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O Ensino da Língua Inglesa na Escola

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA ESCOLA 
 
 
 
1 
Copyright © Portal Educação 
2013 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
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Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842e O ensino da língua inglesa na escola / Portal Educação. - Campo Grande: 
Portal Educação, 2013. 
 114p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-712-6 
 1. Língua inglesa – Estudo e ensino. I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 428.07 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
1 A HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA ......................................................................................... 3 
1.1 Uma abordagem literária .......................................................................................................... 5 
1.2 O Inglês britânico e o Inglês americano ................................................................................ 27 
1.3 Quem fala Inglês? .................................................................................................................... 29 
2 TEORIAS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ........................................................................... 30 
2.1 Métodos e abordagens do ensino de línguas ....................................................................... 43 
2.2 Aprender e ensinar a língua inglesa na escola ..................................................................... 49 
2.3 Níveis de aprendizagem em língua inglesa ........................................................................... 53 
3 TRABALHANDO COM PROJETOS (ENSINO FUNDAMENTAL I E II) ................................... 55 
3.1 Aproximando a teoria da realidade na sala de aula .............................................................. 56 
3.2 Elaboração de projetos pedagógicos .................................................................................... 61 
4 TRABALHANDO COM PROJETOS (ENSINO MÉDIO) ........................................................... 86 
4.1 Descobrindo o interesse adolescente ................................................................................... 89 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 112 
 
 
 
 
 
3 
1 A HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA 
 
A história da língua inglesa é muito importante porque é a língua frequentemente mais 
falada que qualquer outra, exceto a chinesa, sendo a língua-chefe utilizada nas comunicações 
mundiais. 
A história da língua pode ser traçada pela colonização de povos que se espalharam 
pela Europa e sul da Ásia quatro milênios A.C. Sabe-se que um povo seminômade que vivia na 
região no Mar Negro migrou em direção ao oeste da Europa e ao leste do Irã e Índia, 
propagando sua cultura e linguagens. 
De acordo com The Cambridge Encyclopedia of Language, as línguas europeias e, o 
sânscrito, a língua mais antiga da Índia foi unida quando uma semelhança sistemática foi 
descoberta na raiz, verbos e formas gramaticais de ambas. Comparando características 
similares, uma língua comum foi reconstruída e chamada de Proto-Indoeuropeu. 
A língua Proto-Indoeuropeia era mais complexa que o Inglês atual. Conforme The 
Cambridge Encyclopedia of Language, é possível reconstruir três gêneros (masculino, feminino e 
neutro), e oito casos (nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo, ablativo, locativo e 
instrumental). Os adjetivos concordavam em caso, número e gênero com o substantivo. O 
sistema verbal também era rico em inflexões, usados por aspecto, modo, tempo, voz, pessoa e 
número. 
Esta língua foi falada antes do ano 3000 A.C. e foi dividida em diferentes línguas 
durante o milênio seguinte. A partir desta época, estudiosos apontam que a língua deu origem ao 
grupo de línguas Indoeuropeu, transformado a partir de uma sucessão de mudanças decorrentes 
da expansão da cultura dos guerreiros de Troia. 
Uma mudança sonora em consoantes ocorreu que diferenciou as línguas Proto-
Germânicas de outras línguas Indoeuropeias. Várias consoantes foram alteradas do primeiro 
para o segundo exemplo: p-f, t-o, k-x, b-p, d-t, g-k, bh-b, dh-d e gh-g. 
O Proto-Indoeuropeu, o Indoeuropeu e especificamente o Proto-Germânico, do qual o 
Inglês é derivado, influenciaram a história mais recente da língua inglesa, iniciada na Grã-
Bretanha, que são hoje os países Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda, com diversos grupos de 
povos. No início, os povos migraram para a região da Inglaterra. Outros grupos invasores 
juntaram-se aos povos já estabelecidos, levando sua língua e cultura. O Inglês tornou-se uma 
mistura de línguas adaptadas às circunstâncias e necessidades do povo local. 
 
 
4 
A história da língua inglesa é fascinante e explica como fatos históricos e mudanças na 
língua estão estritamente ligados. 
Os Celtas foram o primeiro povo Indoeuropeu a espalhar-se pela Europa e tornou-se 
particularmente poderoso, de acordo com The Cambridge Encyclopedia of Language. Eles 
saíram do centro-sul da Europa e ocuparam a maior parte da Europa, alcançando o Mar Negro e 
a Ásia Menor. Eles se estabeleceram no sudoeste da Espanha, centro da Itália e por toda a Grã-
Bretanha como ondas migratórias. 
Aproximadamente 300 anos A.C. a área ao redor do Mar Mediterrâneo era o grande 
centro de atividade. O grande Império grego ascendeu e caiu. O novo Império, centralizado em 
Roma, começou a expandir além da Itália. Este Império Romano permaneceu por mais de 700 
anos e sua língua, o latim, deu origem às línguas romanas: italiano, espanhol, francês, português 
e outras. 
O Império Romano permaneceu na Grã-Bretanha, principalmente na Inglaterra, por 
aproximadamente 400 anos. Por volta de 410 D.C. os romanos retiraram-se da Inglaterra. A 
Inglaterra finalmente comandava um império e começou a espalhar sua língua pelo mundo, em 
razão ao seu poder político e riqueza. Assim, vários povos germânicos tornaram-se mais ativos. 
As línguas dos povos germânicos do norte deram origem ao atual dinamarquês, norueguês, 
sueco e outros. As línguas dos povos germânicos do oeste (teutônicos) deram origem ao alemão 
e holandês e ao frisian, língua falada na costa holandesa. 
Por volta de 450 anos D.C. aconteceu à invasão anglo, que antecedeu a vinda dos 
jutos, os saxões e os frisians. Todos estes povos estavam estabelecidos por volta de 600 anos 
D.C. Nesta época, as Ilhas Britânicas tinham a seguinte distribuição: 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O nome 
England: No início, 
escritores usavam o 
nome Angli e Anglia, o primeiro para o povo germânico indiscriminadamente e o segundo para o 
país. Enquanto que os anglos chamavam-se Englisc e o país Englalond. Aproximadamente em 
1000 D.C. o país tornou-se England. 
 
 
 
 
1.1 Uma abordagem literária 
 
Literatura é a arte de usar as palavras para construir trabalhos estéticos e artísticos, 
promovendo conhecimento, beleza e prazer. O objetivo desta abordagem é entrar em contato 
 
 
6 
com textos cruciais que mostram ao leitor contemporâneo não apenas a formação e evolução da 
língua, mas também um retrato completo do mundo naquela época. Ao conhecermos as 
diferentes épocas, diferentes civilizações e culturas do passado,é possível ter um melhor 
entendimento do presente. 
Como sabemos o ideal de beleza, de arte e de história sempre muda e estas 
mudanças tornam-se claras em textos literários. A seguir, teremos uma linha cronológica de 
alguns textos e autores representativos. 
 
Old English (500 – 1100) 
 
Qualquer pessoa que não tenha uma especialização voltada ao Old English é incapaz 
de compreender qualquer texto da época. Existe uma grande diferença na forma escrita, na 
pronúncia, no vocabulário e na gramática entre o período Old English e o Middle English. Por 
exemplo, a palavra stãn corresponde ao stone no inglês atual. 
O Old English não era uma língua uniforme, pois era preservada por inscrições runics 
nas traduções bíblicas e fragmentos diversos. 
Um dos meios para conhecer línguas antigas é examinar sua literatura e documentos 
religiosos, porque, em alguns casos, eles são os únicos textos escritos daqueles períodos que 
ainda restam, e na grande maioria, em versão parcial do que foi o original. 
Os primeiros textos literários escritos em Old English são poemas épicos. Um deles é 
chamado Beowulf e seu autor é desconhecido. O outro é “Battle of Maldon”. 
Beowulf é um dos primeiros trabalhos poéticos em Old English e, como outros daquela 
época, não tinha título. Foi dado por editores do texto no século 19. Beowulf é o nome do herói 
do poema, que viveu em uma época muito distante, quando a Inglaterra e o Inglês, como já 
sabemos agora, não existiam ainda. Os sons e o alfabeto da língua eram totalmente diferentes. 
Beowulf é uma composição pré-cristã com uma história pagã e mostra a visão de 
mundo pré-cristianismo e seu herói representa os valores e virtudes daquele sistema de lealdade 
social e militar. É um poema épico, que pode ser interpretado como a luta entre o bem e o mal, 
entre a humanidade e as forças destrutivas, que desfazem a ordem humana. 
A trama é baseada em alguns encontros e batalhas com monstros que vêm ao mundo 
dos humanos. Grendel é o primeiro destes monstros, que anda à noite matando pessoas e é um 
predador. Beowulf desafia e o mata, sua mãe enfurecida também é derrotada por Beowulf e seus 
 
 
7 
homens. Todos estes episódios colocam em contraste dois tipos de valores: o mundo humano 
seguro e a região selvagem das feras. Depois de lutar e derrotar os monstros, no fim Beowulf é 
traído por alguns de seus homens e morre atingido por uma espada, deixando um abismo 
político. O poema termina de luto e evoca um espetáculo pré-cristão, uma tragédia que de certo 
modo enfatiza a mortalidade e a determinação da natureza ou destino. 
“The Battle of Maldon” descreve uma batalha entre o povo inglês e os guerreiros 
vikings da Dinamarca. Esta batalha aconteceu em 991 D.C. às margens do Rio Negro. O líder do 
grupo inglês é Byrhtnoth, um bravo conde de Maldon. 
A seguir, leia um trecho do poema na versão moderna e tente imaginar o cenário, a 
atmosfera e os homens. 
 
“The wolves of ear advanced, the Viking troop, 
Unmoved by water, westward over Pante, 
Over the gleaming water bore their shields. 
The seamen brought their lindem-shields to land. 
There, Byrhtnoth and his warrior stood ready 
Top meet their enemies. He told his troops 
To make a shield wall and to hold it fast 
Against their foes. So battle with his gory 
Drew near. The time had come for fated men 
To perish in that place. A cry went up. 
The ravens wheeled above, the fateful eagle 
Keen for his carrion. On earth it was uproar.” 
 
