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1 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 Introdução Importante problema de saúde pública O indivíduo é retirado do seu estado de produtividade e colocado em um lugar onde ele precisa priorizar cuidados com a própria saúde, tornando-o então um problema de saúde pública (assim como a cirurgia oncológica). REPERCUSSÕES ECONÔMICAS ❖ Muitas vezes deparamos com um indivíduo jovem, com câncer, economicamente ativo, responsável pelo sustento da família inteira. Isso leva a impactos na saúde, na família e na sociedade. O paciente vai ser aposentado no INSS, já que ele possui uma doença incapacitante, uma doença terminal (o câncer principalmente). ESTÁGIO DA DOENÇA Quanto mais precocemente se faz o diagnóstico do câncer, mais precoce se trata e menos se tira esse paciente da sua melhor performance perante à sociedade. Quando um paciente se apresenta com um nódulo de tireoide suspeito de malignidade, realiza uma tireoidectomia parcial, e com 15 dias ele volta a trabalhar. No entanto, quando o paciente apresenta lesão de tireoide metastática para linfonodos cervicais e é feita uma cirurgia com esvaziamento axilar, exérese de partes de via aérea, de tubo digestivo. É completamente diferente fazer a retirada de um pequeno pedaço da tireoide, quando comparado ao processo de “desfazer” a cabeça e o pescoço do paciente, o que ocasiona maior impacto. INCIDÊNCIA CRESCENTE (2001 -> 305.000 casos novos; 117.000 óbitos - INCA); (2012 – 2013 → 518.000 casos novos). Isso ocorre porque atualmente tem-se muito mais métodos de diagnósticos, e porque as pessoas sabendo que podem ser diagnosticadas antes, se preocupam mais. Dessa forma, quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, menos retira-se o paciente da sua vida social, ou da própria vida. Utilização regras de normatização Ao se tratar de câncer, é necessário normatizar, para que todos falem a mesma língua e entenda-se quem é o paciente. Quando se resume em estadiamento, já entende-se prognóstico, sobrevida, morbidade e o tipo de cirurgia com uma única palavra. Saber que ¨João estágio I¨ é diferente de ¨Joana estágio IV¨. • Envelhecimento populacional: É um fator relacionado ao aumento do número de casos de câncer, a depender do seu tipo. O fato de haver uma sobrevida maior, uma expectativa de vida média maior faz com que isso acabe aparecendo, embora não tenha evidência na literatura, pois atualmente o rastreio é mais precoce, e o indivíduo preocupa-se muito mais, então diagnostica-se mais. O câncer de próstata apresenta relação com a idade. • Rastreio: Ca de cólon (45 anos), Ca de mama (40 anos). Neo de tireoide não tem rastreio, a pessoa mesmo decide fazer um ultrassom. Visão multidisciplinar • Na cirurgia, de forma geral não se trabalha só, mas sim com outras pessoas. Primeiro porque o cirurgião só opera com outra pessoa, e cirurgia oncológica não se faz de uma forma geral somente a cirurgia, sendo necessário que o paciente vá para a quimioterapia, para a radioterapia, além de ser necessário o apoio psicológico no processo de aceitação (sair da negação). Às vezes é necessária a fonoaudiologia, pois por exemplo, o paciente fez uma tireoidectomia e consequentemente houve uma lesão de laringe levando a rouquidão. Oncologia Medicina que trata o câncer, seja clínico ou cirúrgico CIRURGIÃO ONCOLÓGICO Até 20 anos atrás, não existia a especialização de cirurgia oncológica. Atualmente já existe. Cirurgia Oncológica 2 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 • Ginecologia (cirurgia gênito-urinária), gastroenterologia (cirurgia do aparelho digestivo), urologia (a especialidade que mais faz a sua própria cirurgia oncológica), entre outros. • O cirurgião oncológico surge para resolver os cânceres em geral, mesmo que envolva áreas diferentes (com invasão de áreas adjacentes). • Os cirurgiões oncológicos pegaram uma parcela muito mais ligada à área da ginecologia; o ginecologista, de uma forma