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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
1. INTRODUÇÃO
- DEFEITO DO NEGÓCIO JURÍDICO = É todo VÍCIO QUE MACULA O NEGÓCIO JURÍDICO, o que possibilita a sua ANULAÇÃO. 
- Para ser juridicamente eficaz, a vontade tem que ser LIVRE E INCONDICIONADA no seu nascimento e CORRETA na sua expressão. Todavia, podem ocorrer DEFEITOS NO SEU PROCESSO FORMATIVO, no caso de o agente ter falsa noção das pessoas / dos objetos / ou dos d+ elementos do ato que pratica, ou DEFEITOS NA SUA DECLARAÇÃO, se houver divergência entre o que o agente quer e o que efetivamente declara.
- A exigência de segurança nas relações jurídicas impõe que a manifestação de vontade seja livre e espontânea, em razão do PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA e até da justiça comutativa, no sentido de que as partes do negócio se beneficiem de modo equivalente ao despendido. Sendo assim, existe uma série de normas jurídicas que disciplinam a matéria dos vícios da formação e da declaração de vontade, matéria essa que, juntamente com as regras sobre a incapacidade, protege a integridade do querer do agente.
2. CLASSIFICAÇÃO DOS DEFEITOS
2.1. DOUTRINA
Pode acontecer que a vontade não tenha existido, isto é, o interessado realmente quis praticar o ato questionado, mas sua vontade estava contaminada por algum dos vícios do consentimento: erro ou ignorância, dolo, coação, estado de perigo ou lesão (vícios de consentimento).
Por fim, há casos em que a vontade existe e funciona normalmente, existe a perfeita correspondência entre a vontade interna e a sua declaração. Mas, esta se desvia da lei, ou da boa-fé, e orienta-se no sentido de prejudicar a terceiros, ou de infringir o direito. Surgem assim a simulação e fraude contra credores (vícios sociais).
	 Assim:
	
a) VÍCIO DE CONSENTIMENTO
- Afetam a vontade, provocando uma DIVERGÊNCIA ENTRE A VONTADE REAL E A VONTADE DECLARADA. 
- São: o erro, o dolo, a coação
b) VÍCIO SOCIAL 
- Aqui, o CONSENTIMENTO APRESENTA-SE LIVRE E CONSCIENTE, porém com a finalidade de PREJUDICAR TERCEIROS. São atos contrários à lei ou à boa-fé 
- Constituem tais vícios a fraude contra credores e a simulação. 
* OBSERVAÇÃO:
O CC anterior previa como defeitos o erro, o dolo, a coação e também a simulação e a fraude contra credores, classificando estes 2 últimos como vícios sociais porque os danos atingiam terceiros em relação ao negócio jurídico. 
Hoje, o CC posiciona a simulação como causa de invalidade, e passou a incluir como defeitos o estado de perigo e a lesão.
No ESTADO DE PERIGO e na LESÃO, o vício está nas CONDIÇÕES OBJETIVAS DO NEGÓCIO, e não na vontade do declarante. Por isso, hoje há dúvida em inclui-los ou não como vícios do consentimento. Entende-se que não. Alguns autores podem inclui-los mas eles NÃO SÃO VÍCIOS DO CONSENTIMENTO.
 Simulação: ocorre quando o agente declara uma vontade que efetivamente não tem, em conluio com outrem para enganar 3°.
2.2. SEGUNDO FRANCISCO AMARAL
- Os defeitos podem ocorrer:
a) Na FORMAÇÃO: São os chamados VÍCIOS DE VONTADE, caracterizando as figuras típicas do:
1) ERRO: Se o agente tem uma falsa noção dos elementos ou circunstâncias do negócio, pelo desconhecimento natural da matéria
2) DOLO: Se o agente é maliciosamente induzido em erro
3) COAÇÃO: Quando o agente manifesta sua vontade sem liberdade, sob ameaça de outra pessoa.
b) Na DECLARAÇÃO: Traduzem uma divergência entre a VONTADE REAL e a VONTADE DECLARADA. Caracterizam a SIMULAÇÃO, que ocorre quando o agente declara uma vontade que efetivamente não tem, em conluio com outrem para enganar terceiros.
c) A essas 4 figuras o CC acresce ainda a FRAUDE CONTRA CREDORES que, embora não seja especificamente vício da vontade ou da declaração, dele se aproxima pela MÁ-FÉ do AGENTE que usa de “artifício malicioso para prejudicar 3º”
d) ESTADO DE PERIGO E LESÃO 
3. CONSEQUÊNCIA DO DEFEITO: INVALIDADE DO ATO
- Tanto os vícios do consentimento como os vícios sociais podem levar à anulação do negócio defeituoso, conforme regra do art. 147, II, do Código Civil.
- São ditos anuláveis porque há um prazo para a anulação: passado esse prazo, se a parte interessada não intentar a ação de anulabilidade, não poderá + anulá-lo. É possível que as partes mantenham o negócio, se assim entenderem + vantajoso. 
- Defeitos:
erro
dolo
doação
estado de perigo
lesão
fraude contra credores: embora não seja especificamente vício da vontade ou da declaração, deles se aproxima pela má-fé do agente que usa de artifício malicioso para prejudicar 3°.
4. ESPÉCIES DE DEFEITOS
4.1. ERRO OU IGNORÂNCIA (art. 138 a 144)
a) CONCEITO
- É o defeito que existe quando a VONTADE ESTIVER PAUTADA ou (1) na FALSA NOÇÃO ou (2) no DESCONHECIMENTO TOTAL DE QQ DOS ELEMENTOS / CIRCUNSTÂNCIAS DO NEGÓCIO.
 Diz-se que (1) é o erro propriamente e (2) é a ignorância (completa ausência de conhecimento) mas a classificação é apenas doutrinária, visto terem eles o mesmo tratamento legal.
- No erro há também divergência: não entre a vontade e a declaração, mas entre a vontade realmente declarada e uma vontade hipotética – a que existiria no agente se não estivesse em erro.
b) REQUISITOS
- O negócio será anulável quando as declarações de vontade emanarem de ERRO SUBSTANCIAL, ESCUSÁVEL, que PODERIA SER PERCEBIDO POR PESSOA DE DILIGÊNCIA NORMAL, em face das circunstâncias do negócio (art. 138) Portanto: o negócio será anulável por erro quando coexistirem 3 requisitos:
I) Substancial 
- É o erro que diz respeito às QUALIDADES ESSENCIAIS do ato que está sendo praticado
- Ex> Colecionador compra uma estátua pensando ser de marfim quando, na verdade, era de madeira, apenas revestida por material sintético é um erro substancial
- Erro acidental x Erro substancial: aquele diz respeito a qq outro elemento do negócio jurídico que não seja essencial. Nesse caso, no máximo, pode-se pleitear perdas e danos acaso existentes, mas não a anulação Diz-se não essencial porque o negócio seria realizado de qq maneira, porém, de outro modo (por ex, com abatimento)
- Ex: Compro um carro com um pequeno defeito na lataria. Não interfere na aquisição do carro. É uma circunstância que não atinge a substância do negócio.
II) Escusável
- É um requisito doutrinário, não previsto pelo CC
- É o erro perdoável, que OCORRE COM PESSOA DE DILIGÊNCIA NORMAL Isto é, não pode ser conseqüência da culpa ou falta de atenção daquele que alega o erro para tentar anular o ato que praticou, para o que concorrem diversas condições, como a idade, a profissão e a experiência do agente
- Deve ser demonstrado para se pleitear a anulação
- Ex> No exemplo da estátua, a imitação poderia ser de bastante consistência, que poderia enganar pessoa com conhecimento sobre o material
III) Percebível
- Foi introduzido pelo novo CC, ainda no art. 138: “... que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal...” percebido pela outra parte que celebra o negócio
- Se a outra parte percebeu, não é erro, é dolo
- Ex> No exemplo da estátua, ninguém levou o colecionador a pensar que era de marfim. Se o vendedor estava de boa-fé, não deve ser prejudicado com a anulação do negócio. Esta só ocorrerá se a outra parte tinha como perceber Se o vendedor era especialista em estátuas e também foi induzido ao erro, a anulação poderá ser requerida (ele poderia ter percebido)
- Difere do dolo (= indução de outrem a erro, podendo ocorrer também por omissão) A diferença é que, no erro, a outra parte não precisa perceber de fato o erro, basta que deveria ter percebido, embora não tenha.
c) ESPÉCIES
c.1) ERRO SUBSTANCIAL (ESSENCIAL)
- Erro essencial (ou substancial): é aquele de tal importância que, sem ele, o ato não se realizaria (se o agente conhecesse a verdade, não manifestaria vontade de concluir o negócio jurídico) Diz-se, por isso, essencial, porque tem para o agente importância determinante, isto é, se não existisse, não se praticaria o ato. 
- O erro essencial torna o ato jurídico anulável, podendo ser erro de fato ou de direito - neste caso desde que tenha sido a razão única ou principal do negócio (art. 139, III) e incida sobrenormas dispositivas, não cogentes, porque, se cogentes, o ato será nulo.
- Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio / ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade / à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
c.2) ERRO ACIDENTAL
- É o erro sanável, que recai sobre QUALIDADES SECUNDÁRIAS do objeto ou da pessoa
- Este erro não é determinante do ato como é o substancial. Influi apenas nos termos em que o negócio se faz O agente praticaria o mesmo ato se tivesse ciência do erro, só que em condições diversas. 
- Ex> Erro sobre o nome da pessoa ou da coisa a que se refere a declaração de vontade, desde que pelo contexto e pelas circunstâncias se possa identificar a coisa ou a pessoa cogitada (arts. 142 e 1.903).
c.3) ERRO DE FATO
- É aquele que incide sobre qq CIRCUNSTÂNCIA / ELEMENTO DO NEGÓCIO (pessoa, objeto, qld, qtd, etc)
- TODOS OS ERROS DE FATO SÃO SUBSTANCIAIS 
 É substancial quando diz respeito aos elementos essenciais do negócio (= natureza do negócio / objeto principal da declaração / qualidade essencial do objeto)
 Os erros substanciais levam à anulação do negócio
c.3.1) Erro quanto à natureza do negócio (error in negotio) – art. 139, I
- O agente quer praticar um ato mas celebra negócio diverso do que queria
- Ex> Alguém recebe uma coisa a outra, que a recebe como doação 
- Íntima relação com esta modalidade de erro têm os chamados vícios redibitórios, defeitos ocultos da coisa que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem o valor (arts. 441 a 446).
c.3.2) Erro quanto ao objeto (error in corpore) – art. 139, I
- É o erro que recai sobre a identidade (error in corpore) ou as qualidades essenciais (error in substantia) da coisa.
