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Ministério de Paulo


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Ministério 
do 
Apóstolo 
Paulo 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
2 
Sumário 
 
1 - Conversão de Paulo 3 
2 - Primeira Viagem Missionária de Paulo 4 
3 - Escrita de Gálatas 8 
4 - Tema Central de Gálatas 10 
5 - Conteúdo Geral de Gálatas 13 
6 - Segunda Viagem Missionária de Paulo 16 
7 - Escrita de I e II Tessalonicenses 26 
8 - Conteúdo Geral de I e II Tessalonicenses 28 
9 - Terceira Viagem Missionária de Paulo 30 
10 - Escrita de I aos Coríntios 35 
11 - Escrita de II aos Coríntios 36 
12 - Escrita de Romanos 37 
13 - Conteúdo Geral de I Coríntios 37 
14 - Conteúdo Geral de II Coríntios 40 
15 - Conteúdo Geral de Romanos 
 Continuação da 3a Viagem Missionária 
 
 43 
16 - Prisão de Paulo em Jerusalém e Cesareia 44 
17 - Primeira Prisão de Paulo em Roma 47 
18 - Escrita de Efésios, Colossenses e Filemom 49 
19 - Escrita de Filipenses 53 
20 - Conteúdo Geral de Efésios e Colossenses 54 
21 - Conteúdo Geral de Filipenses 55 
22 - Período de Liberdade de Paulo entre suas 
 Duas Prisões em Roma 
 
 56 
23 - Escrita de I Timóteo e Tito 56 
24 - Segunda Prisão de Paulo em Roma 57 
25 - Escrita de II Timóteo e Martírio de Paulo 57 
26 - Conteúdo Geral das Pastorais 58 
 
3 
1 - CONVERSÃO DE PAULO 
A conversão do apóstolo ocorreu entre 35-37 d.C. 
no caminho de Damasco (At 9.1-19). 
De Damasco ele foi para a Arábia (Gál 1.17) e 
retornou a Damasco onde pregou nas sinagogas dos 
judeus (At 9.20), e decorridos três anos foi 
perseguido pelos judeus em Damasco, tendo fugido 
para Jerusalém (At 9.23-25), onde esteve com Pedro 
e Tiago (Gál 1.18,19). 
Tendo pregado em Jerusalém e sofrido perseguição 
por parte dos judeus helenistas, foi para Cesareia, 
de onde partiu para Tarso (At 9.28-30) 
Cerca ano 38 Antioquia da Síria foi evangelizada, e 
Barnabé foi buscar Paulo em Tarso para ministrar-
lhes, e ensinaram o evangelho a eles durante um 
ano (At 11.23-26) porque tiveram que ir a Jerusalém 
levando uma oferta daquela igreja para os crentes 
da Judeia em razão da fome que veio sobre todo o 
mundo nos dias do imperador Cláudio (At 11.27-30). 
Cumprida a missão em Jerusalém, Paulo e Barnabé 
retornaram a Antioquia, trazendo consigo a João 
Marcos (At 12.25), e permaneceram ministrando 
em Antioquia até serem chamados pelo Espírito 
Santo para a evangelização do mundo gentio, cerca 
do ano 46. 
4 
2 - PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE 
PAULO (At 13.1 - 14.28) - 46-47 d.C. 
Em sua primeira viagem o apóstolo evangelizou a 
Ilha de Chipre e Galácia (Perge, Antioquia da Psídia, 
Icônio, Listra e Derbe). A Galácia era um distrito da 
Ásia Menor, assim como eram a Cilícia, o Ponto e 
Capadócia, a Leste; a Bitínia e a Mísia ao Norte, 
a Lídia e a Ásia a Noroeste, que compreendia as 
cidades relativas às sete cidades do Apocalipse, e 
entre estas a de Éfeso; a Frígia, a Lícia e a Panfília, 
ao Sul; e a Galácia, Licaônia e Panfília, ao Centro. 
Este território da Ásia Menor é ocupado atualmente 
pela Turquia. 
João Marcos abandonou Paulo e Barnabé desde o 
início, depois de terem evangelizado Chipre (At 
13.13), tendo voltado para Jerusalém, quando 
chegaram em Perge, na Panfília, que era uma cidade 
portuária. Em Antioquia da Psídia, Paulo procurou 
pregar o evangelho primeiro aos judeus em suas 
sinagogas (At 13.14) mas como estes se mostraram 
endurecidos e invejosos da conversão dos gentios, 
Paulo passou a intensificar sua ministração junto 
aos gentios (At 13.44-46). A Palavra do Senhor era 
pregada e “creram todos os que haviam sido 
destinados para a vida eterna” (At 13.48,49). 
Perseguido pelos judeus Paulo partiu para Icônio. 
5 
Em Icônio creu uma multidão tanto de judeus, como 
de gregos, e o Senhor “confirmava a Palavra da sua 
graça, concedendo que por mão deles se fizessem 
sinais e prodígios” (At 14.3). Mas, perseguidos pelos 
judeus incrédulos, Paulo e Barnabé tiveram que 
fugir para Listra. 
Em Listra, o Senhor curou pelas mãos de Paulo um 
paralítico de nascença (At 14.8-10), e judeus vindos 
de Antioquia da Psídia e Icônio instigaram as 
multidões para apedrejarem a Paulo, que foi dado 
como morto, mas rodeado pelos discípulos, 
levantou-se e partiu com Barnabé para Derbe (At 
14.19,20) onde anunciou o evangelho e fez muitos 
discípulos, tendo retornado para Listra, Icônio e 
Antioquia, “fortalecendo as almas dos discípulos, 
exortando-os a permanecer firmes na fé: e 
mostrando que, através de muitas tribulações nos 
importa entrar no reino de Deus.” (At 14.21,22). 
Depois de orar com jejuns, Paulo e Barnabé 
promoveram a eleição de presbíteros para cada 
igreja destas cidades da Galácia, (Derbe, Listra, 
Icônio, Antioquia da Psídia), que haviam sido 
evangelizadas (At 14.23) e onde foram organizadas 
igrejas. 
Perge, que tenha sido talvez apenas um ponto de 
escala para Antioquia da Psídia no início 
da 1a viagem de Paulo (At 13.14) foi evangelizada 
quando Paulo e Barnabé estavam retornando para 
a igreja de Antioquia da Síria (At 14.25) a igreja que 
6 
os enviou, e à qual prestaram relatório de tudo que 
Deus fizera por meio deles (At 14.26-28). 
Encerrando-se assim a 1a viagem missionária de 
Paulo entre os gentios. 
No ano 48 Paulo e Barnabé permaneceram em 
Antioquia provavelmente, por mais de um ano (At 
14.28) depois do término da 1a viagem, até que se 
dirigiram para Jerusalém, juntamente com Tito (Gál 
2.1-10), que era um crente gentio, porque alguns 
indivíduos que haviam descido da Judeia para 
Antioquia estavam ensinando que não podia haver 
salvação sem que se guardasse toda a lei de Moisés, 
inclusive, seus mandamentos civis e cerimoniais (At 
15.1,5), e certamente estes judaizantes estavam 
também disseminando este ensino nas regiões 
recém-evangelizadas por Paulo na Galácia, tanto 
que este é o assunto principal da epístola que lhes 
dirigiu. 
Os apóstolos e presbíteros da igreja de Jerusalém se 
reuniram juntamente com Paulo e Barnabé, para 
examinar a questão (At 15.4), mas como alguns 
crentes que eram da seita dos fariseus se insurgiram 
afirmando o ponto de vista judaizante, Pedro 
tomou a palavra e recordou a conversão do 
centurião romano Cornélio e sua casa (At 15), e que 
a salvação era pela graça tanto para judeus quanto 
para gentios, e que não se deveria colocar sobre a 
cerviz dos discípulos um jugo que nem eles nem 
seus antepassados puderam suportar (At 15.10,11), 
7 
referindo-se a todos os mandamentos civis e 
cerimoniais da lei de Moisés, que foram revogados 
em Jesus com a instituição de uma Nova Aliança, 
para substituir a Antiga. 
Tiago, irmão de Jesus, autor da epístola que leva o 
seu nome, e que era provavelmente o líder da igreja 
de Jerusalém, confirmou a palavra de Pedro e que 
se recomendasse tão somente aos gentios, quanto 
às prescrições da lei mosaica, que se abstivessem 
das contaminações dos ídolos, das relações sexuais 
ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue 
(At 15.20,29). E o parecer foi aprovado por todos, 
tanto pelos apóstolos, quanto pelos presbíteros, 
quanto por toda a igreja (At 15.22). Um documento 
foi escrito onde se destacava que aqueles que 
haviam saído da igreja de Jerusalém disseminando 
tal falso ensino, o fizeram sem qualquer autorização 
dos apóstolos e presbíteros da igreja de Jerusalém 
(At 15.24). Paulo retornaria a Antioquia com 
Barnabé, e também com Judas e Silas, que eram 
notáveis entre os irmãos na igreja de Jerusalém, 
para confirmarem o teor do documento dirigido às 
igrejas de Antioquia, da Síria e Cilícia (At 15.22,23). 
Os apóstolos e presbíteros não são menos 
autoridade para o povo de Deus do que as 
autoridades civis instituídas pelo próprio Deus. E o 
mesmo princípio prevalece tanto num quanto 
noutro caso: “Aquele que se opõe à autoridade, 
resiste à ordenação de Deus; e os que resistem 
8 
trarão sobre si mesmos condenação.” (Rom 13.2). 
Os judaizantes agiram por conta própria fora daesfera da autoridade dos apóstolos e presbíteros a 
que estavam sujeitados por Deus, e foram no 
mínimo, envergonhados, no Concílio de 
Jerusalém. 
 
