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Neoplasia gástrica INTRODUÇÃO O segundo câncer que mais mata no mundo é o câncer colorretal e o terceiro é o de estômago. São patologias que com o diagnóstico precoce leva a uma maior chance de cura com cirurgia isolada. Cronologia é importante: queixas de pirose e outras queixas digestivas há 6 meses, por exemplo, já tendo usado terapia farmacológica com IBP sem melhora, é importante solicitar endoscopia digestiva alta. EPIDEMIOLOGIA Pico de incidência entre 60 e 80 anos. Raro antes dos 45 anos. Incidência vai diminuindo nos países desenvolvidos e aumentando no Brasil, isso está muito ligado a H pylori. Brasil: homem 4°/ mulheres 5°. Nordeste (homens 2°/mulheres 5°); Rio Grande do Norte (homens 2°/ mulheres 5°): O Nordeste e o RN ainda têm taxas de prevalência altas em relação ao Brasil, provavelmente pelo hábito de comer muitos produtos que levam à formação de nitritos e nitratos com carne e principalmente a carne de sol, que além de nitritos e nitratos tem sais para sua conservação. Todavia, abe-se da dificuldade em estabelecer dieta que livre ou minimize os riscos de um câncer gástrico de maneira geral. FATORES DE RISCO É importante esse dado para saber em quem antecipar a endoscopia digestiva alta, mesmo na ausência de sintomas: Hereditariedade é forte: a consanguinidade justifica a solicitação de EDA e colonoscopia. Parentes diretos, indivíduos com menos de 40 anos, mutação do gene E-caderina (alta incidência), síndromes familiares polipoides (HNPCC, FAP, síndrome do câncer gástrico difuso hereditário (3 familiares de primeiro ou segundo grau de qualquer idade, ou dois familiares, desde que um deles tiver menos de 50 anos). Patologia (risco para câncer gástrico): anemia perniciosa (atrofia difusa da mucosa gástrica, intestinalização da mucosa), gastrite atrófica (tanto a anemia perniciosa quanto a gastrite atrófica diminuem a produção de muco que protege a mucosa gástrica, levando a uma inflamação contínua), úlcera gástrica crônica, pólipos (pólipos gástricos hiperplásicos – sem relação com câncer; pólipos adenomatosos – especialmente vilosos ou tubolo vilosos e maiores que 2cm - maior risco de câncer). TUDO que é pólipo precisa ser biopsiado ou retirado. Exemplo: se numa colonoscopia encontramos vários pólipos, precisamos retirar uma boa amostra (não todos) para biopsiar. Se for pólipo hiperplásico, significa que é apenas proliferação do tecido, ou seja, é apenas uma alteração benigna da mucosa e não guarda relação com o câncer. Entretanto, se for um pólipo adenomatoso, com componentes granulares, significa que o paciente possui uma doença generativa capaz de metaplasiar e formar uma neoplasia. O dia a dia, entretanto, é o paciente que persiste com os sintomas gástricos sem melhora à terapia farmacológica. Fatores externos (mais comum): alimentação (defumados, conservados no sal, derivados nitrosos, frutas – relação com agrotóxico), tabagismo (relação com pulmão, bexiga e cavidade oral), obesidade (doença inflamatória crônica, aumenta os níveis de prostaglandinas e TNF-alfa), gastrectomias parciais (mais relacionado às técnicas antigas, onde uma parte do estômago era preservada sem função nenhuma e aí aumentava o fator de risco pra câncer gástrico) e H. Pylori. Alimentos protetores (não de risco): vegetais, frutas, alho e cebola (protetores), PATOLOGIA O tipo mais comum é o adenocarcinoma (90%). No exame anatomopatológico, veremos a distinção entre adenocarcinoma intestinal difuso e adenocarcinoma misto, sendo o pior prognóstico relacionado ao primeiro (adenocarcinoma difuso com célula em anel de sinete) e o melhor prognóstico o segundo (adenocarcinoma intestinal, mais relacionado aos idosos) Células produtoras de muco; DISSEMINAÇÃO LINFÁTICA E HEMATOLÓGICA Extensão direta para órgão e peritônio Células mais diferenciadas dá para dizer a que lugar ela pertence (ex: é uma glândula). Já as células com pouca diferenciação ou indiferenciadas são mais perigosas, porque na patologia não dá para saber se ela é de “tal origem”, já