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Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Asma Possui uma alta incidência e alta prevalência, por isso é um grande problema de saúde pública, a mortalidade vem diminuindo por conta do surgimento dos corticoides inalatórios, uma facilidade enorme de tratar asma. É uma doença poligênica, é influenciada por fatores ambientais, como ácaros, baratas, pelos, fungos, alérgenos, fumaça, etc, sendo que a ativação do sistema imune é por conta da resposta do tipo Th2 e liberação de IgE, essa resposta é fundamental na asma. A patogênese ocorre pela inalação do alérgeno que vai desencadear uma resposta imune anormal, tem um aumento de células inflamatórias ativadas dentro da parede das vias aéreas, causando inflamação e remodelamento, quando os quadros de asma cursam com inflamação crônica e remodelamento podem fazer uma obstrução fixa/irreversível, que é a característica de DPOC, essa característica faz com que as doenças se misturem um pouco. Ainda há uma asma grave que pode ter presença de neutrófilos, ela não é eosinofílica ou alérgica, possui outros fatores que a desencadeiam. A mais comum é a asma alérgica que tem a ver com a imunidade Th2, que também é desencadeada em outras situações, como nos parasitas intestinais, o linfócito T nativo é ativado, libera interleucinas 3 ativando células Th2, liberando interleucinas 1, 6 e 12 (principal local de atuação no tratamento), que vão estimular os eosinófilos, que são as células fundamentais na resposta imune da asma, produzindo IgE, que vai ativar os mastócitos, que vão degranular e liberar mais citocinas, aumentando a reação inflamatória, fazendo espessamento da musculatura lisa, contração da musculatura lisa, fibrose dessa musculatura e hiperprodução de muco com hiperplasia das células produtoras de muco. *A célula mais importante na asma é o eosinófilo, sendo que a degranulação dos eosinófilos gera lesão celular, hipersecreção mucosa, aumento da permeabilidade, contração do músculo liso, perpetua a reação estimulando mais eosinófilos e libera marcadores de inflamação. *O corticoide bloqueia a maioria e os imunobiológicos bloqueiam em locais específicos. O muco produzido é muito espesso, às vezes o paciente fala que escarra um muco espesso e duro, esse muco funciona como se fosse rolhas nos brônquios. *A asma não afeta a membrana de troca, ela causa mais obstrução brônquica, e é essa obstrução que vai gerar os sintomas, o que leva o paciente com asma a insuficiência respiratória não é a hipoxemia, é a falência muscular por conta do esforço ao respirar e todos os brônquios entupidos. Como a asma provoca uma inflamação no local, não tem como tratar onde está inflamado sem antinflamatório, por isso o uso de broncodilatadores não trata a asma, eles são usados para dilatar os bronquíolos que estão contraídos, mas eles não vão alterar a inflamação que está ao redor, se você não desinflama, logo depois do efeito do broncodilatador, o paciente vai voltar a fazer a contração dessa musculatura por conta do processo inflamatório e liberação dos produtos dos eosinófilos ali. Lembrar do contexto de via aérea única, o paciente com esse estado inflamatório da asma pode ter uma rinite junto. As principais manifestações da asma são broncoconstrição, inflamação e hiper reatividade da musculatura daquele bronquíolo. No GINA vamos encontrar que a asma afeta de 1 a 18% da população, os sintomas podem ser variados, mas geralmente há presença de sibilos, dispneia, aperto, tosse e presença de limitação variável ao fluxo expiratório (VEF1), sendo desencadeada por alérgenos, exercício ou vírus. Atualmente, estuda-se muito os fenótipos da asma, sendo que o mais comum deles é a asma alérgica com característica eosinofílica, que é a que foi descrita anteriormente. Um quadro muito comum, é a marcha atópica, que é a progressão Lucas Melo – Medicina Ufes 103 sequencial de condições alérgicas que observamos nos primeiros anos de vida, a dermatite atópica normalmente é a primeira manifestação, acometendo dobras, evolui com alguma alergia alimentar, rinite alérgica e depois asma, é claro que isso tudo está associado a uma predisposição genética do paciente. Os pacientes que já tiveram essa asma alérgica na infância, ao terem contato com algum alérgeno que o sistema imune já está montado, podem ter essa manifestação alérgica novamente quando adultos, por isso a história dos pacientes asmáticos é muito importante para traçar o tipo de asma do paciente, então sempre perguntar sobre a história pregressa de asma. A marcação de eosinófilo no sangue é suficiente para o diagnóstico de asma alérgica (o eosinófilo não precisa estar extremamente elevado para classificar como marcha alérgica). *Existe uma asma que não possui resposta Th2, ela é neutrofílica e de difícil tratamento, pois não responde aos antinflamatórios habituais e não responde a corticoides. Tem um comportamento que lembra o DPOC do tabagismo. Outros fenótipos da asma são a asma não alérgica (o escarro é pluricelular, pode ter a presença de neutrófilos e eosinófilos, geralmente não dá eosinófilo no sangue, mas sim no escarro), asma de início tardio (é a neutrofílica, mais grave e acomete em maior parte as mulheres), asca com