3 - ESCRITA DE GÁLATAS (49 d.C.) 
Esta epístola foi dirigida às igrejas da Galácia 
(Antioquia da Psídia, Derbe, Listra, Icônio, Perge). 
Não temos como determinar a data da escrita da 
epístola aos Gálatas a não ser pelo teor do assunto 
e particularmente pelo combate ao erro dos 
judaizantes, que foi o tema de discussão no Concílio 
de Jerusalém, havido quatorze anos depois da 
conversão de Paulo (Gál 2.1-10), e do fato de Paulo 
afirmar que os gálatas estavam “passando tão 
depressa” daquele que os havia chamado na graça 
de Cristo, para outro evangelho (Gál 1.6), a saber o 
falso evangelho dos judaizantes. Entretanto, não se 
pode mensurar em meses ou anos este “tão 
depressa”. Mas, considerando que a Galácia foi 
ganha para Cristo na 1a viagem missionária de 
Paulo, que durou provavelmente dois anos (46, 47 
d.C.), e se considerarmos que a escrita de Gálatas 
provavelmente se deu em 49 d.C., estando Paulo em 
Antioquia, depois de ter retornado do Concilio de 
9 
Jerusalém, temos um espaço de apenas dois a três 
anos, e o fato de aquela igreja, inclusive seus 
presbíteros serem neófitos, seria um fator 
contribuinte para que se deixassem levar pelo 
argumento dos judaizantes, por conta de sua 
inexperiência no evangelho. Isto pode ter 
influenciado Paulo para retirar daí lições 
importantes quanto a não ser conveniente nomear 
presbíteros com tão pouco tempo de convertidos, 
razão provável de chamar os líderes de Tessalônica, 
não de presbíteros, mas de “os que vos presidem no 
Senhor” (I Tes 5.12). E que viriam a receber o nome 
de presbíteros depois de serem experimentados e 
terem provado estarem à altura das qualificações 
exigidas para a função. Este critério passou a ser 
usado também para a ordenação dos diáconos (I 
Tim 3.6,10), e passaria a ser a norma a ser usada em 
toda a igreja de Cristo. Vale lembrar que Tessalônica 
foi evangelizada depois da 1a viagem missionária e 
do Concílio de Jerusalém. E que as duas epístolas 
que Paulo dirigiu à citada igreja, também foram 
escritas para uma igreja muito jovem na fé, que 
havia sido fundada por Ele recentemente. Já na 
epístola dirigida aos Filipenses, que foi 
provavelmente escrita dez anos depois de Paulo ter 
fundado aquela igreja, se faz menção a presbíteros 
e a diáconos, em razão do tempo decorrido, e da 
aplicação do critério de ocuparem tais cargos 
somente os irmãos maduros na fé, e que 
atendessem às qualificações que são apresentadas 
10 
nas epístolas pastorais, particularmente em I 
Timóteo e Tito. 
 
4 - TEMA CENTRAL DE GÁLATAS 
O tema central desta epístola é o mesmo com o 
qual tiveram que se defrontar os reformistas contra 
o ritualismo e o formalismo religioso do catolicismo 
romano que era o elemento predominante no 
cristianismo ao tempo da Reforma. Este ritualismo 
e formalismo tinham o mesmo caráter do judaísmo 
que fora combatido por Paulo em seus dias, pois 
coloca a ênfase da justificação do pecador na prática 
das obras e não na graça que atua pela fé. O 
trabalho de Paulo em Gálatas foi o mesmo de Lutero 
e dos demais reformistas em seus dias, pois 
trataram de colocar a doutrina da justificação pela 
graça mediante a fé, no devido e exclusivo lugar que 
lhe cabe na salvação do pecador, porque pelas 
obras da lei ninguém será justificado diante de 
Deus. As obras fazem parte da santificação, mas não 
da justificação e da regeneração, que são somente 
pela graça e mediante a fé na pessoa de Jesus Cristo, 
que pagou o preço inteiro para a nossa redenção 
com a Sua morte na cruz. 
Cabe destacar que os erros predominantes contra 
os quais os ensinos das epístolas foram 
especialmente dirigidos foram: 
11 
 1 – O ritualismo proveniente do judaísmo 
 2 – A filosofia racionalista 
 3 – O misticismo das chamadas religiões de 
mistérios 
 4 – O formalismo na religião 
O ritualismo proveniente do judaísmo (1) é 
combatido particularmente na epístola aos Gálatas, 
mas é combatido não somente na maior parte das 
epístolas, como também nos evangelhos e no livro 
de Atos. 
A filosofia racionalista (2), juntamente com o 
misticismo das religiões de mistérios (3), veio a 
produzir o gnosticismo, que baseia a salvação não 
na graça e na fé em Cristo, mas no conhecimento 
elevado da sabedoria mística que é, segundo eles, 
concedido a uns poucos iluminados. A chamada 
Nova Era dos nossos dias, é uma das formas de 
gnosticismo. 
O movimento é antiquíssimo e amorfo, pois que 
repousa nas diversas correntes de pensamento e na 
imaginação humanos de seus adeptos. Por isso não 
convém tentar identificar e atacar o movimento, 
mas sim as suas afirmações e consequências. Do 
mesmo modo que fizeram os apóstolos na igreja 
primitiva. 
12 
O formalismo na religião (4) era um erro que 
prevalecia em todas as seitas tanto judaicas, quanto 
gentílicas, que era uma tendência para separar a 
religião da vida prática. O princípio disto se revelava 
da seguinte maneira: 1 – ritualismo sem 
espiritualidade; 2 – conhecimento sem prática; 3 – 
justificação pela fé sem a santidade. 
As epístolas combatem todos esses erros. O 
cristianismo em todas as épocas é atacado por estes 
mesmos erros, que assumem novos rótulos ou 
roupagens, mas o princípio operante é sempre o 
mesmo de negar a verdade do evangelho e a sua 
prática. 
“O conhecimento destes erros dá-nos 
esclarecimentos sobre a natureza humana, mostra 
a necessidade duma revelação, e de humildade para 
estudá-la, e dá clareza e força ao ensino da Bíblia.” 
- Joseph Angus – História, Doutrina e Interpretação 
da Bíblia. 
O mesmo Joseph Angus, na mesma obra, cita que: 
“Se, na verdade, a tendência judaizante fazia grande 
mal à igreja, não era menor o mal produzido pelo 
espírito da filosofia profana, que se tornava mais 
perigosa para o cristianismo do que a própria 
perseguição. Este espírito de erro apareceu sob 
diversas formas, mas a sua essência era na maior 
parte um racionalismo soberbo (*), que ou recusava 
receber como verdadeira qualquer doutrina que 
não correspondesse a um sistema já formado, ou 
13 
procurava integrar na sua própria filosofia 
quaisquer princípios recebidos. Os gregos 
procuravam sabedoria. Esta tendência revelou-se 
em várias seitas gnósticas que surgiram na igreja. O 
termo gnóstico era vagamente aplicado, porque 
incluía sectários de vários pontos de vista 
diferentes. Este gnosticismo é especialmente 
combatido na epístola aos Colossenses.”. 
(*) Com este mesmo racionalismo soberbo, tiveram 
que tratar os reformistas, e posteriormente esta 
tendência do espírito racionalista de substituir a 
revelação da verdade divina, por teorias e preceitos 
de homens, onde o próprio homem é colocado 
como o centro gravitacional em torno do qual, 
segundo eles, giram todas as coisas, e não Deus, 
como é na verdade. Foi com esta mesma tendência 
e este mesmo espírito que os apóstolos e a igreja 
primitiva tiveram que lutar, para a manutenção da 
verdade em face do ensino de homens e de 
demônios. Para este principal propósito é que 
foram escritas as epístolas do Novo Testamento, 
isto é, para a afirmação da verdade revelada. 
 
5 - CONTEÚDO GERAL DE GÁLATAS 
De fato, em face da urgência de se combater o 
ensino dos judaizantes sobre a justificação pelas 
obras sem a fé, a ênfase de Gálatas recai sobre a 
14 
afirmação da doutrina da justificação pela graça, 
mediante a fé, sem as obras. Tal qual fizeram os 
reformistas em seus dias que não deram tanta 
ênfase à santificação, que inclui as boas obras, pois 
que somos salvos para as boas obras, em face do 
combate ao erro principal que estavam atacando 
em seus dias, que era a falsa promessa de alguém 
obter a salvação pela prática das obras da lei. Um 
autêntico eleito, alguém que nasceu de novo 
(regenerado), por ter sido justificado pela fé em 
Cristo, já obtevea salvação, e deve agora perseverar 
pela mesma graça e fé, na prática das boas obras, 
não para a obtenção da vida eterna, porque esta já 
foi obtida no momento mesmo da sua regeneração 
pelo Espírito. Daí o argumento de Gál 3.1-5, de que 
os gálatas desenvolvessem a sua salvação, 
mediante crescimento espiritual no conhecimento 
da graça e de Jesus Cristo, pelo mesmo Espírito que 
os havia regenerado segundo a fé na Palavra de 
Deus que lhes havia sido pregada. A graça não é 
derramada por Deus como consequência do mérito 
do homem, mas sempre pelos méritos de Cristo. O 
novo nascimento do Espírito e os milagres não são 
portanto o resultado das nossas boas obras, mas da 
fé na Palavra de Deus que era pregada pelos 
apóstolos (3.5). As bênçãos de Deus são sempre o 
resultado da Sua soberana vontade e dos méritos de 
Cristo, e do favor imerecido que dEle recebemos 
pela sua graça, e nunca pelas nossas boas obras, 
ainda que estas sejam necessárias para que nos 
mantenhamos unidos ao Senhor, pela obediência 
15 
prática aos seus mandamentos, o que se consegue 
por um caminhar no Espírito. No entanto, o crente 
foi libertado da condenação da lei, e do 
cumprimento dos mandamentos civis e cerimoniais 
da lei de Moisés, por meio da obra de redenção de 
Jesus Cristo, que se fez maldição no nosso lugar, 
para que os salvos fossem resgatados da maldição 
da lei (5.1-12). Entretanto esta liberdade não deve, 
de modo nenhum, servir de pretexto para se viver 
no pecado, segundo os desejos da carne (5.13). Os 
crentes não devem satisfazer os desejos da carne, 
mediante um andar no Espírito, de modo que 
tenham o fruto do Espírito, em vez das obras da 
carne em suas vidas (5.16-26). Reforçando o 
argumento de não se usar a liberdade obtida em 
Cristo para se dar ocasião à carne, Paulo prossegue 
no cap 6 exortando todos à prática do bem, 
mediante a Palavra de Deus. 
Quando Paulo argumenta nesta epístola contra a 
lei, não está se referindo ao fato de que o crente 
está sem lei diante de Deus, nem contra os 
mandamentos morais da lei, mas ao fato de que em 
Cristo, o crente não está mais obrigado ao 
cumprimento dos mandamentos civis e cerimoniais 
da lei, conforme afirmavam os judaizantes, e nem 
mesmo dos mandamentos morais para a sua 
justificação e regeneração, porque ambas não são 
obtidas pela nossa própria justiça, nem por nossa 
obediência aos próprios mandamentos morais, mas 
simplesmente pela graça, mediante a fé no 
16 
Salvador. Sem que isto signifique, como já dissemos 
antes, um incentivo para que se viva na carne, 
porque somos salvos para vivermos em santidade 
de vida, e isto inclui obediência aos mandamentos 
morais da lei. 
 
