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Caso Clínico 1 - Osteoartrite INTEGRAÇÃO BÁSICO-CLÍNICO II Grupo: Leonardo Xavier Galdino, Livia Valle dos Santos Silveira, Lucas Brumatti Setubal, Luísa D’Ávila Camargo e Luísa Oliveira Aquino. Caso Clínico Você atende pela primeira vez Zélia, 69 anos, nova residente em uma instituição que acolhe idosos no território de sua Unidade de Saúde da Família. Zélia tem um histórico clínico e familiar confuso, não há informações de prontuário disponíveis, sendo que a consulta acaba por ficar mais restrita a suas queixas atuais. Zélia queixa-se de dor em seu joelho esquerdo há algumas semanas, que não tem alívio com o uso de ibuprofeno e paracetamol (medicamentos disponíveis na instituição). Abaixo observa-se a ectoscopia de seus joelhos. Do que foi possível reconstruir de evolução pregressa do problema, possivelmente Zélia iniciou há pouco mais de uma década com quadro de dores nas mãos que pioravam com o esforço durante o dia (trabalhava em restaurante como cozinheira), evoluindo ao longo dos anos para dores mais frequentes e mais intensas ao longo do dia e também a noite, com rigidez matinal nas mãos que duravam alguns minutos, e surgimento de “deformidades” nos dedos. Ao longo dos anos, passou também a sentir dores semelhantes nos joelhos, com intensidade variável, “inchaço” ocasional, instabilidade, e alguns episódios de grave comprometimento da sua mobilidade. Zélia sentiu o impacto dos seus problemas ao longo dos anos até que as dificuldades com o trabalho foram tantas que acabou por sair de seus empregos. Foi difícil entender a história de como havia chegado à instituição de acolhida: maior detalhamento ficou para o acompanhamento longitudinal. Ao exame físico do joelho esquerdo, observou-se aumento da articulação, edema, deformidade em flexão fixa, crepitação acentuada à palpação, flexão restrita, e aparentemente pequeno derrame articular. Algumas manobras realizadas sugerem que os ligamentos cruzados estavam intactos, mas havia certa instabilidade em varo e valgo no teste de estresse. Além dos exames acima, os exames solicitados de dosagem de colágeno tipo II, enzimas degradadoras de matriz e osteocalcina resultaram todos em valores alterados. Após atender Zélia, você tem uma primeira conversa muito rápida com a coordenadora da instituição. A conversa mostra que este é um problema comum entre os residentes e que a equipe de cuidados da instituição não tem plano específico para lidar com a situação. Termos desconhecidos: ● Instabilidade em varo: ● Valgo no teste de estresse: Palavras-chave: dores nas mãos; rigidez matinal nas mãos; “deformidades” nos dedos; dores no joelho; “inchaço” ocasional, instabilidade, comprometimento da mobilidade; aumento da articulação, edema, deformidade em flexão fixa, crepitação acentuada à palpação, flexão restrita, e aparentemente pequeno derrame articular; instabilidade em varo e valgo no teste de estresse; colágeno tipo II, enzimas degradadoras de matriz e osteocalcina resultaram todos em valores alterados. Questões Norteadoras: ANATOMIA 1. Sobre as articulações sinoviais, quais são os elementos essenciais? Os elementos essenciais são: cápsula articular, cartilagem articular, cavidade articular, líquido sinovial. 2. Qual o papel da cartilagem e do líquido articular? O líquido articular possui a função de lubrificação, diminuindo o atrito durante o movimento e nutrindo a cartilagem articular. Esta por sua vez favorece a absorção de impactos por meio do amortecimento, possibilitando maior proteção para as extremidades ósseas articuladas. 3. Qual a importância do exercício nos pacientes com osteoartrite? A prática de exercícios físicos é essencial para quem deseja tratar a osteoartrite, pois ajuda a fortalecer a musculatura, garante estabilidade às articulações e ainda evita o sobrepeso, bem como estimula a produção do líquido articular em articulaçòes sinoviais e a correção da postura. Desse modo, há a diminuição da carga exercida sobre as articulações, favorecendo a movimentação mais suave e, portanto, não prejudicando a saúde física. IMUNOLOGIA 3. Quais os principais mecanismos imunes associados a imunopatogênese da osteoartrite? A progressão da osteoartrite é uma condição multifatorial impulsionada por um conjunto de componentes, como falha na biomecânica das articulações, cascatas bioquímicas e imunidade celular respondendo a um ambiente inflamatório. Nesse último caso, as citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-1 (IL-1) e fatores de necrose tumoral alfa (TNF-α) , desempenham um papel importante na progressão da doença, estimulando a produção de metaloproteinase da matriz (MMPs), que, por sua vez, aumenta a degradação da matriz da cartilagem. Além das citocinas, receptores de reconhecimento de padrões expressos na superfície, como receptores toll-like 2 e 4, proteínas do sistema complemento, como C5, bem como padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) e padrões moleculares associados a danos (DAMPs) também conduzem a cascata enzimática que degrada a matriz da cartilagem na osteoartrite. 