“Os lobos avançavam, a tropa Viking, 
Imóveis na água, na direção ocidental do Pântano 
O brilho da água transpassa seus protetores. 
Os marinheiros trouxeram protetores para a terra 
Lá, Byrhtnoth e seu guerreiro estavam prontos 
Para encontrar seus inimigos. Ele disse a suas tropas 
Para fazer uma proteção e mantê-la rapidamente 
Contra seus inimigos. Então a batalha de sangue 
 
 
8 
Estava próxima. O tempo tinha chegado para homens predestinados 
A perecer naquele lugar. Um grito ecoou. 
Os corvos sobrevoavam, a águia decisiva 
Pronta para a morte. Na terra era alvoroço.” 
 
A época Old English é totalmente voltada para a explicação dos fenômenos por meio 
dos deuses, com heróis e batalhas envoltos em religiosidade. 
Esta época termina com a Batalha de Hastings, em 1066, quando o rei William 
derrotou o exército dos anglo-saxões e impôs suas leis, seu sistema de governo e sua língua – a 
francesa. Durante os 300 anos que se seguiram, principalmente nos 150 anos iniciais, a língua 
usada pela aristocracia na Inglaterra foi o francês. Falar francês tornou-se então condição para 
aqueles de origem anglo-saxônica em busca de ascensão social, por intermédio da simpatia e 
dos favores da classe dominante. A partir deste evento, se estabelece o período Middle English. 
Um exemplo de texto escrito deste período é Lord's Prayer (Pai-nosso). Para um 
falante nativo de inglês, hoje, das 54 palavras do Pai Nosso em Old English, menos de 15% são 
reconhecíveis na escrita e provavelmente nada seria reconhecido ao ser pronunciado. Era muito 
parecido com o latim. Compare o texto original com a versão de 1662: 
 
“... Freder are pO pe eart on heofonum, sl pIn nama gehalgod. 
To becume pIn rice. Gewurpe oin willa on eoroan SW8 swa on heofonum. Orne 
gedceghwamlicn hlaf syle us to dceg. 
And forgyf us Ore gyltas, swa swa we; forgyfao urum gyltendum. And ne gelced pO Os 
on constnunge, ac alus Os of yfele. Soplice.” 
 
 
“Our Father, which art in Heaven, 
Hallowed be thy Name. 
Thy Kingdom come. 
Thy will be done, 
In earth as it is in Heaven. 
 
 
9 
Give us this day our daily bread. 
And forgive us our trespasses, 
As we forgive them that trespass against us. 
And lead us not into temptation; 
But deliver us from evil. 
[For thine is the kingdom, The power, and the glory, 
For ever and ever.] Amen “ 
 
“Pai nosso que estais no céu 
Santificado seja o Vosso nome 
Venha a nós o vosso Reino 
Seja feita a Vossa vontade 
Assim na Terra como no Céu 
O pão nosso de cada dia nos dai hoje 
Perdoai as nossas ofensas 
Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido 
E não nos deixeis cair em tentação 
Mas livrai-nos do mal. 
[Vosso é o Reino, o Poder e a Glória, 
Para sempre.] 
Amém. 
 
 
 
10 
Middle English (1100 – 1500) 
 
A conquista da Batalha de Hastings pelos normandos marcou o início da nova era na 
Inglaterra. A verdadeira transfusão de cultura franco-normanda na nação anglo-saxônica, que 
durou três séculos, resultou principalmente num aumento de vocabulário e nada mais. Isto quer 
dizer que, por mais forte que possa ser a influência de uma língua sobre outra, essa influência 
normalmente não vai além de um enriquecimento de vocabulário, dificilmente afetando a 
pronúncia ou estrutura gramatical. 
Veja exemplos da influência normanda no vocabulário inglês: 
Anglo-saxão Normando 
kingly royal 
help aid 
hunt chase 
folk people 
wish desire 
 
Um importante fato religioso e histórico deste período é o assassinato do Arcebispo 
Thomas Becket, em 1170, cuja catedral e sepultura são o destino de uma longa viagem de 
peregrinos representada em The Canterbury Tales, uma das maiores peças literárias escritas na 
era Middle English, por Geoffrey Chaucer. Este trabalho é um conjunto de histórias contadas por 
aqueles peregrinos durante a viagem. Eles contavam histórias e o contador da melhor ganharia 
um jantar em Londres, lugar de onde partiram. 
The Canterbury Tales traz a variedade de pessoas, valores e costumes sociais daquele 
período em figuras vivas, focalizando os próprios homens e mulheres ao invés de insistir em 
guerras, soldados e coragem. A natureza e as emoções humanas, como o amor, por exemplo, 
começam a aparecer na literatura. 
Outro representante da Middle English é Lê Mort d’Arthur, de Sir Thomas Mallory. 
Baseado no lendário Rei Arthur, o guerreiro heroico que resistiu às invasões anglo-saxãs no 
século VI,cujas narrativas e lendas como a Távora redonda, os cavaleiros e Excalibur são bem 
conhecidas na época atual. 
A seguir, a introdução de The Canterbury Tales: 
 
 
 
11 
“When that Aprile with his shoures sote 
The droghte of Marche hath perced to the rote, 
And Bathed every veyne in switch licour 
Of which vertu engendred is the flour; 
Whan Zephirus eek with his swete breeth 
Inspired hath in every holt and heath 
The tender croppes, and the younge sonne 
Hath in Ram his halfe cours Y-rone 
And smale fowles maken melodie 
That slepen al the night with open ye, 
So prinketh hem nature in hir corages: 
Than longer folk to goon on pilgrimages.” 
 
“Quando o chuvoso abril cortou feliz 
A secura de março na raiz, 
E banhou cada veia no licor 
Que tem o dom de produzir a flor; 
Quando Zéfiro com o alento doce 
Para as copas e os campos também trouxe 
Tenros brotos, e o sol de pouca idade 
Do curso em Aries percorreu metade, 
E a passarada faz o seu concerto, 
E dorme a noite inteira de olho aberto 
(Que a natureza acende o coração), 
Então se vai em peregrinação “ 
 
 
Modern English (a partir de 1500) 
 
Esta época se estende do século XVI até a atualidade. Na primeira parte deste período 
aconteceu uma revolução complexa da fonologia do inglês. Enquanto o Middle English se 
 
 
12 
caracterizou por uma acentuada diversidade de dialetos, o Modern English representa um 
período de padronização e unificação da língua, porém sem uma pronúncia única ou uniforme, 
pois os sons variam de lugar para lugar e de grupo social para grupo social. Essas mudanças 
continuaram durante o período, representadas por uma típica fonologia do inglês moderno, na 
qual foram introduzidos numerosos americanismos e africanismos como consequência da 
expansão britânica. 
Mais tarde, em contato com outras culturas e dialetos, a língua inglesa se desenvolve 
em muitas áreas onde os ingleses haviam colonizado, fazendo pequenas, mas interessantes 
contribuições para o vocabulário, como, por exemplo, os nomes dos dias da semana que vieram 
dos principais deuses anglo-saxões: Sunday (dia do deus Sol), Monday (dia da deusa Lua), 
Tuesday (dia de Tiu – deus da guerra e dos céus), Wednesday (dia de Woden, deus germânico 
correspondente a Mercúrio, deus do comércio), Thursday (dia de Thor - deus do trovão), Friday 
(dia de Frey - deusa da fertilidade), Saturday (dia de Saturno, deus da agricultura). 
É importante ressaltar que o Modern English se inicia com a Renascença, período de 
reformas, descobertas, explorações, época em que os grandes escritores se inspiravam nos 
clássicos e, por isso, muitas palavras latinas e gregas foram adotadas e sobrevivem ainda nos 
dias atuais. 
Um dos mais conhecidos e célebres escritores desta época é William Shakespeare, um 
ícone da literatura britânica. Ele dominou como nenhum outro o ritmo e a magia da poesia e do 
teatro de sua época. Durante a Era Elizabetana, quando Shakespeare viveu e trabalhou, o teatro 
inglês cresceu e se desenvolveu com o apoio da rainha. Muitos teatros foram construídos nesta 
época. Como um home do teatro, Shakespeare não queria que os textos de suas peças fossem 
publicados. Isto somente aconteceu após a sua morte. 
Suas peças, tradicionalmente divididas em obras históricas, comédias e tragédias, 
fazem não só a crônica de seu país como também descrevem com rara compreensão da 
condição humana as relações entre indivíduos e estes com a sociedade. Os temas de seus 
trabalhos são uma mistura de valores antigos, medievais e modernos, deuses cristãos e pagãos, 
fadas, rainhas e reis, espíritos, amantes, bruxas. Questões profundas e filosóficas preocupavam 
as pessoas, almas, morte, céu e inferno. É o espírito da Renascença daquela época trazendo o 
homem para o centro do mundo. Este é um ponto que faz dos textos de Shakespeare peças 
modernas, símbolos de um mundo moderno: o homem não reflete o mundo apenas, mas o 
mundo está inserido dentro do homem, faz parte de sua vida, seus anseios, medos e angústias. 
 