6 - SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE 
PAULO (49-51 d.C.) (At 15.36-18.2 
Estando em Antioquia da Síria “ensinando e 
pregando com muitos outros, a palavra do Senhor 
(At 15.35), Paulo disse a Barnabé que deveriam 
visitar os irmãos por todas as cidades em que 
haviam anunciado a palavra do Senhor, para ver 
como passavam (15.36), mas como Barnabé queria 
levar com ele a João Marcos, Paulo não achava justo 
levá-lo com eles porque os havia deixado desde 
Perge na Panfília (15.38), não os acompanhando no 
trabalho. Eles se desentenderam e Barnabé foi para 
Chipre com João Marcos, e Paulo, tomando a 
Silas partiu em direção à Galácia, indo desta vez por 
terra, passando pela Síria e Cilícia, onde ficava sua 
cidade natal de Tarso, confirmando as igrejas 
(15.39-41). Observe que a ênfase do ministério de 
evangelização estava na pregação e ensino da 
Palavra do Senhor, assim como ocorre em todo o 
livro de Atos, e não na simples realização de sinais e 
prodígios, como tem sido enfatizado ultimamente 
17 
em muitas igrejas. O Senhor confirmava a verdade 
da palavra que era pregada e ensinada com a 
realização de sinais e prodígios. Estes últimos não 
eram e nunca foram um fim em si mesmos, porque 
a vontade do Senhor é que se conheça e se pratique 
a Sua Palavra, aplicando-a à vida, daí a necessidade 
de ser pregada e ensinada, especialmente para 
produzir a conversão de almas. A palavra é a 
semente que produz regeneração pelo poder do 
Espírito (I Pe 1.22,23), porque ela é a verdade que 
salva, e que também santifica, porque o Senhor 
pediu ao Pai que nos santificasse com a verdade, e 
que a verdade é a Sua Palavra, e do mesmo modo a 
adoração é pela prática da Palavra, porque esta 
deve ser em espírito e em verdade, e sabemos que 
a única verdade que é usada para a salvação, 
santificação de vidas, e para a adoração, é a verdade 
da Sua Palavra, que é viva e dura para sempre. Era 
portanto para pregar e ensinar esta Palavra que 
Paulo saía em seus projetos missionários. 
Tendo saído de Tarso, Paulo chegou a Derbe, que 
era a cidade mais próxima da sequência das 
visitadas na primeira viagem, que rumo a noroeste, 
encontravam-se na seguinte ordem: Derbe, Listra, 
Icônio e Antioquia da Psídia. Foi no início da 
segunda viagem que Paulo conheceu a Timóteo 
como um discípulo da primeira viagem. Ele deveria 
ser o fruto do trabalho dos que haviam sido 
alcançados para o evangelho na primeira viagem de 
Paulo. Como tinha bom testemunho dos irmãos de 
18 
Listra e Icônio, Paulo quis que ele passasse a 
acompanhá-lo, e circuncidou-o por causa dos 
judeus daqueles lugares (At 16.1-3). Observe que 
não era o fato de um crente se circuncidar que fazia 
com que decaísse da graça, conforme se poderia 
supor da citação do próprio Paulo em Gál 5.2-4. A 
condição citada em Gálatas era contra aqueles que 
estavam procurando se justificar pela lei (o que é 
impossível) e não pela fé. E muitos pensavam que o 
simples ato de se circuncidar era suficiente para a 
salvação. Quem não foi justificado pela fé, e que 
procurava a justificação pelo ato da circuncisão 
estava crendo numa grande ilusão, e para estes, 
Cristo de nada aproveitaria, mas, tal não era 
certamente o caso de Timóteo, cuja confiança para 
a justificação havia sido depositada inteiramente 
em Cristo. Como sua mãe era judia, mas o pai era 
grego, para evitar que fosse acusado falsamente de 
estar descumprindo e agindo contra a lei de Moisés, 
Paulo circuncidou-o para evitar confrontações 
desnecessárias com os judeus. 
As decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros 
no Concílio de Jerusalém foram também entregues 
por Paulo e Silas, nas cidades da Galácia, de modo 
que cumprissem tais decisões. Além do aspecto 
importante da obediência das ovelhas aos 
presbíteros que as dirigem e que são constituídos 
sobre o rebanho pelo Espírito Santo, conforme é da 
vontade de Deus, há que se considerar também que 
este é um forte argumento de que a epístola aos 
19 
Gálatas foi provavelmente dirigida aos crentes 
desta região, porque com as decisões da própria 
igreja da circuncisão em Jerusalém, era colocada 
uma pá de cal sobre o argumento dos judaizantes 
de que era necessário cumprir toda a lei de Moisés 
para se conseguir a salvação. E o resultado imediato 
desta obediência e redirecionamento da igreja à 
verdade do evangelho, foi que as igrejas foram 
fortalecidas na fé, e aumentavam em número dia a 
dia (At 16.5), porque Deus honra a Sua Palavra e 
chama os eleitos à salvação pela palavra do 
evangelho, e não por nenhuma outra palavra que 
seja contrária à mesma. Pregue e ensine a doutrina 
apostólica, e serão obtidos resultados apostólicos. 
Paulo e Silas foram impedidos pelo Espírito Santo de 
pregar a palavra na Ásia, que ficava ao sul da Mísia 
e Bitínia, para onde também foram impedidos de ir 
pelo Espírito Santo, e assim foram para Trôade, uma 
cidade portuária, no extremo do noroeste da Ásia 
Menor, junto ao Mar Egeu, e fronteiriça, na margem 
oposta, ao Norte e ao Oeste, à Macedônia e à 
Grécia, respectivamente. Provavelmente, foi nesta 
cidade de Trôade que Lucas se juntou ao grupo de 
Paulo, porque tendo escrito o livro de Atos, a 
narrativa passa a ser introduzida na primeira pessoa 
do plural, indicando que Lucas se incluía no grupo 
de missionários. Aprimeira ocorrência está em At 
16.10, depois que Paulo teve a visão do varão da 
Macedônia que rogava pedindo que atravessasse o 
mar e fosse para a Macedônia ajudá-los, e Lucas 
20 
registra que assim que Paulo teve a visão, 
imediatamente “procuramos partir para aquele 
destino, concluindo que Deus nos havia chamado 
para lhes anunciar o evangelho.”. Observe o uso da 
primeira pessoa do plural: “procuramos”, “nos 
havia chamado”. 
Com apenas um dia de viagem por mar, saíram de 
Trôade chegando à cidade portuária de Neápolis, da 
Trácia, e obedecendo à visão divina, partiram para 
Filipos, a primeira cidade da Macedônia, tendo 
permanecido alguns dias na cidade. No sábado 
saíram da cidade e foram para junto do rio, à 
procura de um lugar para orar, e ali encontraram um 
grupo de mulheres, e entre estas estava Lídia, a 
quem Paulo evangelizou, tendo sido batizada ela e 
toda a sua casa. Tendo constrangido a Paulo e ao 
seu grupo a permanecerem na sua casa (At 16.11-
15). Quando rumavam noutro dia para o lugar de 
oração junto ao rio, encontraram-se com uma 
jovem possessa de espírito adivinhador que dizia 
que Paulo e seus companheiros eram servos do 
Deus Altíssimo e anunciavam o caminho da 
salvação. E isto se repetia por muitos dias (At 
16.16,17). Ora, Satanás estava ajudando na 
pregação do evangelho ? Certamente que não. Ele 
nunca o fará. Seu estratagema era gerar confusão 
nas mentes de modo que as pessoas julgassem que 
tanto o que a jovem fazia quanto Paulo e seus 
cooperadores procedia do mesmo Deus. Por isso 
Paulo expulsou o espírito da jovem. Aqueles que a 
21 
exploravam vendo fugir a esperança do lucro, 
pegaram Paulo e Silas e os arrastaram à presença 
das autoridades, acusando-os de estarem 
perturbando a cidade por estarem propagando 
costumes judeus para eles que eram romanos. 
Como a multidão aderiu a eles, os pretores 
mandaram rasgar-lhes as vestes e açoitá-los com 
varas, e os lançaram na prisão. Por volta da meia-
noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores, e 
os demais companheiros de prisão escutavam. Um 
terremoto sacudiu os alicerces da prisão e se 
abriram todas as portas e se soltaram as cadeias de 
todos. O carcereiro ia suicidar-se pensando que 
todos tivessem fugido, mas foi impedido por um 
brado de Paulo, dizendo que todos ali se 
encontravam. O carcereiro perguntou o que deveria 
fazer para que fosse salvo. Paulo e Silas lhe disseram 
simplesmente que deveria crer no Senhor Jesus, e 
que ele seria salvo, assim como a sua casa. E 
pregaram a Palavra ao carcereiro e aos da sua casa, 
e naquela mesma hora da noite, cuidou de Paulo e 
Silas lavando-lhes os vergões dos açoites, e a seguir 
foi batizado e todos os seus. E num ato de ousadia, 
levou-os para a sua própria casa e lhes pôs a mesa e 
com todos os seus manifestavam grande alegria por 
terem crido em Deus (At 16.19-26). Era assim que 
estava começando a igreja em Filipos. Com Lídia e 
as mulheres que iam orar junto ao rio, e com a 
família do carcereiro da cidade, e possivelmente 
com alguns dos presos que estavam na prisão e que 
ouviram a Paulo e Silas orar e louvar a Deus, e sobre 
22 
os quais veio o temor do Senhor, pois não fugiram 
quando tiveram oportunidade de fazê-lo. 
Tendo sido libertados pelos pretores, estes pediram 
a Paulo e a seus cooperadores que deixassem a 
cidade, e eles foram para Tessalônica, passando 
antes por Anfípolis e Apolônia (At 17.1), onde não 
fundaram qualquer igreja, nem o livro de Atos 
relata qualquer atividade evangelizadora realizada 
na ocasião, nestas duas cidades. Paulo como de 
costume, procurava sempre evangelizar primeiro os 
judeus, e por isso foi procurá-los, e por três sábados 
arrazoava com eles, acerca das Escrituras, tendo 
alguns sido persuadidos e se uniram a Paulo e Silas, 
bem como numerosa multidão de gregos piedosos 
e muitas mulheres distintas (At 17.1-3). Deste ponto 
em diante da narrativa, não se usa mais a primeira 
pessoa do plural, sendo provável que Lucas tivesse 
ficado em Filipos cuidando da igreja que estava se 
formando. Em At 17.1 se lê: “chegaram a 
Tessalônica”, e não “chegamos a Tessalônica”. 
Os judeus, tomados de inveja, pelos que haviam 
recebido e aceito a Palavra pregada por Paulo, 
alvoroçaram a cidade e foram à casa de Jasom onde 
Paulo e seus cooperadores estavam hospedados, 
mas não os tendo encontrado, pegaram o próprio 
Jasom e o conduziram à presença das autoridades. 
Mas estas soltaram a Jasom depois de lhe terem 
cobrado a fiança estipulada (At 17.4-9), e à noite, os 
irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia. Observe 
23 
que o tempo de permanência de Paulo com os 
crentes de Tessalônica foi bastante curto. E o 
mesmo se daria também com Bereia, porque os 
judeus de Tessalônica vieram perseguir a Paulo ali, 
e ele teve que fugir para a Grécia, chegando na 
cidade de Atenas. Mas Silas e Timóteo 
permaneceram em Bereia, e dali deveriam dar 
assistência à igreja recém-formada em Tessalônica 
que ficava bem próxima de Bereia, mas receberam 
ordem de Paulo que fosse ter o mais depressa 
possível com ele em Atenas (At 17.10-15). 
Paulo não se demorou em Atenas, tendo pregado 
no Areópago, tendo alguns crido (At 17.34). Dali 
partiu para Corinto, outra cidade da Grécia, onde 
passou a residir na casa de Áquila e Priscila, que 
tinham a mesma profissão de Paulo, de fazer 
tendas. E Paulo passou a pregar todos os sábados na 
sinagoga, tanto a judeus como a gregos (At 18.1-4). 
Silas e Timóteo vindos da Macedônia, se reuniram a 
Paulo em Corinto, e Paulo se entregou totalmente à 
Palavra (At 18.5), e como os judeus rejeitavam a 
Cristo, conforme fora predito o seu endurecimento 
pelo profeta Isaías, Paulo devotava-se aos gentios, 
e muitos dos coríntios criam e eram batizados, foi 
quando o Senhor apareceu durante a noite numa 
visão a Paulo ordenando que falasse e não se 
calasse porque era com ele e ninguém ousaria fazer-
lhe mal, pois tinha muito povo na cidade de Corinto 
(At 18.6-10). Ora o que isso significa, senão uma 
clara indicação do conhecimento do Senhor 
24 
daqueles que são os eleitos. Em obediência à ordem 
do Senhor Paulo permaneceu um ano e seis meses 
ensinando o quê entre eles ? A Palavra de Deus (At 
18.11). É para se indagar a quem pensam estar 
servindo aqueles que querem suprimir o ensino da 
Palavra de Deus nas igrejas, especialmente na 
Escola Bíblica Dominical ? A pretexto de que 
importante mesmo é poder e não meramente 
palavras. Mas que poder é este que não é baseado 
na Palavra de Deus ? Porque a Bíblia afirma que o 
evangelho é o poder de Deus para a salvação de 
todo aquele que crê (Rom 1.16). E que a fé vem pela 
pregação e a pregação pela palavra de Cristo (Rom 
10.17). 
Paulo foi colocado na defesa do evangelho, e a 
corajosa pregação e ensino da verdade sempre 
haverá de produzir resistências e perseguições por 
parte do mundo espiritual. Satanás se levantará 
contra isto e usará os seus instrumentos para tentar 
deter o avanço do evangelho, porque isto 
representa a glorificação do nome de Deus na 
salvação de vidas e no testemunho de vidas 
santificadas pela Palavra. Por isso ele sempre tenta 
deter os arautos da verdade ou deturpar a 
mensagem para que o nome do Senhor seja 
desonrado e o testemunho do crente seja 
desacreditado. Desta forma, nem mesmo em 
Corinto, Paulo foi poupado da perseguição dos 
judeus, que o acusaram injustamente de estar 
persuadindo os homens a adorarem a Deus por 
25 
modo contrário à lei. Mas o procônsul romano Gálio 
não deu atenção a tais acusações (At 18.12-17). 
Depois deste episódio, Paulo ainda permaneceu 
muitos dias em Corinto, mas decidiu retornar para 
Antioquia da Síria, levando consigo a Priscila e 
Áquila, depois de ter rapado a cabeça em Cencreia 
porque tomara voto (At 18.18). Com isto vemos o 
cuidado de Paulo para viver como judeu entre os 
judeus para ganhar alguns para Cristo (I Cor 9.20). 
Ele sabia que em Cristo não estava mais sujeito aos 
mandamentos cerimoniais da lei de Moisés, mas 
para não ofendera consciência dos judeus 
incrédulos que intentava ganhar para Cristo, vivia 
entre eles como se ele ainda estivesse debaixo da 
lei, assim como fizeram muitos que dentre os judeus 
se convertiam à fé, como foi o caso do próprio 
Ananias (At 22.12). Retornando de Corinto por mar, 
fez escala em Éfeso, onde pregou numa sinagoga 
aos judeus, conforme era seu costume, mas não 
acedeu permanecer entre eles, conforme lhe 
haviam pedido, e sem chegar a evangelizar aquela 
cidade nesta sua 2a viagem, partiu para Cesareia, de 
onde foi a Jerusalém, e tendo saudado aquela 
igreja, partiu para Antioquia, onde permaneceu por 
algum tempo até sair em sua 3a viagem (At 18.18-
23). 
 