- O agente, em função da falsa noção da realidade, adquire um objeto pensando ser um, quando na verdade é outro. 
- Ex> Comprou uma vaca preta comum, pensando ser a vaca preta premiada
- Ex> Adquiro um quadro pensando ser de um escultor famoso quando era de outro que tinha nome semelhante
c.3.3) Erro em relação à qualidade essencial do objeto (error in substantia)
- O objeto não tem as qualidades que o agente esperava
- Ex> Compro uma jóia pensando ser de ouro quando, na verdade, é apenas folheada em ouro A qualidade do objeto que adquiri é diversa da qualidade do objeto que eu queria, e essa qualidade é essencial
- Ex> Fazer um contrato de permuta de uma casa por um terreno que acreditava estar em situação diversa da real
- Este erro pode se dar em relação à pessoa (error in persona), podendo se dar em relação à:
I) pessoa envolvida no negócio: ex> em uma promessa de recompensa, fiz uma doação a X, pensando ter sido ele a pessoa que salvou a vida de meu filho no incêndio, mas depois descubro que foi Y Posso anular a doação
II) qualidade essencial da pessoa: este erro tem importância no casamento. Pelo CC anterior era possível requerer a anulação do casamento pelo marido se a mulher não fosse virgem, baseado no erro em relação à qualidade essencial da pessoa.
Ex> Cônjuge descobre que o marido cometeu um crime no passado e foi condenado / Casamento por mera aparência de cônjuge que é homossexual Ambas são hipóteses cabíveis de anulação
c.4) ERRO DE DIREITO
- Consiste no (1) falso conhecimento (má interpretação) ou (2) ignorância de uma norma jurídica, e que determinam a realização do negócio jurídico Isto é: o negócio foi celebrado por um motivo que está alicerçado no falso conhecimento ou na ignorância da lei
- O erro não pode ser alegado para subtrair alguém à disciplina legal, salvo no caso em que quem o invoca não pretende fugir à aplicação da lei, demonstrando ter sido o desconhecimento de uma regra dispositiva que o levou à prática de um ato, que não se realizaria se houvesse conhecimento da realidade (art. 139, III) 
 Não se admite o erro de direito quando o que se pretende é contrariar o princípio da obrigatoriedade da lei, mas admite-se o erro / ignorância no caso de tratar-se de pressuposto reclamado pela própria lei para a validade do ato jurídico, podendo alegar-se no caso de anulação de ato jurídico de que tenham sido causa, ou ainda para a obtenção dos efeitos resultantes da boa-fé (no CC, o art. 877, relativo ao pagamento indevido, e o art. 2.027, da anulação da partilha, dispõem sobre matéria a que se aplica o erro de direito).
- Ex> X celebra negócio com Y mas só o fez porque X fez uma má interpretação / desconhecia lei O ato pode ser anulado, desde que não implique em descumprimento da lei (não pode anular com o intuito de fugir da responsabilidade que a lei prevê)
- Ex> X celebra contrato de compra-e-venda cujo objeto é a compra de bens para exportação X desconhecia a vigência de uma nova lei que proibia a exportação desse objeto X pode anular o contrato e ter seu dinheiro devolvido (com isso, não estará descumprindo a lei)
c.5) ERRO DE CÁLCULO (art. 143)
- É o erro nas contas (não é erro substancial), não levando à anulação do negócio.
- Apenas autoriza a ratificação da declaração de vontade (só a correção das contas mal realizadas)
d) FALSO MOTIVO (art. 140)
- Ocorre quando o motivo é a razão determinante do negócio, sendo possível a anulação (isso é exceção porque em geral o motivo é irrelevante, não tendo conseqüência em relação aos erros jurídicos)
- Ex> Z faz um testamento beneficiando X, onde o motivo foi o fato de ter este salvo a vida do filho de Z no incêndio O filho, que estava no hospital, não teve tempo de contar ao seu pai que havia se salvado sozinho, e poucos dias depois, Z morre Dão-se os trâmites da sucessão e o filho descobre que X é o beneficiário do testamento, o qual não se baseou em motivo verdadeiro Quem pleiteia: Os herdeiros, que deverão provar que o motivo veio atrelado ao negócio jurídico.
e) TRANSMISSÃO INTERPOSTA DA VERDADE (art. 141)
- Pode ocorrer o erro na transmissão da vontade:
por instrumento (correio, telégrafo, telex, etc) ou 
por pessoa intermediária (núncio, mensageiro) 
 Verifica-se falta de concordância entre a vontade x declaração, pelo que o ato é anulável como se tratasse de uma declaração direta (art. 141), desde que o erro seja substancial.
- Portanto: o erro pode ser alegado mesmo quando a declaração de vontade não tenha sido feita diretamente pela pessoa que errou, sendo feita por um meio interposto da vontade (declaração indireta da vontade)
- Esta regra só se aplica, porém, no caso de ser a diferença entre a declaração emitida x comunicada, procedente de mero acaso ou de algum equívoco Não se trata de errônea, infiel, inexata transmissão de uma declaração de vontade, quando o intermediário intencionalmente comunica à outra parte uma declaração diversa da que lhe foi confiada.
- Ex> Um mensageiro que tenha manifestado a minha vontade mesmo assim, posso alegar o erro e requerer a anulação
f) PESSOA OU COISA IDENTIFICÁVEL (art. 142)
- Sempre que houver um erro quanto à pessoa/coisa mas estes ainda puderem ser identificados, não haverá vício, não sendo possível a anulação.
- Ex> Designei Joana como minha herdeira Fiz a sua qualificação na abertura de sucessão (Joana Souza, solteira, 20 anos, estudante...) Passado algum tempo, várias qualificações se alteraram (Joana Souza e Silva, casada, 25 anos, estudante...) mas ainda é possível a identificação da pessoa Não é passível de anulação
- Ex> Contrato de compra-e-venda de um apto. localizado na Av. Américas, 32 Houve uma reformulação da Av. e hoje o n° 32 é o 52, mas essa alteração está constante no registro do imóvel Consta no contrato que o n° é o 32 mas isso não é o + importante, o + importante é que, mesmo tendo ocorrido o erro, ainda é possível identificar o apto.
g) RATIFICAÇÃO (art. 144)
- TODOS OS ATOS ANULÁVEIS PODEM SER RATIFICADOS isto é, por declaração de vontade, as partespodem fazer a devida ratificação
- Se alguém incorre em erro, para que o negócio seja mantido, é preciso que a outra parte faça a adequação da vontade manifestada do declarante (o que errou) ao que ele realmente queria é como um ajuste ao negócio celebrado, e assim elimina-se o vício
- Ex> Comprei uma pulseira pensando que fosse de ouro quando era apenas folheada, pagando valor similar ao de uma pulseira de ouro O negócio será mantido se o vendedor se dispuser a trocar por uma de ouro.
- Pode a pessoa ficar com o objeto e ter a diferença de preço devolvida? Não está previsto no CC mas pode porque é matéria de interesse privado. Seria um outro meio para manutenção do negócio já celebrado, através de alteração.
4.2. DOLO (arts. 145 a 150)
4.2.1. CONCEITO
- É o vício no qual O AGENTE É MALICIOSAMENTE INDUZIDO EM ERRO POR OUTRA
- ERRO X DOLO: o erro é espontâneo; o dolo é a provocação intencional do erro 
- Sendo o dolo vontade de enganar, levando o agente à prática de ato prejudicial, VICIA-LHE O CONSENTIMENTO e torna anulável o negócio jurídico (art. 145: são anuláveis por dolo os negócios que foram por ele induzidos)
- O dolo pode ser:
dolus malus: manifesta-se na vontade de iludir, com o intuito de prejudicar
dolus bonus: consiste em práticas usuais ou normais do comércio, de que são exemplos os exageros utilizados na publicidade comercial. É considerado de somenos importância e, assim, tolerado.
- O dolo é causa de anulabilidade do ato, desde que seja:
 a) determinante
 b) malus
4.2.2. ESPÉCIES
a) Dolo acidental (art. 146)
- É o induzimento a erro que atinge ELEMENTO NÃO ESSENCIAL DO NEGÓCIO
- É o dolo que não se constitui em razão determinante do ato, pois que sem ele, ou apesar dele, o negócio se teria realizado, embora em condições diversas 
- Não se pode pleitear a anulação do negócio mas é possível requerer perdas e danos, pela ilicitude do comportamento do seu autor compete ao prejudicado a prova do dolo
b) Dolo substancial
- É o induzimento a erro que ATINGE ELEMENTO ESSENCIAL DO NEGÓCIO, de modo que sem ele não haveria declaração de vontade
- Só o dolo substancial pode levar à anulação do negócio
- Ex> Vendedor de quadros induz cliente a erro, levando-o a pensar que uma quadro era de Picasso quando, na verdade, é de um pintor anônimo Não importa a boa-fé da outra parte, se ela induz a outra a erro, é dolo.
- Em relação à atitude daquele que induziu o outro ao erro, o dolo substancial pode ser:
b.1) dolo positivo: por atitude positiva (por meio de ato enganador). Ex> falando expressamente que “o quadro é de Picasso”	
b.2) dolo negativo: por omissão. Ex> O comprador pensa que é de Picasso. O vendedor sabe que não é, mas não fala nada – art. 147 (omissão dolosa)
 Não confundir erro com dolo omissivo
c) Dolo de terceiro (art. 148)
- É possível a anulação
- Ex> Ana e Bia celebram um negócio jurídico Carlos, 3° ao negócio, dolosamente, induz Ana a pensar que determinada escultura é de escultor famoso e, assim, celebrar o negócio 
- É preciso verificar a boa-fé do outro celebrante (Bia): a boa-fé (subjetiva) do celebrante se verifica com o estado de ignorância. Daí surgem 2 hipóteses:
1) A OUTRA PARTE ESTAVA DE BOA-FÉ, ISTO É, DESCONHECIA O DOLO DO 3°: 
- o negócio é válido, NÃO será anulado porque o CC pretendeu proteger o de boa-fé em detrimento ao induzido em erro
- sendo mantido o negócio, o prejudicado (Ana) poderá exigir que o 3° indenização por perdas e danos (responde sozinho). O outro celebrante nada sofre.
