia para se fazer derivação desse paciente. 
Neo de cabeça de pâncreas ou periampular → 
é preciso colocar o paciente pra comer de volta. 
Desse modo, não se entra somente no contexto de 
cura, mas entra-se também no contexto de paliação. 
É importante oferecer conforto ao paciente, 
desospitaliza-lo (pensando no estágio IV). 
Avaliação do paciente com câncer 
Para que se entenda quem é o paciente, deve-se 
fazer uma normatização do mesmo. 
Imagine que você vai operar um paciente de 90 anos 
com câncer de colo de pâncreas, com invasão de 
duodeno, obstruindo, é diferente de uma paciente 
de 90 anos acamada, que não contacta; nunca se 
prolonga sofrimento, devendo sempre oferecer 
conforto, desospitalizar o paciente para que aquele 
paciente que possui um prognóstico/sobrevida de 6 
meses, aproximadamente, tenha conforto nos seus 
últimos dias e termine-os de forma confortável. 
• Para que se saiba tomar essa decisão, utiliza-se 
duas classificações principais de Perfomance 
Status (PS); 
Performance status (PS) 
KARNOFSKY (AJCC) 
É uma graduação de 0 (morto) a 100 (indivíduos sem 
limitação), graduando de 10 em 10 (capaz de fazer 
atividade com poucos sintomas, capaz de fazer 
exercício com esforço, entre outros); 
EASTERN COOPERATIVE ONCOLOGY GROUP 
É muito mais utilizado atualmente, além de ser muito 
mais fácil. O ECOG é o contrário do AJCC. 
❖ ECOG 0 → sem queixas; 
❖ ECOG 1 → poucas limitações; 
❖ ECOG 2 → é quando a limitação é menor do que 
50% (mais de 50% do tempo fora do leito); 
❖ ECOG 3 → mais de 50% de limitação; 
❖ ECOG 4 → acamado; 
❖ ECOG 5 → moribundo 
No paciente diagnosticado identificou-se o estágio, 
operou-se, e agora deve-se fazer um seguimento, de 
um modo geral. 
 
Depois do diagnóstico, estadiamento, performance, 
cirurgia, seguir o paciente nos primeiros 3-5 anos de 
6 em 6 meses. 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
Seguimento 
• Intervalo: 
❖ Semestral até o terceiro ano; 
❖ Anual do terceiro ao quinto ano. 
Nos três primeiros anos diagnostica-se recidiva 
precoce, sendo extremamente importante, além de 
fazer a avaliação de PS (performance status), saber 
quais são as limitações (se tem limitação motora, 
fonoaudiológica), sendo necessário esse 
acompanhamento de 6 em 6 meses até o terceiro 
ano. A partir do terceiro, até o quinto ano (isso de 
uma forma geral, pois cada tipo de câncer tem uma 
limitação) a consulta é anual, e após o quinto ano o 
paciente recebe “alta” (o oncologista cirúrgico 
geralmente começa a pensar em liberar o paciente 
até 2 – 3 anos, mas no oncologista clínico o paciente 
sempre vai uma vez por ano). 
É muito difícil dar alta do ponto de vista psicológico 
para o paciente oncológico, pois sabe-se que como o 
câncer está sendo relacionado a doenças e que pode 
ter um caráter genético e hereditário, o ideal é 
manter o acompanhamento desse paciente. 
 
Estadiamento 
PRINCÍPIOS DO ESTADIAMENTO 
• O estadiamento do paciente se dá através do 
sistema TNM (1943- 1952): tumor, linfonodo, 
metástase. 
REGRAS GERAIS 
❖ T: extensão do tumor primário (seja extensão 
de tamanho ou de invasão deparede, depende de 
onde esteja-se lidando com o tumor). 
❖ N: ausência ou presença de linfonodos positivos 
(sejam esses linfonodos locorregionais ou 
linfonodos à distância que também podem ser 
classificados como M) e extensão das 
metástases em linfonodos 
❖ M: ausência ou presença de metástase a 
distância (fígado, pulmão – principais locais de 
metástases do TGI) 
❖ Números: t0, t1, N0, N1 ... (T classifica de T1 
a T4, por tamanho ou invasão de camadas; N vai 
depender do tipo do tumor, chegando até N3). 
❖ Pode ser ainda subdividido se houver 
necessidade (T1a., T1b, T2a, T2b...) 
❖ In situ: Existem duas classificações no estádio 
que não mudam. Estádio 0 → carcinoma in situ; 
Estágio IV → metástase; SEMPRE. 
EXEMPLO – CÂNCER DE ESTÔMAGO – TNM 
 
