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AVALIAÇÃO DO RN, APGAR, MANOBRAS; ADAPTAÇÕES DOS SISTEMAS CARDIOVASCULAR E RESPIRATORIO DO RN; ENLEAMENTO E ALOJAMENTO CONJUNTO.

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Yslane Costa - Medicina 
 
 
AVALIAÇÃO DO RN, APGAR, MANOBRAS; ADAPTAÇÕES DOS SISTEMAS 
CARDIOVASCULAR E RESPIRATORIO DO RN; ENLEAMENTO E ALOJAMENTO 
CONJUNTO. 
 
Analisar a avaliação do RN, considerando o apgar e as manobras iniciais na escala 
igual ou maior que 7 na sala de parto 
 
Características em que tem maior nível de RN ser de risco: 
• Baixo nível socioeconômico. 
• História de morte de criança menor de 5 anos na família. 
• Criança explicitamente indesejada. 
• Mãe adolescente (<20 anos). 
• RN pré-termo (<37 semanas). 
• RN com baixo peso ao nascer (<2.500 g). 
• Mãe com baixa instrução (<oito anos de estudo). 
Sugerem-se os seguintes critérios para identificar o RN de alto risco: 
• RN com asfixia grave ao nascer (Apgar <7 no 5o min). 
• RN pré-termo com peso ao nascer <2.000 g. 
• RN <35 semanas de idade gestacional. 
• RN com outras doenças graves. 
Atenção qualificada ao parto 
Aompanhamento adequado do trabalho de parto, utilização do partograma, promoção do 
trabalho de parto fisiológico evitando-se intervenções desnecessárias que interferem na 
sua evolução (como ocitocina endovenosa de rotina, restrição ao leito, jejum, entre 
outras) e assistência adequada na sala de parto. 
Destacam-se ainda: 
- Direito a acompanhante da gestante e puérpera durante o trabalho de parto e parto(Lei 
Federal n° 11.108, de 7 de abril de 2005) e para o bebê,com garantia de alojamento 
conjunto, inclusive se for necessária a internação do bebê. 
- Promoção do contato mãe-bebê imediato após o parto para o bebê saudável, evitando-
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se intervenções desnecessárias de rotina e que interferem nessa interação nas primeiras 
horas de vida; estimular o contato pele a pele e o aleitamento materno na 
primeira hora de vida. 
Preparo para a assistência 
• Realização de anamnese materna. 
 
• Disponibilidade do material para atendimento 
Deve ser preparado, testado e estar disponível, em local de fácil acesso, antes do 
nascimento. Esse material é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias 
aéreas, ventilação e administração de medicações. A temperatura ambiente na sala de 
parto deve ser, no mínimo, de 260C 
• Presença de equipe treinada em reanimação neonatal 
 
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Avaliação da vitalidade ao nascer 
Gestação a termo? 
Ausência de mecônio(substância verde-escura, constituída por muco, enzimas e sais de 
bile, que se encontra no intestino)? 
Respirando ou chorando? 
Tônus muscular bom? 
A determinação da necessidade de reanimação e a avaliação de sua eficácia dependem 
da avaliação simultânea de dois sinais: 
• Respiração. (deve ser de maneira regular e suficiente para manter a FC 100bpm) 
• Frequência cardíaca (FC) (Avaliada geralmente por meio de ausculta do precórdio) 
Nos RNs que não precisam de procedimentos de reanimação ao nascer, a saturação de 
oxigênio com um minuto de vida situa-se ao redor de 60% – 65%, só atingindo valores 
de 87% – 92% no quinto minuto de vida. 