2) A OUTRA PARTE SABIA OU TINHA COMO SABER DO DOLO DO 3°: 
- o negócio será anulado pois é como se essa parte estivesse em conluio com o 3°. Caberá à parte lesada (que errou) provar a inexistência de boa-fé do outro celebrante pois ela é a interessada na anulação 
- havendo a anulação, o 3° NÃO responderá por perdas e danos porque o dano patrimonial que ocorreria será compensado com a anulação (o $ será devolvido)
d) Dolo de representante (art. 149)
- Os efeitos variam conforme o representante, se legal ou convencional:
1) se o dolo for do representante legal de uma das partes: o representado é por ele responsável até o limite do proveito que teve
2) se o dolo for de representante convencional: o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos 
- Respondendo civilmente, tem o representado, porém, ação regressiva contra o representante
- Ex> Ana (representada) – Bia (representante) - Pedro
 Bia celebra negócio com Pedro em nome de Ana Se Bia age com dolo, induzindo Pedro a celebrar o negócio por erro, poderá haver a anulação (obs> Ana não sabia do dolo de Bia).
- Qual a responsabilidade de Ana por ter sua representante agido com dolo? 
 O art. 149 distingue os efeitos conforme a representação:
a) r. legal
- o dolo do representante legal só obriga o representado a responder civilmente até o proveito que teve. 
- se, no exemplo dado, o juiz arbitre o pagamento de $ 1.000,00 por perdas e danos, e sendo provado que Ana teria aproveitado em $ 100,00 a celebração do negócio, esse é o limite que Ana terá que responder (dentro do limite aproveitado por ela) 
b) r. convencional
- a responsabilidade do representado, aqui, é maior porque quem escolheu o representante foi o próprio representado (na representação legal a responsabilidade é menor pois são hipóteses de incapazes, onde o discernimento e a responsabilidade é menor).
- O tipo de responsabilidade entre representante e representado é SOLIDÁRIA. Neste caso, é solidariedade do devedor (passiva) A solidariedade passiva beneficia o credor, que poderá exigir o pagamento de qq um dos devedores. Sendo chamado a pagar a dívida, o devedor deverá efetivá-la em sua totalidade, e depois poderá exigir do devedor solidário que pague sua parte. Se o outro devedor não tiver como arcar, o 1° devedor arca com o ônus da insolvência. A vantagem deste tipo de solidariedade é que o credor não ficará sem receber, não será prejudicado.
- Ex> Foi apurada a quantia de $ 1.000,00 que Ana e Bia devem pagar a Pedro por perdas e danos Pedro poderá escolher Ana ou Bia para pagar (na fase do processo de execução) Ana poderá pagar $ 1.000,00e depois cobrar $ 500,00 de Bia.
- Obs> Quem pleiteia perdas e danos deve provar que o representado teve algum benefício com o dolo de seu representante.
e) Dolo recíproco	(art. 150)
- Quando ambas as partes agirem com dolo, nenhuma delas poderá alegá-lo para (1) anular o ato ou (2) reclamar indenização – ambos arcam com o ônus do negócio realizado.
É o princípio de que ninguém pode alegar a própria torpeza (se agiu mal, não pode alegar o dolo da outra parte)
- Ex> Contrato de troca entre Maria e José, em que aquela entrega um quadro falsificado e este, uma estátua falsificada.
4.3. COAÇÃO (arts. 151 a 155)
4.3.1. CONCEITO
- Coação é o vício do consentimento que decorre da VONTADE TER SIDO MANIFESTADA OU INFLUENCIADA POR VIOLÊNCIA É a ameaça com que se constrange alguém à prática de um ato jurídico 
- A coação não é, em si, um vício da vontade, mas sim o temor que ela inspira, tornando defeituosa a manifestação de querer do agente
 Temor: deve ter fundamento. A vítima acredita realmente que pode sofrer um dano injusto, ilegítimo, ilícito, iminente
- Configurando-se todos os requisitos legais, é causa de anulabilidade do negócio jurídico (art. 171, II)
- São 4 anos para requerer em juízo a anulação ou pleitear a indenização senão decai (os prazos para anulação são todos de decadência)
- Requisitos da coação (art. 151, CC):
a) a ameaça como causa determinante do ato
b) um temor de dano à pessoa, à família ou aos bens do coato
c) que esse temor seja fundado e injusto
O AMEAÇADO
- A VÍTIMA É A PESSOA QUE DECLARA A VONTADE, praticando o negócio jurídico pelo receio de sofrer um dano na sua pessoa, nos seus bens ou na sua família A ameaça é a causa do ato.
- O receio de dano à pessoa do coato ou de sua família refere-se a dano: 
- moral: é moral quando se ameaça a vida, a integridade física, a liberdade, a honra, o decoro e o bom nome da vítima- patrimonial: quando visa atingir os valores econômicos.
- Família: é o conjunto de pessoas ligadas por laços de consangüinidade ou de comparável afetividade, como no caso de um amigo ou noivo A referência à família no art. 151 tem, assim, uma interpretação ampliativa, pelo que a vítima pode ser um 3°
- Art. 152: ao apreciar-se a coação, há de se considerar a espécie de pessoa que a recebe, considerando o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e d+ circunstâncias que possam influir na gravidade Adota-se, aqui, critério subjetivo concreto de considerar cada caso per si.
AUTOR DA COAÇÃO
- Pode ser:
1) o outo sujeito da relação jurídica, ou 
2) o 3° interessado nos efeitos do negócio viciado> neste caso:
- se a parte a quem aproveita a coação dela souber, responderá solidariamente com o coator pelo dano causado (art. 154). 
- se não souber, sendo inocente, somente o 3° coator será responsável por perdas e danos, podendo o negócio subsistir (art. 155).
4.3.2. ESPÉCIES
a) COAÇÃO FÍSICA (vis absoluta)
- Quando consiste na utilização de violência física de tal modo que impede a formação de vontade negocial Anula o negócio jurídico / É a menos comum.
- É coação absoluta porque a pessoa não chega nem a declarar a sua vontade, pois esta é usurpada.
- Ex> Alguém pega o dedo de outra a fim de forçá-la a assinar contrato, por meio da impressão digital.
- Obs> Alguns autores entendem que neste tipo de coação, o negócio nem mesmo chegaria a existir em virtude da ausência de manifestação de vontade. Mas o CC não considera a possibilidade de negócio jurídico inexistente (se adotasse, não seria preciso requerer a anulação do negócio em juízo).
b) COAÇÃO MORAL (relativa) 
- É aquela que impõe à vítima um temor de dano iminente à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens. A ameaça de violência causa na vítima o medo de que algum dano ocorra caso o negócio não se realize Não elimina a vontade do agente, apenas vicia-a, de modo que esse perde a espontaneidade no querer
- Há repercussão também na esfera penal. Na civil, a conseqüência é a possibilidade de anulação do negócio jurídico.
- O art. 151 § único prescreve a possibilidade da coação vir a prejudicar pessoa que não seja da família. Há de se provar que essa pessoa era de tão importância que levou o coagido a celebrar o negócio. Como não há presunção da lei, caberá ao juiz decidir caso a caso, analisando as circunstâncias e concluindo pela existência ou não do efetivo constrangimento.
- Quando – é a chamada coação moral (vis compulsiva)
4.3.3. HIPÓTESES QUE EXCLUEM A CARACTERIZAÇÃO DA COAÇÃO	 (art. 153)
a) EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO
- A ameaça no exercício regular de um direito não é coação.
- Ex> Credor envia carta ao devedor exigindo o pagamento de título vencido e protestado, sob pena de tomar as providências cabíveis em juízo Não é coação (seria, se houvesse ameaça a vida do devedor).
b) TEMOR REVERENCIAL	
- É a situação de reverência que uma pessoa tem em relação a outra por questão de hierarquia
- Ex> Patrão oferece aluguel de um quarto Não pode o empregado alegar que foi coagido a celebrar o contrato de aluguel pelo medo de ser demitido
- Ex> Filho vende carro ao pai pelo preço que este exigiu (preço menor que o de mercado) O filho não pode alegar que foi forçado a vender pelo fato do pai ter ameaçado expulsa-lo de casa.
 Isso não significa que não possa haver coação, mas para que esta se configure, é preciso uma ameaça de fato e não um simples temor reverencial.
4.3.4. COAÇÃO DE TERCEIRO (art. 154 e 155)
- A coação pode ser exercida por 3°
- Ex> Carlos (3°) ameaça Ana para que ela celebre negócio com Bia Sendo 3° o agente coator, o negócio pode ser anulado, mas é preciso analisar se houve boa-fé ou não da outra parte:
1) havendo boa-fé (isto é, a outra parte ignorava / desconhecia a violência): 
- não haverá a anulação
- art. 155: o negócio não será anulado se a outra parte não sabia ou não tinha como saber da coação. O 3° responde por perdas e danos.
2) se a outra parte sabia ou tinha como saber da violência: 
- haverá anulação (cabe à vítima provar) como Bia não estava de boa-fé, o negócio será anulado e Ana poderá requerer perdas e danos (tanto Bia como Carlos respondem por eles – responsabilidade solidária)
- art. 154: prevê que, se a outra parte tiver conhecimento ou tinha como ter conhecimento da coação, caracteriza-se o vício, podendo ser o negócio anulado. A pessoa responde solidariamente por perdas e danos juntamente com o 3°.
- Obs> Perdas e danos não são meio de enriquecimento. O cálculo é baseado no que a pessoa efetivamente perdeu ou deixou de ganhar. Se o dano for moral ou psicológico, não há critério objetivo para o cálculo.
	DOLO DE 3°
	COAÇÃO DE 3°
	- O 3° só responde por perdas e danos se o negócio NÃO for anulado
	- O 3° sempre responde por perdas e danos, havendo anulação ou não, porque houve uma ameaça de violência.
- Obs> Há possibilidade da parte que seria beneficiada com o negócio requerer perdas e danos. Ex> Se uma empresa famosa no mercado for acusada pelo 3° coator de ter participado da coação (poderá exigir indenização por difamação)
4.4. ESTADO DE PERIGO	(art. 156)
- É a SITUAÇÃO RECEIO / TEMOR que leva o agente necessitado a praticar um ato para salvar-se de grave dano pessoal ou familiar, assumindo OBRIGAÇÃO EXCESSIVAMENTE ONEROSA que, em outras condições, não faria.