 
 
26 
7 - ESCRITA DE I e II TESSALONICENSES (50 
ou 51 d.C.) 
Estas duas epístolas foram escritas no período final 
da 2a viagem de Paulo, quando se encontrava em 
Corinto, conforme acabamos de ver. 
Tal é a importância da Palavra de Deus para a igreja, 
que as muitas dúvidas que os tessalonicenses 
tinham quanto ao modo que deveriam viver como 
crentes no mundo, já que não são do mundo, mas 
estão no mundo, como deveriam aguardar a volta 
do Senhor, dedicando-se a quais deveres, segundo 
a vontade de Deus, conforme as notícias que 
Timóteo (I Tes 3.6) trouxera daquela igreja a Paulo 
quando veio ter com ele em Corinto, juntamente 
com Silas (Silvano), foram respondidas não com 
conselhos pessoais e particulares de Paulo, mas com 
a verdade revelada a Ele por Deus, conforme ele 
mesmo destaca em I Tes 2.13. Tais deveres estão 
apresentados sinteticamente por Paulo em I Tes 
5.12-22, e nas exortações diretas a que deveriam 
trabalhar com as próprias mãos esforçando-se para 
dar bom testemunho em todas as coisas, para que o 
nome do Senhor continuasse sendo honrado por 
eles (I Tes 4.1,2; II Tes 3.6-13). 
A Igreja de Tessalônica entendeu o “Ide” de Jesus e 
desde cedo se tornou uma igreja missionária, tendo 
enviado evangelistas por toda a Macedônia e para a 
27 
própria Acaia, onde Paulo se encontrava por 
ocasião das duas epístolas que lhes dirigiu (I Tes 
1.8). Provavelmente, a recepção da primeira 
epístola e as dúvidas que ainda foram suscitadas 
quanto à segunda vinda do Senhor, foram 
conduzidas por mãos destes evangelistas da própria 
igreja, assim como a segunda epístola dirigida 
àquela igreja. Pelo teor da segunda epístola, mais 
curta do que a primeira, e particularmente 
elucidativa de assuntos da primeira, tudo leva a crer 
que o tempo decorrido entre a escrita de ambas foi 
relativamente curto, tendo em vista a premência do 
endereçamento das respostas às dúvidas suscitadas 
em relação à primeira carta, e da notícia de que 
alguns estavam procedendo desordenadamente na 
igreja, não querendo trabalhar. 
O crente é peregrino e forasteiro neste mundo. Ele 
é cidadão de uma pátria que não é deste mundo, 
mas do céu. Mas está no mundo, e é chamado por 
Deus a estar sujeito às autoridades constituídas, 
porque não há autoridade que não tenha sido 
instituída por Deus, e assim deve também estar 
sujeito aos empregadores, servindo de coração não 
como a homens mas ao próprio Senhor, os filhos 
devem estar sujeitos a seus pais, e as mulheres a 
seus próprios maridos. Os jovens aos mais velhos. 
As ovelhas a seus pastores. Pois tudo isto foi 
ordenado pelo próprio Deus, para provarmos ao 
mundo que em Cristo fomos sarados do espírito de 
rebelião que operava em nós, e podemos viver em 
28 
obediência ao Senhor, sujeitando-nos à Sua 
vontade, dando o bom testemunho diante de todos 
aqueles que Ele tem constituído sobre nós. 
Este testemunho deve ser dado mesmo em meio a 
perseguições injustas assim como os 
tessalonicenses estavam sofrendo dos judeus e dos 
seus próprios patrícios (I Tes 1.6; 2.14; II Tes 1.3-10). 
O Senhor assiste com o Seu Espírito aos que sofrem 
por amor do Seu nome neste mundo e os 
recompensará no futuro (Mt 5.10-12), mas 
condenará ou castigará aqueles que praticam a 
injustiça (II Tes 1.6-9). 
 
8 - CONTEÚDO GERAL DE I E II 
TESSALONICENSES 
Na saudação inicial de ambas as epístolas 
aparecem os nomes de Paulo, Silvano e Timóteo 
como sendo os seus remetentes. Silvano era a 
forma hebraica do nome grego Silas. 
Paulo destaca que o evangelho pregado por ele, 
Silas e Timóteo aos tessalonicenses não consistiu 
somente em meras palavras, pois o poder de Deus, 
por meio do Espírito Santo, havia produzido 
salvação entre eles, confirmando que de fato eram 
eleitos de Deus (I Tes 1.4,5), e a palavra pregada foi 
confirmada pelo poder da graça de Deus operante 
29 
em suas vidas, porque produziu neles o que a 
palavra afirmava, e que não era palavra de homens, 
mas revelada pelo próprio Deus, como a saber: 
alegria do Espírito Santo em meio de muita 
tribulação (I Tes 1.6); ousadia de fé para pregar o 
evangelho (I Tes 1.8); abandono dos ídolos para 
servir ao Deus vivo e verdadeiro (I Tes 1.9); 
livramento da ira vindoura e esperança da glória do 
porvir por meio de Jesus Cristo (I Tes 1.10); tudo isto 
está resumido em I Tes 1.3: operosidade da fé; 
abnegação do amor; e firmeza da esperança em 
Jesus Cristo. 
Paulo cita o seu próprio exemplo pessoal de 
paciência na tribulação, durante a prova que havia 
sofrido em Filipos, e da sua abnegação em trabalhar 
incansavelmente em favor dos eleitos, não para 
agradar a homens, mas a Deus, e nunca com intuitos 
gananciosos e interesseiros, mas em tudo buscando 
a glória de Deus, abrindo mesmo mão do direito que 
todo pastor tem de ser suprido financeiramente 
pelas ovelhas, conforme o mandado de Deus, para 
dar-lhes um testemunho maior da sua abnegação e 
desinteresse, tal como uma mãe que ama os seus 
filhos, estando pronto não apenas para lhes 
oferecer o evangelho, mas a sua própria vida. 
Até aqui vimos que as três primeiras epístolas, ou 
mesmo os primeiros documentos do Novo 
Testamento a serem escritos, foram a epístola aos 
Gálatas, escrita entre a 1a e 2a viagem de Paulo, em 
30 
torno de 49 d.C., provavelmente de Antioquia da 
Síria, e as duas epístolas aos Tessalonicenses, que 
foram escritas durante a 2a viagem de Paulo, 
quando ele se encontrava em Corinto, em torno de 
50 e 51 d.C. 
 