limitação do fluxo aéreo (remodelamento com obstrução fixa tardia) e asma relacionada a obesidade (é neutrofílica, não responde muito bem aos corticoides inalatórios e o tratamento é perda de peso, atividade física e broncodilatadores muscarínicos). O diagnóstico de algum desses fenômenos é fechado pelo quadro clínico (dispneia), história familiar e prévia, exame físico (presença de sibilos, características de respirador bucal com queixo e nariz pequenos), imagem radiológica (não existe imagem radiológica, normalmente não vê muita coisa) e história de limitação do fluxo aéreo com documentada variabilidade na espirometria (VEF1/CVF alterado e alteração após o uso de broncodilatador). *A grande variação entre DPOC e asma é a alteração após o uso de broncodilatador, mas pode acontecer de algum paciente DPOC ter essa resposta, confundindo um pouco o diagnóstico. Alguns testes que auxiliam no diagnóstico são o teste alérgico cutâneo (IgE total e IgE específicos para alguns alérgenos), óxido nítrico exalado (é um marcador de inflamação utilizado nos estudos clínico e que vai estar aumentado na asma alérgica) e eosinófilos no escarro e sangue (marcadores de inflamação). O tratamento da asma é baseado nos sintomas do paciente, o GINA mostra um questionário que nos ajuda a classificar o paciente quanto ao controle da asma Quanto maior o número de pontos, mais controlada vai ser a asma. Se o paciente tem uma asma controlada, você vai manter a medicação em 3 meses e depois fazer o acompanhamento, se ele não estiver controlado, vai fazer uma reavaliação do diagnóstico e entender o porquê de ele não está controlado, se tem um alérgeno presente no ambiente, um animal novo em casa, trocou alguma cortina ou tapete, pergunta se está usando o medicamento do jeito certo, do modo certo (se não usar do jeito certo é a mesma coisa que não tomar a medicação), etc, vai reajustar a dose do remédio do paciente e pedir Lucas Melo – Medicina Ufes 103 para voltar em 3 meses para uma nova reavaliação diagnóstica. - Gravidade da asma: O paciente com asma leve vai ser enquadrado na etapa 1 e etapa 2, o paciente com asma moderada vai ser enquadrado na etapa 3, e o paciente com asma grave vai ser enquadrado nas etapas 4 e 5. O manejo do paciente com asma vai ser feito da seguinte maneira, quando o paciente chega descontrolado no ambulatório (diferente de um paciente em crise asmática), vamos iniciar na etapa 2 ou etapa 3, começando com uma dose baixa de corticoide inalado (etapa 2) ou, quando necessário,uma associação de uma dose baixa de corticoide inalado com formoterol quando necessário. Se estiver um pouco pior, já começa com uma dose média de corticoide inalatório com um broncodilatador de longa duração – SABA, como salbutamol, fenoterol ou terbutalina (etapa 3). Após 3 meses, faz a reavaliação do paciente, se ele está muito bem com aquela dose, vamos ir descendo nas etapas e diminuindo essa dose, sendo que a etapa na qual o paciente ficar controlado, vai ser essa a gravidade da asma, sendo que a principal diferença entre as etapas é a dose de corticoide inalatório, que vai aumentando. Na etapa 4, vai fazer uma terapia de média ou altas doses de corticoide inalatório associada com um broncodilatador de longa duração. Na asma da etapa 5, já usamos os imunobiológicos para o tratamento, pois o paciente não tem resposta, é nessa etapa que se enquadra a asma neutrofílica de difícil controle. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Tabela mais simplificada da imagem anterior: Na asma controlada temos que controlar os sintomas, ficar de olho nos fatores de risco daquele paciente, qual a preferência do paciente pelo tratamento e reavaliação em 3 meses, se tabagista, parar de fumar e ver se não tem nenhuma doença sobrepondo. Além disso, o tratamento pode ser feito com imunoterapia e vacinas, tem que vacinar para todos os vírus que podem desencadear crise no paciente. *Tem que ficar de olho no modo de uso que o paciente está fazendo, pois eles mentem muito a forma que estão usando e quando os sintomas vão passando, eles acham que podem parar de usar. - Crise de asma: Essa classificação é mais simplificada, mas como estamos no BR, usar o brasileiro. Numa crise de asma leve, o paciente não fica com hipoxemia geralmente, ela vai chegar com o quadro clínico de fala nas palavras, sentado voltado para frente mas não agitado, com uma FR maior aumentada mas sem uso de musculatura acessória, uma FC entre 100 e 120 e uma saturação entre 90 e 95. Numa crise de asma grave, o paciente vai ter uma hipoxemia por conta da fadiga da musculatura, vai ter uma falta das palavras, sentado voltado para frente, agitado, frequência respiratória maior que 30 utilizando a musculatura acessória, FC maior que 120, saturação menor que 90 e confusão ou silêncio torácico. Conduta na crise (PS): Nesses casos, fazer SABA 4 a 10 puffs e repetir a cada 20 minutos por 1 hora, além de fazer prednisolona 1mg/kg e manter a oxigenação, essa seria a conduta de alívio do paciente. - Para a alta do paciente, prescrever corticoide oral, além do inalatório e broncodilatador, para fazer o controle do processo inflamatório e ele não ser aquele paciente que vai e volta no PS por asma. - Medicações: Lucas Melo – Medicina Ufes 103