geral, possui uma área de abrangência muito grande (ambulatorial, histeroscopia, fertilidade), e acaba que eles não são de formação tão cirúrgica, e aí o cirurgião oncológico vendo essa abertura hoje, a maior parte deles possui predileção para ginecologia. CÂNCERES SÓLIDOS • O cirurgião oncológico trata de cânceres sólidos (rim, fígado, pâncreas), ou seja, não trata, por exemplo, uma leucemia, pois não é possível retirar a leucemia (o tratamento é basicamente quimioterápico). CURA X PALIAÇÃO A cirurgia oncológica não entra só para cura; • Câncer de cabeça de pâncreas (estágio I) → cirurgia; • Estágio IV - dificuldade de passagem de conteúdo gastrointestinal por conta de lesão → cirurgia para se fazer derivação desse paciente. Neo de cabeça de pâncreas ou periampular → é preciso colocar o paciente pra comer de volta. Desse modo, não se entra somente no contexto de cura, mas entra-se também no contexto de paliação. É importante oferecer conforto ao paciente, desospitaliza-lo (pensando no estágio IV). Avaliação do paciente com câncer Para que se entenda quem é o paciente, deve-se fazer uma normatização do mesmo. Imagine que você vai operar um paciente de 90 anos com câncer de colo de pâncreas, com invasão de duodeno, obstruindo, é diferente de uma paciente de 90 anos acamada, que não contacta; nunca se prolonga sofrimento, devendo sempre oferecer conforto, desospitalizar o paciente para que aquele paciente que possui um prognóstico/sobrevida de 6 meses, aproximadamente, tenha conforto nos seus últimos dias e termine-os de forma confortável. • Para que se saiba tomar essa decisão, utiliza-se duas classificações principais de Perfomance Status (PS); Performance status (PS) KARNOFSKY (AJCC) É uma graduação de 0 (morto) a 100 (indivíduos sem limitação), graduando de 10 em 10 (capaz de fazer atividade com poucos sintomas, capaz de fazer exercício com esforço, entre outros); EASTERN COOPERATIVE ONCOLOGY GROUP É muito mais utilizado atualmente, além de ser muito mais fácil. O ECOG é o contrário do AJCC. ❖ ECOG 0 → sem queixas; ❖ ECOG 1 → poucas limitações; ❖ ECOG 2 → é quando a limitação é menor do que 50% (mais de 50% do tempo fora do leito); ❖ ECOG 3 → mais de 50% de limitação; ❖ ECOG 4 → acamado; ❖ ECOG 5 → moribundo No paciente diagnosticado identificou-se o estágio, operou-se, e agora deve-se fazer um seguimento, de um modo geral. Depois do diagnóstico, estadiamento, performance, cirurgia, seguir o paciente nos primeiros 3-5 anos de 6 em 6 meses. 3 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 Seguimento • Intervalo: ❖ Semestral até o terceiro ano; ❖ Anual do terceiro ao quinto ano. Nos três primeiros anos diagnostica-se recidiva precoce, sendo extremamente importante, além de fazer a avaliação de PS (performance status), saber quais são as limitações (se tem limitação motora, fonoaudiológica), sendo necessário esse acompanhamento de 6 em 6 meses até o terceiro ano. A partir do terceiro, até o quinto ano (isso de uma forma geral, pois cada tipo de câncer tem uma limitação) a consulta é anual, e após o quinto ano o paciente recebe “alta” (o oncologista cirúrgico geralmente começa a pensar em liberar o paciente até 2 – 3 anos, mas no oncologista clínico o paciente sempre vai uma vez por ano). É muito difícil dar alta do ponto de vista psicológico para o paciente oncológico, pois sabe-se que como o câncer está sendo relacionado a doenças e que pode ter um caráter genético e hereditário, o ideal é manter o acompanhamento desse paciente. Estadiamento PRINCÍPIOS DO ESTADIAMENTO • O estadiamento do paciente se dá através do sistema TNM (1943- 1952): tumor, linfonodo, metástase. REGRAS GERAIS ❖ T: extensão do tumor primário (seja extensão de tamanho ou de invasão deparede, depende de onde esteja-se lidando com o tumor). ❖ N: ausência ou presença de linfonodos positivos (sejam esses linfonodos locorregionais ou linfonodos à distância que também podem ser classificados como M) e extensão das metástases em linfonodos ❖ M: