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Anatomia e fisiologia O coração possui basicamente 2 tipos de células: Células especializadas em contração (músculos) Células especializadas em geração e condução elétrica O estímulo elétrico cardíaco nasce no nó sinusal por um gradiente de concentração de íons que se transforma em um gradiente de atividade elétrica na despolarização celular. As células cardíacas podem ser despolarizadas de duas maneiras: espontaneamente (automaticidade celular) ou através da despolarização provinda de outra célula. A partir de um estado de repouso, as células geradoras de atividade elétrica são capazes de se autodespolarizar (automaticidade), o que corresponde a um aclive na fase 4 (curva rosa) até atingir seu limiar de ação. Portanto, as células do nó sinusal e do nó atrioventricular têm a capacidade de autodespolarização. Vetores eletrocardiográficos ou ondas elétricas Vetores elétricos são causados por milhões de células realizando atividade elétrica sincronizada. Esses vetores representam o trajeto percorrido pelo estímulo elétrico no coração, interpretado por eletrodos na superfície corporal que processam esse sinal elétrico, que será impresso em um ECG. Os vetores tem 3 propriedades fundamentais: Direção Intensidade Duração Essas variáveis são exatamente o que buscamos ao analisar um eletro. No eixo horizontal do ECG temos a propriedade de duração (tempo). No eixo vertical temos a propriedade de amplitude ou intensidade de cada vetor A direção dos vetores será interpretada a partir do conhecimento das derivações e localização dos eletrodos Eletrodos e derivações Eletrodos: são condutores elétricos metálicos responsáveis por captar a atividade elétrica cardíaca. @intensivodeecg Estão localizados em posições específicas – um em cada membro e 6 no tórax Derivações: Formadas a partir da conexão dos eletrodos. Registram a corrente elétrica na direção formada pelos eletrodos ELETRODOS TORÁCICOS V1 - 4° EIC, linha parasternal direita V2 - 4° EIC, linha parasternal esquerda V3 - entre (V2) e (V4) V4 - 5° EIC, linha hemiclavicular esquerda V5 - Plano horizontal, axilar anterior esquerda V6 - Plano horizontal, axilar média esquerda Derivações Cada derivação registra a diferença de potencial entre dois eletrodos, um polo positivo e um negativo → criação de um mapa elétrico O polo negativo pode ser formado por apenas um eletrodo ou pela combinação de dois ou mais eletrodos, o que é chamado de eletrodo composto. O ECG padrão tem 12 derivações, divididas em frontais (6) e precordiais (6) Derivações do plano frontal D1, D2, D3, aVR, aVF, aVL Derivação + - I (0°) MSE MSD II (60°) MIE MSD III (120°) MIE MSE aVR (-150°) MSD MSE+MIE aVL (-30°) MSE MSD+MIE aVF (90°) MIE MSD+MSE I, II, III – Derivações bipolares I: Diferencial de potencial elétrico entre o braço direito (-) e o braço esquerdo (+). I I: Diferencial de potencial elétrico entre o braço direito (-) e a perna esquerda (+). I I I: Diferencial de potencial elétrico entre o braço esquerdo (-) e a perna esquerda (+). Formam um triângulo equilátero (o chamado Triângulo de Einthoven). avr, avl, avf – Derivações unipolares Captam a diferença de potencial elétrico entre um ponto periférico e um outro ponto neutro. aVR: Resultante entre o braço direito e o ponto neutro aVL: Resultante entre o braço esquerdo e o ponto neutro. aVR: Resultante entre o potencial da perna (pés) e o ponto neutro. União de todas as variáveis frontais (periféricas): Traduzindo para uma visão mais prática: Derivações do plano horizontal V1, v2, v3, v4, v5, v6 Cada eletrodo