9 - TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE 
PAULO (At 18.23-21.17) (52-56 d.C.) 
Vimos que Paulo encerrou a 2a viagem, tal como 
a 1a, em Antioquia da Síria, igreja em que 
congregava, e que dali partiu novamente por terra, 
fazendo o mesmo percurso inicial da 2a viagem, 
confirmando as igrejas de Tarso, Derbe, Listra, 
Icônio, Antioquia da Psídia. Um forte argumento 
para colocar por terra as insinuações da chamada 
alta crítica que procura negar a autoria não somente 
de Paulo, como dos demais autores da Bíblia, por 
falsas evidências que procuram levantar no texto 
biblico, é a citação de At 18.23 que marca o início da 
3a viagem de Paulo, que afirma que o apóstolo 
atravessou sucessivamente a região da Galácia e 
Frígia, confirmando todos os discípulos. Ora, quais 
discípulos poderiam ter sido confirmados na região 
da Galácia, senão os das cidades que foram visitadas 
por Paulo em sua 1a e 2a viagens ? A saber, Derbe, 
Listra, Icônio e Antioquia. Apesar de Lucas se referir 
a Antioquia como fazendo parte da Psídia, parece 
31 
que em caráter geral, ele a considerava como 
fazendo parte da região da Galácia. 
Paulo havia deixado Priscila e Áquila em Éfeso, 
quando retornava de Corinto para Antioquia da 
Síria, no final da sua 2a viagem. E lá em Éfeso eles 
vieram a conhecer Apolo, que era eloquente e 
poderoso nas Escrituras, que era instruído no 
caminho do Senhor, e fervoroso de espírito, e que 
falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, 
apesar de conhecer apenas o batismo de João. É 
interessante observar que Priscila e Áquila lhe 
expuseram com mais exatidão o caminho de Deus 
(At 18.24). A obra de Deus é melhor vista e se 
completa melhor na vida daqueles que são 
humildes, como Apolo, que se permitiu instruir por 
Priscila e Áquila quanto a uma melhor exatidão 
sobre a verdade do evangelho. Com isto,pôde ser 
mais útil ao Senhor porque se manifestou nele o 
desejo de ir para Corinto, e lá chegando convencia 
publicamente os judeus com grande poder 
provando por meio das Escrituras que o Cristo é 
Jesus (At 18.27,28). 
Apolo já estava em Corinto quando Paulo chegou 
em Éfeso, vindo da Galácia e Frígia. 
Quando Paulo chegou na cidade ele encontrou 
alguns discípulos aos quais perguntou se tinham 
recebido o Espírito Santo quando creram, e a 
resposta foi que nem mesmo ouviram falar da 
existência do Espírito Santo, e quando Paulo lhes 
32 
perguntou em que então haviam sido batizados, 
responderam que no batismo de João. Ora não há 
dúvida de que não eram discípulos de Jesus, porque 
Paulo lhes disse que João havia realizado batismo 
de arrependimento dizendo ao povo que cressem 
naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. 
Depois de terem ouvido isto foram batizados em 
nome de Jesus, e quando Paulo lhes impôs as mãos 
o Espírito veio sobre Eles, e tanto falavam em 
línguas como profetizavam (At 19.1-7). 
Quando Pedro anunciou o evangelho na casa de 
Cornélio, o Espírito caiu também sobre todos os que 
ouviam a palavra, e falavam em línguas e 
engrandeciam a Deus (At 10.44-46). Não padece 
dúvida de que tiveram a mesma experiência que os 
discípulos de João, que Paulo havia encontrado em 
Éfeso. 
O ato de profetizar acompanhando o momento da 
conversão era o cumprimento da profecia de Joel 
referente ao derramamento do Espírito sobre toda 
a carne, fato que tanto os apóstolos, quanto Lucas 
fizeram questão de registrar (At 2.18). 
O dom de línguas sendo concedido 
simultaneamente com a conversão, era também um 
sinal, uma evidência do cumprimento da afirmação 
de Jesus do que ocorreria com os que cressem (Mc 
16.17). 
33 
Basicamente, Paulo evangelizou Éfeso como área 
pioneira em sua 3a viagem, pois visitara nesta 
viagem, as mesmas cidades que havia evangelizado 
em sua 2a viagem. 
Como era seu costume, Paulo frequentava a 
sinagoga pregando o evangelho primeiro aos 
judeus, e isto durante 3 meses, mas como alguns se 
mostravam empedernidos e descrentes falando mal 
do evangelho diante da multidão, Paulo separou os 
discípulos que haviam crido e passou a discorrer na 
escola de Tirano por dois anos, tendo ouvido a 
Palavra tanto judeus quanto gregos de toda a Ásia. 
Provavelmente, em face da importância de Éfeso 
como centro para a irradiação do evangelho, e por 
haver na cidade o culto pagão da deusa Diana ou 
Artêmis, que era muito concorrido, Deus fez nesta 
cidade, pelas mãos de Paulo, milagres 
extraordinários, ao ponto de até curar 
enfermidades, e expulsar espírito malignos, 
daqueles aos quais os lenços e aventais de uso 
pessoal de Paulo eram levados (At 19.8-11). 
Para o propósito de envergonhar através do 
evangelho as potestades do reino das trevas, que 
dominavam a cidade de Éfeso, Lucas, inspirado pelo 
Espírito, registrou logo após a citação dos prodígios 
que eram operados por meio de Paulo, a 
experiência desafortunada dos sete filhos de Ceva, 
que eram judeus exorcistas ambulantes, que 
tentaram expelir demônios pelo nome do Jesus que 
34 
Paulo pregava. Mas os endemoninhados deram 
sobre eles desnudando-os e ferindo-os (At 19.13-
16). Este fato trouxe terror aos habitantes de Éfeso 
e fez com que o nome de Jesus fosse engrandecido 
(At 19.17). E muitos dos que creram confessaram 
publicamente as suas obras e os que praticavam 
artes mágicas queimaram os seus livros. Assim a 
palavra do Senhor crescia e prevalecia em Éfeso (At 
19.18-20). 
Ora, o que aprendemos disto é que não é a simples 
afirmação verbal do nome do Jesus que os 
verdadeiros crentes servem, como fizeram os sete 
filhos de Ceva, que conduz às operações de Deus no 
mundo espiritual, mas o fato de estar realmente 
unido a Cristo por meio da fé, e estar servindo-O de 
fato, como era o caso de Paulo. O verdadeiro servo 
do Senhor prevalece sobre os demônios, assim 
como Paulo, cujos aventais e lenços expeliam 
espíritos malignos. Não propriamente tais 
materiais, mas o que eles representavam, o poder 
de Deus na vida do apóstolo. O incidente havido 
com os filhos de Ceva serviu para comprovar que 
Paulo estava de fato a serviço do Deus Altíssimo, e 
que a Palavra que ele pregava era portanto a 
verdade, e Jesus a quem Paulo servia era mais 
poderoso do que os espíritos malignos, sendo digno 
de ser crido e servido, motivo porque renunciaram 
às práticas que estavam associadas a demônios. 
35 
Foi nesta ocasião que Paulo deliberou ir a 
Jerusalém, mas queria antes revisitar as igrejas que 
havia fundado na Macedônia e na Grécia durante a 
2a viagem, e depois de estar em Jerusalém 
pretendia ir a Roma (At 19.21,22). 
A derrubada das potestades espirituais que 
operavam em Éfeso, por meio do evangelho 
pregado por Paulo trouxe prejuízo aos negócios dos 
exploradores do culto idolátrico da deusa Diana 
porque Paulo persuadia a muitos dizendo que não 
eram deuses os que são feitos por mãos humanas, e 
foi tentado um levante contra ele por parte de um 
dos ourives, chamado Demétrio, que fabricava 
nichos de prata de Diana (At 19.23-40). 
 
10 - ESCRITA DE I AOS CORÍNTIOS (54 d.C.) 
Foi de Éfeso que Paulo escreveu a primeira 
epístola aos Coríntios, como se infere de I Cor 16.5-
9, especialmente do verso 8, onde afirma: “Ficarei, 
porém, em Éfeso até ao Pentecoste.”. Isto por volta 
de 54 d.C. 
Cessado o tumulto causado por Demétrio, que foi 
apaziguado pelo escrivão da cidade, Paulo partiu 
para a Macedônia e fortaleceu os discípulos com 
muitas exortações, e dali dirigiu-se para a Grécia 
onde permaneceu três meses. 
36 
11 - ESCRITA DE II AOS CORÍNTIOS (55 d.C.) 
Foi quando esteve na Macedônia, cerca de um 
ano após ter escrito I Coríntios, quando se 
encontrava em Éfeso, que Paulo escreveu a segunda 
epístola aos Coríntios. Isto se depreende do fato de 
ter-se referido a uma grande coleta que deveria ser 
levantada em favor dos crentes pobres de 
Jerusalém, na primeira epístola aos coríntios, 
conforme instruções que lhes deu sobre a forma de 
efetuarem a referida coleta, em I Cor 16.1-4. 
Agora, vemos o apóstolo citar em II Cor 9.1-5, a 
referida coleta que havia sido feita, dizendo que 
estava se gloriando junto aos macedônios quanto 
ao fato de que os coríntios estavam preparados 
desde o ano anterior (v 2). Ora, isto significa que a 
oferta já havia sido levantada pelo espaço de cerca 
de um ano desde que ele havia se referido à forma 
de como se deveria levantar a oferta, quando lhes 
escreveu I Coríntios. 
Como datamos I Cor em 54 d.C., então a data 
provável da escrita de II Cor foi 55 d.C, um ano após 
a escrita da 1a carta, estando Paulo na Macedônia, 
numa das cidades que havia evangelizado naquele 
Distrito; Filipos, Tessalônica ou Bereia. 
Vimos em At 20.1-3, que após ter estado na 
Macedônia, de onde escreveu II Coríntios, Paulo 
partiu para a cidade de Corinto, onde permaneceu 
37 
por 3 meses, mas, tendo havido uma conspiração 
por parte dos judeus contra ele, decidiu retornar à 
Macedônia, para dali, dirigir-se a Jerusalém. 
 