O CA de estômago é bastante rico em TNM; o Tx 
é in situ. Depois T1a, T1b, T2a, T2b, T3 e T4. 
No câncer de víscera oca (esôfago, estômago, 
duodeno, intestino grosso, intestino delgado) 
classifica-o de acordo com a invasão de parede, já 
que na parede das vísceras ocas tem-se camadas. 
Imagem acima: camadas da parede do estômago 
(mucosa, lâmina própria, submucosa, muscular 
própria – duas camadas - circular e longitudinal – 
subserosa e serosa). 
Desse modo, de acordo com a invasão dessas camadas 
é que se consegue classificar o T (extensão do 
tumor). 
• T1a: somente mucosa. 
• T1b: passa da mucosa e invade a submucosa. 
• T2a: invade a muscular própria (existe uma 
camada intermediária chamada muscular da 
mucosa, mas a partir do T2 já começa a invasão 
da muscular própria). 
• T2b: subserosa. 
• T3: serosa. 
• T4: órgãos adjacentes. 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
O N é de acordo com o número de linfonodos 
• N1: até 6. 
• N2: de 7 a 15. 
• N3: acima de 15. 
 
Pode existir um milhão de subclassificações, e às 
vezes dentro dessas subclassificações trata-se o 
paciente de uma forma só. Dessa forma, na cirurgia 
oncológica juntou-se os T´s com os N´s, de modo 
que aquele mesmo TNM fosse o mesmo tratamento. 
Quando se fala em estádio, fala-se da mesma forma 
de tratamento, mesmo prognóstico e mesma 
sobrevida (1a, 1b, 2, 3a, 3b e 4). 
De acordo com o estádio, tem-se alguns grupamentos, 
como T1N1, T2N0, onde tende-se a ter mais 
diferença de T e de N, mas o estádio é o mesmo. É 
isso que vai guiar o tratamento, a sobrevida, etc. 
Imagem acima: observa-se o que muda 
macroscopicamente. O Tx é o tumor só da mucosa, 
no T1 já ocorre invasão de submucosa, T2 já invade 
muscular própria, T3 já vai até a serosa, e T4 invade 
estruturas adjacentes. Desse modo, observa-se que 
ele muda em tamanho também, mas como estamos 
falando de víscera oca, estamos falando de parede, 
ou seja, é uma classificação em parede. 
Princípios do estadiamento 
O paciente está com câncer, sendo necessário fazer 
o estadiamento, mas não é só tirar uma foto e acabou. 
REGRAS GERAIS 
• Classificação pré operatória: guia na tomada de 
decisão. 
• Pós operatória: guia para necessidade de 
quimioterapia ou radioterapia. É o estadiamento 
definitivo do paciente – peça cirúrgica. 
O pré operatório informa o que vai ser feito, por 
exemplo, um paciente com tumor de pâncreas que 
não invade estruturas adjacentes, dois centímetros, 
sem invasão vascular OU peguei esse mesmo tumor de 
pâncreas de dois centímetros sem invasão vascular, 
sem lesão de duodeno, que não está obstruindo, mas 
tem uma metástase hepática ... então, o tratamento 
vai ser de uma forma diferente. 
Deve-se levar em consideração a idade do paciente; 
se for pego um paciente economicamente ativo, 
tenta-se sempre o trazer para fora do livro, já que 
no livro, um paciente com câncer de pâncreas com 
metástase no fígado, não há o que fazer, restando 
oferecer conforto. Dessa forma, é necessária a 
classificação pré e pós operatória para a decisão. 
Se esse mesmo câncer de pâncreas encontrar-se 
com metástase linfonodal à distância, que já é 
metástase, não trata-o sem perspectiva cirúrgica; 
quando se fala na tomografia que o paciente tem 
metástase para um linfonodo, diz porque o linfonodo 
está aumentado, PORÉM esse linfonodo aumentado 
não necessariamente é doença ... De uma forma 
geral, é! Mas utiliza-se o benefício da dúvida; não se 
trata o paciente para mais, pois imagine se fosse 
tratado esse paciente com CA de pâncreas com 
metástase à distância como um paciente 
metastático, e de repente, ao acompanhar do 
paciente por 1-2 anos, a doença só está crescendo 
de forma locorregional, sem nenhum outro local de 
metástase linfonodal, hepática ou pulmonar. Então, 
provavelmente essa doença não era metastática 
(sobrevida média de 6 meses há um ano). Desse 