 O agente que pratica o ato forma a sua vontade em conseqüência desse temor / receio.
 Essa obrigação diz respeito ao objeto do negócio jurídico 
- Dispõe o CC no art. 156 que o estado de perigo se configura quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
 Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias (art. 156, pu)
- Fundamento: O negócio jurídico concluído em estado de perigo é anulável (art. 171, II) pq NÃO ATENDE, EM PRINCÍPIO, À FUNÇÃO ECONÔMICO-SOCIAL DO CONTRATO (CC 421). Havendo conflito entre a vontade individual declarada e o interesse social, deve prevalecer esse último.
- Os negócios jurídicos celebrados em estado de perigo são ANULÁVEIS (art. 171, II)
- Pode decorrer de:
a) fato humano: distingue-se da coação sempre que o estado de perigo não tenha sido criado com o fim de se exigir da vítima a conclusão do negócio
b) fato natural: não tem qq ponto de contato com a coação 
- Coação x Estado de perigo:
- na coação, a outra parte ou 3° causa o vício
- no estado de perigo, o beneficiado não colaborou para esse estado, que pode ser provocado por fato (incêndio, naufrágio, etc)
1. REQUISITOS 
- Para que haja o estado de perigo invalidante, é necessário que estejam presentes:
1.1. SUBJETIVOS 
a) Em relação àquele que sofre o estado de perigo, que se obriga em função desse estado: NECESSIDADE DE SALVAMENTO
- O declarante deve ter a crença de que realmente se encontra em perigo, crença essa que o leva à celebração do negócio com o intuito de salvar a si ou a alguém de sua família de um dano.
- DANO: IMINENTE, ATUAL, GRAVE
	 não pode ser dano que já aconteceu, tem que estar acontecendo ou prestes a ocorrer
- Ex> Náufrago estava em alto-mar Passa um navio e seu comandante diz ao náufrago que não poderá salva-lo pois sofrerá penalidades em seu trabalho O náufrago pede que o salve, prometendo doar seu imóvel (único patrimônio) – ele não teria doado se não estivesse em estado de perigo
- Situação semelhante ocorre com o indivíduo que celebra um negócio jurídico para salvar o filho de um incêndio
b) Em relação àquele que se aproveita do negócio: DOLO DE APROVEITAMENTO (dolo = intenção)
- A OUTRA PARTE DEVE TER O CONHECIMENTO DO PERIGO PELA OUTRA PARTE (tem que ter a intenção de se aproveitar da situação de perigo para a celebração do negócio)
- Como provar? Basta que a outra parte tenha conhecimento do perigo que está sendo sofrido pelo outro celebrante e em razão do qual ele celebra o negócio.
O fato da outra parteconhecer o perigo já configura o dolo de aproveitamento.
1.2. OBJETIVOS (diz respeito ao objeto do negócio)
a) a ameaça de grave dano à própria pessoa ou a pessoa de sua família
b) a atualidade do dano (iminente, atual, grave)
c) a existência de uma obrigação excessivamente onerosa: o que celebra em estado de perigo assume obrigação excessivamente gravosa, que lhe toma grande parte de seu patrimônio
2. PESSOAS QUE NÃO SÃO PARENTES
- É possível que um negócio seja celebrado com o intuito de proteger pessoa que não seja da família 
 Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias de cada caso. (art. 156, pu)
- Cabe à pessoa que propõe a ação de anulação provar.
- Exemplo de obrigação excessivamente onerosa é a cobrança do cheque-caução pelos hospitais (legalizado apenas para os planos de saúde – as pessoas com planos de saúde não têm obrigação de dar cheque-caução): muitas vezes, as pessoas assinam valores que não podem arcar Pode ser anulado em função do estado de perigo. 
O que o hospital deve fazer é, se o paciente (ou o seu parente) não pagar, fazer a cobrança judicialmente.
3. CONFIRMAÇÃO
Ao estampar o conhecimento do estado de perigo por parte do beneficiado (“grave dano conhecido pela outra parte”), entende o legislador que HOUVE ABUSO DE SITUAÇÃO: O AGENTE VALEU-SE DO TERROR INCUTIDO A OUTRA PARTE PARA REALIZAR O NEGÓCIO, TENDO CESSADO A BOA-FÉ. Nesse caso, o negócio não poderia subsistir.
	Nada impede, porém, que, passado o estado de perigo, sob cuja iminência foi feito o negócio jurídico, o declarante confirme sua declaração, CONVALIDANDO O NEGÓCIO JURÍDICO que deixará de ser anulável (art. 172). Não havendo o ato de confirmação, depois de passado o perigo, o vício permanece e o negócio é passível de anulação.
	Também pode o juiz manter a validade do negócio, atendendo às circunstâncias do caso, determinando que a prestação seja reduzida ou reconduzida a seu valor justo, a exemplo do que a nova lei alvitra para o caso de lesão (art. 157 § 2°).
4. ANULAÇÃO
- O prazo decadencial, expressamente admitido como tal pelo CC para anular o negócio jurídico eivado de estado de perigo, é de 4 anos, contado do dia em que se realizou o negócio (art. 178, III).
4.5. LESÃO (art. 157)
- É a situação que se verifica quando o agente pratica o ato (1) sob premente necessidade ou (2) por inexperiência, do que decorre um PREJUÍZO ECONÔMICO resultante da desproporção entre as prestações das partes, de forma que uma das partes recebe menos do que dá As prestações ajustadas são totalmente desproporcionais, em razão de uma causa que se origina no próprio negócio.
 A existência de lesão verifica-se no momento da celebração de contrato oneroso e comutativo, incidindo sobre o objeto principal do contrato, e não sobre suas cláusulas acessórias
- É defeito tb voltado para o objeto do negócio jurídico. É ainda + objetivo que o estado de perigo pq A PRÓPRIA DESPROPORÇÃO JÁ CARACTERIZA O APROVEITAMENTO DAQUELE QUE SE BENEFICIA COM O NEGÓCIO.
- Razão de ser: está na necessidade de proteger a parte contratual + fraca, em situação de inferioridade. O instituto da lesão se caracteriza pq O LESIONÁRIO DESATENDEU A CLÁUSULA GERAL DE BOA-FÉ.
- São seus fundamentos jurídicos:
1) a concepção subjetiva: ligada ao princ. autonomia da vontade, segundo a qual a lesão faz presumir um vício do consentimento da parte prejudicada
2) a concepção objetiva, ligada ao princ. justiça contratual, para a qual o que importa é o equilíbrio entre as prestações, concepção esta que se afasta do dogma da autonomia da vontade e que hoje é dominante.
- Efeito da lesão: é a possibilidade de rescisão do contrato 
 O CC estabelece como sanção a anulação do negócio
- Ratificação: 
- sendo realizada, não será decretada a sanção (art. 157 § 2°)
- ocorrerá se:
a) for oferecido suplemento suficiente ou
b) a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
1. REQUISITOS
1.1. SUBJETIVOS
I - Em relação àquele que sofre o estado de perigo, que se obriga em função desse estado
a) PREMENTE NECESSIDADE
- A pessoa tem uma necessidade de celebrar o negócio
- Necessidade: não é a de salvar-se, mas a de celebrar aquele negócio jurídico. 
- Ex> Contrato de locação porque a pessoa tinha uma necessidade de alojar sua família
- A necessidade de que fala a lei é a premência contratual, não se identificando com o estado de necessidade ou estado de perigo. É a indispensabilidade de contratar sob determinadas premissas. É irrelevante o fato de o lesado dispor de fortuna, pois a necessidade se configura na IMPOSSIBILIDADE DE EVITAR O CONTRATO; a necessidade contratual, portanto, independe do poder econômico do lesado. O conceito envolve também o estado de penúria pelo qual pode atravessar a vítima, mas não é o único elemento. O LESADO VÊ-SE NA PREMÊNCIA DE CONTRATAR IMPULSIONADO POR URGÊNCIA INEVITÁVEL. Caracteriza-se a necessidade, por ex, numa época de seca, quando o lesado paga preço exorbitante pelo fornecimento de água.
b) INEXPERIÊNCIA
- Em relação à pratica do negócio
- Trata-se de pessoa envolvida no negócio sem maiores conhecimentos de valores, desacostumada no trato de determinado negócio ou dos negócios jurídicos em geral. Mesmo o erudito, o culto, pode ser lesado sob determinadas circunstâncias, se não conhece os meandros dos negócios em que se envolve. 
	A leviandade é outro elemento estatuído na lei penal citada. Trata-se da irresponsabilidade do lesado. É leviano quem procede irrefletidamente, impensadamente. Por vezes, por agir desavisadamente, o leviano põe a perder toda uma fortuna. O Direito tem o dever de proteger as vítimas contra tais atos. Note que o termo leviandade não vem estatuído no CC. A omissão, porém, não traz problemas, pois os elementos presentes no art. 157, a premente necessidade ou inexperiência, suprem-na.
- Nos contratos civis, quem se prejudica com o negócio, se sofre a lesão, deve provar a inexperiência. Já nos contratos que envolvem relações de consumo, a inexperiência está presumida, o consumidor não precisa provar.
II - Em relação àquele que se aproveita do negócio
a) APROVEITAMENTO
- Não precisa haver o dolo, basta provar o aproveitamento
 Não há necessidade de que:
- a parte contrária saiba que a manifestação de vontade do lesado tenha sido emitida por necessidade ou inexperiência (a própria desproporção das prestações já presume o aproveitamento),
- o agente induza a vítima à prática do ato, 
haja a intenção de prejudicar. 
 A lesão é objetiva e OCORRE INDEPENDENTEMENTE DE DOLO OU CULPA DO BENEFICIADO: basta que o agente se aproveite dessa situação de inferioridade em que é colocada a vítima, auferindo LUCRO DESPROPORCIONAL E ANORMAL.
 O lesado tem de provar que agiu por premência de necessidade ou inexperiência. 
