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1 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES - A UTI constitui uma das infecções bacterianas mais frequentes em pediatria. - A infecção bacteriana mais relevante no lactante. - A importância do diagnóstico precoce da ITU é prevenir e minimizar a formação e progressão da cicatriz renal, que como consequência numa fase mais tardia poderão levar à hipertensão e/ou insuficiência renal crônica. *Então, além do risco a vida de uma infecção poder evoluir para um quadro grave de sepse, ela tem uma outra necessidade de tratamento por conta de uma evolução a longo prazo, já que as UTI de repetição provocam cicatrizes renais, que como consequência ao longo do tempo podem provocar perda de função renal e HAS, com evolução para doença renal crônica. - Existe uma diferença entre a prevalência das UTI nas faixas etárias e no sexo. Crianças a partir de 6 meses, existe um predomínio feminino, com relação de 20 meninas : 1 meninos; enquanto que na faixa etária até os 6 meses tem um predomínio masculino → isso é explicado porque a maioria das infecções urinarias que acontecem do 0-6 meses estão associadas a algumas má formações do trato urinário, dentre elas, a mais frequente são as uropatias obstrutivas congênitas, que são mais frequentes no meninas do que nas meninas. *A diferencia da predominância feminina e masculina em relação as idades são justificadas pelas alterações de displasias renais, que acontecem entre 0 a 6 meses. Essas displasias são consequências das UTI, e que a longo prazo pode levar a perda da função renal. - A incidência se apresenta com dois picos ao longo da vida: o primeiro acontece 3 a 5 anos, e o segundo pico na adolescência – isso acontece principalmente por conta das relações hormonais da puberdade e pelo inicio da atividade sexual. FISIOPATOGENIA - O trato urinário e a urina são completamente estéreis. - A única parte do trato urinário que é colonizada por bactéria é o terço inferior da uretra; do mais, os rins, as pelves renais, ureteres, bexiga e uretra (até seu terço final) são completamente estéreis, assim como a urina. - Normalmente não há presença de bactérias no trato urinário, a não ser no terço inferior da uretra. - O que as vezes acontecem é que são bactérias que são do TGI, principalmente as bactérias que possuem pili ou fimbrias (filamentos) facilitam a adesão dessas bactérias ao uroepitélio e sua 2 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES ascensão ao longo do trato urinário. A principal bactéria responsável pelo UTI em pediatria é a E. coli uropatogênica (UPEC) – responsável por 80% das infecções urinárias adquiridas na comunidade, as infecções hospitalares são causadas por outros germes. - A baixo estão listadas as bactérias em menor frequência – isso se dá por conta da mudança da faixa etária. *Os germes gram +, como Staphylococcus e Streptococcus, acontecem mais em adolescentes, por conta das alterações hormonais da puberdade e início da vida sexual. *Uma particularidade são os meninos que não são circuncidados acabam sendo um “reservatório” de Proteus! *Como sabemos, o trato urinário é completamente estéril, exceto no terço inferior da uretra. Então as meninas tem uma uretra mais curta que a dos meninos, explicando assim porque as infecções são mais frequentes nas meninas maiores de 6 meses, porque a uretra dos meninos é maior, já que a chance de ascensão das bactérias (caminho para as bactérias percorrer) é maior; enquanto que na faixa etária de 0-6 meses é o período que as UTI ocorrem por uma má formação do trato urinário. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM SINTOMAS - Como só o terço inferior do trato urinário é colonizado por bactérias, nem toda a colonização bacteriana vai ser infecção do trato urinário, ela pode resultar em uma bacteriúria assintomática (colonização, sem infecção) ou uma bacteriúria sintomática (infecção do trato urinário). *Bacteriúria assintomática se tem uma atenuação das bactérias, bactérias não- virulentas e leucocitúria sem sintomas. - Como se explica o fato de um local em que não é comum a presença de bactéria, ter bactérias, mas não ter infecção? Isso pode acontecer porque essas bactérias podem ser atenuadas, pela própria resposta imune do hospedeiro, ou algumas vezes elas não são tão virulentas, além de uma leucocitúria ser ocasionada por outros fatores. - Existem duas