Boletim de Apgar 
- Não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem 
as manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento 
- Se o escore é inferior a sete no quinto minuto, recomenda-se sua aplicação a 
cada cinco minutos, até 20 minutos de vida 
 BPM – batimentos por minuto; VPP – ventilação com pressão positiva com 
balão/ventilador manual 
e máscara; CPAP – pressão 
positiva contínua nas vias 
aéreas; IOT – intubação 
traqueal; M. Cardíaca – 
massagem cardíaca; 
Adren./Expansor – 
Adrenalina/Expansor de 
volume 
- A frequência respiratória 
média é de 40 a 60 incursões 
por minuto (contada em 1 
minuto) 
- A frequência cardíaca varia, 
em média, de 120 a 140 bpm. 
RNs em repouso com 
Se a resposta é sim a todas 
as perguntas, considera-se 
que o RN está com 
boa vitalidade e não 
necessita de manobras de 
reanimação 
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frequência cardíaca acima de 160 bpm (taquicardia) devem ser mais bem avaliados. 
- Desconforto respiratório: avalia o esforço e ritmo respiratório. A presença de 
dificuldade respiratória pode revelar tanto comprometimento pulmonar (doença de 
membrana hialina, aspiração de mecônio, pneumotórax, etc.) como extrapulmonar 
(acidose, malformação cardíaca, hérnia diafragmática, atresia de coanas, etc.). 
- Traumas obstétricos: lesões de pele, de partes moles, fraturas, lesões do sistema 
nervoso central, do sistema nervoso periférico e lesões viscerais. 
- Defeitos externos: malformações externas que exigem atendimento de urgência, como 
onfalocele, gastrosquise, extrofia de bexiga, meningomielocele, síndrome de Pierre-
Robin. 
- Exame dos orifícios: atresia de coanas; atresia anal, atresia esofágica. 
- Exame da placenta e cordão umbilical: as alterações grosseiras na placenta e cordão 
umbilical podem auxiliar no cuidado neonatal e contribuir para o esclarecimento 
diagnóstico de situações como desnutrição, asfixia, infecções, etc. 
Apgar de 1 e 5 minutos acima de 7, recomenda-se que após 1 hora de contato pele 
a pele, sejam verificados: 
 Exame dos orifícios: permeabilidade dos orifícios naturais do corpo para o diagnóstico 
de fenda palatina, atresia de esôfago e anomalias anorretais. 
 Medidas do RN: realizar mensuração do peso de nascimento, A Antoprometria 
(comprimento, perímetro cefálico e torácico ) poderão ser postergados e realizados no 
momento antes do primeiro banho e comparar essas medidas com curvas padrões. 
 Determinação da idade gestacional: a estimativa da idade gestacional permite a 
classificação do RN como a termo, pré-termo, ou pós-termo e auxilia no 
estabelecimento de risco de comprometimento neonatal ou de desenvolvimento em 
longo prazo. Esta estimativa é feita através do cálculo da amenorréia, que pode ser 
confirmada por vários métodos como a ecografia fetal, avaliação clínica e/ou 
neurológica, determinação da idade radiológica pelo aparecimento dos núcleos de 
ossificação, nível de hemoglobina fetal, eletrencefalograma, entre outros A discrepância 
da idade gestacional entre os vários métodos impõe a necessidade de se considerar a 
melhor avaliação. Dentre as várias possibilidades, a primeira escolha se baseia na 
amenorréia, desde que a informação seja confiável, seguida por ecografia fetal precoce 
(antes de 12 semanas) e pela avaliação clínica. 
Método New Bollard 
POSTURA – Com o RN em repouso, observar a atitude dos 4 
membros. 
O. Deflexão total dos 4 membros. 
1. Flexão ligeira dos quadris e joelhos. 
2. Flexão moderada ou acentuada dos membros inferiores e 
discreta flexão do antebraço. 
3. Membros inferiores em flexão, quadris abduzidos, com membros superiores com 
alguma flexão (posição de batráquio). 
4. Os quatro membros apresentam flexão igual e forte. 
ÂNGULO DE FLEXÃO DO PUNHO – Flexionar a mão sobre o punho, exercendo 
pressão suficiente para obter o máximo de flexão possível. Medir o ângulo entre a 
iminência hipotenar e a face anterior do antebraço. 
