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Resumo P R O D U Ç Ã O : V I T O R D A N T A S P R O D U T O R V E R I F I C A D O D O P A S S E I D I R E T O Endocrinologia – ENDOCRINOPATIAS DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS RESUMO FISIOLOGIA A produção de hormônios tireoidianos é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide, como boa parte de todo o sistema endócrino humano. O hipotálamo inicia a cadeia através da produção do hormônio liberador de tireotrofina (TRH) e esse, por sua vez, atua sobre a hipófise induzindo à produção de um outro hormônio que é o hormônio estimulador da tireoide ou tireotrópico (TSH). A partir daí, o que acontece é que esse hormônio cai na circulação sanguínea e segue até os folículos tireoidianos, onde ele vai estimular a produção e a secreção de T3 e T4. SÍNTESE DOS HORMÔNIOS TSH chega na tireoide → estimula a captação de Iodo → entra em contato com células foliculares junto ao sódio → O coloide pode armazenar um suprimento de 2 a 3 meses de hormônios tireoidianos no reservatório. Ou seja, quando o problema é na hipófise, os sintomas surgem 2 meses depois. Produz mais T4 do que T3. Desiodinase tipo 1,2,3 (fazem a conversão periférica do T4) HIPOTIREOIDISMO O hipotireoidismo é uma síndrome clínica ocasionada por síntese/secreção insuficiente ou ação inadequada dos hormônios tireoidianos nos tecidos, resultando em lentificação generalizada do metabolismo. TIPOS DE HIPOTIREOIDISMO ▪ Primário: falência tireoidiana (95% dos casos) ▪ Secundário: falência hipofisária – deficiência de TSH ▪ Terciário: deficiência hipotalâmica de TRH Obs.: As formas secundária e terciária costumam ser agrupadas no conceito de “hipotireoidismo central”. FATORES DE RISCO Os principais fatores de risco conhecidos para hipotireoidismo são: Sintomáticos (bócio difuso ou nodular) História e radioterapia para cabeça e pescoço História de tireoidectomia ou terapia Idade (> 65 anos) - Demência Sexo feminino (proporção 8:1 com o sexo masculino) Puerpério História familiar Doenças autoimunes (ex.: vitiligo, DM 1, anemia perniciosa) Uso de drogas como amiodarona, lítio, tionamidas e INF-alfa Síndromes de Down e Turner Dieta pobre em iodo Infecção crônica pelo HCV Obs.: O rastreamento é feito com as dosagens de TSH e T4 livre. ETIOLOGIA A frequência das diversas causas de hipotireoidismo é variável na literatura, na dependência de fatores genéticos, geográficos e culturais da população em estudo. Assim, as principais etiologias são: PRIMÁRIO ▪ Autoimune: tireoidite de Hashimoto (principal em áreas suficientes de iodo). ▪ Nutricional: carência de iodo (principal em áreas carentes de iodo). ▪ Iatrogênica: radioablação com 131I, tireoidectomia total, irradiação cervical. ▪ Drogas: principalmente as que contêm grande quantidade de iodo em sua formulação (como amiodarona e meio de contraste), mas também lítio, tionamidas (antitireoidianos), IFN-alfa entre outras. ▪ Congênito: disgenesia da glândula (agenesia, hipoplasia, ectopia). ▪ Doenças infiltrativas: amiloidose, sarcoidose, esclerodermia, cistinose, tireoidite de Riedel (deposição de colágeno). CENTRAL ▪ Hipopituitarismo (hipotireoidismo secundário): tumores, cirurgia, irradiação, síndrome de Sheehan (infarto da hipófise no pós-parto), trauma, congênito. – ENDOCRINOPATIAS ▪ Doenças hipotalâmicas (hipotireoidismo terciário): tumores, trauma, desordens infiltrativas (ex.: sarcoidose, hemocromatose, tuberculose). QUADRO CLÍNICO As manifestações do hipotireoidismo devem ser entendidas dentro de um espectro de gravidade: quanto maior a duração e a intensidade da carência hormonal, mais graves e numerosas serão as alterações. O quadro “clássico”, multissistêmico, é fácil de reconhecer e relativamente