modo, para que não se erre nem para mais nem para 
menos, na dúvida, estadie para menos, como estádio 
1 ou 2, e aí trate. 
• Agrupamento em estádios: avalia e seleciona 
terapêutica (na dúvida, → estádio inferir). 
 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
Quadro: subclassificações das metástases. Apesar 
de ser permitido utilizar subclassificações para 
metástases (pulmonar, óssea, hepática, cerebral, 
linfonodal, medula, pleural, peritoneal, cutânea) ... A 
gente usa metástase como metástase apenas. 
Para ser feito o estadiamento, deve-se sempre 
pensar no paciente, pesando o custo benefício em 
relação às condições do mesmo. 3-6 meses é um 
bom tempo para re-estadiar, caso tenha ficado 
dúvidas a respeito de uma paciente limítrofe. 
Ex. Paciente de 75 anos (limítrofe), ECOG 2 
(limitação com <50%), cardiopata (IAM com 50 anos) 
→ tem limitação pra cirurgia de grande porte. 
Metástase linfonodal do neo de Pâncreas, vários 
linfonodos aumentados → não coloca numa 
duodenopancreactomia. Fazer quimioterapia. Avaliar 
depois de 3 meses com um exame de imagem. Estável 
ou regressão → boa respondedora. A mesma paciente 
com ECOG 4, acamada → quimioterapia, paliativa. 
Cânceres múltiplos 
• Cânceres múltiplos: maior categoria de T e 
multiplicidade entre parêntese. Ex: t2(m) 
• Tireoide, nefroblastoma, neuroblastoma e 
fígado → Tabela abaixo. 
Fígado 
T1 Único sem invasão vascular 
T2 Único com invasão vascular. 
Múltiplo <= 5cm 
T3 Múltiplo >5 cm 
Invade ramo principal das veias porta 
ou hepática 
T4 Invade outros órgãos adjacentes que 
não a vesícula biliar. 
Perfura peritônio visceral. 
N1 Regional 
Quando existem cânceres múltiplos (paciente com 
duas lesões sincrônicas são 2 primários; 1 lesão → é 
um câncer só; 2 lesões → é segundo primário). A 
multiplicidade (m) é colocada entre parênteses. Isso 
é extremamente raro, mas existem pacientes que 
tem o primeiro problema (P1) – ¨Agenesia de anjo da 
guarda¨→ vem sem anjo da guarda e vem com 2 
primários. Às vezes dá pra pegar no início e tratar 
adequadamente. 
Além disso, existe uma classificação para tireoide, 
para nefroblastoma, para neuroblastoma e para 
fígado, pois como eles são órgãos sólidos, não existe 
parede. Então, a classificação dele vai ser por 
multiplicidade. 
Tabela anterior: resumo do fígado, onde pode-se ter 
um T único ou um T múltiplo e o tamanho, ou seja, 
ele avalia a multiplicidade e o tamanho, além de 
invasão vascular. 
TUMORES SINCRÔNICOS 
• Aqueles que não podem ser considerados 
metástases, invasão ou recorrência do primeiro, 
tendo como intervalo entre o diagnóstico do 
segundo tumor primário menos que seis meses. 
É quando um tumor vem junto do outro. 
Se há um câncer de estômago com metástase 
hepática, tem-se uma lesão sincrônica; Situação: foi 
diagnosticado hoje um tumor de tireoide e, de 
repente, daqui há 1 mês, fazendo o estadiamento, 
na tomografia observa-se uma lesão de ovário. Não 
tem metástase de tireoide para ovário, a princípio. 
Então são duas lesões primárias, ou seja, tumores 
sincrônicos. 
TUMORES METACRÔNICOS 
São neoplasias independentes que se desenvolvem 
em indivíduos nos quais se afastou a presençade 
lesão sincrônica. Não são dois primários. São 
neoplasias que vem de tempos diferentes. 
Dessa forma, no sincrônico as lesões vieram ao 
mesmo tempo (quando se fala de oncologia cirúrgica, 
fala-se de 6 meses, que é o tempo em que se está 
acompanhando o paciente), juntos, mas não são a 
mesma lesão. No metacrônico são neoplasias que 
vieram no indivíduo e que não são dois primários. 
São lesões que são do mesmo tumor. 
Graduação histopatológica 
Ao operar um câncer de intestino grosso, um 
adenocarcinoma, vai graduar em moderadamente 
diferenciado, bem diferenciado e indiferenciado 
(graduação histopatológica). É assim porque é 
necessário ter a peça para fazer o estádio, que 
nesse caso, é pós operatório. 
 