RETRAÇÃO DO BRAÇO – Flexionar ao máximo o antebraço durante 5 segundos, 
em seguida estender ao máximo através de tração das mãos, soltando em seguida 
observando o ângulo entre o braço e antebraço. 
ÂNGULO POPLÍTEO – Com o RN em decúbito dorsal e a pelve apoiada na 
superfície da mesa de exame, a perna é flexionada por completo sobre a coxa com uma 
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das mãos, e com a outra mão a perna é estendida, observando-se o ângulo obtido. 
SINAL DO XALE – Com o RN em decúbito dorsal, segurar umas das mãos e levá-la o 
máximo possível em direção ao ombro do lado contralateral. Permite-se levantar o 
cotovelo sobre o corpo. A contagem de pontos se faz segundo a localização do cotovelo. 
Menos 1: cotovelo ultrapassa a linha axilar do lado oposto. 
O: cotovelo atinge a linha a linha axilar anterior contralateral. 
1: permanece entre a linha axilar contralateral e a linha média. 
2: cotovelo na linha média do tórax. 
3: cotovelo não chega àlinha média do tórax. 
MANOBRA DE CALCANHAR-ORELHA - Levar um dos pés ao máximo possível 
em direção à cabeça, mantendo a pelve sobre a mesa. 
Método de Capurro 
Usado para todos os recém-nascidos do alojamento conjunto com base nos dados da 
tabela abaixo. A avaliação da idade gestacional em semanas, é feita com a soma do total 
de pontos obtidos mais 204 e o resultado dividido por 7. 
 
 
Assistência ao RN a termo com boa vitalidade ao nascer 
Está respirando ou chorando e com tônusmuscular em flexão, sem a presença de líquido 
amniótico meconial, a criança apresenta boavitalidade e não necessita de qualquer 
manobra de reanimação. 
- O RN a termo com boa vitalidade deve ser secado e posicionado sobre o abdome da 
mãe ou ao nível da placenta por, no mínimo, um minuto, até o cordão umbilical parar de 
pulsar (aproximadamente três minutos após o nascimento), para só então realizar-se o 
clampeamento. 
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- Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax 
materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo-se que o 
posicionamento da criança permita movimentos respiratórios efetivos. O contato pele a 
pele imediatamente após o nascimento, em temperatura ambiente de 260C, reduz o risco 
de hipotermia em RNs a termo que nascem com respiração espontânea e que não 
necessitam de ventilação, desde que cobertos com campos preaquecidos. Nesse 
momento, podem-se iniciar a amamentação. 
Após a realização dos cuidados de rotina na sala de parto, a serem relatados ao final do 
texto, o RN, em boas condições clínicas, deve ser encaminhado com a mãe ao 
alojamento conjunto. 
Curvas de Fenton 
Valores de peso, perímetro cefálico e comprimento de recém-nascidos. 
Avaliar desde o estado de nutricão intrauterino ao crescimento pós-natal, ou seja, de 24 
semanas de gestacão até 50 semanas de idade pós-menstrual de um prematuro (até 10 
semanas após termo), na sequência são suavizadas para a curva da Organizacão 
Mundial da Saúde (OMS) de 2006. São específicas para cada gênero (meninas e 
meninos), estratificadas em percentis (3 a 97), quantificam desvios acima ou abaixo do 
esperado e definem um padrão ideal a partir do cálculo do escore-z. 
1ª parte da curva (23 a 40 semanas): padrão do crescimento ideal (intrauterino). 
Metanálise de estudos 1990 - 2007 com somatometria ao nascer, de 6 países 
desenvolvidos 
2ª parte da curva (40 a 50 semanas): referência (crescimento real de crianças em 
condições ideais) com base nas Curvas longitudinais da OMS 
Grande para idade gestacional (GIG) 
Pequeno para idade gestacional (PIG) 
Adequado para idade gestacional (AIG) 
Curvas Intergrowth 
Escrevem como crescem os recém-nascidos sem anormalidades, são adequadas para 
prematuros com idade gestacional acima de 33 semanas porque O Intergrowth-21st 
Consortium também publicou padrões de crescimento para peso de nascimento e gênero 
de neonatos na faixa de idade gestacional de 33 a 42 semanas de gestac¸ão, mas não 
para prematuros abaixo de 33 semanas, uma vez que muito poucos nascimentos 
ocorreram antes de 33 semanas. 