 
13 
Seus personagens são dotados de traços fortemente marcados: Otelo pelo ciúme, 
Macbeth pela traição, Ofélia pela inocência, Iago pela inveja, Ricardo III pela maldade, Falstaff 
pela bonomia, Hamlet pela indecisão, Romeu pelo amor juvenil, Ricardo II pela inabilidade, 
Henrique V pela coragem, Calíban pelo ressentimento, Próspero pela magia, etc. 
Shakespeare colocou um mundo inteiro nas suas peças. Rei e barões, nobre e gente 
do povo. Mulheres pérfidas como Lady Macbeth ou jovens amantes apaixonadas como Julieta. 
Gente sóbria, bêbados, falastrões e gente perigosamente silenciosa como Cássio, o que 
conspirou contra César. Pobres e ricos 
Veja o seguinte trecho de “To be or not to be? (Hamlet) 
 
“To be, or not to be: that is the question: 
Whether 'tis nobler in the mind to suffer 
The slings and arrows of outrageous fortune, 
Or to take arms against a sea of troubles, 
And by opposing end them? To die: to sleep; 
No more; and by a sleep to say we end 
The heart-ache and the thousand natural shocks 
That flesh is heir to, 'tis a consummation 
Devoutly to be wish'd. To die, to sleep; 
To sleep: perchance to dream: ay, there's the rub; 
For in that sleep of death what dreams may come 
When we have shuffled off this mortal coil, 
Must give us pause: there's the respect 
That makes calamity of so long life; 
For who would bear the whips and scorns of time, 
The oppressor's wrong, the proud man's contumely, 
The pangs of despised love, the law's delay, 
The insolence of office and the spurns 
That patient merit of the unworthy takes, 
When he himself might his quietus make 
With a bare bodkin? Who would fardels bear, 
To grunt and sweat under a weary life, 
 
 
14 
But that the dread of something after death, 
The undiscover'd country from whose bourn 
No traveller returns, puzzles the will 
And makes us rather bear those ills we have 
Than fly to others that we know not of? 
Thus conscience does make cowards of us all; 
And thus the native hue of resolution 
Is sicklied o'er with the pale cast of thought, 
And enterprises of great pith and moment 
With this regard their currents turn awry, 
And lose the name of action.” 
 
“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre 
Em nosso espírito sofrer pedras e setas 
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja, 
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações 
E em luta pôr-lhes fim? Morrer... dormir: não mais. 
Dizer que rematamos com um sono a angústia 
E as mil pelejas naturais heranças do homem: 
Morrer para dormir... é uma consumação 
Que bem merece e desejamos com fervor. 
Dormir: Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo: 
Pois quando livres do tumulto da existência, 
No repouso da morte o sonho que tenhamos 
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita 
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios. 
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo, 
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso, 
Toda a lancinação do mal-prezado amor, 
A insolência oficial, as dilações da lei, 
Os doestos que dos nulos têm de suportar 
O mérito paciente, quem o sofreria, 
 
 
15 
Quando alcançasse a mais perfeita quitação 
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos, 
Gemendo e suando sob a vida fatigante, 
Se o receio de alguma coisa após a morte, 
–Essa região desconhecida cujas raias 
Jamais viajante algum atravessou de volta 
–Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos? 
O pensamento assim nos acovarda, e assim 
É que se cobre a tez normal da decisão 
Com o tom pálido e enfermo da melancolia; 
E desde que nos prendam tais cogitações, 
Empresas de alto escopo e que bem alto planam 
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo 
De se chamar ação. (...)” 
Após Shakespeare, a sociedade e a língua na Inglaterra continuaram a se transformar. 
O surgimento da Imprensa, com jornais, livros e romances ajudou a manter as características da 
língua inglesa e precisou tornar-sepopular, principalmente porque o maior público para quem os 
trabalhos da época (poesias épicas, dramáticas e líricas) eram dirigidos não sabia ler. Então, as 
potencialidades orais da língua foram exploradas pesadamente. O poeta, o ator ou mesmo o 
sacerdote tinham que manter a atenção de seu público por meio do som, do ritmo e da melodia 
dos textos. 
No século XVII, era a época dos poetas metafísicos, cujos textos eram ricos e difíceis 
para a maior parte dos leitores ingleses. O mais importante poeta desta época é John Milton, 
com Paradise Lost. 
O poema trata a desobediência do homem, resultando-lhe a perda do Paraíso em que 
fora colocado; a Serpente ou Satã dentro da Serpente motivou esta desgraça, depois que ele, 
revoltando-se contra Deus e colocando em seu partido muitas legiões de anjos, foi expulso do 
Céu e arrojado ao Inferno com toda essa multidão por ordem de Deus. 
 
“Of Man's first disobedience, and the fruit 
Of that forbidden tree whose mortal taste 
Brought death into the World, and all our woe, 
 
 
16 
With loss of Eden, till one greater Man 
Restore us, and regain the blissful seat, 
Sing, Heavenly Muse, that, on the secret top 
Of Oreb, or of Sinai, didst inspire 
That shepherd who first taught the chosen seed 
In the beginning how the heavens and earth 
Rose out of Chaos: or, if Sion hill 
Delight thee more, and Siloa's brook that flowed 
Fast by the oracle of God, I thence 
Invoke thy aid to my adventurous song, 
That with no middle flight intends to soar 
Above th' Aonian mount, while it pursues 
Things unattempted yet in prose or rhyme. 
And chiefly thou, O Spirit, that dost prefer 
Before all temples th' upright heart and pure, 
Instruct me, for thou know'st; thou from the first 
Wast present, and, with mighty wings outspread, 
Dove-like sat'st brooding on the vast Abyss, 
And mad'st it pregnant: what in me is dark 
Illumine, what is low raise and support; 
That, to the height of this great argument, 
I may assert Eternal Providence, 
And justify the ways of God to men” 
 
“Do homem primeiro canta, empírea Musa, 
A rebeldia — e o fruto, que, vedado, 
Com seu mortal sabor nos trouxe ao Mundo 
A morte e todo o mal na perda do Éden, 
Até que Homem maior pôde remir-nos 
 
 
17 
E a dita celestial dar-nos de novo. 
Do Orebe ou do Sinai no oculto cimo 
Estarás tu, que ali auxílios deste 
Ao pastor que primeiro aos escolhidos 
Ensinou como do confuso Caos 
Se ergueram no princípio o Céu e a Terra? 
Ou mais te agrada Sião e a clara Síloe 
Que mana ao pé do oráculo do Eterno? 
Lá donde estás, invoco o teu socorro 
Para este canto meu que hoje aventuro, 
Decidido a galgar com vôo inteiro 
Muito por cima da montanha Aônia, 
De assuntos ocupados que inda o Mundo 
Tratados não ouviu em prosa ou verso. 
E tu mais que ela, Espírito inefável, 
Que aos templos mais magníficos preferes 
Morar num coração singelo e justo, 
Instrui-me porque nada se te encobre. 
Desde o princípio a tudo estás presente: 
Qual pomba, abrindo as asas poderosas, 
Pairaste sobre a vastidão do Abismo 
E com almo portento o fecundaste: 
 
 
18 
Da minha mente a escuridão dissipa, 
Minha fraqueza eleva, ampara, esteia, 
Para eu poder, de tal assunto ao nível, 
Justificar o proceder do Eterno 
E demonstrar a Providência aos homens.” 
 
Quando a Imprensa escrita pôde ser lida por uma grande maioria da sociedade, um 
novo gênero surgiu no mundo: os romances. 
No romance, o escritor não pensa muito sobre as potencialidades orais de seu texto, 
ele é para ser lido silenciosamente. Isto permite ao romancista explorar outros aspectos de sua 
história, trama de personagens ou outros aspectos da língua que ele trabalha. 
No século XVIII, a Literatura realmente cresceu em número de livros publicados e 
também de leitores. A leitura tornou-se uma atividade popular. O primeiro jornal diário foi 
publicado na Inglaterra. 
O primeiro romance publicado naquele período foi Tale of a tub, de J. Swift em 1704. 
Seu segundo e mais conhecido romance, Gulliver's travels, foi publicado em 1726. Robinson 
Crusoé de Defoe foi publicado em 1719. Era um período rígido para a Literatura, também 
conhecido como “período autoritário”. Havia uma busca por regras, explicações e ciência. Mas, 
apesar de serem trabalhos fictícios, os romancistas podiam criticar os padrões políticos e sociais 
da época. Um poeta interessante, visionário e rebelde é William Blake, cujo objetivo era unir o 
desenho, a pintura com a arte literária. Sua filosofia era baseada em sua rejeição à razão e às 
crenças, religião e leis convencionais. 
Em 1728 começa uma nova era na Inglaterra, o Romantismo, quando William 
Wordsworth e S.T. Colleridge publicaram The Lyrical Ballads, o manifesto da primeira geração 
de poetas românticos. 
A lista de trabalhos abaixo pode nos dar um panorama dos temas e estilos do período. 
Os escritores românticos tinham muitos pontos em comum, como, por exemplo, as tramas 
diárias e compreensíveis, os detalhes da narrativa, as emoções são exploradas e descritas tão 
bem quanto os aspectos psicológicos dos personagens, que são realistas e muito parecidos com 
 
 
19 
pessoas reais. As mulheres tornam-se leitoras assíduas e escritoras. Jane Austen e as irmãs 
Bronte (Charlotte, Emily e Anne) são alguns exemplos. Os livros escritos por elas foram 
adaptados para o cinema e fizeram grande sucesso. 
 
 Pride and Prejudice, Sense and sensibility, Emma e Persuasion, de Jane Austen 
 Jane Eyre, de Charlotte Bronte 
 Wuthering Heights, de Emily Bronte 
 The Tenant of Wildfell Hall, de Anne Bronte 
 Frankenstein, de Mary Shelley 
 
Jane Austen e as irmãs Bronte trabalham narrativas emocionais sobre os fatos e 
preocupações de jovens garotas de família, seus problemas pessoais, éticos e sociais, sempre 
envolvendo casamento: suas causas e consequências. 
Como estes trabalhos foram escritos na época do Inglês Moderno, eles têm um modelo 
padrão da língua fácil de ler e de entender. O vocabulário e as regras de gramática são os 
mesmos usados atualmente. 
Perceba isto, lendo um trecho de “Pride and Prejudice”, que conta a história de Mr. e 
Mrs. Bennet (pequenos fazendeiros), suas cinco filhas e as várias aventuras românticas na casa 
Hertfordshire of Longbourn. Os pais são personagens contrastantes: Mr. Bennet é um sábio e 
bem-humorado cavalheiro, enquanto que Mrs. Bennet está permanentemente preocupada em 
casar suas filhas a qualquer custo. 
 