1.2. OBJETIVO
a) Desproporção das prestações
- É a desproporção, que sempre ocorre nos contratos bilaterais e onerosos.
	 bilaterais: + de 1 manifestação de vontade
	 onerosos: sacrifício patrimonial para as 2 partes mas há uma desproporção
* Obs> Contrato unilateral: só uma das partes se obriga às prestações
 Contrato bilateral: as 2 partes se obrigam	
- Pelo que se depreende da lei dos crimes contra a economia popular, tal requisito foi tarifado em 1/5 do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida. Esse tarifamento sempre pareceu inconveniente por limitar em demasia a atividade do julgador. É sempre + conveniente deixar a caracterização para o prudente arbítrio do julgador em cada caso concreto, como faz a redação do CC. Nenhuma legislação estrangeira estabelece cifra determinada.
- A lesão é própria dos contratos comutativos (já se sabe previamente qual a prestação devida por cada uma das partes). 
- Há discussão sobre a possibilidade de haver lesão nos contratos aleatórios, nos quais uma das partes não sabe qual prestação lhe será devida (Venosa posiciona-se no sentido de que os contratos aleatórios, em geral, não admitem esse vício, pois suas prestações, por natureza, já se mostram desequilibradas).Ex> Quem ganha na loteria, não sabe exatamente quanto lhe será pago.
 Ex> Contrato no qual uma das partes pagará uma certa % sobre o produto da colheita há uma indefinição quanto ao pagamento da outra parte.
 Ex> Seguro: pode ser que a pessoa receba indenização ou não
 Nos contratos aleatórios, portanto, a pessoa assume um risco. A doutrina entende que é possível aplicar a lesão nesses contratos mas só quando os riscos são desproporcionais, porque no momento em que a pessoa realiza o negócio jurídico, ela já assume o seu risco.
2. MOMENTO DE APURAÇÃO
- É o momento de celebração do negócio jurídico A causa que leva à desproporção tem que se originar no próprio negócio. 
 Não pode ser posterior (quando surge posteriormente ao negócio, é irrelevante, já que, nessa hipótese, estaríamos no campo da cláusula rebus sic stantibus - teoria da imprevisão).
- Fato superveniente (posterior) que acarrete a desproporção não caracteriza a lesão, só permite a:
- revisão (para equilíbrio das partes)
- extinção (por outros institutos)
- Ex> Contrato de compra-e-venda de grãos de soja surge uma praga que causa o aumento do preço da soja desproporção muito grande provocada por fato superveniente (fato externo ao contrato)
- Situação é a de um leasing (contrato de arrendamento mercantil) para a compra de um carro onde o preço esteja fixado no dólar (à época da celebração do contrato, real = dólar) e, depois de algum tempo, com a alta do dólar, o valor das prestações tenha subido muito, ficando totalmente desproporcional Vê-se que, aqui, a causa está no próprio contrato, que prevê a vinculação do dólar com o real (não tinha como prever) Fato intrínseco ao contrato, embora posterior Caracteriza-se a lesão
- Ex> Financiamento da CEF para a compra da casa própria Esse tipo de contrato tem um ajuste no qual paga-se muito + do que o valor real do imóvel. Essa desproporção não é perceptível à época da celebração do negócio mas existe, e está contida nas próprias cláusulas do contrato.
3. RATIFICAÇÃO
- Sendo realizada, não será decretada a sanção (art. 157 § 2°)
- Objetivo: reconstituir a proporção (recompôr o equilíbrio do negócio jurídico) e evitar a anulação
- Quem se beneficia com a lesão propõe:
1) a diminuição de seu benefício ou
2) o suplemento suficiente
- Usando o exemplo do leasing para a compra de um carro que vale R$ 50.000, em que se fixa seu valor em dólar:
a) Se o dólar subiu e o preço do carro subiu para 100.000: a concessionária (parte que se beneficiaria com a lesão) oferece a redução do preço do carro
b) Se o dólar caiu e o preço do carro caiu para 10.000: o comprador oferece o suplemento suficiente para a concessionária (parte lesada) 
4. ANULAÇÃO
- A anulação se faz mediante pretensão desconstitutiva (ação anulatória), exercitável no prazo decadencial de 4 anos (CC 178 II), contados da data do fato Assim, a ação judicial contra lesão visa à restituição do bem vendido, se se tratar de compra e venda, ou restabelecimento da situação anterior, quando possível.
 A ação é de natureza pessoal, mas, se versar sobre imóveis, é imprescindível a presença de ambos os cônjuges, segundo a exigência do art. 10 e pu, CPC.
- Se a coisa se encontrar em poder de 3°, a discussão de direito obrigacional restringe-se essencialmente entre alienante e adquirente. O 3° será demandado como simples detentor. Se vier a devolver o bem, terá o direito à indenização, seguindo-se os princípios da evicção.
	Como o instituto não se restringe apenas à compra e venda, conforme a natureza do contrato é impossível a volta ao estado anterior, só restando o caminho da indenização, por perdas e danos.
	Na lide entre os participantes do contrato lesionário, o 3° possuidor pode ingressar no processo como assistente, nos termos do art. 50, CPC.
	Se o 3° possuidor for demandado para restituir a coisa, deve denunciar à lide ao transmitente, de acordo com o art. 70, I, do estatuto processual.
5. LESÃO USURÁRIA (usura real). Crime.
- A usura pecuniária (cobrar juros acima do permitido pela lei) não caracteriza a lesão. Somente a usura real (vantagem excessiva) é que caracteriza a lesão. A Lei da Usura (D 22626/33) proíbe a usura pecuniária, enquanto que a LEP (L 1521/51), seu art, 4°, tipificou como crimes as condutas que levam à usura pecuniária e à usura real.
6. LESÃO USURÁRIA (usura real). Contratos.
- A Med Prov 2171-32/01 1° I trata da usura pecuniária (D 22626/33), isto é, da cobrança de juros acima do permitido pela lei, cabendo ao prejudicado o direito de receber em dobro a quantia paga em excesso. O inciso II da mesma norma trata de nulificar as estipulações que ensejem o lucro ou vantagem patrimonial exagerada, aproveitando-se da vulnerabilidade da parte, com a mesma solução de devolução em dobro da hipótese anterior. Este último caso – usura real – caracteriza situação aproximada à da lesão. Ela não se aplica à legislação comercial nem à consumerista.
7. LESÃO CONSUMERISTA 
- O instituto não está expresso no texto do CDC, mas se encontra implícito, dentro do microssistema das relações de consumo. O CDC 6° V garante ao consumidor o direito de modificação das cláusulas contratuais que estabelecerem prestações desproporcionais, sendo a desproporção aferível objetivamente. 
- Os princípios da lesão contratual não foram estranhos ao CDC. Assim é que, entre as práticas vedadas ao fornecedor de produtos e serviços descritas no art. 39, menciona-se “prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor; tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços” (inciso IV) A lei consumerista realça, como se percebe, os elementos da lesão, quais sejam, a fraqueza ou ignorância do consumidor
O inciso V aponta como prática vedada exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, em perfeita alusão ao vício da lesão. O dolo de aproveitamento nessa lei é presumido. 
Não bastassem essas disposições, no rol que elenca as chamadas cláusulas abusivas (art. 51), a lei considera nula a cláusula contratual que estabelecer “obrigações iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade”.
Lesão e Lei de Proteção à Economia Popular. Código de Defesa do Consumidor (Venosa)
	Faz-se a seguinte pergunta: “estando os pressupostos da lesão estatuídos em lei de índole penal, podem eles, transplantados para o juízo cível, anular o negócio jurídico?”.
	A doutrina entende afirmativamente. Assim é que Sílvio Rodrigues declara que, como o dispositivo do art. 4° da mencionada lei é de caráter criminal, torna o ato jurídico ilícito e possibilita sua invalidade na órbita civil; acrescenta, ainda, que o § 3° do mesmo artigo manda o juiz ajustar os lucros usurários à medida legal, devendo ordenar a restituição da quantia paga em excesso, com os juros legais, no caso de já ter sido fornecida a prestação exagerada. 
	No mesmo sentido, argumenta Arnaldo Rizzardo: “Evidentemente, se os contratos desta espécie constituem delitos, desprovidos de valor jurídico se encontram. Não se trata de mera analogia aos contratos do DC. Há uma incidência direta da lei, caracterizando de ilegais os negócios com lucros ou proveito econômico excedente a 1/5 do valor patrimonial da coisa envolvida na transação.”
	Conclui-se que, se a lei penal não tolera determinado negócio, também deve ser inadmitido no âmbito civil por uma questão de coerência da unidade do ordenamento jurídico.
	
VI - FRAUDE CONTRA CREDORES (art. 158 / 163)
1. INTRODUÇÃO
Os bens do devedor compõem o seu patrimônio e constituem a garantia de pagamento dos seus credores. Enquanto o devedor, no curso de sua vida jurídica, pratica atos que não colocam em choque a garantia de seus credores, está ele plenamente livre para agir dentro da capacidade que o Direito lhe concede.
	No momento em que as dívidas do devedor superam seus créditos, e no momento em que sua capacidade de produzir bens e aumentar seu patrimônio mostra-se insuficiente para garantir suas dívidas, seus atos dealienação tornam-se suspeitos e podem ser anulados. Surge, então, o tema da fraude contra credores. 
	Hoje sobreleva o conceito de boa-fé objetiva, como cláusula aberta, expressa no CC (art. 422) e como aplicação de regra moral por excelência. O dever de conduta leal no mundo jurídico é essencial para manter o equilíbrio das relações sociais. 
- O fato de uma pessoa ser insolvente não significa que ela não possa celebrar negócios jurídicos.
2. CONCEITO	
- É o vício social porque o problema é o prejuízo causado aos credores (atinge pessoas externas ao negócio), havendo DESCONFORMIDADE ENTRE MANIFESTAÇÃO DE VONTADE x ORDENAMENTO JURÍDICO Não há vício na vontade da pessoa que celebra o negócio (a vontade não é maculada)
- O negócio jurídico caracterizado por este vício é prejudicial aos credores pelo fato de:
- tornar o devedor insolvente, 
- ter sido praticado em estado de insolvência ou 
- tornar insolvente garantia já concedida.
- A lei dispõe que os negócios jurídicos do devedor prejudiciais aos credores são anuláveis se praticados em fraude contra esses (art. 171, II), visando proteger o direito do credor, que tem no patrimônio do devedor a garantia da realização do seu crédito.
- Obs>
1) Insolvência: 
- é o estado patrimonial da pessoa em que o ativo < passivo.