condições de indicação de bacteriúria assintomática: ▪ Gestantes. ▪ Pacientes que vão ser submetidos a procedimentos do trato urinário, seja uma cirurgia urológica ou procedimento para diagnóstico. - Quando temos uma infecção do trato urinário propriamente dita, temos um acontecimento da cistite (infecção do trato urinário baixo – bexiga) e pielonefrite (infecção do trato urinário alto – rins). CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A LOCALIZAÇÃO CISTITE - É infecção do trato urinário inferior. *Nessa imagem vemos a representação da parede de uma bexiga normal e de uma com cistite – percebe-se uma hiperemia, aumento da permeabilidade vascular... 3 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES - Todos os sintomas estão relacionados a inflamação da mucosa da bexiga: ▪ Disúria. ▪ Frequência e urgência. ▪ Odor fétido da urina. ▪ Incontinência. ▪ Hematúria. ▪ Dor supra púbica. *As maiores queixas são disúria e dor suprapúbica. Obs: Nota-se que esses sintomas da cistite, exceto a hematúria, são queixas referidas do paciente, por isso, é um diagnóstico difícil na pediatria, já que a criança ainda não consegue referir os sintomas. Por conta disso, só conseguiremos diagnosticar facilmente uma cistite quando não há presença de febre e outras manifestações, somente quando haver disúria, frequência e dor supra púbica em crianças maiores que consegue referir os sintomas. PIELONEFRITE - Infecção do trato urinário superior, em pelve e parênquima renal. - Existe um comprometimento sistêmico. *Como é visto na imagem de uma pielonefrite, o parênquima está inflamado, e alguma das vezes podem ter complicações com drenagem de pus. - Os sinais e sintomas que fazem ligar o alerta para a pielonefrite é febre e dor lombar. - As crianças menos de 3 anos, possui alguns sintomas inespecíficos: ▪ Recusa alimentar. ▪ Baixo ganho ponderal. ▪ Irritabilidade. ▪ Vômitos e diarreia. ▪ Letargia. ▪ Icterícia. ▪ Hipotermia. Obs: Em relação a essas queixas inespecíficas na pediatria, toda e qualquer infecção na ped pode causas vômitos e diarreia, além de uma recusa alimentar. A icterícia na infecção do trato urinário é mais comum no período neonatal, assim como a hipotermia, por terem uma instabilidade na temperatura. - Como que conseguimos chegar a um diagnóstico de pielonefrite em crianças pequenas com sintomas inespecíficos? Existe uma condição na pediatria, conhecida como febre sem sinais localizatórios, em que toda criança menos de 36 meses (3 anos) que apresente febre e sintomas inespecíficos sem não tem sinal localizatório da doença, precisamos investigar, e uma das principais suspeitas é a UTI – fazer a triagem de infecção, com sumario de urina e urocultura. 4 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM EPISÓDIOS - Quando pensamos no diagnóstico de ITU, precisamos classificar nesse episódio se estamos diante de uma primeira infecção do trato urinário e se essa criança possui uma infecção urinaria recorrente. - As infecções urinárias recorrentes é quando no período de 6 meses, uma criança que apresenta: ▪ > 2 ou mais episódios de ITU alta; ▪ 1 episódio de ITU alta com febre; ▪ > 1 episódio de ITU inferior; ▪ > 3 episódios deITU inferior; - No atendimento geral da pediatria, a maior parte das infecções são de causas virais; então, sempre investigamos uma febre que se prolonga por mais de 72h. *Uma infecção viral qualquer é um quadro auto limitado, que apresenta com febre nas primeiras 72h e resolução nesse período, além de um não comprometimento do seu estado geral – criança que quando a febre cede, ela volta a se alimentar normalmente, brinca e volta ao seu padrão normal. Sempre vamos investigar uma febre que se prolongue por mais de 72h ou que leve a uma repercussão, sinal de alarme, como alteração do estado geral, recusa alimentar, vômitos... Obs: Então, se aquela criança tem um quadro de febre, mas sem comprometimento do estado geral, está se alimentando normalmente, sendo comum em quadros virais, não precisamos investigar antes de 72h. Porém, toda a febre que se prolongue por mais de 72h ou que tenha sinais de alarme, investigamos. - Quando diagnosticamos a infecção do trato urinário, já classificamos a relação da recorrência – se é uma primeira infecção, se é uma recorrente, se uma for infecção que anteriormente não foi tratada adequadamente, se é uma infecção persistente ou se estamos diante de uma reinfecção. DIAGNOSTICO - Na anamnese, saber sobre a história da criança, se teve algum prodrogmo, como foi a evolução do quadro, se existe alguma má formação do trato urinário já diagnosticada, se tem história de má formação do trato urinário na família... - Fazer um exame físico completo, incluindo genitália. *Isso é de extrema importância na infecção do trato urinário, porque algumas vezes, algumas crianças, principalmente meninas, possuem uma queixa de disúria, mas não está relacionada a infecção do trato urinário, estando relacionadas com vaginoses bacterianas ou candidíases, em que essa disuria ocorre no inicio da micção. - Pedir sumário de urina e urocultura. COLETA DE URINA - O sumário de urina pode trazer muitas informações, como na suspeita de ITU. - A validade desse exame vai depender da coleta adequada do material. Podemos coletar a urina de algumas maneiras. Como dito, o trato urinário e a urina são estéreis, precisando então de uma coleta estéril. - As coletas estéreis podem ocorrer pelo cateterismo vesical ou punção suprapúbica – é feita em crianças onde não tem o controle de esfíncter. *O cateterismo vesical pode ser feita pela sonda de Fallen, mas como é uma sonda de demora/permanência, fazemos com a sonda de Nelaton, conhecida como sondagem vesical de alivio. *A punção suprapúbica idealmente deveria ser guiada pela USG. É um procedimento mais doloroso que a punção vesical, porque deve-se inserir uma agulha em cima do púbis, dentro da bexiga e aspirar a urina. É um procedimento estéril, fazendo assepsia do local, colocar campo estéril, palpar a sínfise púbica e introduzir uma agua com seringa e aspirar o conteúdo. É um procedimento doloroso, porém seguro, em que 5 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES não há risco de perfuração de alça, e caso haja uma perfuração da alça não se tem um risco de complicação, você só vai perder a amostra porque ela vai ser contaminada. Acaba sendo reservado para os recém-nascidos pequenos, em que não se tem um tamanho de sonda vesical adequada. Obs: A coleta do exame de urina pelo saco coletor em crianças tem um alto índice de contaminação. Sua validade é apenas quando for negativo, porque se for positivo poderá ser uma contaminação. - O jato médio é para as crianças maiores que já possuem um controle de esfíncter, que já avisando quando querem fazer xixi e consegue segurar a urina. ANÁLISE DE URINA - Coletada corretamente, o sumario de urina vai trazer informações importantes em relação a cor, pH, proteínas, glicoses, corpos cetonicos, sangue, nitrito e esterase leucocitária. *A cor da urina pode variar de um amarelo claro, que é a cor normal, para uma alteração da cor, quando há o uso de algumas medicações ou quando a presença de substancias como hemácias, hemoglobina e bilirrubina. *O pH da urina é ácido, entre 5-6. - Para que haja uma ITU, contamos a presença de leucócitos, que pode vir discriminado como leucócitos ou piocitos por campo. *Para meninos, quando se tem maior do que 5 piocitos/leucócitos por campo é sugestivo de ITU (leucocituria); para meninas, quando há mais de 10 piocitos por campo. - Quando o sumário de urina não é coletado de maneira adequada, tem um valor mais para afastar/descartar a infecção do trato urinário quando vem negativos. Por isso, o diagnostico padrão outro é a urocultura. *A análise do sumário de urina vai orientar os médicos a uma possível infecção do trato urinário para indicar um tratamento precoce. - Alguns dados do exame de urina, como a esterase leucocitária, nitrito positivo e presença de bactérias sugerem o diagnóstico de ITU. Por conta disso, começamos o tratamento precocemente, aguardando o resultado da urocultura, que será utilizada para guiar na antibioticoterapia. - O nitrito tem uma especificidade alta, mas uma sensibilidade baixa para ITU; enquanto a esterase leucocitária tem tanto uma 6 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES sensibilidade e especificidades altas; o gram tem uma sensibilidade e especificidade altas, então em alguns locais que temos o resultado do gram rapidamente, é importante para começar o tratamento precocemente. - Quando se tem uma microscopia negativa, ou seja, não tem piocitos/leucócitos por campo que sejam sugestivos de trato urinário e não há presença de bactérias, devemos avaliar outras condições, principalmente as vulvovaginites e alguma disfunções do trato urinário inferior. UROCULTURA - É o padrão outro para confirmação da ITU. - Existe uma divergência na literatura em relação ao resultado e crescimento de unidades formadoras de colônia. *Se a amostra for da punção SP, é uma ITU qualquer valor encontrado, já que coletamos de um local que era estéril com um método que também é. TRATAMENTO - O antibiótico é empírico observando-se a idade e o estado geral do paciente. *Então quando suspeitamos da infecção do ITU e não temos o resultado da urocultura esse tratamento é empírico, para depois ser guiada pelo antibiograma. - O tratamento pode ser ambulatorial ou hospitalar, e isso vai depender do estado geral dessa criança. - O tratamento parenteral deve ser reservado principalmente aos lactentes muito jovens e aqueles com acometimento de estado geral e com vômitos. - O fármaco deve ter sempre propriedades bactericidas e o tratamento nunca deve ser inferior a sete dias, fazer o tratamento por 10 dias contínuos preferentemente. TRATAMENTO ORAL - A escolha do tratamento vai depender do estado geral da criança: se for uma criança que tem um bom estado geral, está aceitando bem a dieta, aceitando bem líquidos, não tem vômitos, vai aceitar bem a medicação por VO, o grau de confiança pela família é boa, podemos fazer o tratamento ambulatorial por VO. *A literatura recomenda a sulfametoxazol- trimetropim (bactrim), porém na nossa comunidade existe um alto grau de resistência, optando pelos outros antibióticos. TRATAMENTO PARENTERAL - Quando a criança tem um comprometimento do estado geral, toxemiada, hipotensão, deficiência do tempo de enchimento capilar → SIANIS DE SEPSE POR INFECÇÃO DO ITU tem indicação de internamento e tratamento parenteral (antibiótico venoso). - Toda criança menor de 2 meses, com compromisso imunológico, vômito ou incapacidade de tolerar mediação oral, precisa fazer o tratamento internada também internada, com antibiótico venoso. - Além disso, uma outra indicação é a indicação social, que é quandoo médico percebe-se que a família/cuidador da criança não tem um bom entendimento de como é fazer o tratamento, ou seja, não se tem uma segurança de que vai fazer um tratamento adequado ou quando não vamos conseguir acompanhar ela ambulatorialmente, fazemos o tratamento da criança internada. - Toda criança que tem uma falha à terapia ambulatorial também é indicação. 7 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES *Crefriaxone é a primeira escolha. *A gentamicina monoterapia não é comumente utilizada, mas é recomendada pela literatura. *Piperacilina é um antibiótico que pode ser utilizado para o tratamento de ITU, mas geralmente é reservada para as crianças em que houve uma falha terapêutica com os outros antibióticos acima. Ele é uma antibiótico de espectro ampliado, sendo reservada para as que não tiveram uma resposta adequada com o uso dos outros. Obs: Nem toda da ITU que começa o tratamento intra hospitalar precisa ser concluído intra hospitalar, essa orientação só vale para as crianças menores de 2 meses. Já nas crianças maiores, precisamos começar o tratamento parenteral com a criança internada, e depois concluir o tratamento em casa com antibiótico VO, para isso, a criança precisa evoluir com pelo menos 48h sem febre, com boa aceitação da dieta, e sem comprometimento do estado geral (criança que está bem, se alimentando bem, aceita água, alimentos, que não tem vômitos e aceita a medicação VO). INVESTIGAÇÃO POR IMAGEM - Toda criança, independentemente da idade e sexo, que tenha diagnóstico de certeza de ITU (urocultura positiva) merece uma investigação por exame. - A justificativa para os exames de imagem em crianças com ITU é identificar anormalidades que requerem avaliação ou tratamento adicional (uropatias obstrutivas, refluxo vesicoureteral). ULTRASSONOGRAFIA - Embora exista essa recomendação da sociedade brasileira de ped, de uma maneira geral na literatura mostra que todas as crianças menores de 2 anos na primeira ITU febril precisa de um exame de imagem do trato urinário – USG de rins e vias urinárias. - Crianças com ITUs febris recorrentes, histórico familiar de doença renal ou urológica, e crescimento deficiente ou hipertensão, ou que tiveram ausência de resposta à terapia antimicrobiana apropriada, também é indicada um USG. *Essa ausência de resposta a terapia antimicrobiana apropriada é principalmente pelas complicações que podem acontecer na ITU, ou seja, pode ser uma ITU não complicada como também pode ser uma complicada, por exemplo, por conta de um abscesso renal. Por isso que as crianças que não responderam corretamente com antibiótico precisam de uma investigação. 