A partir de 27 semanas? 
Idade gestacional a partir de ultrassonografia precoce 
Medidas antropométricas com técnica padronizada, com instrumentos adequados e 
calibrados 
Fatores de inclusão: 
RN único 
Mães saudáveis, pré-natal iniciado antes de 14 semanas submetidos às práticas 
recomendadas de cuidado neonatal (standardization of neonatal clinical practice - 
BJOG, 2013) Submetidos às práticas recomendadas de alimentação e nutrição 
(sociedade europeia de pediatria, gastroenterologia, hepatologia e nutrição) 
Cuidados de rotina após a estabilização clínica do RN na sala de parto 
Os seguintes procedimentos devem ser realizados em sequência: 
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 Laqueadura do cordão umbilical. Fixar o clamp à distância de 2 a 3 cm do anel 
umbilical, envolvendo o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou 
clorexidina alcoólica 0,5%.11 Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro 
fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a 
existência de artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. 
 Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé. Retirar o vérnix 
(substância esbranquiçada e gordurosa) da região ocular com gaze seca ou umedecida 
com água, sendo contraindicado qualquer solução salina. Afastar as pálpebras e 
instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada 
olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular 
para fazer com que o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do 
globo ocular ou se houver dúvida, repetir o procedimento. Limpar com gaze seca o 
excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser realizada na primeira 
hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. 
 Antropometria. Realizar exame físico simplificado, incluindo peso, comprimento e 
os perímetros cefálico, torácico e abdominal. 
 Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K. Administrar 1mg de 
vitamina K por via intramuscular ou subcutânea ao nascimento. 
 Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal. Coletar sangue da mãe e do 
cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é 
necessário realizar o teste de Coombs direto de rotina. No caso de mãe Rh negativo, 
deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs indireto na mãe e 
Coombs direto no sangue do cordão umbilical. 
 Realização da sorologia para sífilis e HIV. Coletar sangue materno para determinar 
a sorologia para sífilis. Caso a gestante não tenha realizado sorologia para HIV no 
último trimestre da gravidez ou o resultado não estiver disponível no dia do parto, 
deve-se fazer o teste rápido para anti-HIV o mais breve possível e deve-se administrar 
a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo. 
 Identificação do RN. O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 10 do Capítulo 
1) regulamenta a identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e 
digital e da impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. 
Pulseiras devem ser colocadas na mãe e no RN, contendo o nome da mãe, o registro 
hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. 
 
Analisar as adaptações do RN. (sistema respiratório e circulatório) 
 
Sistema cardiovascular 
Ajustes circulatórios imediatos que permitem o fluxo sanguíneo adequado aos pulmões, 
que faz com que mais sangue chega ao fígado do bebê. 
Estrutura Anatômica Específica da Circulação Fetal 
Uma vez que os pulmões são basicamente não funcionantes, durante a vida fetal, e o 
fígado é apenas parcialmente funcional, não é preciso que o coração do feto bombeie 
muito sangue pelos pulmões ou fígado. 
O coração do feto precisa bombear grande quantidade de sangue pela placenta. 
O sangue que retorna da placenta pela veia umbilical atravessa o ducto venoso, 
basicamente deixando o fígado fora do circuito. Maior parte do sangue que entra no 
átrio direito vindo da veia cava inferior, passa pelo forame oval e entra diretamente no 
átrio esquerdo. Assim, o sangue bem oxigenado da placenta entra basicamente no lado 
esquerdo do coração, é bombeado pelo ventrículo esquerdo, em sua maior parte, para as 
artérias da cabeça e membros anteriores. 