apresenta-se como o respectivo polo positivo. O polo negativo dessas derivações é a central terminal de Wilson (estrela na imagem), que é o centro do tórax formado por uma combinação dos 3 eletrodos dos membros. União de todas as derivações: Derivações contíguas = Mostram a mesma parede D2, D3 e aVF Parede inferior. V1, V2, V3, V4 Superfície anterior, incluindo o septo interventricular D1, aVL, V5 e V6 Parede lateral. Ondas e intervalos ECG O sistema elétrico cardíaco é responsável por conduzir o estímulo que surgiu no nó sinusal para o restante das células cardíacas Enquanto esse estímulo vai percorrendo as estruturas, cria vetores, que se manifestarão como ondas no traçado do ECG. Onda P: despolarização atrial Complexo QRS: despolarização ventricular Onda T: repolarização ventricular Onda U: pode ocorrer depois da onda T; representa atividade elétrica das fibras de Purkinje. Ponto J: término do QRS, na junção com segmento ST Intervalos importantes: Intervalo PR: do começo da onda P até o começo do QRS Intervalo QT: do começo da onda Q até o final da onda T. Intervalo R-R: De um complexo QRS até o próximo Morfologia do complexo QRS (vetor da despolarização ventricular). A massa ventricular, quando despolarizada gera ondas de direções diferentes, que quando unidas compõem um complexo único QRS IMAGEM Morfologia do complexo QRS: Primeira onda positiva: Onda R Onda negativa antes da positiva: Onda Q Onda negativa depois da positiva: Onda S Segunda onda positiva: R’ Sistema de condução cardíaco Sequência fisiológica de transmissão do estímulo elétrico pelo coração: Nó sinusal (localizado na junção da veia cava superior com átrio direito) → feixes de Bachman → nó atrioventricular → feixe de His → ramo direito e ramo esquerdo → miócitos ventriculares O ramo esquerdo se bifurca em: - Divisão anterossuperior esquerda - Divisão posteroinferior esquerda. O nó atrioventricular exerce uma função muito importante em retardar o estímulo elétrico para o ventrículo. Esta função é fisiológica, permitindo o enchimento do ventrículo após contração atrial antes do início da contração ventricular. Também protege o ventrículo de uma frequência cardíaca muito alta em uma situação de taquiarritmia atrial (exemplo, fibrilação atrial). Padronização do ECG Eixo horizontal = duração Eixo vertical = amplitude/intensidade A padronização mais comum é: Nesse padrão: 25mm = 1 seg no eixo horizontal 25 mm ----------- 1 seg 1 mm --------------- 0,04 seg (40 msec) Ou seja, cada quadrado menor (1mm) equivale a 40 milissegundos ou 0,04 seg no eixo horizontal A cada 5 mm (quadradinhos) tem uma linha mais espessa, o que significa que cada quadrado maior (5 quadradinhos) tem 0,20 segundos no eixo horizontal. Eixo vertical: intensidade/amplitude Escala mais comum: 10 mm/mV 1mm = 0,1 mV *OBS: essa escala pode ser mudada Frequência cardíaca Cálculo da fc em ritmos regulares Considerando a padronização mais comum: 25 mm ------------ 1 seg Y --------------------- 60 seg Y = 1500 mm Existem dois métodos para cálculo da FC em ritmos regulares: Método 1: Basta contar quantos complexos QRS estão presentes em 1500 mm de papel. Para esse cálculo, dividimos 1500 pela distância em mm entre dois complexos QRS. 