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1 Bruna Prado Zabini FISIOLOGIA Entre suas importâncias, ele protege o feto contra traumas mecânicos e infecções, evita compressão do cordão umbilical, homeostase térmica e proporciona a movimentação corporal do feto. No primeiro trimestre o LA é um ultrafiltrado do plasma materno e, com o avançar da gestação (20 semanas) o feto assume a produção do LA e ele vai ser originado da urina fetal e do fluído pulmonar do feto. Mas o feto além de produzir, reabsorve através da deglutição fetal, absorção intestinal e as trocas da pele fetal, cordão umbilical e da própria placenta. Outras vias, mas em menores proporção seriam as trocas através das membranas amnióticas e secreções das cavidades oral e nasal. ➔ Situada entre o pólo embrionário e o trofoblasto, aparecendo no estágio de blastocisto (3 semanas). O ultrassom visualiza a partir da 5ª a 6ª semana e cresce para obliterar cavidade âmnica com 12 semanas ASPECTO DO LIQUIDO AMNIÓTICO Durante toda a gravidez é cristalino e a partir das 37 semanas, começa a ter descamação da pele (grumos, que é o vernix caseoso que começa a desgrudar), ficando com grumos e presença de lectina esfingomielina pela maturação pulmonar (indica maturidade fetal) ficando opalescente. Quanto mais passa, mais o liquido fica “leitoso”. • Teste de clementes (teste das bolhas) baseia-se na capacidade da lecitina de formar bolhas quando em presença de álcool absoluto e água. • Estudo de células orangiófilas: essas células contribuem para o aspecto opalescente. Coloração anômalas: 1. Amarelado ( = infecção) 2. Esverdeado ( = fezes/mecônio do feto) 3. Castanha (= óbito fetal intraútero) VARIAÇÃO DO LA AO LONGO DA GESTAÇÃO No inicio tem curva progressiva (De aumento) que atinge seu ápice em torno das 32 semanas e começa a decrescer no terceiro trimestre. No ápice, dentro dessa faixa vermelha é a faixa de normalidade (percentil 5 a 95) e é a variação entre 400ml a 2000ml (esse é o esperado dentro da normalidade). Com 16 semanas absorve 7ml/dia e a termo de 200 a 600ml/dia. 2 Bruna Prado Zabini AVALIAÇÃO DO LIQUIDO AMNIÓTICO 1. AVALIAÇÃO CLÍNICA Aqui, pode fazer a medida da altura uterina (20 semanas na altura da linha umbilical); palpação abdominal (se eu palpo e sinto partes fetais com facilidade por ter uma oligâmnia); queixas maternas (oligo o bebê mexe menos. Poli há dispneia ou perda de líquido) 2. ULTRASOSNOGRAFIA Melhor método para avaliação do LA, podendo ser um critério: a. Subjetivo (varia com a experiência do examinador) b. Semiquantitativo i. Técnica do maior bolsão vertical (o examinador vai observar qual é o maior bolsão – região entre feto e parede uterina sem parte fetal ou alça de cordão - daquele feto, sempre na vertical) ii. Índice do liquido amniótico (divide o abdome materno em 4 quadrantes e vai medir os bolsões nos 4 quadrantes, e a somatória é o índice). OLIGOÂMNIO É a redução do líquido amniótico (ILA <5cm ou MBV <2cm)(< 300-400ml), ocorre em aproximadamente 0,5-5,5% das gestações. No primeiro trimestre as principais causas são idiopáticas já no segundo trimestre a principal causa é má formação do trato urinário fetal e no terceiro trimestre é insuficiência placentária ou rotura prematura das membranas ovulares (amniorrexe). CAUSAS 1. Causas maternas: Síndromes hipertensivas (pois cursam com o aumento da resistência vascular placentária); síndrome antifosfolípide (síndrome genética em que a paciente produz anticorpo contra o concepto)(abortos com repetição, trabalho de parto prematuro, gravidez ectópica, tudo isso chama atenção para pesquisar essa síndrome); doenças do colágeno (atinge microcirculação e a circulação materno fetal se faz através dela, então é lúpus, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, doenças reumáticas); diabetes com vasculopatia (nas formas graves tem retinopatia e nefropatia e na gestante grave com diabetes vai ter 3 Bruna Prado Zabini vasculopatia na placenta, ou seja, ela vai ter problema, principalmente em paciente insulinodependente, e com isso da queda do LA, restringe crescimento); hipovolemia; drogas inibidoras das prostaglandinas (antiinflamatórios não esteróidas principalmente, ou iECA) ou enzima de conversão. 2. Causas placentárias: Insuficiência placentária (geralmente cursa com má formação placentária), DPP crônico (descolamento prematuro de placenta), gravidez prolongada (diminuí o LA); síndrome transfusor-transfundido (ou síndrome de transfusor feto fetal) (um pode “roubar” do outro, no caso de gêmeos, ai um fica transfusor que fica pequeno e anêmico e o outro transfundido fica grande, edemaciado e anêmico) 3. Causas fetais: Anomalias congênitas (por ex mal formação de esofago, pulmonar, intestinal); cromossomopatias e ciur (restrições de crescimento, cursma com fluxo materno fetal prejudicado, geralmente fetos em hipoxia, com baixa taxa de filtração glomerular, produzindo menos urina e menos LA consequentemente) . MORBIDADES ASSOCIADAS: • Hipoplasia pulmonar (fica sem espaço para os movimentos