O sangue que entra no átrio direito, vindo da veia cava superior, é direcionado para 
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baixo através da valva tricúspide para o ventrículo direito. Esse sangue é desoxigenado 
da região da cabeça do feto e é bombeado pelo ventrículo direito para a artéria pulmonar 
e, então, em sua maior parte, através do ducto arterioso, para a aorta descendente e, em 
seguida, através das duas artérias umbilicais, para a placenta, onde o sangue 
desoxigenado é oxigenado. 
Mudanças na CirculaçãoFetal ao Nascimento 
Resistências Vascular Sistêmica Aumentada e Pulmonar Diminuída ao Nascimento 
Mudanças: 
- A perda do enorme fluxo sanguíneo pela placenta que duplica a resistência vascular 
sistêmica ao nascimento. A resistência vascular sistêmica duplicada aumenta a pressão 
aórtica e as pressões no ventrículo esquerdo e no átrio esquerdo. 
- A resistência vascular pulmonar diminui muito, em decorrência da expansão dos 
pulmões. Os pulmões fetais não expandidos, os vasos sanguíneos estão colapsados 
devido ao pequeno volume dos pulmões, com a expansão dos pulmões os vasos não 
ficam mais comprimidos, e a resistência do fluxo de sangue diminui. 
Fechamento do Forame Oval 
A baixa pressão atrial direita e a alta pressão atrial esquerda, que ocorrem 
secundariamente às mudanças das resistências pulmonar e sistêmica ao nascimento, 
fazem com que o sangue tente fluir de volta através do forame oval; ou seja, do átrio 
esquerdo para o átrio direito, em vez de na direção contrária, como ocorria durante a 
vida fetal. Consequentemente, a pequena válvula que repousa sobre o forame oval, no 
lado esquerdo do septo atrial, se fecha sobre essa abertura, evitando assim o fluxo de 
sangue através do forame oval. Em dois terços de todas as pessoas, a válvula adere-se 
ao forame oval, dentro de alguns meses a anos, produzindo um fechamento permanente. 
Mas, mesmo se não ocorrer o fechamento permanente, um estado patológico 
denominado forame oval patente, a pressão atrial esquerda durante toda a vida 
permanecerá, normalmente, entre 2 e 4 mmHg maior que a pressão atrial direita, e a 
pressão retrógrada manterá a válvula fechada. 
Fechamento do Ducto Arterioso 
A resistência sistêmica elevada aumenta a pressão aórtica, enquanto a menor resistência 
pulmonar diminui a pressão arterial pulmonar. Então o sangue começa a fluir de volta 
da aorta para a artéria pulmonar, através do ducto arterioso, em vez de na outra direção, 
como era na vida fetal. Entretanto, depois de algumas horas, a parede muscular do ducto 
arterioso se contrai de modo acentuado e, em 1 a 8 dias, a constrição é normalmente 
suficiente para interromper o fluxo sanguíneo. É o fechamento funcional do ducto 
arterioso. Então, durante o próximo período de 1 a 4 meses, o ducto arterioso em geral é 
anatomicamente ocluído pelo crescimento de tecido fibroso em seu lúmen. Com a 
persistência do canal arterial, metade a dois terços do sangue aórtico refluem por esse 
canal para a artéria pulmonar, a seguir pelos pulmões e, por fim, voltando ao ventrículo 
esquerdo e aorta, passando pelos pulmões e pelo lado esquerdo do coração duas ou mais 
vezes a cada passada pela circulação sistêmica. As pessoas com essa condição clínica 
não apresentam cianose, a não ser na fase mais avançada da vida, quando ocorre 
insuficiência cardíaca ou congestão pulmonar. 
Fechamento do Ducto Venoso 
Na vida fetal, o sangue portal do abdome do feto junta-se ao sangue da veia umbilical, 
e, juntos, passam através do ducto venoso de modo direto para a veia cava, 
imediatamente acima do coração, mas abaixo do fígado, desviando-se, assim, do fígado. 