𝐹𝐶 = 1500 𝑛° 𝑑𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑢𝑚 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑅 − 𝑅 Essa regra só vale para ritmos regulares Método 2: Encontre um QRS em cima de ou próximo de uma linha espessa e determine a FC a partir da localização do próximo QRS. Se o próximo QRS cair na 1ª linha espessa após o QRS inicial, a distância entre os dois QRS é de 5 mm. Usando o primeiro método, a FC seria 1500/5 = 300 bpm 2ª linha espessa (10 mm, 1500/10): 150 bpm 3ª linha espessa: 100 bpm 4ª linha espessa: 75 bpm 5ª linha espessa: 60 bpm 6ª linha espessa: 50 bpm 7ª linha espessa: 43 bpm OBS: quando a FC é muito alta (>150), o ideal é usar a regra exata (dos 1500), pois a regra rápida pode ser inexata Cálculo da fc emritmos irregulares Em ritmos irregulares, é necessário contar o número de complexos QRS em um período mais longo (ex. 6 ou 10 segundos) e multiplicar por um fator para estimar o número de complexos QRS em um minuto. O intervalo entre duas linhas espessas é de 0,2 segundo ou 200 ms: 0,2s = 1 quadrado maior 1 segundo = 5 quadrados maiores 6 segundos = 30 quadrados maiores Em 6 segundos tem “x” QRS, em 1 minuto tem (10x) QRS Dica: a maioria dos eletros tem 10 segundos de duração, se esse for o caso é só contar quantos QRS tem em 10 seg e multiplicar por 6 Eixo cardíaco Eixo = Despolarização da massa ventricular (predominantemente esquerda, pela maior massa de VE) Aqui falamos de “direção” de um vetor Atenção para as derivações no plano frontal e em quantos graus cada derivação está. Eixo normal: -30 a 90° O eixo normal de despolarização ventricular, isto é, do complexo QRS, no plano frontal é de -30° a 90°. Eixo entre -30° e -90° → desvio do eixo para a esquerda. Eixo entre 90° e 180° → desvio do eixo para a direita. Eixo entre 180° e 270° → desvio do eixo para a extrema direita. Determinando o eixo cardíaco em 3 passos: É fundamental conhecer a posição de cada derivação do plano frontal, por isso, memorizar esse diagrama: Derivações perpendiculares (em um ângulo de 90°): D1 (0°) e aVF (90°) D2 (60°) e aVL (-30°) D3 (120°) e aVR (-150°) 1º passo. Identifique a derivação com vetor isoelétrico. Quando identificarmos um vetor isoelétrico em uma derivação, significa que o vetor está perpendicular a tal derivação Exemplo: (QRS tem aproximadamente a mesma amplitude positiva e negativa) 2º passo. Ache a derivação perpendicular à derivação onde o vetor está isoelétrico. Exemplo: se o vetor for isoelétrico em D2, a derivação perpendicular a D2 é aVL. 3º passo. Veja se o vetor nessa derivação perpendicular é positivo ou negativo. - Se for positivo, o eixo é exatamente no sentido dessa derivação. - Se negativo, o eixo do vetor é no sentido oposto (180o) dessa derivação. Método do eixo aproximado: Eixo normal + em D1 e D2 Desvio p/ esquerda + em D1 e – em D2 Desvio p/ direita - em D1 e + em aVF Desvio p/ extrema direita - em V1 e aVF Causas de desvio de eixo Desvio de eixo p/ direita (- em D1 e + em aVF) ou extrema direita (- em D1 e aVF): Biotipo (longilíneo, coração mais vertical) Sobrecarga de VD (hipertrofia “puxa” vetor) Infarto prévio de parede lateral Bloqueio divisional póstero-inferior esquerdo Inversão de eletrodos e dextrocardia (em casos de extrema direita) Desvio de eixo p/ esquerda (+ em D1 e - em D2) Biotipo (brevelíneo, coração mais horizontal) Sobrecarga de VE Bloqueio de ramo esquerdo Infarto prévio de parede inferior Bloqueio divisional ântero-superior Importante: se for um ritmo de origem ventricular (taquicardia ventricular, ritmo de marcapasso, RIVA), não laudamos desvio de eixo Onda P Corresponde à despolarização atrial de forma sincronizada, gerando um vetor que se manifesta no eletro como a onda P. Direção A direção da despolarização atrial segue um caminho padrão quando nasce no nó sinusal (ritmo sinusal), formando um vetor que vai de cranial para caudal e da direita para a esquerda. Quando a onda P é sinusal, o átrio direito é