respiratórios) • Deformidades fetais (sequencia de potter) • Sofrimento fetal crônico (pode comprimir o cordão) • Óbito fetal (perinatal) CONDUTA É preciso investigar a etiologia (pois muda a conduta ao depender da causa), precisa ter um controle rigoroso da vitalidade fetal (através de USG e doppler), hidratação materna, amnioinfusão (guiado por USG para injetar soro fisiológico para tentar aumentar o volume do LA, porém seria temporário). Quando no primeiro ou segundo trimestre, tem que pensar em anomalia fetal, pode então pensar em fazer amniocentese e estudo de cariótipo. No terceiro trimestre já indica um tratamento pois é uma gravidez de alto risco e posso pensar em restrição de crescimento intrauterino. ➔ .Se naõ tiver maturidade (menos de 37 semanas), pode pensar em fazer maturidade pulmonar com corticoterapia pois provavelmente essa gravidez não chegará no termo. QUANDO INTERROMPER A GESTAÇÃO? Se tenho uma rotura prematura das membranas ovulares (RMPO) pode levar até 34 semanas; se a causa for restrição do crescimento intrauterino pode interromper entre 34-37 semanas (depende da condição do feto); se for idiopática em torno de 37 semanas. E interrompe imediatamente se for > 37 semanas ou alteração da vitalidade fetal. 4 Bruna Prado Zabini POLIDRÂMNIO É o excesso de líquido amniótico (>2000ml ou ILA acima de 25cm ou maior bolsão vertical >8 ou 10 cm). Ocorre em 0,4-1,5% das gestações. Pode ser um quadro agudo (mais grave) ou crônico (aumento gradual) com melhor prognóstico). A principal causa materna é o DM (hiperglicemia leva a resposta fetal em poliúria, mais diurese, mais liquido amniótico). Outras causas são malformações fetais e gemelaridade monocoriônica. 40-60% são idiopáticos) Principais má formações que cursam com polidrâmnio: • Má formações do SNC (anencefalia, espinha bífida – fica hipotônico e degluti menos, reabsorvendo menos) • Alterações cardíacas (arritmias cardíacas) • Gastrointestinais (atrésia duodenal ou de esofago) • Má formação torácica CAUSAS 1. Causas placentárias: Corioangioma (patologia vascular, uma proliferação vascular benigna, é um enovelamento dos vasos da placenta que faz com que a placenta seja muito grande e que passe muito sangue e que leve muito sangue para o feto, gerando muito LA); placenta circunvalada (maior do que o normal, mais do que500-600g) 2. Causas maternas: Diabetes gestacional (cursa com polidrâmnio, causando crescimento desenfreado do feto (macrossomico) e a produção de liquido é muito maior) e isoimunização RH (eritroblastose fetal) (incompatibilidade do RH, mae - e pai + e a mãe produz anticorpo, levando a anemia fetal, leva o feto a hipóxia, insuficencia cardíaca e anasarca) 3. Causas fetais: Gemelaridade (por conta de placenta, únicas ou duplas grandes), obstruções do GI (atrésia de esofago), cromossomopatias, anomalias esqueléticas, neurológicas, renais, cardíacas, endócrinas, hematológicas, tumores, hidropsia, infecções (sífilis, toxoplasmose, rubéola) DIAGNÓSTICO 1. Avaliação clínica a. Altura uterina maior do que esperada para idade gestacional b. Edema na região suprapúbica c. Distensão parede abdominal d. Dificuldade na palpação uterina e. Dificuldade de auscultar o BFC f. Queixas maternas como dispneia ou dor abdominal 2. Ultrasonografia a. ILA b. Diâmetro (maior bolsão vertical) c. Volume de líquido amniótico 5 Bruna Prado Zabini MORBIDADE ASSOCIADA • Dificuldade respiratória materna • Doença hipertensiva específica da gestação • Apresentações anômalas • Rotura prematura de membranas ovulares (amniorrexe) • Trabalho de parto prematuro • Descolamento prematuro da placenta • Distocia funcional • Prolapso de membros ou cordão umbilical • Óbito perinatal • Atonia uterina oós parto (pode dar hemorragia) CONDUTA Investigar a causa (com teste de tolerância oral a glicose; sorologia materna; pesquisa de anticorpos irregulares pensando em isoimunização); USG obstétrica (para ver morfologia fetal procurando má formação fetal; avaliação velocidade sistólica máxima da artéria cerebral média que diz sobre anemia fetal (quando acima de 1,5)) e um ecocardiograma (fetal para avaliar má formações cardíacas) e amniocentese (terapêutico e diagnóstico) ** NÃO UTILIZAR DIURÉTICO (não vai ter resposta no volume do LA) REFERÊNCIA o Calixto AC, Liao AW – Oligoâmnio (Tratado de Obstetrícia – FEBRASGO), 2018, São Paulo o Zugaib obstetrícia / editor Marcelo Zugaib; 3. ed. - Barueri, SP: Manole, 2016, cap 33 (Alterações do Líquido Amniótico) o Fonseca ES. Polidrâmnio. São paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Tratado de Obstetrícia - FEBRASGO), 2018. AMNIOCENTESE: ➔ Amniocentese (retirada de 100 a 500 ml de LA/h) para alívio de dispneia e desconforto abdominal (sob visão do USG). Indicado para quando mãe esta com dispenia progressiva ou uma dor abdominal persistente! Riscos: • Trabalho de parto prematuro • Infecção intrauterina • Descolamento prematuro de placenta • Lesão fetal • Rotura prematura de membranas ovulares • Hemorragias
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