 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
 
Classificação cirúrgica 
Classificação cirúrgica é basicamente o que se 
vê durante a cirurgia, que vai desde a doença 
r0 (aquela onde não há doença macroscópica, 
não se visualiza. Ao entrar numa cirurgia de 
câncer, dá pra perceber que o aspecto 
macroscópico é uma lesão mais esbranquiçada, 
diferente do tecido normal) e ao retirar uma 
neoplasia de fígado , quando se sai r0, é quando 
se sai com um pouco de margem hepática 
normal circundando o tecido adjacente . 
Na cirurgia r2 tem-se uma neoplasia de fígado 
que invade a veia porta, e se não se consegue 
retirar a porta (um pedaço dela, pois se faz a 
reconstrução), deixa a doença lá. Saiu-se r2. 
Desse modo, se não foi visualizado deixar a 
doença é r0, mas se foi visualizado e deixado 
doença é r2. 
No caso do r1, retira-se a peça e manda para 
congelação, e aí marca, colocando fio (Ex. 
prolene azul na margem proximal e vycril roxo na 
margem distal); É necessário para que o 
patologista saiba quais são as margens 
respectivamente. Após a marcação, o 
patologista informa que, por exemplo, a margem 
distal está comprometida, então volta-se para a 
cirurgia e amplia a margem distal . Dessa forma, 
r1 é histopatológica na anatomia de congelação 
(essa marcação não é padrão). A marcação para 
o patologista é feita na própria cirurgia. 
Quando se fala de lesões cirúrgicas retiradas, 
ou se manda em potes diferentes, com margem 
distal e proximal, ou quando se pega uma lesão 
sólida, como o fígado, marca-se as margens 
com um fio diferente do outro (como 
mencionado). 
 
Princípios da cirurgia oncológica 
• Caráter paliativo (ressecção parcial, bypass, 
derivação) X curativo (margens, linfonodos). 
• Cirurgia radical. 
Exemplo de ressecção parcial: paciente com neo de 
estômago grande, 40 anos, puérpera de 6 meses, 
sangrando (HB 5) → Gastrectomia parcial. Não tem 
mais proposta curativa. 
Exemplo bypass: paciente com neo com metástase 
no fígado. Sem proposta curativa (ECOG 2-3). Pela 
endoscopia viu metástase de estômago. A paciente 
apresentada regurgitações e vômitos de 
aproximadamente mês. O bypass do estômago ajuda 
ela a voltar a comer, parar de vomitar e voltar para 
casa, mesmo que sem perspectiva curativa. 
Exemplo cirurgia curativa: tumor periampular → 
duodenopacreatectomia. 
 
• Cirurgia D1 (cadeias primárias removidas), D2 
(cadeias secundárias – radical), D3 (cadeias 
terciárias – segurança). 
Existem cirurgias radicais e cirurgias paliativas. São 
cirurgias radicais: ressecção em bloco da lesão com 
margens negativas, ressecções linfonodais. 
Ressecção D1 é perigástrica. D2 é uma ressecção 
linfonodal radical (proposta curativa). D3 sobe para 
os periesofágicos. Na ressecção linfonodal tem que 
seguir o vaso pra tirar o linfonodo. Vai descascando 
a artéria toda, aumento o tempo de cirurgia. 
 