despolarizado primeiro pela sua proximidade anatômica ao NS. Identificação de onda P sinusal: A direção normal da onda P é entre 0 e 90°. A consequência disso é que a onda P em um eletro com ritmo sinusal será positiva nas seguintes derivações: D1, D2 e aVF (0 – 90°) As melhores derivações para ver onda P são D2 e V1 Onda P em D2: Com relação às derivações horizontais observamos que em VI a onda P pode ser bifásica (pois corresponde à despolarização dos átrios direito e esquerdo, ambos em direções diferentes no ponto de vista de V1) Duração < 120 ms (3 quadradinhos) Amplitude < 0.25 mV em D2 (< 2,5 quadradinhos) < 0.1 mV em V1 (na parte negativa) Alterações no eixo da onda P Acontecem quando a onda P é negativa em D1 e/ou aVF, o que pode acontecer por três causas principais: Onda P não sinusal (ex: ritmo atrial ectópico) Inversão de eletrodos nos MMSS Dextrocardia (RARO) Sobrecarga atrial esquerda Representada por alteração na duração da onda P e aumento da amplitude da porção negativa em V1 (correspondente ao AE) Ou seja, Onda P de duração aumentada em D2 (≥ 120 ms), pode ser com entalhe, chamada de onda P mitrale Parte negativa da onda P em V1 com duração > 40ms e amplitude > 0.1 mV Índice de Morris: quando porção negativa da onda P em VI tem mais que 1mm de duração e amplitude, indicando sobrecarga atrial E Causas de sobrecarga atrial esquerda: Doença valvar – estenose ou insuficiência mitral Todas as causas de hipertrófica ventricular esquerda - Hipertensão arterial - Estenose aórtica - Cardiomiopatia hipertrófica - Disfunção diastólica com insuficiência cardíaca Sobrecarga atrial direita Manifesta-se na parte inicial da onda P porque o átrio direito é o primeiro a se despolarizar. Sobrecarga atrial direita não altera duração da onda P, e sim amplitude aumentada em D2 (≥2,5mm) e na parte positiva da onda em V1 Ou seja, Onda P de amplitude aumentada em D2 ≥ 0,25mV, também chamada de onda P pulmonale Causas de sobrecarga atrial direita: Doença valvar – tricúspide Causas de hipertrofia ventricular direita - Estenose pulmonar - Tetralogia de Fallot - Hipertensão pulmonar Intervalo PR Medido entre o começo da onda P e início do QRS Normal: 120 até 200mseg (5 quadradinhos) O nó atrioventricular oferece um retardo fisiológico na condução elétrica para deixar o ventrículo encher bem antes de contrair, o que explica esse intervalo. Intervalo PR alargado = problema no nó atrioventricular (ex. bloqueios de ramo) Complexo QRS Corresponde à despolarização ventricular Direção Direção (eixo) entre -30° e 90° (positivo em DI e D2) – correspondente ao que foi visto na análise do eixo cardíaco. Duração Normal < 100 ms (2,5 quadradinhos) Ventrículos, apesar de maior massa despolarizam mais rápido que os átrios pelo sistema networking de fibras de Purkinje Para que o QRS seja estreito, duas condições são necessárias, sendo estas: 1) Ritmo de origem supraventricular O estímulo tem que nascer da junção AV para cima. Pode ser no NS, átrio, nó AV....desde que seja supraventricular Quando o ritmo nasce no ventrículo, não tem como ter QRS estreito (taquicardia ventricular, extrassístoles, ritmo marcapasso) pois cada célula vai ser estimulada em um momento diferente 2) Sistema His-Purkinje intacto Formado por feixe de His, ramo direito, ramo esquerdo e suas subdivisões. Essas estruturas permitem ativação rápida e sincronizada dos ventrículos. Qualquer situação onde os ventrículos forem despolarizados sem um sistema His-Purkinje Intacto terá um QRS alargado, ex: bloqueios de ramo. Causas de alargamento de QRS Aumento da massa ventricular (sobrecarga