que não parece com nada, a gente só sabe que não é normal. Nesse caso, podemos solicitar a imunohistoquímica, que vai mostrar os marcadores e achar a origem ou qual o tipo de tumor. Resumindo: mais indiferenciada – mais agressivo. Intestinal (mais predominante) melhor prognóstico. CLASSIFICAÇÃO DE BORRMANN Classificação usada para descrever macroscopicamente. Exemplo: Lesão ulcerada Borrmann tipo III, de 3 cm, localizada em antro gástrico, com elementos de necrose e sangramento em sua face principal. Biopsiado em região central e bordas onde provavelmente é mais fácil conseguir tecido viável a se estudar. Relata áreas de necrose em região central. Borrmann I: pólipo comum Borrmann III: lesão ulcerada com bordas extremamente infiltradas. Bormann II: lesão ulcerada com bordas pouco infiltradas. Borrmann IV: lesão difusa, que não existe uma ulceração em si, mas uma instituição difusa de crescimento intestinal. Linite Doença disseminada por toda a sua parede. A LP gástrica é caracterizada pela proliferação glandular maligna de células independentes (células em anel de sinete) no estroma fibroso levando a espessamento e rigidez da parede gástrica. Os locais mais comuns de LP gástrica são as regiões antral e pilórica. CLÍNICA Inicialmente assintomático, já que os sintomas são inespecíficos: desconforto, azia e má digestão. Sintomas persistente + idade > 50 anos: solicitar EDA. Se na EDA der H Pylori, trata com antibiótico. Só repete a EDA na presença de sintomas cronificados. Se não der nada ou der só gastrite enantematosa leve ou moderada, significa que não há sinal inflamatório. PARA QUEM SOLICITAR A ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA? 1. Paciente com mais de 50 anos com sintomas persistentes, sem ter feito o exame: solicitar EDA. 2. Paciente com menos de 50 anos, com sintomas progressivos que não melhoram com medicação: solicitar EDA. 3. Paciente com fatores de risco (citados anteriormente) independente da idade: solicitar EDA. Doença avançada: perda de peso importante (que pode ser pela baixa alimentar – principalmente-, ou pela má absorção dependendo da localização do tumor, ou pela caquexia consumptiva da síndrome neoplásica), anorexia, anemia pelo processo de sangramento (em geral é a melena na fase inicial, hematêmese aparece muito quando há sintomas obstrutivos), vômitos, anemia ferropriva, dor que alivia com alimentação (melhora quando se alimenta pelo conforto da plenitude e diminuição da produção gástrica, mas nada específico da doença), massa palpável em 30% dos casos. A realidade desses pacientes é sonda ou gastrostomia o jejunostomia (os dois últimos, apesar de serem vias de alimentação mais confortáveis, são de maior custo, além de precisar internar, etc). O sangramento dessas lesões se dá por rompimento de pequenos vasos. Uma vez que o tumor vai crescendo, ele vai soltando fatores estimulares de produção vascular e vai formando novos vasos para promover seu crescimento. Esses vasos neoformados são finos, por isso, durante o processo de autodestruição do tumor, gera a exposição desses neovasos que ficam babando. Melena: cor enegrecida, borra de café, odor fétido, fezes amolecidas. Doença disseminada: linfonodo em PSC (linfonodo de Vichow), massa palpável no toque retal (prateleira de Blumer), nódulo periumbilical (Mary Joseph), ascite, icterícia. Nesse caso, estadio para câncer gástrico e para qualquer câncer abdominal. Prateleira de Blumer: toque retal sem doença ulcerada, mas com infiltração que torna o reto duro, fazendo parecer que estamos tocando num cano endurecido. A icterícia se dá por contiguidade – obstruir o pâncreasou vias biliares extra hepáticas-, pelo crescimento da lesão em si, ou pela doença metastática linfonodal. Metástase: principal fígado, segundo peritônio e o terceiro é o pulmão. Então, estadiaremos pulmão e fígado, por isso, a TC (TC de tórax e TC de abdome) é o mais indicado. DIAGNÓSTICO Endoscopia digestiva alta: cargo chefe para chegar até a lesão, tirar a amostra e biopsiar. Raio x contrastado: antigo, mas ainda muito