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Felipe Lima Santos – MED 6º SEM PERDA DE SANGUE SP1 – VÁ DE TÁXI... Nessa situação problemas, abordaremos os seguintes objetivos de estudo: ● Caracterizar hemorragia em traumatismos corporais abertos e fechados; ● Definir e classificar choque; ● Compreender a fisiopatologia (circulação compensatória e mecanismos vasculares envolvidos na formação e dissolução do coagulo); ● Descrever quadro clinico (gravidade e relação com a reposição volêmica), diagnóstico e condutas do choque hemorrágico; ● Conhecer os tipos de hemoderivados e sua aplicação clínica; ● Compreender o manejo inicial do paciente politraumatizado; ● Conhecer as indicações de vacina em casos de esplenectomia; HEMORRAGIA EM TRAUMAS A hemorragia é a perda de sangue através de ferimentos ou pelas cavidades naturais e pode ser também interna, sem exteriorização do sangue ou externa. Podem resultar de um trauma, mas também está presente em diversas condições clínicas. A HEMORRAGIA INTERNA A hemorragia interna ocorre numa cavidade pré-formada no organismo, como peritônio, pleura e pericárdio. O sangue não é observado no exterior, mas o indivíduo pode apresentar-se pálido, taquicárdico, sonolento, com pele fria e úmida. A suspeita pode ser feita através da avaliação do mecanismo do trauma e da avaliação inicial do paciente. As principais áreas de hemorragia interna são o tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos. Nas vítimas de trauma fechado, os órgãos mais acometidos são o baço (40 a 55%), o fígado (35 a 45%) e o intestino delgado (5 a 10%). Já os ferimentos por arma branca geralmente envolvem o fígado (40%), o intestino delgado (30%), o diafragma (20%) e o cólon (15%). As lesões por arma de fogo acometem mais o intestino delgado (50%), o cólon (40%), fígado (30%) e as estruturas vasculares intra-abdominais (25%). A HEMORRAGIA EXTERNA A hemorragia externa no trauma deve ser identificada e controlada durante a avaliação primária. Na abordagem de um sangramento arterial, inicialmente é feita a compressão no local da ferida. Se o sangramento persistir, deve-se aplicar pressão manualmente na artéria proximal à lesão. Se ainda assim, o sangramento persistir, pode ser considerado um torniquete manual ou pneumático. Felipe Lima Santos – MED 6º SEM CHOQUE O primeiro passo para o manejo de choque em pacientes vítimas de trauma é reconhecer sua presença. Uma vez que o choque foi identificado, iniciar o tratamento baseado na sua provável causa. A definição de choque – uma anormalidade no sistema circulatório que resulta em perfusão inadequada dos órgãos e oxigenação dos tecidos – também guia o time de trauma no seu diagnóstico e tratamento. Diagnosticar choque em pacientes vítimas de trauma depende de uma síntese de achados clínicos e testes laboratoriais, sendo assim, nenhum único sinal vital ou teste laboratorial pode, por si só, diagnosticar definitivamente o choque. A equipe de trauma deve rapidamente reconhecer perfusão tecidual inadequada pelos achados clínicos de ocorrem comumente em pacientes de trauma. O segundo passo no manejo de choque é identificar sua causa provável e ajustar o tratamento de acordo. Em pacientes vítimas de trauma, esse processo é relacionado com o mecanismo da injúria. A maioria dos pacientes de trauma, esse processo é relacionado com o mecanismo da injúria. A maioria dos pacientes afetados em choque tem hipovolemia, mas eles podem sofrer de cardiogênico, obstrutivo, neurogênico e ou, mais raramente, séptico. Por exemplo: a tensão do pneumotórax pode reduzir o retorno venoso e produzir assim um choque obstrutivo. Tamponamento cardíaco também produz choque obstrutivo, à medida que o sangue no pericárdio inibe a contratilidade e o débito cardíaco. As responsabilidades para manejo do paciente começam com reconhecer a presença de choque. Inicie o tratamento imediatamente e identifique sua causa provável. A resposta do doente ao tratamento inicial, associada aos achados das avaliações primária e secundária, habitualmente fornece informações suficientes para determinar a causa do choque. A hemorragia é a causa mais comum de choque nos doentes traumatizados. O débito cardíaco é definido com o volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto. Esse valor é determinado através da multiplicação da frequência cardíaca pelo volume sistólico (a quantidade de sangue ejetado a cada contração cardíaca). O volume sistólico é classicamente determinado pela pré-carga, pela contratilidade miocárdica e pela pós-carga. A pré-carga expressa o volume de retorno venoso para o coração e é determinada pela capacitância venosa, pelo estado da volemia e pela diferença entre a pressão venosa sistêmica média e a pressão do átrio direito. A diferença entre estas pressões determina o fluxo venoso. O sistema venoso pode ser considerado um reservatório ou um sistema de capacitância, dentro do qual o volume sanguíneo é dividido em dois componentes: 1. O primeiro componente representa o volume de sangue que permaneceria no circuito de capacitância caso a pressão do sistema fosse igual a zero. Esse componente não contribui para a pressão venosa sistêmica média. 