ausência ou presença de metástase a distância (fígado, pulmão – principais locais de metástases do TGI) ❖ Números: t0, t1, N0, N1 ... (T classifica de T1 a T4, por tamanho ou invasão de camadas; N vai depender do tipo do tumor, chegando até N3). ❖ Pode ser ainda subdividido se houver necessidade (T1a., T1b, T2a, T2b...) ❖ In situ: Existem duas classificações no estádio que não mudam. Estádio 0 → carcinoma in situ; Estágio IV → metástase; SEMPRE. EXEMPLO – CÂNCER DE ESTÔMAGO – TNM O CA de estômago é bastante rico em TNM; o Tx é in situ. Depois T1a, T1b, T2a, T2b, T3 e T4. No câncer de víscera oca (esôfago, estômago, duodeno, intestino grosso, intestino delgado) classifica-o de acordo com a invasão de parede, já que na parede das vísceras ocas tem-se camadas. Imagem acima: camadas da parede do estômago (mucosa, lâmina própria, submucosa, muscular própria – duas camadas - circular e longitudinal – subserosa e serosa). Desse modo, de acordo com a invasão dessas camadas é que se consegue classificar o T (extensão do tumor). • T1a: somente mucosa. • T1b: passa da mucosa e invade a submucosa. • T2a: invade a muscular própria (existe uma camada intermediária chamada muscular da mucosa, mas a partir do T2 já começa a invasão da muscular própria). • T2b: subserosa. • T3: serosa. • T4: órgãos adjacentes. 4 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 O N é de acordo com o número de linfonodos • N1: até 6. • N2: de 7 a 15. • N3: acima de 15. Pode existir um milhão de subclassificações, e às vezes dentro dessas subclassificações trata-se o paciente de uma forma só. Dessa forma, na cirurgia oncológica juntou-se os T´s com os N´s, de modo que aquele mesmo TNM fosse o mesmo tratamento. Quando se fala em estádio, fala-se da mesma forma de tratamento, mesmo prognóstico e mesma sobrevida (1a, 1b, 2, 3a, 3b e 4). De acordo com o estádio, tem-se alguns grupamentos, como T1N1, T2N0, onde tende-se a ter mais diferença de T e de N, mas o estádio é o mesmo. É isso que vai guiar o tratamento, a sobrevida, etc. Imagem acima: observa-se o que muda macroscopicamente. O Tx é o tumor só da mucosa, no T1 já ocorre invasão de submucosa, T2 já invade muscular própria, T3 já vai até a serosa, e T4 invade estruturas adjacentes. Desse modo, observa-se que ele muda em tamanho também, mas como estamos falando de víscera oca, estamos falando de parede, ou seja, é uma classificação em parede. Princípios do estadiamento O paciente está com câncer, sendo necessário fazer o estadiamento, mas não é só tirar uma foto e acabou. REGRAS GERAIS • Classificação pré operatória: guia na tomada de decisão. • Pós operatória: guia para necessidade de quimioterapia ou radioterapia. É o estadiamento definitivo do paciente – peça cirúrgica. O pré operatório informa o que vai ser feito, por exemplo, um paciente com tumor de pâncreas que não invade estruturas adjacentes, dois centímetros, sem invasão vascular OU peguei esse mesmo tumor de pâncreas de dois centímetros sem invasão vascular, sem lesão de duodeno, que não está obstruindo, mas tem uma metástase hepática ... então, o tratamento vai ser de uma forma diferente. Deve-se levar em consideração a idade do paciente; se for pego um paciente economicamente ativo, tenta-se sempre o trazer para fora do livro, já que no livro, um paciente com câncer de pâncreas com metástase no fígado, não há o que fazer, restando oferecer conforto. Dessa forma, é necessária a classificação pré e pós operatória para a decisão. Se esse mesmo câncer de pâncreas encontrar-se com metástase linfonodal à distância, que já é metástase, não trata-o sem perspectiva cirúrgica; quando se fala na tomografia que o paciente tem metástase para um linfonodo, diz porque o linfonodo está aumentado, PORÉM esse linfonodo aumentado não necessariamente é doença ... De uma forma geral, é! Mas utiliza-se o benefício da dúvida; não se trata o paciente para mais, pois imagine se fosse tratado esse paciente com CA de pâncreas com metástase à distância como um paciente metastático, e de repente, ao acompanhar do paciente por 1-2 anos, a doença só está crescendo de forma locorregional, sem nenhum outro local de metástase linfonodal, hepática ou pulmonar. Então, provavelmente essa doença não era metastática (sobrevida média de 6 meses há um ano). Desse modo, para que não se erre nem para mais nem para menos, na dúvida, estadie para menos, como estádio 1 ou 2, e aí trate. • Agrupamento em estádios: avalia e seleciona terapêutica (na dúvida, → estádio inferir). 