específico. Em contrapartida, quadros leves e oligossintomáticos são absolutamente inespecíficos, mas representam a maioria dos casos. Dessa forma geral, os principais sintomas são: MANIFESTAÇÕES GERAIS Fadiga; lentificação da voz (que fica rouca) e dos movimentos; intolerância ao frio; ganho de peso. Esse ganho de peso não é severo e o mecanismo é o acúmulo de glicosaminoglicanos e água nos tecidos, por isso o ganho é discreto. O apetite está preservado). CUTÂNEAS Pele fria e pálida (redução local do fluxo sanguíneo), atrofia da camada celular da epiderme e hipertrofia da camada córnea (pele seca e quebradiça = hiperceratose), hipoidrose (pouca produção de calor = pouco suor), problemas nos fâneros (cabelos e unhas secos e quebradiços, madarose = perda do 1/3 lateral das sobrancelhas), discromias (pele amarelada = hipercarotenemia, pele escurecida = insuficiência adrenal concomitante), mixedema. HEMATOLÓGICAS Tendência ao sangramento tipo “plaquetário” (doença de von Willebrand tipo 1 adquirida); anemia “normo-normo” (hipoproliferativa); anemia megaloblástica em pacientes com gastrite atrófica associada (anemia perniciosa); anemia ferropriva em mulheres com menorragia. CARDIOVASCULARES Queda do débito cardíaco (baixo metabolismo = baixa demanda de O2); bradicardia; hipocontratilidade (redução na síntese de proteínas miocárdicas); derrame pericárdico, hipertensão arterial sistêmica (aumento da resistência vascular periférica por deposição de glicosaminoglicanos na parede dos vasos) – ocorre especialmente à custa da diastólica, podendo resultar em PA “convergente”; hipercolesterolemia (menor expressão do receptor de LDL, promovendo menor depuração de colesterol); hiper- homocisteinemia. RESPIRATÓRIAS Rinite crônica; hipoventilação por miopatia da musculatura torácica (ex.: dispneia aos esforços); apneia do sono (principalmente se houver macroglossia); derrame pleural. RENAIS Redução da TFG, com discreto aumento da creatinina sérica; hiponatremia. GASTROINTESTINAIS Constipação (devido à hipoperistalse) – se o paciente já era constipado antes, o sintoma se agrava; hipogeusia (redução do paladar); ascite (raro). REPRODUTIVAS Redução da libido; disfunção erétil; ejaculação retardada e oligoespermia. NEUROLÓGICAS Deficit cognitivo (síndrome demencial = pensamento lentificado, redução da capacidade de concentração e memória, depressão); lentificação dos reflexos tendinosos profundos (ex.: aquileu); ataxia cerebelar (alteração da marcha, coordenação motora e fala); síndrome do túnel do carpo (parestesia e dor na distribuição do nervo mediano – compressão pelo acúmulo de glicosaminoglicanos no punho); polineuropatia periférica (predomínio sensitivo e doloroso); coma mixedematoso (raro, desencadeado por fatores precipitantes como trauma e infecções. MUSCULOESQUELÉTICAS Artralgia; rigidez articular; mialgia; cãibra; aumento de CPK e fraqueza (miopatia); maior incidência de hiperuricemia e gota (menor depuração de ácido úrico). RESUMO – SINAIS E SINTOMAS Cansaço, fraqueza Pele seca Intolerância ao frio Perda de cabelo Dificuldade de concentração Depressão Amnésia Constipação Ganho de peso com pouco apetite Pele seca, fria e grossa Edema facial Edema de mãos e pés Alopécia difusa Madarose lateral Hipertensão arterial Bradicardia – ENDOCRINOPATIAS DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Consiste na administração de dose única diária de levotiroxina (T4), de preferência pela manhã e com o estômago vazio (uma hora antes do café). A levotiroxina tem meia-vida de sete dias, sendo, portanto, superior ao T3 (liotironina) para reposição, uma vez que o T3 tem meia-vida relativamente curta, em torno de 24 horas. Obs.: a dose é de 1,6 a 1,8 ug/kg de peso ideal – adultos Seguimento Dosar