- ocorre sempre que a pessoa não tem patrimônio suficiente para arcar com as suas dívidas
2) Patrimônio = composto de bens + direitos + dívidas
 Bruto = ativo + passivo
 Líquido = ativo – passivo se o passivo (dívidas) for maior do que o ativo (bens + direitos), caracteriza-se a situação de insolvência
3. CONFIGURAÇÃO
Configura-se pela presença de 2 elementos:
a) Elemento objetivo (eventus damni)
- Ocorre quando há, com a prática de um negócio jurídico, PREJUÍZO AOS CREDORES.
- Como verificar a ocorrência do prejuízo aos credores?
 A chave está na insolvência: quando a pessoa, ao celebrar o negócio, (1) TORNA-SE INSOLVENTE ou (2) JÁ É INSOLVENTE quando na celebração do mesmo, ocorre o prejuízo.
- Se uma pessoa tem dívidas, o seu patrimônio é que irá garantir o pagamento das mesmas. Mas se esse patrimônio for comprometido em razão de um negócio jurídico, agrava-se ou cria-se uma situação de insolvência, de modo a prejudicar seus credores.
- Deve existir o prejuízo real. Se o devedor doou mas ainda mantém patrimônio capaz de suportar seu passivo, assumido anteriormente ao negócio de alienação, não há o prejuízo (eventus damni) e, portanto, o negócio jurídico não é anulável. Somente se o negócio levou o devedor à insolvência e, portanto, não mais pode garantir a satisfação do crédito anterior, é que é passível de anulação.
b) Elemento subjetivo (consilium fraudis = ACORDO FRAUDATÓRIO ENTRE AS PESSOAS QUE CELEBRAM O NEGÓCIO JURÍDICO)
- Consiste na má-fé, no conhecimento que o adquirente tem do estado de insolvência do devedor.
- Para que este elemento se configure, é necessário que a outra parte tenha conhecimento de que, com a celebração do negócio, o celebrante devedor está diminuindo o seu patrimônio (tornando-se insolvente ou agravando o seu estado de insolvência) de modo a prejudicar seus credores.
 Venosa: esse elemento subjetivo dispensa a intenção precípua de prejudicar, bastando para a existência da fraude o conhecimentos dos danos resultantes da prática do ato.
- Ex> Bia faz uma doação a Ana, diminuindo seu patrimônio e tornando-se insolvente em função da doação Está configurado o elemento objetivo – mas, para que se configure tb o subjetivo, é preciso que Ana saiba ou tenha como saber da situação de Bia
4. ATOS SUJEITOS À ANULAÇÃO POR FRAUDE
a) NEGÓCIOS GRATUITOS (art. 158)> os atos de transmissão gratuita de bens e os de remissão de dívida podem ser anulados: 
1) Atos de transmissão gratuita de bens (doação, renúncia a direitos patrimoniais adquiridos): se o devedor é insolvente, ou suas dívidas já igualam o ativo, não pode desfalcar o patrimônio doando ou renunciando a direitos patrimoniais (tais como herança, usufruto, etc), porque, fazendo-o, estará criando o risco de prejudicar seus credores.
2) Remissão de dívida: é o perdão de dívida 
- Se o credor perdoa seus devedores, seu patrimônio se desfalca e assim diminuem as garantias de seus credores. 
- A remissão pode consistir na devolução do título representativo da dívida ao devedor, ou na utilização desse mesmo título ou ainda na quitação da dívida não paga. 
- Ex> Devo $ 1.000 a Pedro e Carlos me deve $ 5.000 perdôo a dívida que Carlos tem comigo estarei lesando Pedro porque a remissão de dívida diminuiu o meu patrimônio
- Como nesses atos não há nenhuma contraprestação, há uma presunção do elemento subjetivo (portanto, não se exige o conhecimento, pelo beneficiado, do estado real do transmitente).
 Assim, PARA ANULAÇÃO DESTES ATOS, NÃO SE EXIGE A INTENÇÃO DE FRAUDAR (o consilium fraudis). A fraude constitui-se por si mesma, independentemente do conhecimento ou não do vício. Basta o estado de insolvência para que o ato seja tido como fraudulento, pouco importando que o devedor ou 3° conhecesse o estado de insolvência Ainda que o devedor, o adquirente ou o beneficiário do ato gratuito ignore que o negócio reduzirá a garantia ou conduzirá o devedor à insolvência, o negócio jurídico fraudulento é possível de anulação.
- Obs> A recusa do devedor à doação que se lhe faz pode ser considerado ato fraudulento
 Renúncia à herança ou legado (CC 1813). O ato do herdeiro ou legatário de renúncia à herança ou legado, autoriza o credor prejudicado a aceitar a herança ou legado pelo devedor (aceitação feita com a autorização do juiz), podendo os d+ credores se habilitar para receber o seu crédito. Faz-se uma espécie de concurso de credores no inventário. Esse direito independe da qualidade do crédito (real ou quirografário). Com essa providência dos credores prejudicados, e pagas todas as dívidas do herdeiro, a renúncia prevalece no remanescente, voltando o restante da quota-parte do que renunciou para o espólio, a fim de ser repartido entre os d+ herdeiros. Se, ao contrário, os credores prejudicados não conseguirem receber o que lhes é devido, o ato de renúncia pode caracterizar-se como fraudulento (basta provar a insolvência, sendo desnecessária a intenção de fraudar), autorizando o ajuizamento da ação pauliana, desde que o credor seja quirografário e presentes os d+ requisitos. 
 QUEM PODE REQUERER A ANULAÇÃO? 
 A princípio, só os credores quirografários 
- Obs> Categorias de credores:
I) QUIROGRAFÁRIOS: são os credores que não têm nenhum tipo de garantia ou privilégio. Conta esse tipo de credor exclusivamente com a garantia genérica, proporcionada pelo patrimônio do devedor. Havendo vários credores quirografários, pelo princípio de igualdade, devem ter todos as mesmas oportunidades de receber seus créditos. 
 Ex> $ 400.000 para pagamento de 4 credores quirografários receberão 100.000 cada ou na proporção de seus créditos
II) COM PRIVILÉGIOS (art. 955 a 968): são os que têm privilégio na ordem de pagamento
III) COM GARANTIA REAL: são os créditos garantidos por hipoteca, penhor ou anticrese (= são os direitos reais de garantia, criados com objetivo de garantir determinada dívida), que vinculam certos bens ao pagamento de dívidas, e concedem preferência aos respectivos credores, pois as coisas vinculadas estão destinadas ao pagamento dos respectivos débitos.
 Ex> Contrai uma dívida para comprar um imóvel. Normalmente, a aquisição do empréstimos é vinculada a uma garantia real, que no caso é o imóvel.
- Hipoteca: é dado em garantia um bem imóvel
- Penhor: é dado em garantia um bem móvel
- Anticrese: é dado em garantia rendimentos (por ex, recebimento de aluguéis)
- ANTERIORIDADE DO CRÉDITO: os credores que podem anular o negócio, além de quirografários, devem ser credores já existentes quando no momento da celebração do negócio (art. 158 § 2°).
 Quem contrata com alguém já insolvente não encontra patrimônio garantidor pois sua obrigação é certificar-se da situação patrimonial do devedor.
Ex> Fevereiro – Y torna-se credor de X
 Maio – X celebranegócio jurídico (venda de apto)
 Junho – Z torna-se credor de X
- Y já era credor de X no momento da celebração do negócio, podendo, por isso, requerer anulação do negócio que diminuiu o patrimônio do devedor (art. 158 § 2°)
- O novo credor Z não pode requerer anulação
b) NEGÓCIOS ONEROSOS (arts. 159 e 160)
- Além de demonstrar a insolvência (elemento objetivo), há de se provar, nestes tipos de negócios, o elemento subjetivo (conhecimento da insolvência pela outra pessoa, se ela sabia ou tinha como saber)
- Art. 159: estabelece que OS ATOS ONEROSOS SÃO ANULÁVEIS SE:
1) HOUVER MOTIVO PARA A INSOLVÊNCIA SER CONHECIDA DO OUTRO CONTRATANTE: 
 A insolvência é presumida quando as circunstâncias indicam que o adquirente conhecia o estado de insolvência do alienante ou poderia ser por este conhecida 
 circunstâncias: a clandestinidade do ato, a continuação dos bens alienados na posse de devedor, quando deveriam estar com 3°, a falta de causa do negócio, a relação de parentesco entre o devedor e 3° adquirente, o preço vil, a alienação de todos os bens, etc. 
 o requisito está na previsibilidade do prejuízo: geralmente, quem contrata com o insolvente não conhece seus credores. Se a intenção de prejudicar fosse erigida em requisito para a ação, estaria ela frustrada, porque muito difícil é o exame do foro íntimo do indivíduo.
2) A INSOLVÊNCIA FOR NOTÓRIA
- Notória: quando conhecida de todos, pública
- A notoriedade depende do caso concreto, mas a jurisprudência e a doutrina fixaram determinadas situações: amizade íntima entre o insolvente e o 3° adquirente, seu parentesco próximo, já haver contra o devedor protesto de títulos, ajuizamento de ações de execução, protestos judiciais, etc.
 Fica, todavia, a critério do juiz decidir quando havia notoriedade e quando havia motivo para o outro contratante conhecer da insolvência do devedor, se o fato não era notório. 
 Obs> Se um apto foi dado em garantia, aparece na certidão de ônus reais (mostra a situação do imóvel) no cartório.
- O erro de fato aproveita ao 3° adquirente se provar que a insolvência não era notória e que não havia motivos para conhecê-la. Mas a prova lhe compete. Quanto ao próprio devedor, a fraude, nessas circunstâncias, é presumida.
- Nos atos onerosos, é possível evitar a anulação: aquele que celebra o negócio com o devedor pode fazer uso do instrumento de consignação em pagamento ou seja, ao invés de entregar a contraprestação diretamente ao insolvente, deposita em juízo, requerendo a citação por edital de todos os interessados (isso permite que os credores tenham acesso a essa prestação) Com esta conduta, o adquirente dos bens do insolvente provará não estar de má-fé (art. 160).