5 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 Quadro: subclassificações das metástases. Apesar de ser permitido utilizar subclassificações para metástases (pulmonar, óssea, hepática, cerebral, linfonodal, medula, pleural, peritoneal, cutânea) ... A gente usa metástase como metástase apenas. Para ser feito o estadiamento, deve-se sempre pensar no paciente, pesando o custo benefício em relação às condições do mesmo. 3-6 meses é um bom tempo para re-estadiar, caso tenha ficado dúvidas a respeito de uma paciente limítrofe. Ex. Paciente de 75 anos (limítrofe), ECOG 2 (limitação com <50%), cardiopata (IAM com 50 anos) → tem limitação pra cirurgia de grande porte. Metástase linfonodal do neo de Pâncreas, vários linfonodos aumentados → não coloca numa duodenopancreactomia. Fazer quimioterapia. Avaliar depois de 3 meses com um exame de imagem. Estável ou regressão → boa respondedora. A mesma paciente com ECOG 4, acamada → quimioterapia, paliativa. Cânceres múltiplos • Cânceres múltiplos: maior categoria de T e multiplicidade entre parêntese. Ex: t2(m) • Tireoide, nefroblastoma, neuroblastoma e fígado → Tabela abaixo. Fígado T1 Único sem invasão vascular T2 Único com invasão vascular. Múltiplo <= 5cm T3 Múltiplo >5 cm Invade ramo principal das veias porta ou hepática T4 Invade outros órgãos adjacentes que não a vesícula biliar. Perfura peritônio visceral. N1 Regional Quando existem cânceres múltiplos (paciente com duas lesões sincrônicas são 2 primários; 1 lesão → é um câncer só; 2 lesões → é segundo primário). A multiplicidade (m) é colocada entre parênteses. Isso é extremamente raro, mas existem pacientes que tem o primeiro problema (P1) – ¨Agenesia de anjo da guarda¨→ vem sem anjo da guarda e vem com 2 primários. Às vezes dá pra pegar no início e tratar adequadamente. Além disso, existe uma classificação para tireoide, para nefroblastoma, para neuroblastoma e para fígado, pois como eles são órgãos sólidos, não existe parede. Então, a classificação dele vai ser por multiplicidade. Tabela anterior: resumo do fígado, onde pode-se ter um T único ou um T múltiplo e o tamanho, ou seja, ele avalia a multiplicidade e o tamanho, além de invasão vascular. TUMORES SINCRÔNICOS • Aqueles que não podem ser considerados metástases, invasão ou recorrência do primeiro, tendo como intervalo entre o diagnóstico do segundo tumor primário menos que seis meses. É quando um tumor vem junto do outro. Se há um câncer de estômago com metástase hepática, tem-se uma lesão sincrônica; Situação: foi diagnosticado hoje um tumor de tireoide e, de repente, daqui há 1 mês, fazendo o estadiamento, na tomografia observa-se uma lesão de ovário. Não tem metástase de tireoide para ovário, a princípio. Então são duas lesões primárias, ou seja, tumores sincrônicos. TUMORES METACRÔNICOS São neoplasias independentes que se desenvolvem em indivíduos nos quais se afastou a presençade lesão sincrônica. Não são dois primários. São neoplasias que vem de tempos diferentes. Dessa forma, no sincrônico as lesões vieram ao mesmo tempo (quando se fala de oncologia cirúrgica, fala-se de 6 meses, que é o tempo em que se está acompanhando o paciente), juntos, mas não são a mesma lesão. No metacrônico são neoplasias que vieram no indivíduo e que não são dois primários. São lesões que são do mesmo tumor. Graduação histopatológica Ao operar um câncer de intestino grosso, um adenocarcinoma, vai graduar em moderadamente diferenciado, bem diferenciado e indiferenciado (graduação histopatológica). É assim porque é necessário ter a peça para fazer o estádio, que nesse caso, é pós operatório. 