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Hanseníase: Causas, Sintomas e Classificação

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Amanda Coimbra Pires 
Hanseníase 
É uma infecção crônica, que tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen 
(Bacilo Álcool Ácido Resistente (BAAR)), que possui elevada infectividade, porém baixa patogenicidade, 
isto é, poucos indivíduos infectados adoecem. 
Parasita intracelular obrigatório com predileção pelas células do sistema reticuloendotelial, incluindo as 
células de Schwann, células da pele e mucosa nasal. 
EPIDEMIOLOGIA 
Nos últimos anos, foi observado sucesso com a implantação dos programas de controle da hanseníase, 
apoiados pela OMS. O foco desses programas está na detecção precoce de casos novos e tratamento 
gratuito com poliquimioterapia. 
A prevalência da doença vem diminuindo em todo o mundo. Entretanto, esse declínio desacelerou mais 
recentemente. Brasil, Índia e Indonésia, juntos, foram responsáveis por 81% dos casos em 2016. 
TRANSMISSÃO E PATOGÊNESE 
O homem é considerado o único reservatório natural do bacilo. Os pacientes das formas multibacilares são 
a principal fonte de infecção. As vias aéreas superiores são a principal via de inoculação e eliminação do 
bacilo. Soluções de continuidade na pele podem ser porta de entrada da infecção. Secreções orgânicas como 
leite, esperma, suor e secreção vaginal podem eliminar bacilos, mas não possuem importância na 
disseminação da hanseníase. 
A hanseníase atinge pessoas de todas as idades, ambos os sexos, no entanto raramente ocorre em crianças 
abaixo de cinco anos. A forma de distribuição da doença sugere a possibilidade de uma predisposição 
genética. Existem marcadores imunológicos relacionados à capacidade dos macrófagos em destruir o 
bacilo ou de deixá-lo se multiplicar. 
O período de incubação é longo, em média de dois a cinco anos, podendo ser de meses a mais de dez anos. 
Isso ocorre pois o M. leprae é um micro-organismo “lento”, que se reproduz por divisão binária simples a 
cada 14 dias, sendo necessários muitos anos para que o organismo possua uma carga bacilar capaz de 
expressar-se clinicamente. Depois da sua entrada no organismo, não ocorrendo a sua destruição, o bacilo 
de Hansen irá se localizar na célula de Schwann e na pele. Sua disseminação para outros tecidos 
(linfonodos, olhos, testículos, fígado) pode ocorrer nas formas mais graves da doença, quando o agente 
não encontra resistência contra a sua multiplicação. 
A imunidade humoral (dependente de anticorpos) é ineficaz contra o M. leprae. A defesa é efetuada pela 
imunidade celular, capaz de fagocitar e destruir os bacilos, mediada por citocinas (TNF-alfa, IFN-gama) e 
mediadores da oxidação, fundamentais na destruição bacilar no interior dos macrófagos. 
Na forma paucibacilar (lesões tuberculoides), há predomínio de linfócitos Th1- imunidade celular, 
produzindo IL-2 e IFN-gama, enquanto que na forma multibacilar (lesões virchowianas), o predomínio é de 
linfócitos T supressoras e Th2, produzindo IL-4, IL- 5 e IL-10. 
Na hanseníase tuberculóide, é a reação imune que pode provocar as lesões cutâneas e nervosas, já na 
virchowiana, a produção de substâncias pelo bacilo (ex.: PGL-1), no interior do macrófago, favorece seu 
escape à oxidação, e sua disseminação. 
CLASSIFICAÇÃO 
Amanda Coimbra Pires 
A classificação de Madri é a mais utilizada no Brasil. Consideram-se dois polos estáveis e opostos 
(virchowiano e tuberculoide) e dois grupos instáveis (indeterminado e dimorfo), que caminhariam para um 
dos polos, na evolução natural da doença. 
A classificação operacional da OMS se dá pelo número de lesões; quando até cinco lesões, é classificado 
como paucibacilar, e quando apresentar mais de cinco lesões, é classificado em multibacilar. 
CLÍNICA 
Hanseníase Indeterminada (HI): Caracteriza-se pelo aparecimento de mancha(s) hipocrômica(s), anestésica e 
anidrótica, com bordas imprecisas. As lesões são únicas ou em pequeno número e podem se localizar em 
qualquer área da pele. Não há comprometimento de troncos nervosos nesta forma clínica, apenas 
ramúsculos nervosos cutâneos. A baciloscopia é negativa. A HI é considerada a primeira manifestação clínica 
da hanseníase. 
Hanseníase Tuberculoide (HT): A HT surge a partir da HI não tratada, nos pacientes com boa resistência. No 
polo de resistência, a hanseníase tuberculoide caracteriza a forma clínica de contenção da multiplicação 
bacilar, dentro do espectro da doença. As lesões são bem delimitadas, em número reduzido, eritematosas, 
com perda total da sensibilidade e de distribuição assimétrica. Descrevem-se inicialmente máculas, que 
evoluem para lesões em placas com bordas papulosas, e áreas de pele eritematosas (FIGURA 5) ou 
hipocrômicas. Seu crescimento centrífugo lento leva à atrofia no interior da lesão, que pode, ainda, assumir 
aspecto tricofitoide, com descamação das bordas. A forma tuberculoide (HT) e a forma indeterminada (HI) 
constituem as formas paucibacilares da hanseníase. 
Hanseníase Virchowiana (HV): Esta é a forma multibacilar da hanseníase (também chamada de lepra ou 
hanseníase lepromatosa), reconhecida por corresponder ao polo de baixa resistência imunológica ao bacilo. 
Pode evoluir a partir da forma indeterminada ou se apresentar como tal desde o início. Caracteriza-se pela 
infiltração progressiva e difusa da pele, mucosas das vias aéreas superiores, olhos, testículos, nervos; 
podendo afetar, ainda, os linfonodos, o fígado e o baço (hepatoesplenomegalia). Na pele, descrevem-se 
máculas, pápulas, nódulos e tubérculos. A infiltração é difusa e mais acentuada na face e nos membros. A 
pele torna-se luzidia, xerótica, com aspecto apergaminhado e tonalidade semelhante ao cobre. Há rarefação 
dos pelos nos membros, cílios e da cauda da sobrancelha (madarose). A infiltração da face e pavilhões 
auriculares, com madarose sem queda de cabelo, forma o quadro conhecido como fácies leonina. 
TRATAMENTO 
 
Amanda Coimbra Pires 
 
 
Referência: MEDCURSO DERMATOLOGIA 2018

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