12 - ESCRITA DE ROMANOS 
Foi na sua permanência de três meses em Corinto 
que escreveu a epístola aos Romanos, também em 
55 d.C, depois de ter escrito II Coríntios na mesma 
data, na Macedônia. Em Rom 15.25-28, Paulo 
afirma que já se encontrava de posse da oferta em 
favor dos crentes pobres de Jerusalém, e que estava 
levando a mesma consigo para entregá-la em 
Jerusalém. Que escreveu aos romanos quando 
estava em Corinto depreende-se do fato de que 
Gaio, que o hospedava por ocasião da escrita de 
Romanos, residia em Corinto (Rom 16.23; I Cor 
1.14). 
 
13 - CONTEÚDO GERAL DE I CORÍNTIOS 
Combater a carnalidade que estava impedindo o 
crescimento espiritual e a unidade da igreja, é sem 
dúvida o tema principal de I Coríntios. 
38 
A igreja de Corinto abundava em dons espirituais, 
mas estava fazendo mal uso dos dons porque lhes 
faltava o principal que é o fruto do Espírito. 
Asdivisões que haviam entre eles provavam que 
eram crentes carnais e não espirituais (I Cor 1.10-17; 
3.1-9). 
A busca dos gregos pela sabedoria, na filosofia, e 
não na verdade revelada, estava contribuindo para 
que muitos na igreja grega de Corinto estivessem se 
guiando pelo racionalismo, que é segundo os 
homens, e não segundo a mente de Cristo, que é 
revelada pelo Espírito Santo, mediante a Palavra de 
Deus (I Cor 1.18-31; 2.1-16; 3.18-23; 4.6-21). 
A igreja, e especialmente a sua liderança estavam 
negligenciando o exercício da disciplina eclesiástica 
conforme havia sido determinado pelo Senhor (Mt 
18), e chegaram ao ponto de tolerarem a prática de 
imoralidade em seu meio, exemplificada por um 
crente que estava tendo relações com a esposa do 
seu pai (I Cor 5.1-13); assim, estavam admitindo na 
comunhão da igreja quem fosse impuro, avarento, 
idólatra, maldizente, beberão ou roubador (I Cor 
5.11). Estavam tolerando também que irmãos 
tivessem demandas uns contra os outros levando 
suas questões aos tribunais de justiça do mundo (I 
Cor 6.1-11). Deveriam estar sendo também 
tolerados os casos de prostituição (I Cor 6.12-20). 
Muitos outros problemas estavam ocorrendo em 
Corinto havendo também casos de idolatria, de 
39 
consumo de comida sacrificada aos ídolos (I Cor 8; 
10.14-33); provável insubmissão das esposas aos 
maridos (I Cor 11.2-16); exageros na ceia do Senhor 
com casos de glutonaria e embriaguez (I Cor 11.17-
34). Abuso dos dons espirituais (I Cor 14.1-40). Erros 
doutrinários negando-se a ressurreição futura do 
corpo (I Cor 15.20-58). 
Paulo responde também a dúvidas que a igreja 
tinha a respeito do casamento (I Cor 7) e quanto ao 
sustento pastoral (I Cor 9). Para afirmar o 
julgamento dos crentes por Deus saca exemplos da 
história do povo de Israel afirmando que tudo que 
lhes ocorreu foi registrado para advertência da 
igreja (I Cor 10.1-13). Para reforçar a necessidade da 
unidade na igreja, cita o amor como o vínculo da 
perfeição, como o cimento necessário para tal 
unidade (I Cor 13.1-13). 
É interessante destacar que Paulo se refere em I Cor 
5.9 que já havia lhes escrito uma carta em que os 
advertia a não se associarem com os impuros. Ora, 
se em ordem cronológica, como vimos 
anteriormente, esta é a primeira carta que ele 
escreveu àquela igreja que chegou ao nosso 
conhecimento, então Deus, em sua providência 
permitiu que aquela carta se perdesse, de modo a 
sequer ser debatida a sua inclusão no cânon do 
Novo Testamento. É fato importante também 
destacar que Paulo deve ter escrito vários sermões, 
e nenhum deles chegou ao nosso conhecimento. 
40 
Deus em sua sabedoria, providenciou para que 
fosse preservado no Novo Testamento somente 
aqueles documentos dos apóstolos que trazem a 
marca da inspiração plena do Espírito Santo, de 
forma que se tornaram para nós a infalível Palavra 
de Deus. 
Vamos ver Paulo também citando uma outra carta 
que escrevera à igreja de Corinto (II Cor 2.4; 7.8), 
que é chamada de carta triste, e cujas descrições 
não se harmonizam com I Coríntios, seria assim uma 
segunda carta que é citada por ele e que se perdeu. 
 
14 - CONTEÚDO GERAL DE II CORÍNTIOS 
Era de se esperar que numa igreja carnal e cheia de 
divisões como a de Corinto, que não houvesse 
problemas de insubmissão à liderança local 
constituída sobre aquela igreja, como também 
sobre a autoridade do próprio apóstolo Paulo. Esta 
carta então vai tratar em várias partes da defesa de 
Paulo não especificamente do seu apostolado, mas 
da submissão que os crentes devem ter a todos 
aqueles que foram constituídos sobre eles como 
autoridades por Deus. 
A prova da longanimidade de Paulo está revelada 
no fato de que orientou a igreja a readmitir na 
membresia a pessoa que havia se oposto ao seu 
41 
apostolado, e não apenas isto, apontou-lhes o dever 
de perdoá-lo e confortá-lo em face do 
arrependimento por ele demonstrado (II Cor 2.5-
11). 
Por esta razão estamos anexando nesta parte um 
estudo sobre obediência e maturidade espiritual, 
para compreendermos melhor a natureza da 
atitude do apóstolo Paulo relativa ao tratamento 
desta questão apontada. 
O ministério do crente não é de condenação como 
na Antiga Aliança, mas de reconciliação do pecador 
com Deus na Nova Aliança. Esta é um ministério de 
vida e de justiça, porque por meio de Cristo são 
justificados pela graça mediante a fé, todos os que 
têm sido lavados no Seu sangue. Os oponentes de 
Paulo estavam trazendo cartas de recomendação, 
de Jerusalém, certamente não dos apóstolos e 
presbíteros daquela igreja, mas de alguns que se 
aferravam ainda aos costumes da lei de Moisés, e 
assim estavam ensinando aos Coríntios a salvação 
por um meio impossível, qual seja, pela justiça que 
decorre da lei, pois há somente uma justiça que 
salva, a que é decorrente da fé (Rom 10). Ora, o 
ministério da letra da lei, mata, porque nunca pôde 
de si mesmo gerar vida eterna, nem mesmo no 
tempo da dispensação da Antiga Aliança, porque 
Deus sempre salvou pela graça, mediante a fé. A lei 
não foi dada por Deus com o propósito de produzir 
a salvação do pecador, porque por obras da lei 
42 
nenhuma carne será justificada diante dEle. A lei foi 
dada para conduzir o pecador a Cristo, para 
convencê-lo de que é pecador, para revelar o 
caráter moral do Deus que servimos, para 
buscarmos a qualidade deste caráter moral, 
segundo a prática de boas obras, que são também 
em Cristo, para a nossa santificação, mas não para a 
nossa justificação e regeneração, que ocorrem no 
momento da nossa conversão de uma vez para todo 
o sempre, pela graça, mediante a fé em nosso 
Senhor Jesus Cristo (II Cor 3.1-18-4.1-6). Assim a 
excelência do poder que em nós opera, e os méritos 
de que temos sido feitos participantes, são 
exclusivamente e totalmente pertencentes a Cristo. 
Somos vasos de barro onde esta excelência opera (II 
Cor 4.7-18; 5.1-21; 6.1-13). Assim, o crente não deve 
esquecer que é peregrino e forasteiro neste mundo, 
sendo cidadão do céu, e já não deve viver mais 
como vivem os incrédulos (II Cor 6.14-18). Seu dever 
é aperfeiçoar a sua santidade no temor de Deus, 
purificando-se de toda impureza, tanto da carne 
quanto do espírito (II Cor 7.1). Paulo fala da sua 
alegria de ter a igreja de Corinto obedecido as suas 
ordens no sentido de exercer a disciplina 
eclesiástica em relação aos casos que ele havia 
citado na primeira epístola, e nas cartas que havia 
dirigido àquela igreja e que havia produzido tristeza 
e um estremecimento temporário em suas relações. 
Mas eles foram em tudo obedientes, razão porque 
o apóstolo estava alegre em Deus, com as notícias 
43 
que Tito lhe trouxera do arrependimento havido na 
igreja (II Cor 7.2-16). 
Nos capítulos oitavo e nono discorre sobre a oferta 
que foi levantada em favor dos crentes pobres de 
Jerusalém, e fala que aquilo redundaria em muita 
gratidão a Deus. E temos isto devidamente 
considerado em nosso estudo sobre gratidão. 
Nos capítulos décimo a décimo segundo Paulo 
continua com os argumentos em favor da defesa do 
seu apostolado. E finalmente no capítulo décimo 
terceiro convoca a igreja a se consertar antes que 
fosse ter com eles de maneira que não tivesse que 
disciplinar pessoalmente a alguns que estavam 
andando desordenadamente e que não haviam se 
arrependido do seu pecado. 
 
15 - CONTEÚDO GERAL DE ROMANOS 
O tema central de Romanos é o da justificação pela 
graça mediante a fé. Dizemos tema central porque 
na verdade nesta epístola Paulo põe em desfile 
todos os temas relacionados à salvação, e dentre 
estes destacamos a eleição, a redenção; a 
justificação, a regeneração, a santificação, a 
perseverança dos santos; a certeza da salvação; a 
glorificação. Como já estudamos exaustivamente 
todos estes temas na parte relativa à obra que Jesus 
44 
fez por nós, deixaremos de tecer maiores 
considerações nesta parte, a não ser a parte relativa 
aos deveres dos crentes para com Deus,e dentre 
estes destacamos os assuntos relativos à submissão 
à autoridade civil de Rom 13.1-7; e o relativo aos 
assuntos não morais de Rom 14.1-23, e sobre o 
julgamento dos crentes no tribunal de Cristo (Rom 
14.10-12). 
 
