4 Tecido Cartilaginoso

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TECIDO CARTILAGINOSO 
 EDUARDA LACERDA 
CARACTERÍSTICAS 
 
 Tipo de tecido conjuntivo; 
 Células + muita matriz extracelular, que é formada por colágeno, elastina e 
substancia fundamental amorfa. Características básicas de tecidos conjuntivos. 
Entretanto, em contraste com o tecido conjuntivo propriamente dito, adiposo e ósseo, a 
cartilagem é um tecido AVASCULAR e as células recebem os nutrientes por difusão 
através da MEC. Também não possui vasos linfáticos ou nervos. 
 A MEC da cartilagem é composta por glicosaminoglicanos e proteoglicanos, que 
estão intimamente associados às fibras colágenas e elásticas embebidas em meio à 
matriz. 
 O tecido conjuntivo que reveste algumas cartilagens é denominado de pericôndrio. 
NEM TODA CARTILAGEM TEM PERICÔNDRIO. Muitas vezes, nas cartilagens de 
mesmo tipo há algumas com pericôndrio, outras não. 
 O tecido cartilaginoso é avascularizado, característica comum ao tecido epitelial. 
Apesar de ser avascularizado as células estão vivas e possuem tanto atividade secretora 
quanto atividade mitótica e precisam ser nutridas de alguma maneira. Há 2 processos de 
nutrição: 
1. Por difusão a partir do pericôndrio, nas cartilagens que possuem essa estrutura. 
2. Por difusão a partir do liquido sinovial, nas cartilagens que não possuem 
pericôndrio. 
 Os 3 tipos celulares encontrados nesse tecido são: condroblastos, condrócitos e 
células condrogênicas. A célula condrogênica é uma célula que originam condroblastos, 
portanto esse tipo celular não é encontrado no adulto. Os condroblasto são células jovem 
intensamente ativos na produção todos os componentes orgânicos da matriz 
cartilaginosa; estão localizados na periferia. Condrócitos são células quinesences, com 
pouca atividade de síntese=>produzem apenas para manter e renovar os componentes; 
estão na área central. 
 A cartilagem surge a partir do mesenquima, que se transforma em célula 
condrogenica, que se transforma em condroblasto. 
 
FUNÇÕES 
 
 Suporte de tecidos moles; 
 Reveste as superfícies articulares dos ossos, facilitando deslizamento. 
 É essencial para a formação e crescimento dos ossos longos. 
No período embrionário, o esqueleto é cartilaginoso ate uma certa etapa do 
desenvolvimento embrionário. A partir de uma fase desse desenvolvimento a cartilagem 
vai sofrendo ossificação; a ossificação substitui toda a diáfise mas na epífise não e 
completa. 
 Essas funções dependem muito da composição química da matriz cartilaginosa, 
que é colágeno ou colágeno+elastina, associados a proteoglicanas e glicoproteínas 
adesivas. Há cartilagem que têm apenas colágeno, outras possuem colágeno e elastina; 
todas possuem proteoglicanas e glicoproteínas adesivas. 
 
PERICÔNDRIO 
 
 O pericôndrio é formado por uma camada de células indiferenciadas que podem 
diferenciar-se em condroblastos. 
 Possui uma camada fibrosa externa e uma camada celular interna cujas células 
(condroblastos) secretam a matriz da cartilagem. 
 É formado por tecido conjuntivo denso não-modelado; 
 A camada externa tem grande quantidade de fibras colágenas => pericôndrio 
fibroso; 
 A parte interna é formada por células condrogênicas que, ao migrar para a 
matriz cartilaginosa, se transformam em condroblastos. Também possui fibroblatos. 
 É um tecido vascularizado que nutre o tecido cartilaginoso. 
 Nas cartilagens que não possuem pericôndrio as células recebem nutrição a partir 
do líquido sinovial que banha as superfícies articulares. 
P.S: a cartilagem hialina, nas articulações, não tem pericôndrio. 
 