- Art. 160, pu: traz a hipótese da prestação ser depositada em quantia inferior ao preço de mercado (quando o credor contesta e alega que o preço não é real, não é o valor corrente de mercado), o que faz supor a malícia do adquirente podem os credores reclamar:
a devolução da coisa vendida ou 
o respectivo preço real do tempo da alienação: o adquirente tem o direito de complementar o preço justo 
- Ex> comprei um imóvel de um devedor insolvente por $ 100.000 mas depositei só $ 50.000 (1) anula-se o negócio ou (2) evito a anulação do negócio depositando o restante. 
c) PAGAMENTO ANTECIPADO DE DÍVIDA (art. 162)
- Este ato tb pode ser anulado
- Se o devedor tem vários credores quirografários e paga dívidas não-vencidas, contraria o princípio da igualdade, devendo o credor beneficiado devolver o que recebeu, se instaurado concurso de credores Esta regra não se aplica ao credor privilegiado, pois que este teria o seu direito sempre a salvo.
- São, portanto, requisitos para a ação pauliana, sob o fundamento do art, 162:
que a dívida não esteja vencida
que tenha sido paga por credor insolvente
que o pagamento seja feito a credor quirografário
- Ex> Se um devedor tem credores cujos créditos vencem em dias diferentes, por ex: credores do dia 01 / dia 15 / dia 30 Sendo insolvente, não pode ele pagar integral e antecipadamente a pessoa do dia 30, pois estaria prejudicando os credores dos dias 01 e 15. Quando isso ocorre, abre-se um procedimento judicial de insolvência, em que o credor do dia 30 deve devolver o dinheiro, para que este se junte ao patrimônio do devedor e seja, então, igualmente dividido ou pago proporcionalmente aos créditos dos credores.
- Cumpre notar que, uma vez procedente a ação pauliana com fundamento no art. 162, deve o credor beneficiado repor o que recebeu, não para o autor da ação pauliana, mas para o acervo de bens. Qualquer credor pode ingressar como assistente litisconsorcial do autor (art. 54, CPC).
d) OUTORGA FRAUDULENTA DE GARANTIA (art. 163) – ou concessão de garantias preferenciais
- Ocorre quando um devedor concede uma garantia real a um de seus credores (hipoteca, penhor, anticrese) Este é um procedimento comum mas se esse devedor já for insolvente, ele já não pode + dar garantia a nenhum de seus credores e esse ato é reputado como fraudatório, tendo-se em vista a vantagem do credor beneficiado sobre os demais e a conseqüente quebra do princípio da igualdade dos credores Se isso ocorrer, poderá o credor propor ação pauliana que, fundamentada no art. 163, terá por fim anular a garantia dada. Aqui, a ação pode ser intentada ainda que o credor não conheça o estado de insolvência, pois se trata de presunção absoluta.
 Entretanto, valem tais garantias se constituídas antes da insolvência do devedor
- Ex> Tenho vários credores quirografários mas dou uma jóia como penhor para um de meus credores Fazendo isso, estarei prejudicando os d+ credores
- Obs> Penhor Penhora
- Penhor: bem móvel é dado em garantia (ex: penhor de jóias na CEF – as jóias são empenhadas)
- Penhora: dentro do procedimento de execução da dívida paga-se a dívida ou indica-se os bens para penhora
 Negócios celebrados para subsistência (art. 164)
- Em tese, estes negócios seriam enquadrados como atos anuláveis em razão de fraude, mas foi excepcionado pelo CC (é exceção, não são anuláveis)
- Assim, os negócios ordinários, indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, agrícola ou industrial do devedor (inclusive a constituição de garantias reais) presumem-se de boa-fé e, portanto, válidos.
 A questão de saber se os negócios praticados eram essenciais à manutenção do patrimônio do devedor e se podiam ser classificados como atividade ordinária de seu comércio é tarefa para o juiz e fatalmente dependerá de perícia. 
- Ex> Compra de comida para a família do devedor
 Compra de mercadoria para o comércio do devedor	
 Penhor agrícola para a manutenção do negócio rural do devedor
		
 Estes atos não são anuláveis (presume-se a boa-fé)
5. EFEITOS DA FRAUDE CONTRA CREDORES
- Possibilidade de anulação: 
 Os negócios cometidos em razão de fcc são sujeitos à ação de anulação
 chamada, no caso de fcc, de ação revocatória ou ação pauliana 
- Ação pauliana: ação proposta para anular negócio celebrado em razão de fcc. É uma ação pessoal, dirigida contra os que participam do negócio jurídico fraudulento, e ainda 3° adquirente de má-fé (art. 161) Seu objetivo é conservar o patrimônio do devedor insolvente, mantendo-o como garantia dos d+ credores. Requisitos para a propositura desta ação:
que haja prejuízo para o credor quirografário (eventus damni)
que o negócio tenha levado o devedor à insolvência
que os credores sejam quirografários
que haja anterioridade do crédito (os credores já o eram à época em que foi celebrado o negócio): para que o credor possa ter o direito de anular o negócio jurídico, é preciso que o seu crédito tenha sido constituído antes da realização do negócio tido como fraudulento.
- Reconhecimento da ação pauliana. Ação própria: A fraude não pode ser alegada fora da ação pauliana, como, por ex, na ação de embargos de 3° ou pelo credor na execução ou na impugnação dos embargos do devedor. Isto porque é causa de anulabilidade, que só pode ser reconhecida em ação própria (arts. 158 e 161, CC). Comona contestação dos embargos de 3° o embargo não pode fazer pedido de anulação do negócio tido como fraudulento – porque a ação não é dúplice nem comporta reconvenção -, é vedado o exame da fraude.
- Quem pode requerer a anulação?
1) Credores quirografários e, dentre estes, só os que já eram credores no momento da celebração do negócio (credor superveniente não) – (art. 158 caput e § 2°)
 Somente os quirografários (credores sem garantia real), é que têm acesso à ação pauliana. Isto porque o direito real garante completamente o direito do credor e faz desaparecer o eventus damni.
2) Credor com garantia via de regra não pode requerer ação de anulação (pois seu crédito costuma estar assegurado) mas poderá, se o que foi dado em garantia tornar-se insuficiente para cobrir a dívida (art. 158 § 1°): nesse caso, ele será um credor quirografário no montante no qual a garantia não o protege. Incumbe a esse credor provar que a garantia não é suficiente para cobrir a integralidade do crédito.
 Ex> Imóvel dado em garantia desvalorizou o credor c/ garantia pode propor ação de anulação
- Contra quem se propõe a ação? (art. 161)
1) contra o DEVEDOR INSOLVENTE
2) contra o ADQUIRENTE DO BEM
3) contra 3° (no caso do adquirente ter vendido o bem para 3°): Se, entretanto, ficar provado que o adquirente estava de boa-fé, desconhecendo a insolvência do devedor, o negócio é válido e não se revoga (o 3° só é obrigado a devolver o bem se estava de má-fé. Ao interessado na anulação caberá provar)
 Deve-se citar todas as pessoas intervenientes no ato, integrante de um litisconsórcio necessário.
- Art. 165: prevê quais os efeitos ocorrerão com a anulação do negócio celebrado em razão da fcc uma vez anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre o que se tenha de efetuar o concurso de credores.
- Ex> Se uma doação foi anulada, o bem doado não volta para o patrimônio do devedor insolvente, vai para o concurso de credores.
- Art. 161 § único: Se o objeto da anulação era unicamente atribuir direitos preferenciais, mediante outorga fraudulenta de garantia, anula-se a preferência concedida (hipoteca, penhor ou anticrese), restabelecendo-se a igualdade entre os credores.
 Em matéria comercial, encontramos o mesmo instituto disciplinado pela lei de falências, de modo + rigoroso, visando aos atos de disposição ou comprometimento patrimonial praticados pelos falido durante o período suspeito da falência.
 A fcc, defeito do negócio jurídico, não se confunde com a fraude de execução, que é incidente do processo judicial.
- Casuística: Avalista. Pagamento após o negócio fraudulento. Anterioridade do crédito. Sub-rogação (art. 349, CC).
O avalista que paga a dívida após o ato de transmissão se sub-rogou nos direitos e ações do credor originário, e pode propor ação pauliana, estando preenchido o requisito da anterioridade do crédito.
IMPRIMI ATÉ AQUI
FALTA COMPLETAR SIMULAÇÃO COM FRANCISCO AMARAL
VII – SIMULAÇÃO (art. 167)
- Negócio simulado = É aquele FORJADO PELAS PARTES e que na verdade não existe, com o objetivo de prejudicar terceiros. Sendo uma declaração enganosa de vontade que visa produzir um efeito diverso do indicado, VICIA O ATO DESDE O SEU NASCIMENTO, o invalidando. É um negócio simulado.
- São atos praticados sempre com a cumplicidade de outrem, ou seja, são bilaterais. 
- Podem apresentar uma declaração de vontade intencionalmente discrepante da vontade real ou um consentimento externo em harmonia com a vontade interna, mas que de qualquer modo está em detrimento com a ordem jurídica.
- É causa de NULIDADE do negócio jurídico
- Poderá ser:
	a) ABSOLUTA
- É uma situação jurídica irreal e lesiva a direito de terceiro, formada por ato jurídico perfeito, porém ineficaz. 
- Exemplo: para livra-se da partilha de bens em separação judicial, o cônjuge simula negócio com amigo, contraindo falsamente uma dívida, objetivando transferir-lhe os bens em prejuízo da esposa. Anula-se todo o ato.
	b) RELATIVA (ou dissimulação) 
- É uma declaração de vontade ou confissão falsa, com o objetivo de encobrir ato de natureza diversa. As partes pretendem atingir efeitos jurídicos concretos, embora vedados por lei.
- Exemplo: homem casado quer doar um bem à sua amante, e simula um contrato de compra e venda com ela., ou ainda pré-datar ou pós-datar documento, objetivando situar o negócio em data diversa da verídica. 
- Resguardam-se os efeitos do ato dissimulado, se for válido em sua substância e forma (se não for contrário á lei nem causar prejuízo a terceiros).
REPRESENTAÇÃO
1. CONCEITO
- É a realização de um negócio jurídico em nome de OUTRA pessoa, sobre quem devem recair os efeitos negociais. 
 Representante: aquele que celebra o negócio em nome de outrem. Embora praticando o ato, não assume a titularidade da relação, nem é, de regra, o destinatário de seus efeitos, nem responsável por sua execução.
 Representado: aquele sobre o qual recairão os efeitos do negócio jurídico
 Poder de representação: é o poder que alguém concede a outrem para agir, com eficácia jurídica, em nome do concedente. Caracteriza uma situação jurídica atribuída ao representante, na qual este pode atuar com eficácia na esfera jurídica alheia. Tem sua fonte na lei, na autonomia privada ou em decisão judicial.