ós o nascimento, o fluxo de sangue pela veia umbilical cessa, mas grande parte do 
sangue portal continua a fluir pelo ducto venoso, com pequena quantidade passando 
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pelos canais do fígado. Entretanto, em 1 a 3 horas, a parede muscular do ducto venoso 
se contrai fortemente e fecha essa via de fluxo. 
Volume Sanguíneo. 
O volume sanguíneo do recém-nascido, imediatamente após o nascimento, é de 
aproximadamente 300 mililitros em média, porém, se o bebê ficar preso à placenta por 
alguns minutos depois de nascer ou se o cordão umbilical for pressionado para forçar o 
sangue para fora de seus vasos para o bebê, mais 75 mililitros de sangue entram no 
neonato, perfazendo o total de 375 mililitros. Então, durante algumas horas depois, o 
líquido penetra os espaços teciduais do recém nascido proveniente desse sangue, 
aumentando o hematócrito, mas restaurando o volume de sangue novamente ao valor 
normal em torno de 300 mililitros. Alguns pediatras acreditam que esse volume extra de 
sangue, causado pela ordenha do cordão umbilical, possa levar a edema pulmonar 
brando com certo grau de angústia respiratória, mas as hemácias extras muitas vezes são 
valiosas para o bebê (geralmente é de 4 milhões, e com esse sangue a mais sobre cerca 
0.5 ou 0,75milhão durante as primeiras horas). 
 
Débito Cardíaco. 
O débito cardíaco do recém-nascido é de, em média, 500 mL/min. Ocasionalmente, a 
criança nasce com débito cardíaco particularmente baixo, causado por hemorragia 
de grande parte de seu volume sanguíneo na placenta, ao nascer. 
 
Pressão Arterial. 
A pressão arterial durante o primeiro dia de vida é, em média, de 70 mmHg (sistólica) e 
50 mmHg (diastólica), aumentando lentamente durante os meses subsequentes para 
cerca de 90/60. Então, ocorre aumento ainda mais estável, nos anos subsequentes, até 
chegar à pressão adulta de 115/70 na adolescência. 
Sistema respiratório 
1° ajuste é perda da conexão placentária com a mãe e, portanto, a perda de seu meio de 
suporte metabólico. 
Causa da Respiração ao Nascimento 
A respiração é iniciada pela repentina exposição ao mundo exterior, provavelmente 
resultante de estado levemente asfixiado, incidente ao processo do nascimento e de 
impulsos sensoriais que se originam na pele subitamente resfriada. Em bebê que não 
respira imediatamente, o corpo fica progressivamente mais hipóxico (baixa de O2) e 
hipercápnico (alta de CO2), o que representa estímulo adicional ao centro respiratório e, 
geralmente, provoca a respiração dentro de mais 1 minuto depois do nascimento. 
Se a mãe tiver sido deprimida por anestésico geral durante a expulsão no trabalho de 
parto, o que parcialmente anestesia também o feto, respiração pode demorar alguns 
minutos. 
Bebês que tiveram trauma cefálico durante a expulsão ou que foram submetidos a 
trabalho de parto muito prolongado custam a respirar e às vezes até não respiram. pode 
resultar de dois possíveis efeitos: primeiro, em alguns bebês, hemorragia intracraniana 
ou contusão cerebral causa síndrome de concussão, com grande depressão do centro 
respiratório. Em segundo lugar, e provavelmente muito mais importante, a hipóxia fetal 
prolongada durante a expulsão pode causar séria depressão do centro respiratório. 
A hipoxia, com frequência, ocorre durante o parto devido a: 
(1) compressão do cordão umbilical; 
(2) separação prematura da placenta; 
(3) contração excessiva do útero, que pode cortar o fluxo de sangue da mãe para a 
placenta 
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(4) anestesia excessiva da mãe, o que deprime a oxigenação de seu próprio sangue. 