4. Uma droga que impedisse especificamente a ação do sistema imune inato teria algum efeito no tratamento? Sugira um possível alvo terapêutico e justifique? Sim, uma droga que impedisse especificamente a ação do sistema imune inato teria sim efeito no tratamento, visto que os principais ativadores da cascata de degradação da matriz cartilagínea fazem parte da imunidade inata, como as citocinas pró-inflamatórias, os PAMPs e os DAMPs e o sistema complemento. Um possível alvo terapêutico seria a abordagem de citocinas que incluem antagonistas para ambos IL-1 e TNF-α, pois estes são os principais fatores imunológicos que levam a progressão da osteoartrite. BIOQUÍMICA 5. Qual técnica de diagnóstico de imagem poderia ser usada para confirmar a osteoartrite, RM, TC, US ou RX? O diagnóstico de osteoartrite é um diagnóstico clínico, que pode ser confirmado por exames de imagem, principalmente o raio-X. Em casos de osteoartrite, as alterações radiográficas costumam ser muito evidentes, sendo os achados mais comuns: diminuição do espaço articular (que indica perda de massa cartilaginosa); cistos subcondrais (formados pelo acúmulo de líquido sinovial em regiões de microfraturas) e os osteófitos (surgem na tentativa de aumentar a área de distribuição de carga). Dessa forma, a radiografia simples da articulação geralmente é suficiente para visualizar as consequências do processo inflamatório e confirmar o diagnóstico de osteoartrite. No entanto, seja necessária uma confirmação mais precisa, a ressonância magnética pode ser utilizada para fornecer imagens mais detalhadas dos ossos e mostrar a região da cartilagem e tecidos moles ao seu redor. 6. Cite a correlação entre a dosagem de Colágeno tipo II, enzimas degradadoras de matriz com o diagnóstico. A matriz extracelular das cartilagens é composta principalmente por colágeno tipo II e algumas outras proteínas. A renovação das cartilagens é mantida por um equilíbrio entre os processos anabólicos e catabólicos, no entanto, em um estado patológico, como na osteoartrite, a degradação se sobrepõe à formação, resultando em uma perda da matriz da cartilagem. Como o colágeno tipo II está presente apenas na cartilagem articular, em processos de degradação, ele sai da matriz e cai diretamente no líquido sinovial, onde é absorvido pela membrana sinovial e chega ao sangue, sendo posteriormente excretado pela urina. Devido a isso, a concentração de colágeno tipo II se encontra aumentada em casos de osteoartrite e sua dosagem pode auxiliar no diagnóstico. De forma análoga, com maior prevalência do catabolismo, encontra-se um número maior de enzimas degradadoras da matriz extracelular, como as metaloproteínas, assim, sua dosagem aumentada também contribui para o diagnóstico. MEDICINA SOCIAL 7. Aborde de forma sucinta os domínios a serem explorados na avaliação de pessoas com osteoartrite e o impacto da doença na vida da pessoa. A coleta de informações sobre a percepção do paciente quanto a seuestado de saúde consiste usualmente na aplicação de questionários. Um dos questionários mais usados para medir conceitos gerais de saúde é o SF-36, instrumento composto por 36 itens, agrupados em oito domínios: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Tendo em vista o que foi avaliado no paciente do caso clínico, percebe-se que os domínios a serem mais bem explorados em um caso de problemas nas articulações seriam a capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde e aspectos sociais. Por ser uma doença que afeta bastante as articulações e causa muita dor, ela impacta consideravelmente na rotina e qualidade de vida do indivíduo principalmente no âmbito laboral, tendo em vista que pode impedir a realização até mesmo das atividades mais rotineiras, como a da paciente citada no caso, que foi obrigada a abandonar seu emprego de cozinheira por não conseguir mais exercer essa atividade, ficando desempregada. E em uma sociedade onde a venda da sua força de trabalho é essencial para sobrevivência, essa doença vai estar impactando gravemente em diversos âmbitos da vida desse indivíduo. 8. Trace algumas estratégias de intervenção neste cenário na perspectiva de educação para a autonomia. Algumas condições têm a capacidade de mudar a qualidade de vida dos pacientes atingidos pela doença, então quando se fala de perspectiva de educação da autonomia tem-se como ideia o ensino de ferramentas que tem como “objetivo” condicionar que as situações favoráveis ocorram e facilitem a vida de quem possui a OA, além de viabilizar a continuidade da sua autonomia. Condições intra e extra-pessoais que influenciam positivamente esses pacientes: saúde, capacidade funcional e mecanismos de autoaceitação são consideradas condições internas, enquanto ambiente, trabalho, condição de moradia e suporte social são consideradas condições externas.