“It is a truth universally acknowledged, that a single man in possession of a good 
fortune must be in want of a wife. 
However little known the feelings or views of such a man may be on his first entering a 
neighbourhood, this truth is so well fixed in the minds of the surrounding families, that he is 
considered as the rightful property of some one or other of their daughters. 
``My dear Mr. Bennet,'' said his lady to him one day, ``have you heard that Netherfield 
Park is let at last?'' 
 
 
20 
Mr. Bennet replied that he had not. 
``But it is,'' returned she; ``for Mrs. Long has just been here, and she told me all about 
it.'' 
Mr. Bennet made no answer. 
``Do not you want to know who has taken it?'' cried his wife impatiently. 
``You want to tell me, and I have no objection to hearing it.'' 
This was invitation enough. 
``Why, my dear, you must know, Mrs. Long says that Netherfield is taken by a young 
man of large fortune from the north of England; that he came down on Monday in a chaise and 
four to see the place, and was so much delighted with it that he agreed with Mr. Morris 
immediately; that he is to take possession before Michaelmas, and some of his servants are to be 
in the house by the end of next week.'' 
``What is his name?'' 
``Bingley.'' 
``Is he married or single?'' 
``Oh! single, my dear, to be sure! A single man of large fortune; four or five thousand a 
year. What a fine thing for our girls!'' 
``How so? how canit affect them?'' 
``My dear Mr. Bennet,'' replied his wife, ``how can you be so tiresome! You must know 
that I am thinking of his marrying one of them.'' 
``Is that his design in settling here?'' 
 
 
21 
``Design! nonsense, how can you talk so! But it is very likely that he may fall in love with 
one of them, and therefore you must visit him as soon as he comes.'' 
``I see no occasion for that. You and the girls may go, or you may send them by 
themselves, which perhaps will be still better; for, as you are as handsome as any of them, Mr. 
Bingley might like you the best of the party.'' 
``My dear, you flatter me. I certainly have had my share of beauty, but I do not pretend 
to be any thing extraordinary now. When a woman has five grown up daughters, she ought to 
give over thinking of her own beauty.'' 
``In such cases, a woman has not often much beauty to think of.'' 
``But, my dear, you must indeed go and see Mr. Bingley when he comes into the 
neighbourhood.'' 
 
É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro na posse de uma 
bela fortuna necessita de uma esposa. 
 
Por muito pouco que se conheçam os sentimentos ou modo de pensar de tal homem 
ao entrar pela primeira vez numa vizinhança, esta verdade encontra-se de tal modo enraizada 
nos espíritos das famílias circundantes que ele é considerado como propriedade legítima desta 
ou daquela de suas filhas. 
 
“- Meu caro Sr. Bennet - disse-lhe sua mulher um dia -, sabe que Netherfield Park foi 
finalmente alugado?” 
 
O Sr. Bennet respondeu-lhe que não sabia. 
 
 
22 
 
“- É como lhe digo - tornou ela -; pois a Sra. Long ainda há pouco aqui esteve e contou-
me tudo.” 
 
O Sr. Bennet não deu qualquer resposta. 
 
“- Não lhe interessa saber quem o alugou? - exclamou a mulher, impaciente.” 
 
“- A senhora pretende participar-me, e eu não me oponho a ouvi-la.” 
 
Como convite, era mais que suficiente. 
 
“- Pois saiba meu caro, que, pelo que a Sra. Long me disse, Netherfield foi alugado por 
um jovem de grande fortuna do Norte da Inglaterra. Chegou segunda-feira, numa carruagem 
puxada por quatro cavalos, para visitar o local, e ficou tão encantado que desde logo aceitou as 
condições do Sr. Morris. Vem ocupar a casa ainda antes do dia de S. Miguel e alguns dos seus 
criados deverão chegar já no fim da próxima semana.” 
 
“- Como se chama ele?” 
 
“- Bingley.” 
 
“- É casado ou solteiro?” 
 
 
23 
 
“- Oh! Solteiro, naturalmente, meu caro! Um homem solteiro e de grande fortuna, com 
rendimentos no valor de quatro ou cinco mil libras anuais. Que maravilhoso acontecimento para 
as nossas filhas!” 
 
“- Como assim? Que têm elas a ver com isso?” 
 
“- Meu caro, Sr. Bennet - retorquiu sua mulher - que maçador que o senhor é! Sabe 
perfeitamente que encaro a possibilidade de ele vir a casar com uma delas.” 
 
“- É essa a intenção dele ao vir instalar-se para aqui?” 
 
“- Intenção! Que disparate é esse que está a dizer! Porém, é muito natural que ele se 
apaixone por uma delas, e exatamente por isso, o senhor deve ir visitá-lo logo que ele chegue.” 
 
“- Não vejo razão para isso. Podem perfeitamente ir à senhora e as pequenas, ou 
enviá-las a elas sozinhas, o que talvez fosse preferível, pois, uma vez que a senhora é tão bonita 
como qualquer delas, o Sr. Bingley poderia escolhê-la a si como a flor do grupo.” 
 
“- Meu caro, o senhor lisonjeia-me. Fui, de fato, bonita nos meus tempos, mas não 
pretendo ser hoje em dia nada de extraordinário. Quando uma mulher se vê mãe de cinco filhas 
crescidas, ela tem, necessariamente, de deixar de pensar na sua própria beleza.” 
 
“- Em tais casos, é raro uma mulher ter alguma beleza em que pensar.” 
 
 
24 
 
“- Não obstante, meu caro, o senhor tem de ir visitar o Sr. Bingley mal este chegue ao 
bairro.” 
 
Frankenstein, de Mary Shelley, caminha para outro lado, escuro e sombrio. Fantasia e 
imaginação correm lado a lado na criação do monstro clássico, a alegoria do conto moderno de 
criador x criatura. 
Na 2ª metade do século XIX surge um grande número de poetas, escritores e 
romancistas magníficos. Entre os romancistas, Charles Dickens é um dos principais, tratando 
sobre o sofrimento e os problemas sociais, como a pobreza, crimes, injustiça, etc. Seus textos 
retratam lugares pobres, escuros e tristes de Londres como cenário. Oliver Twist, Hard times, 
Great expectations e Christmas carols são seus trabalhos mais famosos. 
Nascido na Irlanda, Oscar Wilde é cheio de humor e inteligência. Seus textos incluindo 
artigos, cartas, romances e peças de teatro são completamente diferentes de seus textos 
contemporâneos. Um exemplo de seu trabalho é The portrait of Dorian Gray. 
Um importante dramaturgo e crítico desta época é outro irlandês, George Bernard 
Shaw. Em sua peça Pygmalion, o leitor tem diversão e, ao mesmo tempo, tem contato com 
importantes ideias e ideais linguísticos. 
De 1920 até os dias de hoje, o período contemporâneo inglês ainda está em 
progresso. Há inúmeros poetas excelentes e inovadores como Ezra Pound e T.S. Eliot. No teatro 
e na prosa, podemos citar as peças de Samuel Becket e os textos de James Joyce. 
Os escritores modernistas criaram novos modelos, novos meios de criar e interpretar a 
realidade e a ficção. Nos dias de hoje, escritores pós-modernos seguem diferentes tendências, 
focando nas diversas culturas locais de onde eles vêm, sotaques, sociedades e problemas 
individuais. 
Confira a seguir um exemplo de texto bíblico escrito na época Old English, chamado 
“The Nativity” e vertido para Middle e Modern English, podendo exemplificar como a língua 
inglesa sofreu alterações. 
 
OLD ENGLISH 
Soplice on pam dagum wres geworden gebod fram pam casere Augusto, pret eall 
 
 
25 
ymbehwyrft wrere tomearcod. peos tomearcodneswres reryst gewordem fram pam deman Syrige 
Cirino. And ealle hig eodon, and syndrige ferdon on hyra ceastre. Da ferde losep fram Galilea of 
prereceastre Nazareth on ludeisce ceastre Dauides, seo genemned Bethleem, for pam pe he 
wres of Dauides huse and hirede; pret he ferde mid Marianpe him beweddod wres, and wres 
geeacnod. Soplice wres geworden pa hi par wreron, hire dagas wreron gefyllede pret heo cende. 
And heo cende hyre frumcennedan sunu, and hine mid cildclapum bewand, and hine on binne 
alede, for pam pe hig nrefdon'rum on cumena huse. And hyrdas wreron on pam ylcan rice 
waciende, and nihtwreccan healdende ofer heora heorda. pa stod Drihtnes en gel wip hig, and 
Godes beorhtnes him ymbe scean; and hi him mycelum ege adredon. And se engel him to cwreo, 
Nelle ge eow adrredan; soplice nu ic eow bodie mycelne gefean, se bid eallum folce; for pam to 
dreg eow ys Hrelend acenned, se is Drihten Crist, on Dauides ceastre. And pis tacen eow bye: 
Ge gemetao an cild hrreglum bewunden, and on binned aled. And pa wres freringa geworden mid 
pam engle mycelnes heofenlices werydes, God heriendra and pus cwependra, Gode sy wuldor 
on heahnesse, and on eoroan sybb mannum godes willian. 
 
 
MIDDLE ENGLISH 
(versão de John Wycliffe, 1380) 
And it was don in tho daies, a maundement wente out fro the emperor August, thatal 
the world schulde be discryued. This firste discryuyng was maad of Cyryn, iustice of Sirie. And 
aile men wenten to make professioun, ech in to his owne citee. And Joseph went vp fro Galilee, 
fro the citee Nazareth, in to Judee, in to a citee of Dauid, that is c1epid Bethleem, for that he was 
of the hous and of the meyne of Dauid, that he schulde knouleche with Marie, his wijf, that was 
weddid to hym, and was greet with child. And it was don, while thei weren there, the daies were 
fulfillid, that sche schulde bere child. And sche bare hir borun sone, and wlappide hym in c1othis, 
and leide hym in a cratche, for ther was no place to hym in no chaumbir. And scheepherdis weren 
in the same cuntre, wakynge and kepynge the watchis of the nygt on her flok. And lo! the aungel 
of the Lordstood bisidis hem, and the c1eernesse of God schinede aboute hem; thei dredden 
with greet drede. And the augnel seide to hem, Nyle ye drede; for lo! Y preche to you a greet 
ioye, that schal be to al puple. For a sauyoure is borun to dai to you, that is Christ the Lord, in the 
citee of Dauid. And this is a tokene to you; ye schulen fynde a yong child wlappid in clothis, and 
leid in a cratche. And sudenli ther was maad with the aungel a multitude of heuenly knygthod, 
 
 
26 
heriynge God, and seynge, Glorie be in the higeste thingis to God, and in erthe pees be to men of 
good ille. 
 