ventricular) Ativação lenta dos ventrículos - Ritmos de origem ventricular (marcapasso ventricular, taquicardia ventricular) - Doença do sistema de condução elétrica intraventricular (bloqueios de ramo) Amplitude Aumentada: hipertrofias, jovens, biotipo Diminuída: baixa voltagem ventricular Amplitude total do QRS (parte positiva + parte negativa) <0,5 mV (5 mm) em todas as derivações do plano frontal OU < 1mV (10 mm) no plano horizontal. Causas de baixa voltagem: Obesidade DPOC, enfisema Derrame pericárdico Doença infiltrativa, como amiloidose ou hemocromatose Infarto extenso do miocárdio Hipotireoidismo Cardiomiopatia dilatadaSegmento ST Representa o intervalo entre a despolarização (QRS) e a repolarização (onda T) ventricular. Começa a partir do ponto J (transição entre QRS e segmento ST) Esse segmento normalmente é plano, isoelétrico e na mesma posição vertical do segmento TP (linha de base) Alterações no segmento ST Linha de referência = segmento TP Supradesnivelamento de ST → ST elevado em relação à linha de base Supra de 2mm Infradesnivelamento de ST → depressão do segmento ST em relação à linha de base Morfologia do supradesnivelamento de ST Côncava x Convexa Serve para fazer diagnóstico diferencial entre as causas de supra Pericardite e repolarização precoce, por exemplo costumam causar um supra côncavo. Já o IAM com supraST pode causar supra convexo ou côncavo. Ou seja, o supra convexo é mais específico para IAM com supra de ST Supra de ST com morfologia convexa Supra de ST com morfologia côncava Supra de pericardite é difuso, já o de IAM é localizado em derivações contíguas. Morfologia do infradesnivelamento de ST Aclive: ascendente, horizontal e descendente Infra de ST ascendente = inespecífico Infra de ST horizontal ou descendente = sugerem isquemia miocárdica Onda T Corresponde à repolarização ventricular Vai ser positiva em todas as derivações EXCETO derivações à direita (D3, aVR e V1), nas quais pode ser negativa Geralmente tem a mesma dieração do QRS. Amplitude normal: < 6 mm no plano frontal < 10 mm derivações percordiais Alterações da onda T Agrupadas em: Alterações primárias da repolarização ventricular - Isquemia - Doença do sistema nervoso central - Hipercalemia - Takotsubo - Displasia arritmogênica de VD Alterações secundárias da repolarização ventricular Alterações inespecíficas da repolarização ventricular Alterações secundárias de onda T: Aquelas nas quais a onda T está alterada devido a uma alteração no QRS: Hipertrofia ventricular Bloqueio de ramo esquerdo ou direito (Ou seja, ventrículo despolarizou de forma anormal e vai repolarizar de forma anormal também) - Sobrecarga ventricular: onda T pode estar invertida e assimétrica na direção oposta à voltagem principal do QRS Onda T alterada em função de sobrecarga de VE - Bloqueio de ramo: a onda T pode estar invertida e assimétrica na direção oposta à onda terminal indolente do QRS Alterações primárias de onda T São anormalidades na onda T que não são secundárias a algum problema na despolarização ventricular Onda T apiculada - Hipercalemia - IAM na fase hiperaguda Onda T invertida e simétrica - Isquemia miocárdica - AVC (pp hemorrágico) - Cardiomiopatia hipertrófica apical - Takotsubo Na inversão difusa de ondas T por doença do sistema nervoso central (achado de ondas T cerebrais), a base da onda T costuma ser alargada, resultando em um QT longo (foto abaixo) Onda T invertida em V1 a V3 - Persistência do padrão juvenil de onda T - Isquemia miocárdica - Displasia arritmogênica de VD Para diferenciar causas primarias de secundárias: 1. Apontar onda T