2. O segundo componente representa o volume venoso que contribui para a pressão venosa sistêmica média. Estima-se que cerca de 70% do Felipe Lima Santos – MED 6º SEM volume sanguíneo total esteja contido no circuito venoso. A complacência do sistema venoso envolve uma relação entre o volume venoso e a pressão venosa. Esse gradiente de pressão movimenta o fluxo venoso e, portanto, o volume de retorno venoso ao coração. A perda sanguínea espolia esse componente de volume venoso e reduz o gradiente de pressão; consequentemente o retorno venoso é reduzido. O volume de sangue venoso que retorna para o coração determina o comprimento das fibras musculares miocárdicas após o enchimento ventricular ao final da diástole. De acordo com a lei de Starling, o comprometimento das fibras musculares está relacionado com as propriedades contráteis do músculo cardíaco. A contratilidade miocárdica é a bomba que movimenta o sistema. A pós-carga, também conhecida como resistência vascular periférica, é sistêmica. Simplificando, a pós-carga é a resistência ao fluxo do sangue adiante. CLASSIFICAÇÃO DE CHOQUES O choque pode ser classificado em 4 tipos principais, baseados tradicionalmente no seu perfil hemodinâmico: hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo e distributivo. Tem sido proposta a inclusão de uma quinta categoria que englobaria o choque secundário às causas de hipóxia histotóxica (p.ex. intoxicação por cianeto, monóxido de carbono, ferro). É importante ressaltar que o choque também pode ser misto. Por exemplo, nos pacientes com choque séptico, que podem apresentar também o componente hipovolêmico bem como cardiogênicos associados. Choque Hipovolêmico – O choque hipovolêmico é resultante da redução do volume intravascular secundário a perda de sangue ou fluidos e eletrólitos, gerando assim uma redução da pré-carga e consequentemente do débito cardíaco (DC). A resistência vascular sistêmica (RVS) aumenta numa tentativa de manter a perfusão de órgãos vitais. Sua causa mais comum é a hemorragia. Choque Cardiogênico – Ocorre como consequência de uma falência da bomba cardíaca, resultando na incapacidade do coração de manter uma adequada perfusão tecidual, mesmo na presença de volume intravascular adequado. O infarto agudo do miocárdio (IAM) afetando ventrículo esquerdo representa 74,5% das suas causas. Choque Obstrutivo – Resulta de uma obstrução mecânica ao débito cardíaco, causando a hipoperfusão. Choque Distributivo – É caracterizado pela presença de má distribuição do fluxo sanguíneo relacionado a uma inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio, fenômeno descrito como shunt. O choque séptico é o exemplo clássico, mais importante e mais prevalente do choque distributivo, levando a altas taxas de mortalidade, que variam entre 20-50%. Entre outras causas, estão ainda a anafilaxia e o choque neurogênico. Diferentemente dos outros tipos de choque, o distributivo é consequênciade uma redução severa da RVS, e o DC aumenta após a administração de fluidos numa tentativa de compensar a RVS diminuída. Felipe Lima Santos – MED 6º SEM MECANISMOS VASCULARES A hemostasia nada mais é do que o oposto de hemorragia: conjunto de fatores que garantem que o organismo não perca sangue frente a presença de lesão vascular. Os eventos que compreendem a hemostasia são: constrição vascular, formação de tampão plaquetário, formação do coagulo e crescimento de tecido fibroso. Cabe ressaltar que pouca hemostasia permite sangramento excessivo, enquanto muita permite a formação de trombos, coágulos sanguíneos que se aderem as paredes dos vasos. Uma vez que há um aumento da formação dos trombos, há consequentemente o maior risco para obstrução vascular e possível isquemia de algum tecido. Desse modo, o organismo deve estabelecer um equilíbrio entre os fatores que estimulam e impedem a coagulação. CONSTRIÇÃO VASCULAR O primeiro passo da hemostasia é a constrição vascular a fim de reduzir o fluxo sanguíneo. Nós podemos auxiliar este fenômeno aplicando pressão sobre o ferimento, facilitando a liberação de fatores parácrinos que irão participar da coagulação. A constrição só é possível graças a presença de um espasmo miogênico local e presença de reflexos nervosos oriundos do ferimento. FORMAÇÃO DO TAMPÃO PLAQUETÁRIO O próximo passo é a formação do tampão plaquetário. Antes disso, devemos conhecer a principal célula envolvida neste mecanismo: a plaqueta. Mesmo sendo apenas fragmentos, as plaquetas exercem funções: contratilidade pela presença de trobostenina; presença de retículo endoplasmático e