MODERN ENGLISH 
(versão do Rei James, 1604) 
And it came to passe in those dayes, that there went out a decree from Cesar 
Augustus, that all the world should be taxed. (And this taxing was first made when Cyrenius was 
gouernor of Syria) And all went to bee taxed, euery one into his owne citie. And Joseph also went 
vp fro Galilee, out of the citie of Nazareth, into Judea, vnto the citie of Dauid, which is called 
Bethlehem, (because he was of the house and linage of Dauid,) To be taxed with Mary his 
espoused wife, being great with a child. And so it was, that while they were there, the dayes were 
accomplished that she should be deliuered. And she brought foorth her first borne sonne, and 
wrapped him in swadling clothes, and laid him in a manger, because there was no roome for 
them in the Inne. And there were in the same countrey shepheards abiding in y field, keeping 
watch ouer their flocke by night. And loe, the Angel of the Lord came vpon them, and the glory of 
the Lord shone round about them, and they were sore afraid. And the Angel said vnto them, 
Feare not: For behold, I bring you good tidings of great ioy, which shall be to all people. For vnto 
you is borne this day, in the citie of Dauid, a Sauiour, which is Christ the Lord. And this shall be a 
signe vnto you; yee shall find the babe wrapped in swadling clothes lying in a manger. And 
suddenly there was with the Angel a multitude of the heauenly hoste praising God, and saying, 
Glory to God in the highest, and on earth peace, good wil towards men. 
 
E ele veio a passar naqueles dias, que existe saiu um decreto de Júlio César, que todo 
o mundo deve ser tributado. (E esta tributação foi feita pela primeira vez quando Syrenius 
governou a Síria). E tudo passou a ser tributado, cada um em sua própria cidade. E José 
também saiu de Galileia para fora da cidade de Nazaré, na Judeia, ditou a cidade de Davi, que é 
chamada Belém, (porque era da casa e linhagem de David) para ser tributado com Maria sua 
esposa, sendo grande a criança. E assim foi, enquanto eles estavam ali, os dias foram passando 
com o que deveria ser entregue. E ela surgiu com o filho recém-nascido, envolto em roupas 
maltrapilhas, colocou-o em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. E 
havia, no mesmo país, cumpridores pastores no campo, a zelar pelo seu rebanho por noite. E 
em verdade o anjo do Senhor veio sobre eles e a glória do Senhor brilhou redonda sobre eles, 
 
 
27 
estavam com medo. E o anjo disse-lhes, Não se preocupem, vejam, eu lhes trago boas notícias 
de grande alegria, que deve ser de todas as pessoas. Para vós, este dia é nascido na cidade de 
Davi, um salvador, que é o Cristo Senhor. E esse será um sinal para vós; devem encontrar um 
menino envolto em roupas maltrapilhas, deitado em uma manjedoura. E, de repente, houve com 
o anjo uma multidão de acolhimento celestial louvando a Deus e dizendo Glória a Deus nas 
alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. 
 
1.2 O Inglês britânico e o Inglês americano 
 
Ao mesmo tempo em que a literatura se desenvolvia, o colonialismo britânico dos 
séculos 18 e 19 levava a língua inglesa a áreas remotas do mundo, como África, América do 
Norte e Central, Oceania e Índia, colaborando muito para o fato de o inglês ser a língua mais 
falada no mundo hoje em dia. 
A esperança de alcançar prosperidade e os anseios pela liberdade religiosa 
provocaram uma forte colonização inglesa na América do Norte por volta do século 17. Por volta 
da independência americana, em 1776, o inglês americano já apresentava pequenas diferenças 
em relação ao inglês britânico, fruto do contato com as populações nativas americanas e com os 
espanhóis e mexicanos. Hoje, porém, a diferença entre as duas versões da língua são 
insignificantes, graças ao contato permanente entre americanos e ingleses, que sempre 
mantiveram fortes laços culturais e econômicos. 
A partir da 2ª Guerra Mundial, com a chegada do rádio e da televisão, os americanos e 
ingleses passam então a exercer forte influência cultural no mundo ocidental. O rock inglês, os 
filmes de Hollywood e os seriados de TV são assistidos e replicados em todo o globo. As 
grandes marcas de produtos americanos, gírias e expressões são difundidos, a língua inglesa 
torna-se a língua do mundo. 
Primeiro, em razão ao grande poderio econômico da Inglaterra no século XIX, 
alavancado pela Revolução Industrial e, a consequente expansão do colonialismo britânico, o 
qual chegou a alcançar uma grande abrangência geográfica e uma enorme disseminação da 
língua inglesa. Segundo, em virtude ao poderio político dos EUA a partir da 2ª Guerra Mundial e 
à marcante influência econômica e cultural, que acabou por solidificar o inglês na posição de 
padrão das comunicações internacionais. 
 
 
28 
O inglês britânico não tem uma Academia da Língua que fixe as normas do idioma. É 
um idioma que tem passado da síntese para a análise, da declinação e flexão para a ordem 
sintática, das desinências para as raízes e, estruturalmente, é quase monossilábico, exceto nos 
termos científicos derivados das raízes gregas e latinas. Devido a sua enorme difusão, apresenta 
vários dialetos, com categoria de línguas nacionais, entre eles: o dialeto irlandês e escocês. 
O inglês americano abrange as variedades faladas no Canadá e nos Estados Unidos. 
Em 1940, distinguiam-se três grandes dialetos: o setentrional, localizado na Nova Inglaterra e no 
estado de Nova Iorque; o "midlandês", falado ao longo da costa de New Jersey a Delaware; e o 
sulista, falado de Delaware até a Carolina do Sul. 
Algumas diferenças que podemos citar: 
 Terminação -OUR (colour, honour, humour), enquanto no inglês americano 
utiliza-se OR (color, honor, humor) 
 Os verbos derivados da terminação grega 'izo' são escritos no inglês britânico 
com a grafia ISE (organise, realise, recognise), enquanto os americanos usam IZE (organize, 
realize, recognize) 
 Terminação -RE (centre, theatre), enquanto no inglês americano utiliza-se -ER 
(center, theater) 
Algumas diferenças no vocabulário também são bastante gritantes: 
Inglês britânico Inglês americano Tradução 
Braces suspenders suspensórios 
Lorry Truck caminhão 
Underground subway metrô 
Football soccer futebol 
Number plate license plate placa de veículo 
Fortnight two weeks quinzena, duas 
semanas 
 
 
 
 
29 
1.3 Quem fala Inglês 
 
A atual busca de informação aliada à necessidade de comunicação em nível mundial já 
fez com que o inglês fosse promovido à língua oficial dos povos: americano, britânico, irlandês, 
australiano, neozelandês, canadense, caribenho e sul-africano, além de língua internacional. 
Enquanto que o português é atualmente falado em quatro países por cerca de 195 milhões de 
pessoas, o inglês é falado como língua materna por cerca de 400 milhões de pessoas, tendo já 
se tornado a língua falada em todos os continentes por cerca de 800 milhões de pessoas. 
A constante globalização, que aumenta a necessidade de contatos internacionais em 
nível interpessoal e a atual revolução das telecomunicações proporcionada pela informática, pela 
fibra ótica, e por satélites, despejando informações via TV ou colocando o conhecimento da 
humanidade ao alcance de todos via Internet, cria o conceito de autoestrada de informações. 
Estes dois fatoresdemonstram como o mundo evoluiu a ponto de tornar-se global e o quanto 
necessário é que se estabeleça uma linguagem comum. 
Ao assumir este papel de língua global, o inglês torna-se uma das mais importantes 
ferramentas, tanto acadêmicas quanto profissionais. É hoje inquestionavelmente reconhecido 
como a língua mais importante a ser adquirida na atual comunidade internacional. Este fato é 
incontestável e parece ser irreversível. O inglês acabou tornando-se o meio de comunicação por 
excelência tanto do mundo científico como do mundo de negócios. 
Sabemos que 90% do conhecimento humano presente na internet está disponível 
somente em inglês. Realmente, o mundo acontece primeiro em inglês: os resultados das mais 
recentes pesquisas, as mais novas tecnologias, as notícias mais atuais são sempre produzidas 
primeiro em inglês, e somente depois disponibilizadas em outras línguas. 
A internet, decorrência natural da informática, permite contato em tempo real entre 
pessoas de todo mundo. A língua predominante, é claro, é o inglês. Por ser de fácil aprendizado 
(em relação às línguas latinas e orientais), o inglês é hoje o latim do mundo moderno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
2 TEORIAS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM 
 