anormal 2. Verificar se o QRS está alterado 3. Verificar se a onda T está se comportando de forma atípica a alterações secundárias (sentido contrário, assimetria) Alterações inespecíficas de onda T Ondas T achatadas ou minimamente invertidas - Padrão de onda T anormal - Não sugere nenhuma alteração 1ª ou 2ª - Ondas T achatadas em ≥ 2 derivações Ondas achatadas em V4, V5 e V6 Onda U Onda U é uma deflexão positiva após a onda T Surge de uma repolarização das fibras de Purkinje É uma onda incomum, mas pode estar presente em situações fisiológicas e patológicas como Bradicardia Hipocalcemia Hipocalemia Hipotermia Quando presente, é melhor vista em V2-V3. Intervalo QT É medido do começo do complexo QRS até o fim da onda T. Varia bastante com a FC, por isso deve ser corrigido para a fc adequada, obtendo-se o QT corrigido (QTc) Quando a FC está elevada ocorre o encurtamento do período diastólico (onda T) enquanto o periodo sistólico encontra-se normal. Há várias fórmulas para obter o QTc a partir do QT. A mais utilizda é a fórmula de Bazett. Bazett: QTc = QT / √𝑟𝑟 (segundos) Intervalo RR em segundos = 60 bpm/FC QTc normal: ≤ 450 ms homens ≤ 470 ms mulheres QTc longo → Risco de TV polimórfica por QT longo - QTc > 500 ms: risco de torsades de pointes (TdP) aumenta 2-3x (uma taquicardia ventricular polimórfica maligna e possivelmente fatal) - Risco exponencial com aumento progressivo Passos para medir QT e QTc 1. Escolher uma derivação - I I, V5-V6 são as melhores - QRS e onda T são positivos nessas direções - Use uma derivação onde a onda T é vista com clareza 2. Identifique o início do QRS e fim da onda T - Geralmente é fácil, mas existem 2 riscos: artefatos e onda U! - Como lidar com a onda U? Se houver uma onda U distinta, essa deve ser excluída do QT através do método da tangente Traçar uma tangente da onda T e onde essa onda cruzar com a linha de base consideramos o fim do intervalo, excluindo a onda U 3. Correção do intervalo QT Bazett: QTc = QT / √𝑟𝑟 (segundos) Intervalo RR em segundos = 60 bpm/FC Ex: se FC for de 80 bpm, intervalo RR é de 0,75 seg E em intervalos irregulares? Fazer manualmente não é prático. Nesses casos vamos só olhar a interpretação do software e ver se faz sentido (medir QT) Regra rápida em ritmos irregulares com FC normal: - QT < metade do RR = está normal Essa regra funciona bem para frequências cardíacas normais (60 a 100 bpm), mas não deve ser usada em extremos de frequência cardíaca Medindo o QT e QTc quando o QRS é alargado O QRS faz parte do intervalo QT. Portanto, quando o QRS se alarga (ex. bloqueio de ramo), o QT também se alonga. Todavia, o QRS alargado não contribui para o risco de torsades de pointes. Portanto, é necessário corrigir o QT para a presença de um QRS alargado. Isto pode ser feito através da correção de Bogossian, quando o QRS for >120 ms: • Medir o QRS e o intervalo QT • Reduzir o intervalo QT, tirando metade do QRS • Calcular o QTc a partir do intervalo QT reduzido Abordagem sistemática ao ECG de 12 derivações Frequência cardíaca Ritmo Intervalos PR QRS Se alargado, procurar o motivo (pré- excitação? Bloqueio de ramo?) QT Eixo Se anormal, procurar o motivo (ex: desvio para a esquerda por IAM prévio de parede anterior). Morfologia Onda P - Critérios para sobrecarga atrial? Complexo QRS - Bloqueio de ramo? - Voltagem alta (sobrecarga) ou baixa? - Área eletricamente inativa? Segmento ST - Supra ou infra? Onda T - Alteração primária da onda T - Alteração secundária - Alteração inespecífica da repolarização ventricular 1 2 3 4 5
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