16 - CONTINUAÇÃO DA TERCEIRA VIAGEM 
MISSIONÁRIA (Retornando a Jerusalém) 
A seção “nós” de Atos é retomada em At 20.6, 
onde se lê: “navegamos de Filipos”. Ora, o uso da 
1a pessoa do plural na narrativa havia cessado 
durante a 2a viagem, também em Filipos, e agora é 
retomado naquela mesma cidade da Macedônia, 
indicando que Lucas, provavelmente, permanecera 
ali ministrando aos filipenses, desde que a igreja do 
Senhor fora ali fundada durante a 2a viagem. E 
agora, Lucas está acompanhando de novo a Paulo, 
na sua ida para Jerusalém. 
Paulo está retornando a Jerusalém mas estava 
sempre empenhando em seu trabalho missionário 
de fundar e edificar igrejas. Quando chegou à cidade 
portuária de Trôade onde passou uma semana (At 
20,5,6), reuniu-se com a igreja no domingo (At 20.7) 
onde pregou até à meia-noite, e como um rapaz caiu 
45 
da janela do terceiro andar, por ter dormido 
durante a pregação prolongada de Paulo, e tendo 
morrido, foi ressuscitado por Paulo, e isto fez com 
que aquele culto de domingo se estendesse até o 
romper do dia da segunda-feira (At 20.7 –12). 
Paulo pretendia chegar em Jerusalém, se possível, 
no dia de Pentecoste, que conforme já estudamos, 
sempre caía num domingo (At 20.16). Por isso não 
queria se demorar na Ásia, no seu retorno de 
Trôade para Jerusalém, assim, aportou em Mileto, 
que ficava próxima de Éfeso, e dali, mandou chamar 
os presbíteros da igreja de Éfeso e deu-lhes as 
recomendações monumentais que temos em At 
20.17-35; onde destacou o seu serviço abnegado ao 
Senhor, em favor deles, com humildade, provações, 
perseguições dos judeus, mas sendo sempre fiel em 
lhes anunciar a exata Palavra do evangelho 
publicamente, e de casa em casa, pregando o 
arrependimento e a fé em Jesus (At 20.18-21). Paulo 
citou que o Espírito Santo vinha lhe dizendo de 
cidade em cidade que lhe aguardavam cadeias e 
tribulações, como de fato viria a ocorrer com suas 
prisões em Jerusalém, Cesareia e por duas vezes em 
Roma, como ainda estudaremos (At 20.22,23). 
O que ele disse no verso 24 é digno de registro: 
“Porém em nada considero a vida preciosa para 
mim mesmo, contanto que complete a minha 
carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus 
para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”. 
46 
A vida para Paulo era ser obediente e fiel à sua 
chamada e cumprir o seu ministério. E isto consistia 
em dar testemunho do evangelho da graça de Deus. 
“O evangelho da graça de Deus.”. A riqueza da graça 
que redime o pecador, e sobre a qual tanto há para 
ser dito, naquilo que os reformistas chamaram de as 
doutrinas da graça, a saber: eleição, redenção, 
substituição, regeneração, justificação, santificação 
e glorificação. 
E Paulo lhes ensinou tudo isto e mais o modo pelo 
qual o crente deve viver para agradar a Deus, e que 
ele chamava de “todo o desígnio de Deus” (At 
20.27). 
Então, falou-lhes da vigilância do pastor em relação 
ao cuidado com o rebanho quanto aos lobos 
vorazes, que são aqueles que pervertem as 
doutrinas do evangelho para desviar as ovelhas da 
verdade (At 20.28-31). Pastores vigiai! Foi sua 
palavra de alerta para os presbíteros de Éfeso (v 13). 
A acusação injusta que alguns costumam fazer 
contra Paulo quanto a ter sido um homem duro e 
frio, não se sustenta diante da reação dos 
presbíteros de Éfeso quando se despediram dele em 
Mileto: “Então houve grande pranto entre todos e, 
abraçando afetuosamente a Paulo o beijaram, 
entristecidos especialmente pela palavra que ele 
dissera que não mais veriam o seu rosto. E 
acompanharam-no até ao navio.” (At 20.37,38). 
47 
17 - PRISÃO DE PAULO EM JERUSALÉM E 
CESAREIA (At 21.27 – 26.32) (56-58 d. C.) 
Como fora predito pelo Espírito Santo de cidade em 
cidade, pelo ministério dos profetas (At 21.4, 9-14), 
Paulo foi preso pelos romanos quando estava no 
templo em Jerusalém em razão de estar sendo 
espancado pelos judeus, e os romanos o 
apresentaram ao sinédrio para ser interrogado. 
Como os judeus pretendiam fazer uma cilada para 
matá-lo, e tendo isto chegado ao conhecimento do 
sobrinho de Paulo, este alertou o comandante da 
guarda romana, que por precaução enviou-o com 
um escolta ao governador Félix, para mantê-lo em 
Cesareia (At 21.17-23.35). 
Cinco dias depois o sumo-sacerdote Ananias foi 
para Cesareia acompanhado de alguns anciãos e de 
um orador de nome Tértulo que passou a acusar 
Paulo na presença de Félix, mas o governador adiou 
a causa depois de ter ouvido a defesa de Paulo (At 
24.22). 
Félix foi substituído no cargo por Pórcio Festo que 
intentava agradar aos judeus, motivo porque Paulo 
apelou para ser julgado em Roma, e dar-se-ia assim 
cumprimento à vontade de Senhor, de que ele 
desse testemunho a Seu respeito também em Roma 
(At 23.11; 25.11,12). 
48 
Quando o rei Agripa, de Israel, esteve em Cesareia 
para saudar a Festo, o caso de Paulo lhe foi 
apresentado, e ele manifestou interesse em ouvir a 
Paulo que lhe apresentou a sua defesa. Ao ouvir o 
testemunho do apóstolo, Festo o interrompeu em 
alta voz dizendo que ele estava louco e que as 
muitas letras o faziam delirar. Paulo era um homem 
preparado. Mas Agripa ficou bem impressionado 
com o discurso de Paulo e disse que por pouco ele o 
persuadiu a se fazer cristão. E comentou com Festo, 
depois de ter-se retirado, que Paulo bem poderia 
ter sido solto se não tivesse apelado para César (At 
26.24-32). Com isto, o desígnio de Deus se cumpriu 
na vida de Paulo. Ele permaneceria preso em Roma, 
mas, na viagem que para lá empreenderia, teria o 
seu navio destruído por uma tempestade, de forma 
que seria dado como morto pelos judeus de 
Jerusalém. Com isso seria mantido em segurança e 
em vida, porque haveria ainda de escrever as 
chamadas epístolas da prisão e as pastorais, e 
concluir o ministério que havia recebido do Senhor. 
E quem sabe a espístola aos Hebreus não seria 
também escrita por ele, se esta é de se sua autoria. 
 
 
 
 
49 
18 - PRIMEIRA PRISÃO DE PAULO EM 
ROMA (At 28.16-31) (59-60 d.C.) 
A partir do capítulo 27 até 28.15 é narrada a 
viagem de Paulo para Roma. Ao chegar na cidade 
foi-lhe permitido morar por sua conta tendo em sua 
companhia o soldado que o guardava, o que deu 
ensejo, segundo suas palavras em Fp 1.13, que toda 
a guarda pretoriana do imperador romano ouvisse 
o evangelho. 
Tendo convocado os principais dos judeus em 
Roma, três dias depois de ter chegado à cidade, 
apresentou-lhes a oposição que vinha sofrendo dos 
judeus, mas estes lhe informaram que não haviam 
recebido qualquer denúncia contra ele da parte dos 
judeus de Jerusalém. Mas que gostariam de ouvi-lo 
a respeito da seita que ele pregava e que por toda a 
parte era impugnada (At 28.17-22). 
E vieram ouvi-lo em grande número na data 
marcada, tendo Paulo lhes feito uma exposição da 
manhã até a tarde, sendo que alguns ficaram 
persuadidos e outros não, que continuaram 
incrédulos, e havendo discordância entre eles, 
Paulo lhes disse que a salvação seria enviada aos 
gentios e eles a ouviriam (At 28.23-29). Jesus veio 
para os que eram seus, mas os seus continuavam 
não o recebendo. Se eles não se achavam dignos de 
serem eleitos por Deus, não teriam do que se 
50 
queixar se outros (os gentios) estivessem 
recebendo a bênção que eles estavam recusando. 
Também estava disponível, e principalmente, para 
eles, mas a maioria deles estava rejeitando a 
salvação que lhes estava sendo oferecida 
gratuitamente. 
Paulo ficou preso por dois anos em Roma, na casa 
que alugara, onde recebia a todos que o 
procuravam, pregando o reino de Deus, com toda a 
intrepidez e sem impedimento algum ensinava as 
coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo (At 
28.30,31). É assim que termina o livro de Atos. 
Esta visitação a Paulo, em sua casa, nesta sua 
primeira prisão emRoma é explicada pelo fato de 
que ele estava convicto de que a sua apelação para 
César lhe redundaria em liberdade, sentimento este 
que expressou nas chamadas Epístolas da Prisão, 
que escreveu neste período (Efésios, Filipenses, 
Colossenses e Filemom). Os que o procuravam nesta 
ocasião, sabiam portanto que não corriam qualquer 
perigo. Fato este, que já não ocorreu por ocasião da 
escrita de II Timóteo, quando fora encarcerado em 
Roma para ser martirizado, e nesta ocasião todos os 
abandonaram. 
Na ocasião da primeira prisão de Paulo, os romanos 
consideravam o cristianismo como mais uma das 
seitas judaicas, e como o judaísmo era considerado 
um religião lícita, Paulo sabia que eles não 
interfeririam em assuntos religiosos em que os 
51 
interesses do Império Romano não seriam 
prejudicados. Daí a sua certeza de que seria posto 
em liberdade (Fp 1.19; 2.23,24; Fm 22). 
Quando Paulo e Pedro foram martirizados sob Nero, 
cerca de 64 d.C., a perseguição aos cristão não foi 
por motivos religiosos, mas por que Nero queria um 
bode expiatório para lançar a culpa pelo incêndio da 
cidade de Roma, que segundo os historiadores fora 
causado pelo próprio Nero. 
Há vários pontos de contato entre as epístolas da 
prisão, indicando terem sido escritas no mesmo 
período. Dentre estes, podemos destacar: 
 1 – Paulo se encontrava preso quando as escreveu: 
Ef 3.1; 4.1; 6.20; Fp 1.7,13,14,17; Col 4.3,10,18; Fm 
1,9,10,13,23. 
 2 – Das quatro, Ef, Col e Fm estão estreitamente 
relacionadas entre si: 
 a) Tíquico foi o portador de Ef e Col (Ef 6.21; Col 
4.7). 
 b) Onésimo, o escravo de Filemom, é companheiro 
de viagem de Tíquico (Col 4.9; Fm 10). 
 c) Arquipo é mencionado em Fm 2, e é exortado a 
cumprir seu ministério em Colossos (Col 4.17). 
52 
 d) Epafras, da igreja de Colossos (Col 1.7; 4.12) 
estava preso com Paulo quando este escreveu Fm 
(23). 
 e) Lucas e Demas são citados em Col 4.14 e Fm 24. 
A igreja de Colossos não foi fundada por Paulo e não 
era conhecida de vista pelo apóstolo (Col 2.1). Os 
fatores que explicam a escrita de Col, Fm e Ef na 
mesma ocasião, são os seguintes, além dos já 
apontados: 
a) Paulo estava endereçando na verdade, duas 
cartas à igreja de Colossos, uma de caráter mais 
geral (Col) e outra mais pessoal (Fm). 
b) Onésimo era escravo fugitivo de Filemom, o qual 
tinha uma congregação funcionando em sua casa 
em Colossos. Onésimo foi ganho para Cristo, por 
Paulo, em Roma, e o motivo da escrita de Fm é um 
apelo de Paulo em favor de Onésimo, para que 
Filemom o recebesse de volta já não mais 
simplesmente como escravo, mas como irmão em 
Cristo. 
c) Juntamente com Onésimo, Tíquico foi enviado 
por Paulo não somente a Colossos, mas também a 
Éfeso, sendo certamente o portador das epístolas 
aos Efésios e Colossenses, posto que ambas eram 
cidades próximas na Ásia Menor. 
53 
d) Epafras, que foi o provável fundador e líder da 
igreja de Colossos, encontrava-se aprisionado com 
Paulo em Roma, e certamente, deve ter-lhe feito 
um relato minucioso da situação da igreja 
colossense, especialmente quanto à influência de 
um falso ensino que estava penetrando na mesma 
quanto a práticas ascéticas e legalistas, com o 
pretenso objetivo de torná-los mais espirituais (Col 
2.4,8, 16-23). 
Filipenses, apesar de ter sido escrita também 
durante a primeira prisão de Paulo, provavelmente 
foi produzida numa outra ocasião, por motivo de 
Paulo ter recebido uma oferta daquela igreja. 
Assim, podemos datar estas chamadas Epístolas da 
Prisão da seguinte maneira: 
 