MATRIZ CARTILAGINOSA 
 
 Possui fibras colágenas. Toda matriz cartilaginosa tem colágeno, 
predominantemente o tipo II. 
 Algumas cartilagens tem elastina; 
 Substância fundamental amorfa formada principalmente por proteoglicanas e 
glicoproteínas adesivas, quase não tem glicosaminiglicanas. Essas substâncias, tanto 
proteoglicanas e glicoproteinas adesivas, fornece à cartilagem sua consistência firme e 
permite a nutrição de suas células. A difusão de nutrientes a partir do pericôndrio ou 
liquido sinovial ocorre através da 
matriz cartilaginosa. 
 A matriz está subdividida em 
duas regiões: a matriz territorial, em 
torno de cada lacuna, e a matriz 
interterritorial. A matriz territorial, 
uma faixa com 50 μm de largura, é 
pobre em colágeno e rica em 
condroitino-sulfato, o que contribui para 
sua basofilia. 
 A maior parte da matriz é a 
matriz interterritorial, mais rica em 
colágeno do tipo II e mais pobre em 
proteoglicanos do que a matriz 
territorial. 
 Uma pequena região da matriz, 
de 1 a 3 μm de espessura e imediatamente junto à lacuna é denominada cápsula 
pericelular. Ela possui uma delicada rede de fibrilas de colágeno incluídas em uma 
substância semelhante à lâmina basal. 
 A substância fundamental da matriz da cartilagem é rica em agrecanos, grandes 
moléculas de proteoglicanos compostas por eixos protéicos aos quais moléculas de 
glicosaminoglicanos (condroitino-4-sulfato, condroitino-6-sulfato e heparan-sulfato) estão 
ligadas de modo covalente. De 100 a 200 moléculas de agrecanos estão ligadas de modo 
não-covalente ao ácido hialurônico, formando imensos complexos de agrecanos, que 
podem ter de 3 a 4 μm de comprimento. As abundantes cargas negativas associadas a 
estas moléculas de proteoglicanos excessivamente grandes atraem cátions, 
predominantemente íons Na+, os quais, por sua vez, atraem moléculas de água. Desta 
maneira, a matriz da cartilagem torna-se hidratada de tal modo que 80% do peso líquido 
da cartilagem é constituído por água, o que justifica a capacidade da cartilagem de 
resistir a forças de compressão. 
 
CÉLULAS 
 
I. CÉLULAS CONDROGÊNICAS: 
 São células estreitas, fusiformes, originarias de células mesenquimais. Podem se 
diferenciar tanto em condroblastos quanto em células osteoprogenitoras (que formam os 
condroblastos). 
 Originam os condroblastos que podem originar os condrócitos. Os condrócitos 
também podem se originar por mitose. 
 
II. CONDROBLASTOS: 
 Células arredondadas, basófilas, originárias de duas fontes: células mesenquimais 
localizadas no interior dos centros de condrificaçao, e células condrogênicas da camada 
celular interna do pericôndrio; 
 Ricas em REG, complexo de golgi, com mitocôndrias e vesículas de secreção, 
conferindo-lhes característica de intensa síntese proteica=>proteínas e glicoproteinas da 
matriz cartilaginosa; 
 Localiza-se na periferia da cartilagem. 
 
III. CONDRÓCITOS: 
 Os condrócitos são condroblastos que foram circundados pela matriz. 
 Em todas as idades, os condrócitos têm necessidades nutricionais significativas. 
 Apesar de se dividirem raramente na cartilagem adulta, os condrócitos sintetizam 
continuamente as moléculas para a renovação constante da MEC, em particular, os 
proteoglicanos. 
 Localizam-se na matriz cartilaginosa, parte central. 
 Participam da manutenção e renovação da matriz cartilaginosa 
P.S: O tecido cartilaginoso não tem capacidades regenerativas. 
 Os nutrientes chegam até os condrócitos por difusão. 
 Grupos isógenos são grupos de 2 ou mais células envoltas pela mesma lacuna. 
 
 
CRESCIMENTO DO TECIDO (CONDROGÊNESE) 
 
 O crescimento se dá principalmente pela expansão da matriz extracelular e não 
pelo fato das células estarem se multiplicando. Ao surgir novas células mais matriz 
extracelular vai sendo formada. 
 Há dois tipos de crescimento no tecido cartilaginoso, pois os condroblastos e 
condrócitos participam desse mecanismo de maneiras diferentes: 
1. Crescimento interticial: ocorre por mitose. Condrócitos já existentes no interior da 
cartilagem começam a se dividir. 
 
2. Crescimento aposicional: a partir de células indiferenciadas na superfície da 
cartilagem ou do pericôndrio. Está relacionado aos condroblastos. Os condroblastos 
não se dividem, se originam das células condrogênicas que estão no pericôndrio. As 
novascélulas presentes não fazem o tecido crescer e sim a nova produção de 
matriz extracelular feita por elas. 
 