• Líquido peritoneal: citologia (lavado peritoneal): 
Alguns neos precisam de coleta de citologia 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
oncótica. Citologia oncótica faz parte do 
estadiamento, mais no sentido de ter metástase 
peritoneal. 
❖ 500 ml SF 0,9% → coleta 500 ml. Isso é um dos 
princípios do magic trial, que é o estudo do 
tratamento de câncer de estômago. 
❖ Falso positivo: células mesoteliais (células que 
recobrem parede de víscera oca) podem dar 
falso positivo por células oncológicas. 
❖ Sangue. 
A citologia oncótica faz 
parte do estadiamento. 
Lembrar que o 
estadiamento é feito 
sempre para mais (para 
tratar mais). Ex: neo 
de estômago estádio 2, mas que veio com citologia 
oncótica do lavado peritoneal positivo com protocolo 
da magic trial, vai ser tratado como neo de estômago 
estádio 2 (e não como carcinomatose) e fazer a 
cirurgia curativa. Reexplicando: tem provável 
carcinamatose peritoneal, apesar de não ver no 
vídeo. Estadiar para menos. 
Estadiamento pré-operatório (nível 2). Entra na 
cirurgia. Não achou metástase → gastrectomia com 
linfadenectomia D2. Manda a peça. Achou metástase 
linfonodal com mais de 15 linfonodos → caracteriza 
doença metastática → estádio 4. Isso já é estádio 
pós-operatório, que é o mais fidedigno, que é com 
base em peça, lesão e linfonodo. 
Então, sempre estadia pré e pós-operatório! Isso 
pode mudar a conduta. 
Existe uma limitação da imagem. Imagem consegue 
ver linfonodomegalia, mas não consegue dizer se 
tem doença ou não. Para dizer se é uma reação 
desmoplásica que é do processo inflamatório 
relacionado ao tumor ou câncer mesmo só a 
patologia para saber. Além disso, pode ter linfonodo 
limítrofe e, quando vai olhar na patologia, ele é 
positivo. O normal do linfonodo é menos que 1cm. 
A busca ativa de linfonodo é um processo tátil, 
manual, buscando no omento. 
Princípios da cirurgia oncológica 
• Operação curativa (R0): macroscopicamente e 
microscopicamente sem lesão. 
• R1: microscopicamente comprometida. 
• R2: macroscopicamente comprometida. 
❖ Exame de congelação de margens (marcar). 
❖ Clipamento de estruturas – RT. 
Imagem: lobo esquerdo do fígado, 
que apesar de não está aparecendo, 
tinha margem. Essa foi uma 
metastasectomia (retirada dessa 
metástase e dessas três lesões 
abaixo que provavelmente eram 
metastáticas também). Neste caso, se coloca a 
margem no limite (depende de órgão). Ex: margem de 
cólon (5cm); fígado – negativa (0cm). 
São realizadas marcações conforme as margens 
necessárias, e orientação para o patologista, o que 
facilita a congelação. 
Também podemos utilizar de uma outra estratégia 
cirúrgica, que é o clipamento de estruturas, para, por 
exemplo, isolar a estrutura e futuramente realizar 
radioterapia somente naquela porção. 
• Videolapararoscopia (1ª imagem): está muito 
bem estabelecida. Atualmente, a cirurgia aberta 
só é feita se for contraindicada por vídeo ou se 
dentro do rol das cirurgias de vídeo não entra 
a cirurgia desejada. Por exemplo: Hepatectomias 
maiores, direita, entre outras, ainda não se tem 
autorização na literatura nos maiores centros 
para fazer essa cirurgia videolaparoscópica. 
• Aberta (2ª imagem). 
• Robótica (3ª imagem) – é sempre necessário um 
primeiro auxiliar. 
Existe vantagem na cirurgia robótica em relação à 
videolaparoscópica? Sim, algumas especialidades são 
muito bem estabelecidas na robótica, como a 
urologia, cirurgia de parede abdominal, ou de pelve. 
 
Tratamento medicamentoso 
Não é necessário saber fazer o tratamento 
medicamentoso na cirurgia oncológica, mas precisa 
saber indicar. Atualmente, com a presença do 
oncologista já não é tão mais necessário, porém todos 
 
8 
Beatriz Machado de Almeida 
Cirurgia oncológica – Aula 1 
agem de forma conjunta, conforme a necessidade do 
paciente. É necessário saber quais as neoplasias 
que serão realizadas QT. 
• Taxa de crescimento celular – QT (as células do 
câncer se reproduzem mais rápido do que uma 
célula normal, mas não necessariamente). 
• QT/RT neoadjuvante: diminuir tumor (vem antes 
da cirurgia) e permitir cirurgia mais adequada. 
“Neo” = início, antes de operar. Ex.: tumor de 
reto, quanto menor a lesão da cirurgia, melhor, 
menosperdas, pra não deixar o paciente com uma 
colonoscopia pra o resto da vida. 
Terapia de conversão: Um tumor de cabeça de 
pâncreas invadindo o mesentélio, - 180º, mas é 
invasão vascular, ramo principal. O paciente pode 
morrer na cirurgia, faz-se uma quimio de conversão 
pra ver se melhora esse acometimento vascular ali 
da mesentérica ou uma quimio neoadjuvante que já se 
faria por conta de protocolo medic trayal no câncer 
de estômago. 
• QT adjuvante: é a QT após operar. Tem um 
tempo determinado para terminar ela. 
❖ Intenção curativa, tempo determinado. 
❖ Cânceres > ou = t3 ou doença linfonodal. 
• QT para progressão de doença – PS e 
sintomatologia = paliação, controle de doença, 
controle de dor. 
 
• Toxicidade: dose dependente; mudança de 
droga – paciente que fez muita toxicidade, ou se 
reduz a dose ou troca a medicação, mas isso é 
o oncologista que faz.

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