 
Para determinar se o homem é o único a utilizar a linguagem, devemos primeiro 
esclarecer o que entendemos por linguagem. Se definirmos a linguagem como a capacidade de 
comunicação, podemos dizer então que existem vários animais que se comunicam. No entanto, 
a linguagem humana é extremamente flexível e criativa, apoiada em regras gramaticais. 
Por que os bebês não nascem falando? Segundo Pinker (2002), os bebês humanos 
nascem antes de seus cérebros estarem completamente formados. Se os seres humanos 
permanecessem na barriga da mãe por um período proporcional àquele de outros primatas, 
nasceriam aos dezoito meses, exatamente a idade na qual os bebês começam a falar, portanto, 
nasceriam falando. 
O cérebro do bebê muda consideravelmente depois do nascimento. Nesse momento, 
os neurônios já estão formados e já migraram para as suas posições no cérebro, mas o tamanho 
da cabeça, o peso do cérebro e a espessura do córtex cerebral continuam a aumentar no 
primeiro ano de vida. Um enorme número de neurônios morre ainda na barriga da mãe, essa 
perda continua nos dois primeiros anos e só se estabiliza aos sete anos. Dessa forma, pode ser 
que a aquisição da linguagem dependa de certa maturação cerebral e que as fases de balbucio, 
primeiras palavras e aquisição de gramática exijam níveis mínimos de tamanho cerebral. 
(PINKER, 2002) 
É comum dividir o estágio inicial da aquisição de linguagem em duas fases: pré-
linguística e linguística. No estágio pré-linguístico, a capacidade linguística da criança 
desenvolve-se sem qualquer produção linguística identificável. Sem levar em conta as mudanças 
biológicas que facilitam o desenvolvimento linguístico e ocorrem nos primeiros meses de vida da 
criança, é o balbuciar dos bebês de aproximadamente seis meses que sinaliza o começo da 
aquisição da linguagem. Esse período é tipicamente descrito como pré-linguístico porque os 
sons produzidos não são associados a nenhum significado linguístico. O estágio dos balbucios é 
marcado por uma variedade de sons que muitas vezes são usados em alguma das línguas do 
mundo, embora muitas vezes não seja a língua que a criança irá, posteriormente, falar. O 
significado dessa observação não é claro. Alguns, afirmam que os balbucios sinalizam o começo 
da habilidade de comunicação linguística da criança. Nesse estágio, os sons oferecem o 
repertório no qual a criança irá identificar os fonemas da sua língua. Por outro lado, outros 
 
 
31 
estudiosos ressaltam que a ordem que os sons aparecem durante o período de balbucio é, 
geralmente, contrária àquela que eles aparecem nas primeiras palavras da criança. Por exemplo, 
consoantes posteriores e vogais anteriores, como [k], [g] e [i], aparecem cedo nos balbucios das 
crianças, mas tarde no seu desenvolvimento fonológico. 
Mesmo que a primeira hipótese sobre aquisição de linguagem seja de que a criança 
simplesmente adquire sons e significados, a investigação das primeiras palavras da criança 
indica que o conhecimento adquirido por aquelas de um ano de idade toma a forma de um 
sistema rico de regras e representações. Como esses sistemas abstratos foram deduzidos, 
principalmente, por meio de experiências das crianças na comunidade linguística, as diferenças 
entre a gramática da criança e a do adulto são compreensíveis. 
A partir do estágio de duas palavras é possível examinar o desenvolvimento sintático, 
mesmo que seja de maneira rudimentar. O sistema linguístico da criança nessa fase também é 
diferente do adulto. Além das diferenças de pronúncia e significado, elas também possuem uma 
gramática diferente da deles. Obviamente produzem sentenças mais breves; além da maioria 
delas serem sentenças inovadoras, não sendo apenas imitações da dos adultos. 
Após o estágio de duas palavras, as crianças expandem seu vocabulário, aprendem as 
regras de construção (negativa, passiva, etc.) presentes na língua, aprendendo seu sistema 
fonológico e morfológico, aperfeiçoando sua pronúncia, e, geralmente, alcançando a convenção 
adulta de maneira bem rápida (entre os seis e sete anos), mesmo que demorem mais a aprender 
estruturas mais complexas. 
Todos nós sabemos que é muito mais fácil aprender uma segunda língua na infância. 
A maioria dos adultos nunca chega a dominar uma língua estrangeira, sobretudo sua fonologia, o 
que gera o inevitável sotaque. Segundo Pinker (2002), "existem diferenças individuais, que 
dependem do esforço, qualidade de ensino e simples talento, mas, ainda assim e mesmo nas 
melhores circunstâncias, parece haver uma barreira intransponível para qualquer adulto.”. 
Quanto à língua materna, são raros os casos de pessoas que chegam à puberdade 
sem tê-la adquirido. Até os deficientes auditivos tem mais facilidade de aprender a língua de 
sinais antes da fase adulta. No caso de crianças selvagens encontradas na floresta ou em lares 
de pais psicóticos, elas podem aprender a se comunicar de forma clara ou não, dependendo da 
idade em que foram encontradas. 
 
 
32 
Resumindo, a aquisição de linguagem é certa até os seis anos, fica comprometida 
depois dessa idade até a puberdade e é rara depois disso. Uma explicação plausível seriam as 
alterações maturativas que ocorrem no cérebro, tais como o declínio da atividade metabólica e 
do número de neurônios durante o início da vida escolar e a estagnação no nível mais baixo da 
atividade metabólica por volta da puberdade. 
Segundo Pinker, nós não devemos perguntar "Por que a capacidade de aprender 
desaparece?", mas sim "Quando a capacidade de aprender é necessária?". Logo, ela deve 
aparecer o mais cedo possível, para podermos usufruí-la o maior tempo possível, no entanto, ela 
é extremamente útil apenas uma vez, depois passa a ser supérflua. "Assim, a aquisição 
linguística deve ser como as outras funções biológicas. A inépcia linguística de turistas e 
estudantes talvez seja o preço a pagar pela genialidade linguística que demonstramos quando 
bebês, assim como a decrepitude da idade é o preço pelo vigor da juventude." (PINKER, 2002, 
p. 378). 
A linguagem é considerada a primeira forma de socialização da criança, e, na maioria 
das vezes, é efetuada explicitamente pelos pais por intermédio de instruções verbais durante 
atividades diárias, assim como, por histórias que expressam valores culturais. A socialização por 
intermédio da linguagem pode ocorrer também de forma implícita, por meio de participação em 
interações verbais que têm marcações sutis de papéis e status. Desta forma, mediante a 
linguagem, a criança tem acesso, antes mesmo de aprender a falar, a valores, crenças e regras, 
adquirindo os conhecimentos de sua cultura. À medida que a criança se desenvolve, seu sistema 
sensorial, incluindoa visão e audição - se torna mais refinado e ela alcança um nível linguístico e 
cognitivo mais elevado, enquanto seu campo de socialização se estende, principalmente quando 
ela entra para a escola e tem maior oportunidade de interagir com outras crianças. 
De acordo com Pinker, quanto mais cedo a criança se envolve nas relações sociais, 
mais benefícios obterá a curto ou longo prazo, tendo em vista as experiências e aprendizagens 
que resultam de tais interações. A linguagem corresponde ainda a uma das habilidades 
especiais e significativas dos seres humanos, compreendida como um sistema de sinais de duas 
faces - significante e significado. O significante refere-se ao aspecto formal da linguagem, e é 
constituído pela junção hierárquica dos elementos-fonemas, palavras, orações e discurso. Os 
fonemas integram palavras, as palavras combinam-se em orações e as orações se enquadram 
 
 
33 
no discurso. O significado, por outro lado, refere-se ao aspecto funcional da linguagem, 
considerado como o responsável pela comunicação no meio social. Este conceito foi introduzido 
nos estudos sobre a aquisição da linguagem em razão da necessidade de se considerar o papel 
semântico da fala, visto que a sintaxe por si só não explicaria as produções linguísticas que são 
sintaticamente corretas, porém não são empregadas na fala. 
Fazendo uma breve retomada da perspectiva histórica do ensino e da aprendizagem, 
vemos que após um ensino essencialmente oral e assistemático da Idade Média, quando cada 
aluno aprendia a língua do preceptor, na convivência natural do dia-a-dia, vieram três séculos, 
XVI, XVII e XVIII, dominados pelo ensino, gramatical e escrito, como consequência da invenção 
da escrita. 
O sentido mais profundo encontrado no modelo propiciado até então, sugere uma 
espécie de regionalismo educacional bastante ligado aos conhecimentos possíveis de 
transmissão pelo preceptor. A formação dos processos educacionais, o desenvolvimento 
psíquico e o desenvolvimento da linguagem se davam de forma conjunta, por convivência, por 
aprendizado direto baseado em um único indivíduo. 
Chomsky, em 1958, causou uma verdadeira revolução no campo da linguística, por 
preconizar um modelo de linguagem universal, relativa ao conceito do biologicamente 
programado, que outros pesquisadores usaram como base ou fundamento teórico para explicar 
as regularidades que, com efeito, aparecem, na linguagem infantil. 
Para a psicologia de um modo geral, o conjunto das teorias propostas por Chomsky 
supunha a aceitação do princípio do inato, do que já é pertinente ao organismo, como uma 
solução possível para o problema de aquisição da linguagem. Haveria assim, para ele, no 
indivíduo, uma parte inata, a razão, a fonte primeira da linguagem, justapondo-se à gramática, 
provinda da lógica ou da vida mental e racional do sujeito. Desse modo, a gramática geradora, 
de raízes puramente racionais, permitiria ao falante ir criando a sua própria língua ou ir 
redescobrindo-a, ao ouvi-la, em uma complexa interação de permanente intercâmbio nas 
estruturas modeladoras do novo e do já sabido. 
 