- Característica essencial: “contemplatio domini” significa a publicidade, o conhecimento de que um ato está sendo realizado em nome alheio o representante tem o dever de provar às pessoas, com quem vier a contratar em nome do representado, (1) a qualidade e (2) a extensão de seus poderes, sob pena de responder pelos atos negociais que a estes excederem (art. 118)
 - Ex: Bia, em nome de Ana, e nos limites do poder que esta lhe concedeu, vende a cada de Ana a José. Quem pratica o ato é Bia, a representante, mas as conseqüências do negócio jurídico recairão sobre Ana. 
- Geralmente são atos jurídicos no interesse do representado, mas esse interesse não é elemento do conceito da representação. Para existir a representação, basta que o negócio seja concluído em nome do representado. A representação legal tem sempre lugar no interesse do representado, enquanto a voluntária pode realizar-se no interesse do próprio representante, como ocorre, por exemplo, na procuração em causa própria.
- Fundamento: liberdade jurídica das pessoas, a autonomia privada, que permite a delegação de poderes do representado ao representante
- Em regra, podem ser praticados por via intermediária todos os atos, excluídos os personalíssimos.
- As PJ´s não são representadas por quem seus estatutos designarem mas presentadas pois os diretores agem como se fosse a própria PJ. Não existe, no caso, duplicidade de vontade, pois falta declaração volitiva do representante em lugar do representado. A PJ projeta sua vontade no mundo jurídico por meio de seus órgãos.
- O ausente pode ser representado (art. 22) destinado-se a curadoria de ausentes a proteger-lhes os interesses. Também o nascituro pode ser representado, com a mesma finalidade (arts. 1.778 e 1.779)
2. INTERPOSIÇÃO x REPRESENTAÇÃO
- Interposição (representação imprópria): diferencia-se da representação própria por NÃO haver a “contemplatio domini”. Não havendo a contemplatio domini, não há representação e não há eficácia. 
- Ex: Vou comprar uma mesa em nome de minha mãe mas não declaro isso a público, o vendedor não sabe. 
- A interposição é permitida mas em alguns casos ocorre na forma de simulação (por ex, “laranja”), o que acarreta a nulidade do ato.
3. ESPÉCIES DE REPRESENTAÇÃO (art. 115)
a) Legal
- É aquela cujos poderes de representação são conferidos pela lei, que os disciplina e limita, independentemente da vontade do representante, que não pode ser privado do respectivo poder por ato do representado Esse poder é intransferível ou indelegável pelo titular, pelo caráter personalíssimo do seu exercício (arts 1.634 V, 1.747 I e 1.774)
- Ex: Pais (art. 115 1ª parte, 1.634 V, 1.690), tutores (art. 1.747 I), curadores (art. 1.774) 
b) Voluntáriaou Convencional
- É aquela cujos poderes de representação são conferidos por declaração de vontade do representado, necessariamente capaz.
- Sua fonte + freqüente é o mandato com representação (art. 653), cujo instrumento é a procuração.
- Finalidade: viabilizar a ajuda de uma pessoa na gestão ou defesa de interesses alheios, superando as dificuldades de ordem material que impeçam a atuação própria do principal interessado (representado).
- Enquanto a representação legal tem a função de facilitar a prática de atos que o representado sozinho não pode concluir, na representação voluntária, o representante nada pode fazer que o representado não possa. Nesta, o poder da representação é concedido pelo representado, que pode revogá-lo potestativamente, praticando ele próprio os atos que incumbira ao representante.
- Pressupõe uma declaração de vontade, um negócio jurídico unilateral
c) Judicial
- É a representação outorgada pelo juiz, na forma da lei. Admitida por uma parte da doutrina. Na verdade, nada mais é do que uma representação legal, pois prevista em lei.
- Ex: Síndico na massa falida, síndico de edifícios de apartamentos, comissário, liquidante, inventariante nos processos de falência, concordata, dissolução de pessoas jurídicas ou inventário
d) Aparente
- Esta classificação vem da doutrina. Aqui ocorre a “contemplatio domini” mas o representante realiza negócio com terceiro, mas agindo em nome de outrem, e sem ter recebido deste os poderes de representação. 
- A representação aqui vai produzir os efeitos? Depende.
Se houverem circunstâncias concretas que tenham permitido o representante atuar em nome alheio, os efeitos do negócio de produzirão, e o representado responderá por eles.
- Ex> José é representante aparente (isto é, não recebeu os poderes) de uma Corretora, negociando como corretor, em nome desta. A empresa, apesar de não ter concedido poderes para tanto, reservava uma sala para José e dava todas as condições para o seu trabalho, porém sem haver qq vínculo trabalhista A própria Corretora dava, portanto, subsídios para que José agisse em seu nome As pessoas que celebraram negócios com José conseguiram, em juízo, responsabilizar a Corretora por prejuízos havidos com a celebração do negócio.
Negócio celebrado sem autorização do representado:
Via de regra: NÃO produz efeitos – mas produzirá se o representante ratificar o ato depois (chamado de transmissão posterior de poderes) Então, o negócio será válido
Procuração x Contrato de Mandato
- Na representação voluntária, o poder de representação nasce e se exerce por meio da procuração (= negócio jurídico unilateral com que uma pessoa outorga voluntariamente a outra o poder da representação).
- A procuração é a forma pela qual se estampa o mandato, é figura autônoma e independente dele, porque na maioria das vezes, a procuração tem em mira regular unicamente a relação interna de gestão entre mandante e mandatário. Deve ser instituída a procuração como mero instrumento do mandato. Todavia, fica assentado que, sempre que houver mandato, haverá procuração.
	Alguns autores entendem que pode haver representação sem a existência de mandato, ainda que o representado ignore inicialmente os atos praticados por sua conta. É o caso da representação aparente.
- A procuração é um instrumento não essencial da representação, é apenas um instrumento de exercício (meio para exercer) e meio de prova para a representação perante terceiros.
- Natureza: é negócio jurídico unilateral, receptício e abstrato.
negócio jurídico por ser declaração de vontade, preceito de autonomia privada dirigido à regulamentação de uma situação de interesses; 
unilateral porque, para a sua existência / validade / e eficácia, necessita apenas da declaração de vontade do outorgante; 
receptício no sentido de que a declaração de vontade dirige-se a determinada pessoa, estabelecendo entre ela e o representado a relação jurídica representativa;
abstrato
- Procuração (unilateral) x Mandato (bilateral): ambos dentro da representação voluntária
- O mandato requer a aceitação do mandatário, serve para regulamentar a representação voluntária
 Explica-se: quando decido ser representado por alguém, essa representação pode ser regulamentada ou não. Se eu optar pela regulamentação, posso fazer um contrato de mandato (instrumento típico porque previsto no CC) ou não (posso fazer por outros tipos de contrato)
- A procuração existe e é eficaz ainda que não exista, ou seja ilícita, uma relação jurídica subjacente a que esteja diretamente ligada, como, por exemplo, um mandato.
4. LIMITES DA REPRESENTAÇÃO
- O representante deve atuar sempre dentro dos limites:
I) na representação legal pelos limites definidos em lei
II) na representação voluntária pelos limites definidos pelo representado (limites definidos na procuração)
II.a) O 1° limite a ser verificado é quanto ao excesso de poderes:
- art. 116: toda vez que o representante agir DENTRO dos limites definidos pelo representado, os efeitos recaem sobre este
- art. 118: agindo o representante FORA dos limites, responde ele pelos atos excedidos. O ônus é do representado (ônus = situação subjetiva), que deve provar a existência do excesso de poderes e a amplitude que alcançaram.
II.b) O 2° limite é quanto aos conflitos que possam ocorrer entre os interesses do representado e representante.
- art. 119: é anulável o ato contrário ao interesse do representado por meio de ação de anulação – “o ato pode ser anulado SE tal fato (= conflito de interesses) era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou”
 “de quem” : o 3°
 “aquele”: representante
Ex: Ana = representada Conflito de interesses
 Bia = representante
 Pedro = terceiro
- Se Pedro sabia do conhecimento de conflito, o negócio é anulável. 
- Quem prova? A representada tem que provar que Pedro sabia.
- Se Pedro não sabia (boa fé subjetiva), o contrato será válido em respeito ao 3° de boa fé. Em razão de sua ignorância, ele será protegido.
- Art. 119: delimita o prazo decadencial de 180 dias contado (1) da conclusão do ato negocial ou (2) da cessação da incapacidade do representado para a declaração de anulabilidade – passado esse prazo, se Pedro sabia do conflito de interesses e Ana não anula, ela não pode + requerer a anulação.
5. CAPACIDADE ESPECIAL OU LEGITIMAÇÃO
A capacidade especial ou legitimação distingue-se da capacidade geral das partes pois, para que o negócio seja perfeito, não basta que o agente seja plenamente capaz; é imprescindível que seja parte legítima, isto é, que tenha competência para praticá-lo, dada a sua posição em relação a certos interesses jurídicos. 
Portanto, embora capazes:
- o casado não tem, salvo se casado sob o regime de separação absoluta, capacidade para vender imóvel sem a outorga uxória ou marital ou suprimento judicial desta (art. 1.647 I). 
- o ascendente não pode vender bens a descendente, sem que os outros descendentes e o cônjuge do alienando, exceto se casado sob o regime de separação obrigatório, consintam expressamente (art. 496 e pu). 
- o indigno de suceder não tem capacidade para herdar da pessoa em relação à qual é indigno (arts. 1.814 a 1.818)
- o tutor está impedido de adquirir bens do pupilo, ainda que em hasta pública, o mesmo ocorrendo com o curador, testamenteiro e administrador (art. 497 I), no que diz respeito aos bens confiados à sua guarda e administração
	A falta de legitimação pode tornar o negócio nulo ou anulável. Assim, se o marido vender um apto sem o consentimento de sua mulher, esta alienação será anulada (arts. 1.649 e 1.650), exceto se o regime de bens for o da separação (ar. 1.647).
6. CONTRATO CONSIGO MESMO (art. 117)
- Hipótese em que o representante pratica o negócio com dupla qualidade: a de representante e a de parte, em negócio jurídico bilateral. 
- O CC dispõe ser anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo, SALVO se o permitir (1) a lei ou (2) o representado (art. 117).
- Teoricamente, não há que impeça a

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