Grau de Hipoxia que o Bebê Pode Tolerar sobrevive por até 10 minutos sem respirar 
depois de nascer (mas comprometimento cerebral irá ocorrer, se demorar mais de 8 a 10 
minutos) 
Expansão dos Pulmões ao Nascimento. Quando o bebê nasce, as paredes dos alvéolos, 
primeiramente, estão colapsadas devido à tensão superficial do líquido viscoso em seu 
interior. Normalmente, é preciso mais de 25 mmHg de pressão inspiratória negativa nos 
pulmões para ir contra a tensão e abrir os alvéolos pela primeira vez. A respiração pode 
ser realizada com movimentos respiratórios relativamente fracos. Felizmente, as 
primeiras inspirações do recém-nascido normal são muito potentes, geralmente capazes 
de criar até 60 mmHg de pressão negativa no espaço intrapleural. 
Síndrome da Angústia Respiratória Causada pela Deficiência de Secreção de 
Surfactantes – Ocorre em poucos bebes como os que vêm de mãe diabéticas ou 
prematuros; s alvéolos desses bebês no óbito contêm grande quantidade de líquido 
proteináceo, quase como se o líquido do plasma tivesse vazado dos capilares para os 
alvéolos. O líquido contém ainda células epiteliais alveolares descamadas. Essa 
condição é denominada doença da membranahialina, também tem uma falha do epitélio 
respiratório que gera uma menor produção de surfactante (esse vai ser responsável por 
ajuda a diminuir a tensão do líquido alveolar), gerando uma tendência ao colapso dos 
alvéolos. 
- A frequência respiratória normal do recém-nascido fica em torno de 40 respirações por 
minuto, e o volume de ar corrente em cada respiração é, em média, de 16 mililitros. Isto 
dá um volume respiratório minuto total de 640 mL/min, que é cerca de duas vezes maior 
em relação ao peso corporal de um adulto. 
Analisar o enleamento e o alojamento conjunto, considerando o Hospital Amigo da 
Criança 
 
Alojamento conjunto 
Mãe e bebê devem permanecer juntos após o parto. 
Sempre que as condições da mãe e do RN permitirem, o primeiro contato pele a pele 
deve ser feito imediatamente após o parto. 
Na primeira hora após o parto, o estado de consciência da mãe e do bebê favorece a 
interação entre eles. Nesse período, portanto, o profissional de saúde deve favorecer ao 
máximo o contato íntimo. 
Após a finalização dos procedimentos de sala de parto, a mãe com o RN devem ir para 
um local dentro da maternidade que permita a eles ficarem juntos 24 horas por dia até a 
alta hospitalar. Para isso, foi implantado o sistema de alojamento conjunto nas 
maternidades. 
Deve permanecer em alojamento conjunto até a alta hospitalar: 
• Mães livres de condições que impossibilitem ou contraindiquem o contato com os 
RNs. 
• RN com boa vitalidade, capacidade de sucção e controle térmico. Em geral, 
esses RNs têm mais de 2.000 g, mais de 35 semanas de gestação e índice de Apgar 
maior que seis no quinto minuto. 
Vantagens do alojamento conjunto 
Humanização do atendimento do binômio mãe-filho e sua família. 
• Convivência contínua entre mãe e bebê, o que facilita o conhecimento mútuo e a 
satisfação imediata das necessidades físicas e emocionais do RN. Bebês em alojamento 
conjunto choram menos e dormem mais (permanecem no estado “sono quieto”) do que 
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quando se encontram em berçários. 
• Maior envolvimento dos pais e/ou de outras pessoas significativas no futuro cuidado 
com a criança. 
• Promoção do estabelecimento precoce do vínculo afetivo entre a mãe e o seu filho. Há 
relatos de que o alojamento conjunto aumenta a ligação afetiva da mãe a sua criança e 
reduz os casos de abuso ou de negligência infantil e de abandono da criança. 