P.S: o tecido cartilaginoso é um tecido que não para de creser, mesmo na fase adulta. 
 Os condroblastos secretam MEC ao redor deles mesmos. À medida que este processo 
avança, os condroblastos ficam envolvidos pela matriz secretada por eles mesmos e 
acabam enclausurados em pequenos compartimentos individuais denominados lacunas. 
Os condroblastos que são envolvidos pela matriz passam a ser chamados de condrócitos. 
Estas células ainda são capazes de divisão celular e formam grupos de duas a quatro ou 
mais células dentro de uma lacuna. Estes grupos são denominados grupos isógenos e 
representam duas ou mais divisões celulares de um condrócito original. Conforme as 
células de um grupo isógeno vão produzindo matriz, elas vão se separando umas das 
outras, formando lacunas individuais e, desta maneira, aumentando a cartilagem de 
dentro para fora. Este tipo de crescimento é denominado crescimento intersticial. 
 Células mesenquimais situadas na periferia da cartilagem em desenvolvimento 
diferenciam-se formando fibroblastos. Estas células produzem um tecido conjuntivo denso 
modelado, rico em fibras colágenas, o pericôndrio, responsável pelo crescimento e 
manutenção da cartilagem. O pericôndrio tem duas camadas, uma camada fibrosa 
externa composta por colágeno do tipo I, fibroblastos e vasos sangüíneos, e uma camada 
celular interna, composta principalmente por células condrogênicas. As células 
condrogênicas dividem-se e tornam-se condroblastos que começam a sintetizar matriz. 
Desta maneira, a cartilagem também cresce por acréscimo de matriz à sua periferia, um 
processo denominado crescimento aposicional. 
 O crescimento intersticial ocorre somente na fase inicial da formação da 
cartilagem hialina. No entanto, a cartilagem articular, que não possui pericôndrio, 
somente aumenta de tamanho por crescimento intersticial. 
 A cartilagem do resto do corpo cresce principalmente por aposição, um processo 
controlado que pode continuar durante toda vida da cartilagem. 
 
TIPOS DE TECIDO CARTILAGINOSO 
 
A diferença entre elas, além da localização, é o tipo de proteína estrutural, o resto é 
igual. 
I. HIALINA: 
 Colágeno tipo II. 
 Tipo mais comum. Encontrada no anel da traqueia, laringe, brônquios e na 
superfície das articulações dos ossos. 
P.S: em todas essas estruturas 
a hialina é revestida pelo 
pericôndrio, exceto na 
superfície das articulações. 
Então a hialina pode ter ou 
não pericôndrio, depende do 
local. 
 Constitui também o 
folheto fetal. 
 Forma o molde para a ossificação endocondral da maioria dos ossos do esqueleto. 
 A cartilagem hialina é dividida em duas regiões: matriz territorial e matriz 
interterritorial. A matriz territorial é pobre em colágeno, rica em condroitin-sulfato 
(GAG) que contribui para sua basofilia. A matriz interterritorial é rica em colágeno tipo 
II e mais pobre em GAG. 
 A matriz da cartilagem hialina é formada por colágeno tipo II associado a 
proteoglicanos (são hidratados e preenchem o interstício entre as fibra), cadeias de 
glicosaminoglicanas (formam ligações eletrostáticas com o colágeno e glicoproteína 
adesiva. 
 
II. ELÁSTICA: 
 Colágeno tipo II + fibras 
elásticas. 
 Encontrada no pavilhão 
auricular, tubas 
auditivas, epiglote, 
laringe. 
 Constituída por colágeno 
tipo II mas também apresenta elastina. 
 TODA cartilagem elástica possui pericôndrio. 
 Na maioria dos aspectos, a cartilagem elástica é idêntica à cartilagem hialina e, 
com freqüência, encontra-se associada a esta. A camada fibrosa externa do pericôndrio é 
rica em fibras elásticas. A matriz da cartilagem elástica possui abundantes fibras 
elásticas, de delicadas a grosseiras, ramificadas, interpostas entre feixes de fibrilas de 
colágeno do tipo II, que lhes dá uma flexibilidade muito maior do que a cartilagem 
hialina 
 
III. FIBROCARTILAGEM: 
 É rico em colágeno tipo I, 
portanto é o tipo mais 
resistente. 
 Os condrócitos se 
organizam em fileiras paralelas 
com as fibras colágenas. Não é 
aleatório como acontece nas 
outras cartilagens. 
 Encontrada nos discos vertebrais, na sínfise púbica, nos meniscos das articulações 
dos joelhos, no disco articular da articulação do punho e nas insersoes dos tendões e 
ligamentos. 
 NENHUMA fibrocartilagem tem pericôndrio.