 59 ESCRITA DE EFÉSIOS, 
 COLOSSENSES E FILEMOM 
 
19 - ESCRITA DE FILIPENSES (60 d.C.) 
 
 
54 
20 - CONTEÚDO GERAL DE EFÉSIOS E 
COLOSSENSES 
Estas duas epístolas podem ser estudadas em 
conjunto em razão da semelhança do seu conteúdo. 
Em ambas é tratado o assunto da relação existente 
entre Cristo e a igreja, sendo Ele apresentado como 
cabeça da igreja, e esta como seu corpo. Há 
portanto uma natural descrição dos deveres ou 
funções vitais que a igreja tem por ser parte 
integrante de Cristo. 
Assim, surgem naturalmente nestas epístolas, 
temas como mortificação da carne, revestimento de 
Cristo, perdão, santidade, deveres em submissão 
em relação a Deus, aos pais, aos maridos, aos 
senhores, aos mais velhos, aos pastores, à 
edificação da igreja em amor pelos ministérios 
constituídos por Deus, a luta espiritual contra a 
carne, o diabo e o mundo, dentre outros, que têm a 
ver com os deveres da igreja diante do Seu Senhor e 
Mestre. 
 
 
 
 
55 
21 - CONTEÚDO GERAL DE FILIPENSES 
A epístola de Paulo aos Filipenses é uma nota de 
agradecimento e de alegria em face da renovação 
do cuidado dos filipenses pelo apóstolo, indicando 
a sua obediência e eleição como igreja do Senhor, e 
pelo fato de o apóstolo saber que em face da 
generosidade deles, Deus os faria prosperar 
material e espiritualmente, e daí a razão da sua 
alegria no Senhor por eles. 
Sobressai nesta epístola o apelo à unidade pela 
prática da submissão e da humildade, tendo-se 
como exemplo supremo o próprio Cristo que havia 
se esvaziado da sua glória divina em obediência ao 
Pai. Percorre por toda a epístola um sentimento de 
alegria e de satisfação em tudo e por tudo, que o 
apóstolo fez questão de destacar colocando a si 
mesmo como exemplo a ser imitado quanto à 
questão de estar contente em toda e qualquer 
situação, porque é esta a vontade de Deus para o 
crente. 
Fazer tudo sem murmurações nem contendas é um 
grande e importante mandamento para ser 
observado pela igreja (Fp 2.14), porque Deus está 
no controle de tudo, operando Ele mesmo em nós 
tanto o querer quanto o efetuar (Fp 2.13). 
56 
Assim estamos apresentando a seguir dois estudos 
sobre Humildade e Satisfação, respectivamente, 
que estão associados aos temas desta epístola. 
 
22 - PERíODO DE LIBERDADE DE PAULO 
ENTRE SUAS DUAS PRISÕES EM ROMA 
(61-63 d. C.) 
 
23 - ESCRITA DE I TIMÓTEO E TITO (62 d.C.) 
Conforme havia manifestado nas Epístolas da 
Prisão a sua forte expectativa de que o fato de ter 
apelado para César lhe redundaria em liberdade, 
tudo indica que de fato Paulo fora libertado, 
conforme evidências internas que encontramos em 
I Timóteo e Tito, porque, principalmente, estas 
epístolas apresentam Paulo em deslocamento e em 
situações que não podem ser harmonizadas com o 
registro contido no livro de Atos. Como por 
exemplo, o que lemos em I Tim 1.3: “Quando eu 
estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei 
permanecesses ainda em Éfeso”. Aqui vemos Paulo 
afirmando que estava viajando, o que não poderia 
fazer se estivesse preso, e também que estava indo 
para a Macedônia, pedindo a Timóteo que 
permanecesse em Éfeso. Não temos em Atos esta 
57 
situação de Paulo estar indo para a Macedônia, 
ficando Timóteo em Éfeso. Temos exatamente o 
contrário disto. Isto é, enviou Timóteo e Erasto para 
a Macedônia, enquanto ele, Paulo permaneceu em 
Éfeso (At 19.22), durante a sua terceira viagem 
missionária, quando evangelizou a cidade de Éfeso. 
A narrativa de Atos também não se refere a 
qualquer ministração de Paulo na Ilha de Creta ou 
em Nicópolis (Tito 1.5; 3.12). 
 
24 - SEGUNDA PRISÃO DE PÁULO EM 
ROMA (64 d. C.) 
 
25 - ESCRITA DE II TIMÓTEO E MARTÍRIO 
DE PAULO 
II Timóteo foi a última epístola escrita por Paulo, 
porque foi produzida próximo da sua execução sob 
Nero. Nesta carta ele afirma que se encontrava 
preso em Roma (II Tim 1.8, 16, 17), portanto uma 
segunda prisão, só que desta vez, não tinha 
qualquer esperança de que seria posto em 
liberdade, ao contrário, quando escreveu esta 
epístola a sua sentença de morte já havia sido 
lavrada (II Tim 4.6). Ele havia sido abandonado por 
todos e ninguém fora a seu favor na sua primeira 
58 
defesa (II Tim 4.16). Ele sabia que a sua carreira 
havia chegado ao fim, porque havia completado a 
mesma e estava somente aguardando a hora em 
que estaria para semprecom o Senhor na glória 
celestial (II Tim 4.7,8). 
 
26 - CONTEÚDO GERAL DAS PASTORAIS (I 
e II Tim, e Tito) 
Como estas epístolas foram escritas próximo do 
final do ministério de Paulo, e havendo a 
preocupação de manter a ordem e a disciplina na 
igreja, para que ela continuasse cumprindo o papel 
que lhe fora designado pelo Senhor na terra, Paulo 
enviou estas epístolas a seus cooperadores mais 
próximos, Timóteo e Tito, que receberam na época 
o encargo de nomear presbíteros para as igrejas de 
Éfeso, e Creta, respectivamente, agindo na ocasião, 
como superintendentes interventores, em face da 
heresia que havia penetrado naquelas igrejas. E o 
combate ao erro seria feito principalmente 
nomeando-se pessoas qualificadas para ensinarem 
a sã doutrina, que reforçariam a liderança das 
igrejas sendo nomeados presbíteros para 
manterem a disciplina e a ordem, no Senhor. 
Assim, são destacadas especificamente em I 
Timóteo e Tito as qualificações exigidas para o 
ministério. Se alguém é ordenado para cuidar da 
59 
casa de Deus, esta pessoa deve estar preparada não 
somente para edificar os crentes, como também 
para fazer calar os lobos vorazes que atacam o 
rebanho com suas falsas doutrinas e práticas 
libertinas. Para isso, o candidato ao episcopado 
deveria ser apegado à palavra fiel que é segundo a 
doutrina, de modo que tivesse poder, tanto para 
exortar pelo reto ensino como para convencer os 
contradizentes (Tito 1.9-11). 
O ministério não é um lugar para se recompensar os 
amigos, mas para aqueles que são chamados por 
Deus, para trabalharem e servirem a igreja, 
conforme a pregação, ensino, admoestação, 
exortação, repreensão e disciplina, que devem ser 
feitos conforme a Palavra revelada. 
I Tim 2.11,12 parece indicar que estavam ocorrendo 
problemas graves de submissão das mulheres a seus 
maridos em Éfeso, lembrem-se que havia naquela 
cidade o culto da deusa Diana, e assim, o ensino 
filosófico que acompanhava aquele culto devia ser 
um estímulo para a não submissão das mulheres a 
seus maridos, e deste modo, o apóstolo se viu na 
contingência de tomar a medida extrema de 
impedir que as mulheres ensinassem naquela 
igreja, provavelmente, em face da contaminação de 
suas mentes pelas práticas e filosofias que 
permeavam a sociedade e a cultura de Éfeso.

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