• Promoção do aleitamento materno. Vários estudos demonstram o efeito benéfico do 
alojamento conjunto na prática da amamentação: descida do leite mais rápida, melhor 
atitude em relação ao aleitamento materno e tempo mais prolongado de amamentação.5 
• Oportunidade para as mães, em especial as primigestas, aprenderem noções básicas 
dos cuidados com os RNs. Isso aumenta sua autoconfiança. 
• Tranquilidade para as mães que ficam inseguras quanto ao atendimento prestado a 
seus filhos quando não estão perto deles. A ansiedade pode inibir a produção de 
ocitocina, importante para a liberação do leite materno e para a contração do útero, 
enquanto a presença da criança e seu choro costumam estimular o reflexo de ejeção do 
leite. 
• Troca de experiências com outras mães quando compartilham o mesmo quarto, em 
especial com mães mais experientes que também estão cuidando dos seus filhos. 
• Maior interação entre a mãe e sua família e os profissionais de saúde responsáveis pela 
atenção à criança. 
• Diminuição do risco de infecção hospitalar. Há vários relatos de redução das taxas de 
infecção neonatal após a implantação do alojamento conjunto em maternidades 
Recomenda-se, sempre que possível e desejável, que o binômio mãe-filho permaneça no 
alojamento conjunto por, no mínimo, 48 horas. 
Enleamento 
- Redução da mortalidade na infância, Proteção contra diarreia, Proteção contra 
infecções respiratórias, Proteção contra alergias, Proteção contra hipertensão, 
hipercolesterolemia e diabetes, Proteção contra obesidade, Promoção do crescimento, 
desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento da cavidade bucal, Proteção contra câncer 
de mama (na mãe), Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho, Qualidade de vida e 
economia. 
 Tópicos para se abordar com a mãe na fase inicial da amamentação: 
- Noções de fisiologia da lactação 
-Amamentação em livre demanda 
- Noções sobre o leite materno 
- Uso de medicamentos, drogas de abuso, cigarro e álcool 
Importância do envolvimento da família, observação da mamada 
Hospital Amigo da Criança 
 10 passos do aleitamento materno 
 O objetivo é promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, mobilizando os 
funcionários das unidades de saúde para que mudem condutas e rotinas responsáveis 
pelos elevados índices de desmame precoce. 
 A amamentação bem-sucedida é relacionada à diversos fatores. 
 Bebês saudáveis nascidos em Hospitais Amigos da Criança têm menos risco de 
intervenções desnecessárias logo após o parto. 
 O contato pele a pele com a mãe logo após o nascimento, a amamentação na primeira 
hora de vida ainda na sala de parto e o alojamento conjunto foram mais frequentes 
nessas instituições. 
Yslane Costa - Medicina 
 Os Hospitais Amigo da Criança são referência em qualidade e humanização do 
atendimento durante todas as etapas da gestação, parto e nascimento e período 
neonatal precoce. 
Referências: 
 Atenção à saúde do recém-nascido : guia para os profissionais de saúde / 
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. atual. – Brasília : 
Ministério da Saúde, 2014. 
 Tratado de fisiologia médica / John E. Hall. - 13. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 
2017 
 Iniciativa Hospital Amigo da Criança : revista, atualizada e ampliada para o 
cuidado integrado : módulo 1 : histórico e implementação / Fundo das Nações 
Unidas para a Infância. – Brasília : Ministério da Saúde, 2008. 
 MANUAL DE NEONATOLOGIA. Secretaria de Estado da Saúde Agosto/2015. 
USP. 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3905402/mod_resource/content/1/manu
al_de_neonatologia.pdf 
 Padrões de crescimento pós-natal do recém-nascido prematuro: como avaliar. J. 
Pediatr. (Rio J.) vol.95 supl.1 Porto Alegre 2019 Epub Apr 18, 2019 
 
	 Padrões de crescimento pós-natal do recém-nascido prematuro: como avaliar. J. Pediatr. (Rio J.) vol.95 supl.1 Porto Alegre 2019 Epub Apr 18, 2019

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