 
34 
Skinner veio sustentar que o aprendizado da linguagem não era, em princípio, diferente 
do aprendizado de quaisquer outros comportamentos humanos complexos. Analisou ele, a 
linguagem como sendo um comportamento funcional, de múltiplas causas, que se desenvolveria 
por intermédio dos efeitos advindos do meio ambiente sobre a conduta da criança e desta sobre 
aquele. Adotava, desse modo, uma posição definida como claramente ambientalista. A polêmica 
com Chomsky iniciou imediatamente. 
O cenário do estudo da linguagem infantil viu-se enriquecido pelos estudos levados a 
termo por Piaget que, baseado em uma observação sistemática da evolução de seus dois filhos 
e por outros experimentos com crianças de todas as idades, propôs uma nova teoria, diferente 
das já mencionadas. Para ele, as estruturas da linguagem não ocorriam pelo meio ambiente, ou 
seja, achando-se preestabelecidas desde o nascimento. Tais estruturas, contudo, iam sendo 
construídas ou moldadas pela criança em sua própria atividade, mediante seus próprios 
mecanismos e possibilidades de compreensão do mundo ao redor, ou seja, selecionando as 
experiências e, a partir delas, construindo e/ou interagindo com outras estruturas conceituais que 
dariam lugar posteriormente às linguísticas. O construtivismo de Piaget considerava a 
linguagem, dentro de um enquadramento evolutivo geral, como mais uma manifestação do 
pensamento conceitual. 
Não se pode deixar de mencionar ainda, a influência de Vygotsky, para quem o 
pensamento e a fala originam-se de raízes diferentes, não sendo a fala uma simples continuação 
do pensamento e, defensor da linguagem como fenômeno social e cultural, e da aprendizagem 
como a propulsora do desenvolvimento. Com respeito à aquisição e desenvolvimento da 
linguagem, adotou uma postura interacional. Para ele, é na interação existente entre o meio e a 
criança que se dão os processos de aquisição da linguagem. 
Os fatores que podem incidir desfavoravelmente na evolução da comunicação e 
linguagem costumam ser agrupados pelos pesquisadores em dois grandes blocos. De um lado 
estão os chamados fatores orgânicos, sejam eles advindos de ordem genética, neurológica ou 
anatômica e, de outro lado, aqueles chamados de fatores psicológicos. 
Entre os fatores psicológicos incluem-se dois tipos diferenciados. Em primeiro, a 
ansiedade por uma separação prolongada, a rejeição ou a superproteção materna e ainda 
 
 
35 
outros, que corresponderiam ao conjunto de fatores emocionais e afetivos. Nestes casos, as 
bases relativas à primeira comunicação são as que ficam mais afetadas. 
Em segundo, encontram-se aqueles fatores psicológicos que são capazes de alterar os 
próprios processos de transmissão e/ou aquisição da linguagem, sem que, necessariamente, 
venham a comprometer a comunicação social e afetiva da criança. Esses fatores afetam o 
núcleo da qualidade e quantidade das atividades de ensino-aprendizagem que, em contextos 
naturais como a família e a escola, são o que tornam possível o desenvolvimento linguístico. 
Na criança, diferentemente do que ocorre no adulto, quando se produz um dano em 
certas estruturas orgânicas que sustentam a aquisição da linguagem, não só se vê alterada ou 
suprimida uma função já estabelecida, mas, além disso, fica também comprometida a 
continuidade de atividades futuras, mesmo aquelas ainda por desenvolver-se. 
A linguagem não é, em si, um objeto, nem uma forma opaca de conhecimento. Os 
elementos significativos do ponto de vista evolutivo que o bebê precisa aprender sobre a 
linguagem falada estão escritos nos rostos, nas vozes e nos gestos daqueles que falam. 
Um conjunto crucial de pistas exibidas pelas pessoas que falam inclui a estrutura 
visível e os padrões de movimento do rosto. O rosto humano representa um canal extremamente 
ativo quando os indivíduos participam de comunicações faladas face a face. Quando os 
indivíduos não se conhecem, a estrutura facial, mesmo assim, fornece informações sobre a 
idade, sexo, saúde e outros atributos pessoais, podendo vir a ser um resumo, de um modo geral, 
tanto das atividades como de quem é o outro. 
A principal contribuição do rosto à comunicação é afetiva, uma vez que revela o estado 
emocional e o nível de aprovação do falante em relação a seu interlocutor; transmite informações 
sobre muitos dos aspectos do ambiente que comandam a atenção do falante; assinala o desejo 
de dominar ou de ceder; e transmite por intermédio de movimentos ou meneios de cabeça, de 
piscadas, de sorrisos ou franzir de testa, de bocejos, de olhares e ainda outras atividades, as 
reações das duas partes às mensagens faladas. 
Deve-se admitir, portanto, que o bebê humano não adquire e não pode adquirir a 
língua como tal, mas ao invés disso, percorre um caminho de crescimento evolutivo que o leva,36 
aos poucos, a uma plena capacidade linguística. Os bebês são mantidos no rumo desse 
caminho por diversos fatores, que são sintonizados com a atividade facial e vocal, e os tutores 
que reagem de forma apropriada aos sinais vocalmente afetivos dos bebês. 
Quando a criança escuta seu próprio falar, é um elemento contribuidor importante e 
essencial ao domínio dos sons da fala. A consciência metalinguística das crianças desenvolve-
se de forma lenta, do sentido mínimo de se terem aproximado, ou não, de uma palavra adulta de 
forma adequada, até segmentações cada vez mais refinadas à medida que eles aprendem a ler 
e escrever. A capacidade de rimar antes da aprendizagem da leitura está correlacionada com a 
capacidade posterior de leitura e ortografia. 
Quando pensamos em uma criança que esteja aprendendo a falar, ocorre-nos, de 
imediato, a ideia de que esse processo se dá por imitação. A imitação tem um papel importante, 
afinal, se a família fala português, a criança aprende o português, não o espanhol ou o inglês. 
Desenvolve, quase como por extensão, o mesmo sotaque, enquanto adquire certo vocabulário, 
por imitação aos seus familiares, muito embora sejam capazes de imitar apenas parte de tudo o 
que ouvem. A imitação é um passo bastante importante, embora haja argumentos bastante 
fortes contrários a ela, no que trata do desenvolvimento dos aspectos mais complexos da 
linguagem – gramática e semântica. É notório o fato de que, quando as crianças imitam as 
sentenças faladas pelos adultos, reduzem e modificam-nas, com a finalidade de convertê-las à 
sua própria gramática. 
Se a criança aprendesse a falar apenas por imitação, nunca poderia falar corretamente 
considerando aspectos técnicos do emprego da linguagem, pois a linguagem empregada pelo 
adulto é, geralmente, gramaticalmente incorreta. Essa visão tende a praticamente eliminar a 
imitação como explicação principal para o desenvolvimento da linguagem da criança e lembrar-
nos que existem outros fatores. 
Skinner realizou experiências na tentativa de argumentar que o reforço dado à criança, 
por adultos, modela os sons em palavras e depois as palavras em sentenças. De acordo com 
esta perspectiva, o “reforçamento” realizado pelo adulto estimula a criança a desenvolver uma 
pronúncia melhor e mais clara, bem como sentenças cada vez mais longas e complexas. 
 
 
37 
O reforço pode agir de forma contrária quando os pais corrigem demasiadamente 
pronúncias erradas das crianças, ao invés de tentar compreendê-las. Estudos comprovam que 
aquelas crianças que são cobradas sistematicamente, apresentam desenvolvimento da fala mais 
lento, ao contrário daquelas cujos pais aceitam a pronúncia dos filhos. Pode-se afirmar, com 
efeito, que a teoria do reforço não é também a mais adequada para explicar o que realmente 
acontece nas realizações linguísticas orais das crianças. 
Os pais não são os responsáveis pela aquisição da linguagem unicamente por imitação 
ou reforço. Mas há pontos bastante significativos que acabam por tornar os pais elementos 
indispensáveis nesse processo. São eles e, principalmente a mãe, quem mais fala com a 
criança. É muito importante um grande número de adultos que gire em torno da criança e que 
fale com ela. Crianças com quem se fala muito acabam por desenvolver a linguagem um pouco 
mais depressa que as demais, nos primeiros anos de vida. A criança que ouve mais é 
possuidora de um maior número de informações com as quais pode operar e transformar em 
ferramentas. 
Após todos estes confrontos psicológicos sobre aquisição da linguagem, podemos 
passar da aquisição da língua materna para a aquisição de uma língua estrangeira e antes de 
apontar como se aprende ou se adquire uma língua devemos fazer breves definições sobre os 
aspectos pedagógicos de uma língua, por exemplo: 
 Primeira língua (first language) – é a língua que, mesmo não sendo a língua 
nacional do país, é a primeira que o falante aprende, ou seja, é falada em casa, pela família. 
 
 Língua materna (mother language) – é a língua falada pela comunidade em que 
o falante está inserido desde a infância. É a língua nacional. 
 
 Segunda língua (second language) – é a língua aprendida por um estrangeiro na 
comunidade em que está inserido, fora de seu país, por exemplo, o Português aprendido por um 
estrangeiro no Brasil ou o Inglês aprendido por um brasileiro na Inglaterra. 
 
 
 
38 
 Língua estrangeira (foreign language) – é a língua aprendida por um estrangeiro 
em comunidade não falante da língua, por exemplo, o Inglês aprendido por um brasileiro no 
Brasil. 
Portanto, a primeira língua e a língua materna são línguas adquiridas e a segunda 
língua são línguas aprendidas pelos falantes. 
“O processo de assimilação produz habilidade prático-funcional sobre a língua falada e 
não conhecimento teórico; desenvolve familiaridade com a característica fonética da língua, sua 
estruturação e seu vocabulário; é responsável pelo entendimento oral, pela capacidade de 
comunicação criativa e pela identificação de valores culturais.” (KRASHEN, 1987). 
A distinção entre aquisição e aprendizagem é uma das hipóteses estabelecidas por 
Stephen Krashen em sua teoria sobre aprendizado de línguas estrangeiras. 
Aquisição (acquisition) refere-se ao processo de assimilação natural, intuitivo, fruto de 
interação em situações reais de comunicação, em que o aluno participa como agente ativo. 
Segundo Krashen, é semelhante ao processo de assimilação da língua materna pelas crianças. 
Processo que produz habilidade prática sobre a língua falada e não o conhecimento teórico, 
desenvolvendo familiaridade com a fonética da língua e seu vocabulário, é responsável pelo 
entendimento oral e pela comunicação. Uma abordagem inspirada em “acquisition” valoriza o ato 
comunicativo e desenvolve a autoconfiança 
Portanto, uma abordagem de ensino inspirada na aquisição da linguagem valoriza o 
ato comunicativo e desenvolve a autoconfiança do aluno. Exemplo de “language acquisition” são 
os jovens que residem no exterior durante um tempo por intermédio de programas de 
intercâmbio cultural, atingindo um grau de fluência materna, porém, na maioria dos casos, sem 
nenhum conhecimento a respeito do idioma. Não sabem o que é Present Perfect, nem modal ou 
phrasal verbs, mas sabem usá-los perfeitamente na comunicação. 
Já o conceito de aprendizagem (learning) está ligado à abordagem tradicional do 
ensino de idiomas, como é praticado ainda hoje nas escolas. A atenção é voltada à forma escrita 
e à estrutura e regras da língua. O aluno aprende a construir frases negativas e interrogativas no 
Present Tense, mas dificilmente saberá quando usá-las. 
Este processo transmite ao aluno o conhecimento sobre a língua, seu funcionamento e 
contrastes com a língua materna e transforma-se em dificuldade para se comunicar na língua 
alvo. É um processo progressivo, normalmente atrelado a um plano didático predeterminado, 
que inclui memorização de vocabulário e tem por objetivo conhecimento metalinguístico. Este 
 