8 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES CINTILOGRAFIA RENAL COM DMSA *Como foi dito, a importância do diagnóstico da ITU é para podermos prevenir para uma evolução de um quadro grave e infeccioso, mas também para interromper infecções urinarias de repetições que levam a cicatrizes renais. - O exame padrão ouro para o diagnóstico de cicatrizes renais é a cintilografia renal com DMSA. - Crianças com indicação desse exame são: ▪ Crianças que apresentaram uma pielonefrite. ▪ Pacientes com refluxo vesico ureteral comprovado. *USG de rins e vias urinárias normais não afasta a presença de refluxo vesico ureteral. - Deverá ser realizado após 4 a 6 meses do episódio inicial de ITU – não adianta fazer esse exame logo no primeiro momento da ITU, porque embora esse exame sirva para o diagnóstico de episódio agudo da infecção do trato urinário, o objetivo é avaliar se há presença de cicatrizes renais, por isso fazer o exame na fase aguda não adianta. - A idade mínima para se realizar esse exame é a partir de 6 semanas de vida – normalmente não conseguimos realizar nessa idade, e sim após 4-6 meses de vida. - Como é um exame com contraste, precisamos conhecer a função renal do paciente – qualquer exame de imagem que precisa de contraste, antes de injetar o contraste precisamos dosar a ureia e creatinina e avaliar se o paciente tem uma função renal normal ou não. *Quando é um recém-nascido a sua taxa de filtração normal não é igual ao do adulto, aumentando ao longo da idade, costumando-se a normalizar (ficando próxima a da função do adulto) a partir de 8 semanas. - O contraste utilizado é DMSA, que é o padrão ouro para diagnosticar as cicatrizes renais. Aqui vamos analisar a captação renal do contraste. *Como é visualizado nessa imagem, vemos que em algumas partes há uma diminuição da captação do contraste, mostrando assim que há cicatrizes renais. URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL *Outro exame indicado para as crianças com ITU. Obs: Uma USG normal não afasta o diagnóstico de refluxo vesico ureteral, então uma criança com esse problema pode ter uma USG normal, sem ter hidronefrose. - É um exame em que se passa uma sonda vesical na criança, e injeta contraste pela sonda (contraste intra vesical). - Quando o paciente não tem o refluxo vesico ureteral, vai haver a contração da bexiga, e a urina desce pela uretra e cora apenas ela. Já quando se tem o refluxo vesicoureteral esse contraste sobe, refluindo o conteúdo da bexiga de volta para os ureteres, para pelve renal e até os rins. - Indicações para a realização desse exame: ▪ Toda criança que tem ITU febril de repetição. ▪ Crianças que teve o primeiro episódio de ITU com menos de 2 anos, vai fazer a USG e depois esse exame. ▪ Toda vez que tiver uma infecção febril com temperatura > 39°. 9 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 7º SEMESTRE / NEFROPED 01 – LUANA PIRES GOMES ▪ Combinação de alguma bactéria que não seja a E. coli. ▪ Criança com baixo crescimento ou HAS. - Toda criança que tem refluxo vai aparecer essa imagem. - O grau de refluxo vai variar de I a V: ▪ Grau I: existe um refluxo até o terço médio dos ureteres. ▪ Grau II: consegue ver corando todo o ureter e a pelve renal, mas com calibre preservado. ▪ Grau III: cora todo o ureter e pelve renal, com uma dilatação do ureter, mas a pelve renal do tamanho normal. ▪ Grau IV: consegue ver uma dilatação de todo o ureter e pelve renal. ▪ Grau V: dilatação completa e tortuosidade. - Toda criança que tem refluxo vesicoureteral a partir do grau III tem indicação de fazer profilaxia para ITU. A criança que fez o exame e não mostrou refluxo, mas ela teve mais de 3 ITUs febris em 6 meses, ou 4 totais em um ano, também vai fazer profilaxia. - Na antibioticoprofilaxia utilizamos 25% da dose do antibiótico em dose única diária. ▪ Bactrim (sulfametoxazol-trimetoprima) 2mg TMP/Kg/dia. ▪ Nitrofurantoína 1 a 2 mg/kg/dia. ▪ Cefalexina 20-10 mg/kg/dia. Obs: O ácido nalidíxico pode ser utilizado como profilaxia, mas existe uma dificuldade para se encontrar. - Então fez a profilaxia e tendo o acompanhamento, quando evoluiu por 6 meses sem episodio de ITU acompanhados por culturas, pode suspender o remédio.