usado: dá o contraste (bário) e o paciente faz uma escopia para observar toda a descida. Ultrassom endoscópico: todo estadiamento de neoplasia gástrica e esofágica passa é preciso saber se passa pela profundidade de invasão da parede, isso fornece melhores informações e programação cirúrgica. Ex: há uma lesão e queremos saber se ela passou da mucosa, subserosa, muscular, etc. ESTADIAMENTO ESTADIAMENTO DE LINFONODOS CLASSIFICAÇÃO Número de linfonodos acometidos N1 1-6 N2 7-15 N3 >15. Quanto mais linfonodos positivos, pior o prognóstico, uma vez que o avanço da doença se dá pelo número de linfonodos positivos. ESTÁGIO IA T1 N0 IB T1 N1/ T2 N0 II T1 N2/ T2 N1/ T3 N0 IIIA T2 N2/ T3 N1/ T4 N0 IIIB T3 N2 IV QUALQUER T N3/ T4 N1- 3/M1 EXAMES DE ESTADIAMENTO Tomografia do tórax e abdome. PADRÃO DE RECORRÊNCIA Ainda são bem disseminados: recorrência só à distância 28%, recorrência locorregional 25%. GASTRECTOMIA Tumores proximais 35-50% dos casos; Tumores distais 15-30% dos casos; Adenocarcinoma O tratamento curativo padrão para câncer gástrico precisa passar por cirurgia em algum momento, qual tipo de cirurgia será depende da condição do paciente, do estadiamento e da própria localização do tumor dentro do estômago. Gastrectomia parcial ou subtotal (com reconstrução Bilroth II): só uma parte do estômago que sai. Para reconstrução nesse caso: pega a porção do duodeno proximal que ficou, liberá-la, deixar toda a drenagem do suco pancreático para dentro dessa porção e vai anastomosar a porção médio-distal do duodeno com o estômago que sobrou. A lógica é que o alimento vai vir pelo esôfago, passar um tempo neogástrico residual, quando ele descer, entra em contato com o suco pancreático do processo de digestão e corre todo o intestino delgado. INDICAÇÕES PARA GASTRECTOMIA PARCIAL E TOTAL Precisamos ver: localização e tamanho (tumor grande não faz sentido deixar um pedaço do estômago, pois essa cirurgia precisa terminar com margens livres de, idealmente, 5 cm). Na gastrectomia, além da cirrugia precisamos abordar os linfonodos, já que a neoplasia gástrica é uma doença com uma área extremamente rica em drenagem linfática. Por isso, temos: Cirurgia D1: consiste na excisão dos linfonodos perigástricos (aborda os pontos de 1 a 6). Cirurgia D2: consiste na abordagem dos pontos D1 e, além desses, de outros linfonodos de outras cadeias retroperitoneais. Os janponeses afirmam que o ideal é que fizessem D1 e D2 para todo mundo, mas nós geralmente não fazemos D2 completo e há muito questionamento na literatura sobre o que deve ser feito. Outra técnica cirúrgica é a Y ROUX: a anastomose entre algo intestinal e algo gástrico PAPEL DE ADJUVÂNCIA Estudo/esquema de Mcdonalds ou intergrup 0116: cirurgia. Quando esse estudo foi publicado a rotina mudou, passou a se operar e fazer QT e RDT adjuvante para pacientes que sejam T3 ou T4, quem não entra aqui são os paciente T1, T2 e N0. A maioria dos estudos estão fazendo quimioterapia isolada neoadjuvante, cirurgia seguido de radioterapia e quimioterapia adjuvantes. Esquemas de QT mais moderno: Folfiri, Folflox. Prática clínica: o paciente é operável (bom estado), a doença é ressecável (vista pelos exames de imagem): faz a cirurgia e, se ele tiver indicação, faz também o esquema 0116- Macdonald (não faz a neo de rotina). Se o paciente é operável, mas não sabemos se a doença é ressecável e há muita doença: quimioterapia neoadjuvante, seguida de cirurgia e, posteriormente, RT e QT adjuvantes. Se o paciente estiver grave e a doença for ressecável: faz a cirurgia, seguida de radio e quimio adjuvantes. Tudo isso se ele for diferente de T1, T2 E N0 CONCLUSÕES Principal exame: endoscopia digestiva alta (EDA) Tipo histológico mais comum: adenocarcinoma, o principal carcinoma. Tratamentos aceitos hodiernamente: Opção 1: cirurgia seguidos de quimio e radio adjuvantes; Opção 2: quimioterapia neoadjuvante, seguido de cirurgia e posteriormente RT e QT adjuvante. O maior desafio, hoje, é o controle da doença metastática visceral.
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