TSH em 6 semanas até ajuste de dose Manutenção de 6 a 12 meses Situações especiais: uso de IBP. Doenças diabsortivas, gestantes. HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO ▪ Quando suspeitar? TSH > 10 mUI/l Níveis positivos de autoanticopos Achadosda USG compatíveis com tireoideite como hipoecogenicidade do parênquima HPP de doenças autoimune HMF de hipotireoidismo de Hashimoto HPP de tratamento para hiperparatireoidismo Alta ingesta de iodo ▪ Quando tratar? TSH > 10 mUI/l Gestantes e mulheres que querem engravidar < de 65 anos, considerando a possibilidade evoluir para hipotireoidismo franco HIPERTIREOIDISMO TIREOTOXICOSE É qualquer estado clínico resultante do excesso de hormônios da tireoide nos tecidos. Sendo assim, pode ser decorrente de: Ingestão de hormônio externo Produção do hormônio por algum tumor Produção excessiva do hormônio pela glândula Liberação de hormônio pré-formado pela glândula tireoidiana HIPERTIREOIDISMO Definido com hiperfunção da glândula tireoide, ou seja, um aumento na produção e liberação de hormônios tireoidianos (levotiroxina e triiodotironina). Obs.: O hipertireoidismo leva à tireotoxicose. ETIOLOGIA Doença de Graves – produz o TRAb que produz hormônio sem necessidade Bócio multinodular tóxico Adenoma tóxico (doença de Plummer) Tireoidite subaguda indolor (Hashimoto – ocorrem períodos de tireotoxicose) Tireoidite subaguda dolorosa de DeQuervain Secreção ectópica de hormônio tireoidiano (Ex.: Tumores de ovário) QUADRO CLÍNICO O paciente (geralmente uma mulher jovem ou de meia- idade) relata uma história (geralmente de longa data) de insônia, cansaço extremo, agitação psicomotora, incapacidade de concentração, nervosismo, dificuldade em controlar emoções, agressividade com membros da família ou colegas de profissão, sudorese excessiva, intolerância ao calor, hiperdefecação (aumento do número de evacuações diárias) e amenorreia ou oligomenorreia. Ainda pode ocorre um bócio, mixedema pré-tibial. As manifestações cardiovasculares incluem hipertensão sistólica, pressão de pulso alargada (maior diferença entre PA sistólica e diastólica – PA divergente) e taquicardia sinusal. Pode ter uma insuficiência cardíaca de alto débito e fibrilação atrial. – ENDOCRINOPATIAS A perda ponderal geralmente é mais comum, a despeito da polifagia encontrada, entretanto a ingesta calórica pode exceder o gasto metabólico, e o paciente na realidade passa a engordar No exame físico, percebe-se uma pele quente e úmida; as extremidades superiores, quando estendidas, evidenciam um tremor fino e sustentado, os cabelos caem ao simples passar de um pente. Obs.: Oftalmopatia de Graves – edema, proptose, hiperemia (quemose). DIAGNÓSTICO ▪ Anamnese ▪ Exame físico direcionado ▪ Avaliação bioquímica TSH (exame mais sensível), tiroxina (T4) e T3 total. Hipertireoidismo: > síntese de T3 Tireoidite: > valor de T4 TRAb (dosar em gestantes cm HPP, diagnóstico diferencial de hipertireoidismo primário, suspeita de oftalmopatia de Graves em eutireódeos). ▪ USG de tireoide ▪ Cintilografia diagnóstica (mais caro) TRATAMENTO Em caso de tireoidites o tratamento é sintomático. Assim podem ser utilizados: Betabloqueadores (Propanolol ou Atenolol) AINES, corticoides Em casos de hiperfunção: Tionamidas (Propiltiouracil – mais em gestantes, Metimazol e Carbimazol) o Utilizado em cerca de 12 a 18 meses o Remissão em 30 a 50% dos casos o Monitorar a função tireoidiana a cada 1 a 3 meses por 12 meses Em casos não responsivos: Radioterapia – não utilizado em gestantes Cirurgia – casos refratários, grandes bócios FONTES Aula da Dr. Mônica sobre Tireoidopatias. Endocrinologia Clínica (Lucio Vilar) O essencial em Endocrinologia (Sales e Halpern)
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