6 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 Classificação cirúrgica Classificação cirúrgica é basicamente o que se vê durante a cirurgia, que vai desde a doença r0 (aquela onde não há doença macroscópica, não se visualiza. Ao entrar numa cirurgia de câncer, dá pra perceber que o aspecto macroscópico é uma lesão mais esbranquiçada, diferente do tecido normal) e ao retirar uma neoplasia de fígado , quando se sai r0, é quando se sai com um pouco de margem hepática normal circundando o tecido adjacente . Na cirurgia r2 tem-se uma neoplasia de fígado que invade a veia porta, e se não se consegue retirar a porta (um pedaço dela, pois se faz a reconstrução), deixa a doença lá. Saiu-se r2. Desse modo, se não foi visualizado deixar a doença é r0, mas se foi visualizado e deixado doença é r2. No caso do r1, retira-se a peça e manda para congelação, e aí marca, colocando fio (Ex. prolene azul na margem proximal e vycril roxo na margem distal); É necessário para que o patologista saiba quais são as margens respectivamente. Após a marcação, o patologista informa que, por exemplo, a margem distal está comprometida, então volta-se para a cirurgia e amplia a margem distal . Dessa forma, r1 é histopatológica na anatomia de congelação (essa marcação não é padrão). A marcação para o patologista é feita na própria cirurgia. Quando se fala de lesões cirúrgicas retiradas, ou se manda em potes diferentes, com margem distal e proximal, ou quando se pega uma lesão sólida, como o fígado, marca-se as margens com um fio diferente do outro (como mencionado). Princípios da cirurgia oncológica • Caráter paliativo (ressecção parcial, bypass, derivação) X curativo (margens, linfonodos). • Cirurgia radical. Exemplo de ressecção parcial: paciente com neo de estômago grande, 40 anos, puérpera de 6 meses, sangrando (HB 5) → Gastrectomia parcial. Não tem mais proposta curativa. Exemplo bypass: paciente com neo com metástase no fígado. Sem proposta curativa (ECOG 2-3). Pela endoscopia viu metástase de estômago. A paciente apresentada regurgitações e vômitos de aproximadamente mês. O bypass do estômago ajuda ela a voltar a comer, parar de vomitar e voltar para casa, mesmo que sem perspectiva curativa. Exemplo cirurgia curativa: tumor periampular → duodenopacreatectomia. • Cirurgia D1 (cadeias primárias removidas), D2 (cadeias secundárias – radical), D3 (cadeias terciárias – segurança). Existem cirurgias radicais e cirurgias paliativas. São cirurgias radicais: ressecção em bloco da lesão com margens negativas, ressecções linfonodais. Ressecção D1 é perigástrica. D2 é uma ressecção linfonodal radical (proposta curativa). D3 sobe para os periesofágicos. Na ressecção linfonodal tem que seguir o vaso pra tirar o linfonodo. Vai descascando a artéria toda, aumento o tempo de cirurgia. • Líquido peritoneal: citologia (lavado peritoneal): Alguns neos precisam de coleta de citologia 7 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 oncótica. Citologia oncótica faz parte do estadiamento, mais no sentido de ter metástase peritoneal. ❖ 500 ml SF 0,9% → coleta 500 ml. Isso é um dos princípios do magic trial, que é o estudo do tratamento de câncer de estômago. ❖ Falso positivo: células mesoteliais (células que recobrem parede de víscera oca) podem dar falso positivo por células oncológicas. ❖ Sangue. A citologia oncótica faz parte do estadiamento. Lembrar que o estadiamento é feito sempre para mais (para tratar mais). Ex: neo de estômago estádio 2, mas que veio com citologia oncótica do lavado peritoneal positivo com protocolo da magic trial, vai ser tratado como neo de estômago estádio 2 (e não como carcinomatose) e fazer a cirurgia curativa. Reexplicando: tem provável carcinamatose peritoneal, apesar de não ver no vídeo. Estadiar para menos. Estadiamento pré-operatório (nível 2). Entra na cirurgia. Não achou metástase → gastrectomia com linfadenectomia D2. Manda a peça. Achou metástase linfonodal com mais de 15 linfonodos → caracteriza doença metastática → estádio 4. Isso já é estádio pós-operatório, que é o mais fidedigno, que é com base em peça, lesão e linfonodo. Então, sempre estadia pré e pós-operatório! Isso pode mudar a conduta. Existe uma limitação da imagem. Imagem consegue ver linfonodomegalia, mas não consegue dizer se tem doença ou não. Para dizer se é uma reação desmoplásica que é do processo inflamatório relacionado ao tumor ou câncer mesmo só a patologia para saber. Além disso, pode ter linfonodo limítrofe e, quando vai olhar na patologia, ele é positivo. O normal do linfonodo é menos que 1cm. A busca ativa de linfonodo é um processo tátil, manual, buscando no omento. Princípios da cirurgia oncológica • Operação curativa (R0): macroscopicamente e microscopicamente sem lesão. • R1: microscopicamente comprometida. • R2: macroscopicamente comprometida. ❖ Exame de congelação de margens (marcar). ❖ Clipamento de estruturas – RT. Imagem: lobo esquerdo do fígado, que apesar de não está aparecendo, tinha margem. Essa foi uma metastasectomia (retirada dessa metástase e dessas três lesões abaixo que provavelmente eram metastáticas também). Neste caso, se coloca a margem no limite (depende de órgão). Ex: margem de cólon (5cm); fígado – negativa (0cm). São realizadas marcações conforme as margens necessárias, e orientação para o patologista, o que facilita a congelação. Também podemos utilizar de uma outra estratégia cirúrgica, que é o clipamento de estruturas, para, por exemplo, isolar a estrutura e futuramente realizar radioterapia somente naquela porção. • Videolapararoscopia (1ª imagem): está muito bem estabelecida. Atualmente, a cirurgia aberta só é feita se for contraindicada por vídeo ou se dentro do rol das cirurgias de vídeo não entra a cirurgia desejada. Por exemplo: Hepatectomias maiores, direita, entre outras, ainda não se tem autorização na literatura nos maiores centros para fazer essa cirurgia videolaparoscópica. • Aberta (2ª imagem). • Robótica (3ª imagem) – é sempre necessário um primeiro auxiliar. Existe vantagem na cirurgia robótica em relação à videolaparoscópica? Sim, algumas especialidades são muito bem estabelecidas na robótica, como a urologia, cirurgia de parede abdominal, ou de pelve. Tratamento medicamentoso Não é necessário saber fazer o tratamento medicamentoso na cirurgia oncológica, mas precisa saber indicar. Atualmente, com a presença do oncologista já não é tão mais necessário, porém todos 8 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 1 agem de forma conjunta, conforme a necessidade do paciente. É necessário saber quais as neoplasias que serão realizadas QT. • Taxa de crescimento celular – QT (as células do câncer se reproduzem mais rápido do que uma célula normal, mas não necessariamente). • QT/RT neoadjuvante: diminuir tumor (vem antes da cirurgia) e permitir cirurgia mais adequada. “Neo” = início, antes de operar. Ex.: tumor de reto, quanto menor a lesão da cirurgia, melhor, menosperdas, pra não deixar o paciente com uma colonoscopia pra o resto da vida. Terapia de conversão: Um tumor de cabeça de pâncreas invadindo o mesentélio, - 180º, mas é invasão vascular, ramo principal. O paciente pode morrer na cirurgia, faz-se uma quimio de conversão pra ver se melhora esse acometimento vascular ali da mesentérica ou uma quimio neoadjuvante que já se faria por conta de protocolo medic trayal no câncer de estômago. • QT adjuvante: é a QT após operar. Tem um tempo determinado para terminar ela. ❖ Intenção curativa, tempo determinado. ❖ Cânceres > ou = t3 ou doença linfonodal. • QT para progressão de doença – PS e sintomatologia = paliação, controle de doença, controle de dor. • Toxicidade: dose dependente; mudança de droga – paciente que fez muita toxicidade, ou se reduz a dose ou troca a medicação, mas isso é o oncologista que faz.
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