 
39 
esforço de acumular conhecimento torna-se frustrante mediante a falta de familiaridade com a 
língua. 
Exemplo de “language learning” são os inúmeros graduados em Letras, já habilitados, 
porém com extrema dificuldade em se comunicarem na língua que teoricamente poderiam 
ensinar. 
Podemos, então, conceituar aquisição da linguagem como “obtenção das habilidades 
da língua de forma intuitiva” e aprendizagem da língua como “obtenção do conhecimento e 
habilidades da língua por meio do estudo e da prática.”. 
E como definir as habilidades linguísticas que tanto tentamos alcançar? 
Habilidades linguísticas são os aspectos de uma língua que podem ser destacados 
durante uma aula. Ao elaborar seu plano, o professor deve escolher um dos aspectos 
mencionados abaixo. Desta forma, suas aulas terão um objetivo claro e facilitarão o ensino e a 
avaliação. 
O ensino da língua inglesa podeser dividido em ensino da língua, ensino do sistema 
da língua e ensino da cultura da língua. 
Quando ensinar a língua, o professor tem que escolher um dos aspectos, a fala ou a 
escrita, que são divididos em quatro habilidades: compreensão oral (listening), compreensão 
escrita (reading), produção oral (speaking) e produção escrita (writing). 
 
Se o professor vai ensinar o sistema da língua, tem que escolher um dos aspectos 
gramaticais: morfologia, semântica, sintaxe, etc. 
Por outro lado, se o professor decide ensinar sobre a cultura da língua, tem que 
escolher entre história, música, teatro, vida cotidiana, literatura, etc. 
 
Para melhor entendimento, analise o esquema abaixo: 
 
 
 
40 
 
 
 
Todo plano deve possuir um objetivo: o que eu quero que meus alunos atinjam com 
esta aula? 
 
Ao elaborar seu plano de aula, o professor pode e deve enfatizar um ou dois tópicos, 
no máximo, para que a aprendizagem realmente aconteça. Por exemplo, ao selecionar um conto 
de fadas para trabalhar com crianças, enfatizar os diálogos para que os alunos possam 
representar um teatro de fantoches com os porquinhos e o lobo para a classe. 
Se proficiência linguística não depende de conhecimento armazenado, mas de 
habilidade assimilada na prática, fica claro a superioridade das crianças no aprendizado de 
línguas. 
 
 
LÍNGUA INGLESA 
 
 
ENSINO DA LÍNGUA 
 
 
ENSINO DO SISTEMA 
DA LÍNGUA 
 
 
CULTURA 
LÍNGUA FALADA 
(SPEAKING, 
LISTENING) 
LÍNGUA ESCRITA 
(READING, WRITING) 
MORFOLOGIA 
SINTAXE 
MORFOSSINTAXE 
SEMÂNTICA 
FONOLOGIA 
 
 
HISTÓRIA 
GEOGRAFIA 
ARTES EM GERAL 
(MÚSICA, TEATRO, 
CINEMA, MUSEU, 
ETC.). 
VALORES SOCIAIS 
FATOS COTIDIANOS 
LITERATURA 
 
 
 
41 
Estudos sobre os diferentes fatores que afetam o desenvolvimento cognitivo ajudam a 
explicar a facilidade com que as crianças aprendem uma nova língua em relação aos adultos. 
 
 Fatores biológicos: o cérebro é o mais importante órgão 
ligado à habilidade linguística e, na criança, este órgão ainda está com 
seus hemisférios direito e esquerdo interligados, promovendo a 
assimilação da língua com melhor desempenho. Apenas na puberdade 
acontece a lateralização do cérebro, quando a aprendizagem de uma nova língua ocorre no 
hemisfério direito para ser sedimentada no esquerdo. O desempenho superior das crianças 
estaria relacionado à maior interação entre os dois hemisférios. 
 
 Fatores cognitivos: o adulto, por já possuir um desenvolvimento cognitivo maior, 
tem hábitos enraizados sobre o sistema de sua língua, o que dificulta o aprendizado de outra. A 
criança, ainda em fase de desenvolvimento, mantém a habilidade de expandir seu conhecimento 
e assimilar o sistema fonológico de línguas estrangeiras a que tiverem contato, sempre 
experimentando situações reais de comunicação. E existe uma idade crítica a partir da qual o 
aprendizado de uma língua começa a ficar mais difícil, que fica entre 12 e 14 anos, podendo 
variar conforme as características do ambiente linguístico em que o aprendizado ocorre. As 
limitações que começam a se manifestar a partir da puberdade são, na maioria das vezes, em 
relação à pronúncia. 
 
 Fatores afetivos e psicológicos: segundo a hipótese “affective filter”, também de 
Krashen, fatores como desmotivação, perfeccionismo, falta de autoconfiança, dependência de 
eloquência, ansiedade, podem influenciar no aprendizado de línguas. Apesar disso, esses 
bloqueios podem ocorrer apenas em adolescentes e adultos, preocupados com a imagem que 
causarão aos outros. Percebe-se, novamente, que as crianças ainda sem esses bloqueios, 
devem ter uma capacidade de assimilação superior. 
Todos esses fatores podem influenciar a aquisição de uma língua estrangeira e o 
ambiente onde as crianças têm contato com essa língua e cultura pode ser fundamental na 
assimilação. 
Nas escolas públicas, torna-se difícil, por diversas razões, manter esse ambiente de 
“language acquisition”. 
 
 
42 
 
“Na qualidade de professores, talvez damos demasiada importância aos erros de 
nossos alunos! Se um de nós recebe um visitante estrangeiro e diz - “You from Texas?”- você vê 
isso como uma forma incorreta do Simple Present do verbo to be ou como uma tentativa de 
comunicação?” (HOLDEN & ROGERS, 2002) 
 
 
Estabelecer um sistema de comunicação funcional nas escolas 
públicas tem sido uma preocupação constante para os professores e são 
encontradas algumas barreiras difíceis de transpor para alcançar os 
objetivos. 
A primeira dificuldade observada é a resistência que os alunos 
oferecem em ter aulas totalmente em Inglês, sabendo que a professora fala Português. Como 
mostram diversas teorias já explicitadas, as crianças assimilam línguas com maior facilidade, 
entretanto se perceberem que a professora fala sua língua, dificilmente se submeterão a usar 
outro meio de comunicação. Isso ocorre porque elas somente procuram assimilar e fazer uso da 
língua estrangeira em situações de autêntica necessidade. As crianças não veem essa 
necessidade na sala de aula e, por isso, criam uma barreira de entendimento nas aulas. 
 
A facilidade com que elas assimilam uma nova 
língua torna-se parcialmente verdadeira, segundo Holden 
& Rogers porque “(...) elas funcionam de forma 
pragmática: só lembram o que lhes importa. Uma criança 
que vai morar em uma comunidade estrangeira tem uma 
necessidade prática de aprender a língua rapidamente.”. 
Portanto, uma criança que esteja vivendo em sua própria comunidade não tem uma 
razão óbvia para aprender o idioma estrangeiro, a não ser pelas razões inerentes à situação de 
aprendizado oferecida na sala de aula. 
Para a maioria dos alunos, é frustrante não entender o que a professora está pedindo 
ou explicando nas aulas e eles acham que se as instruções forem dadas na língua materna eles 
aprenderão melhor a língua inglesa porque conseguirão compreender melhor. 
 
 
43 
A segunda dificuldade observada foi em relação ao uso da língua estrangeira na vida 
dos alunos. 
Ouve-se falar em globalização, na língua inglesa como língua universal, que ela faz 
parte do cotidiano das pessoas, etc., mas o que vemos na realidade são algumas palavras 
utilizadas em nomes de estabelecimentos comerciais, jogos, brinquedos, estampas de roupas e 
outros e não em situações de real comunicação. 
Como uma pessoa que não utiliza a língua estrangeira em sua vida pode adquirir a 
língua? 
 
Segundo Holden & Rogers “(...) para a maioria dos alunos jovens, a sala de aula é o 
seu mundo de Inglês” e esta constatação nas salas de aula confirma a teoria. 
Apesar da curiosidade e do interesse que apresentam durante as aulas, percebe-se 
que o uso da língua é restrito à escola e não faz parte do cotidiano deles. 
 
A terceira dificuldade trata-se das classes superlotadas das escolas públicas. Como 
trabalhar atividades de “speaking” com classes de 35 ou 40 alunos? 
 
 
 
Como praticar a “comunicação em situações reais” em salas 
lotadas? 
Esta é certamente a dificuldade mais frustrante das citadas, 
pois pouco se pode fazer a respeito, a não ser adaptar-nos à realidade 
e utilizar atividades que priorizem as habilidades (speaking/listening/reading/writing) da melhor 
forma possível. 
 
 
2.1 Métodos e abordagens do ensino de línguas 
 
Foi na época de Sócrates, o filósofo grego, de 470 a 399 A.C., que os métodos de 
ensino e aprendizagem começaram a se formalizar. Sócrates intensificou este estudo com o 
método conhecido como dedução e indução. 
 
 
44 
 
 
É o processo de raciocínio pelo qual, baseados em uma ou mais premissas, chegamos 
a uma conclusão (a ideia parte do geral para o específico). Por exemplo: The shoe store sells 
sneakers. Ann works there. Dedução: Ann is a salesperson. (mas ela poderia exercer outro cargo 
dentro da loja) 
 
É uma operação mental que consiste em estabelecer uma relação verdadeira entre 
dois ou mais fenômenos para chegar

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