complexo de Golgi capaz de sintetizar enzimas e armazenar cálcio e grandes quantidades de fosfolipídeos; presença de mitocôndrias e enzimas que produz ATP e ADP; complexos enzimáticos responsáveis por sintetizar as prostaglandinas; síntese de fator estabilizador de fibrina e fator de crescimento. Sua superfície é composta por glicoproteínas responsáveis por impedir a adesão das plaquetas ao endotélio saudável. A formação do tampão começa quando as plaquetas se aderem ao endotélio lesado. Tal mecanismo é catalisado pela presença de colágeno. Uma vez que essa ativação acontece as proteínas contrateis da célula tornam-se ativas permitindo a secreção de grânulos de fatores coagulantes que aderem ao colágeno liberam grandes quantidades serotonina, fator de ativação plaquetária (PAF), ADP e Tromboxano A2. Tais substâncias apresentam a capacidade de permitir a contração vascular, bem como, especificadamente o PAF, possui a capacidade de ativar mais plaquetas, formando um eixo de retroalimentação positiva. FORMAÇÃO DO COÁGULO A formação do coagulo envolve fatores que influenciam o mecanismo de forma positiva e negativa. Sendo assim, o equilíbrio entre os mesmos assegura a homeostase sanguínea. Uma vez que temos a presença de lesão vascular há uma maior concentração e secreção de fatores pró-coagulação, culminado na cascata da coagulação. Em síntese, todo esse mecanismo pode ser dividido em três partes: (1) cascata que envolve a presença de fatores e complexos de substâncias que ativam umas às outras tendo como produto a produção do ativador da protrombina;(2) em seguida, o ativador da protrombina catalisa a Felipe Lima Santos – MED 6º SEM conversão de protrombina em trombina; (3) a trombina atua como uma enzima que catalisa a conversão em fibrinogênio em fibrina para formação do coagulo. Devemos ter em mente, que o coagulo nada mais é do que uma “fixação” do tampão plaquetário através da produção da rede de fibrina. A coagulação inicia através de duas vias, intrínseca e extrínseca, as quais formam uma cascata complexa de reações que envolve a participação de enzimas e íons. A via intrínseca inicia quando o trauma expõe o colágeno às plaquetas. Desse modo, podemos compreender que a mesma inicia por contato do colágeno ao fator XII. A via extrínseca inicia quando os tecidos danificados expõem o fator tecidual (tromboplastina tecidual ou fator III) o qual ativa fator VII. Por fim, as duas vias se unem em uma via comum produzindo trombina, convertendo o fibrinogênio em fibrina. Cabe ressaltar que ambas as vias se comunicam e iniciam simultaneamente. Ambas apresentam sistema de retroalimentação positivo o qual garante a formação do coagulo. Além disso, a participação do cálcio é fundamental no mecanismo, pois ele catalisa a ativação das enzimas proteolíticas (os fatores). Uma diferença entre as vias é a duração, sendo a via extrínseca responsável por uma duração de tempo menor, enquanto a intrínseca por um tempo maior. O passo final da coagulação é a conversão de fibrinogênio em fibrina, uma reação catalisada pela enzima trombina. As fibras de fibrina permeiam o tampão plaquetário e retêm eritrócitos dentro de sua malha. O fator XIII ativo converte a fibrina em um polímero com ligações cruzadas, o qual estabiliza o coágulo. Os coágulos são apenas uma correção temporária. Conforme o vaso danificado lentamente é reparado, o coágulo é desintegrado quando a fibrina é quebrada em fragmentos pela enzima plasmina. Uma forma inativa da plasmina, o plasminogênio, é parte do coágulo. Depois da coagulação, a trombina, um fator na cascata de coagulação, age com um segundo fator, chamado de ativador de plasminogênio tecidual (tPA) para converter o plasminogênio inativo em plasmina. A plasmina, então, quebra a fibrina, em um processo chamado de fibrinólise. Uma vez que a coagulação se inicia, o que a impede de continuar até toda a circulação tenha sido coagulada? Dois mecanismos limitam a extensão da coagulação do sangue dentro de um vaso: (1) inibição da adesão plaquetária e (2) inibição da cascata de coagulação e produção de fibrina. Como mencionado, fatores como a prostaciclina no endotélio do vaso sanguíneo e no plasma asseguram que o tampão plaquetário fique restrito à área lesada. Além disso, as células endoteliais liberam substâncias químicas, chamadas de anticoagulantes, que impedem a coagulação. A maioria age bloqueando uma ou mais reações da cascata da coagulação. O corpo produz dois anticoagulantes, heparina e antitrombina III, as quais trabalham juntas para bloquear os fatores ativos IX, X, XI e XII. A proteína C, outro anticoagulante do corpo, inibe os fatores de coagulação V e VIII. A descoberta dos fatores que controlam a coagulação e a fibrinólise foi um importante passo no desenvolvimento de tratamentos para muitas doenças relacionadas a problemas de coagulação. Felipe Lima Santos – MED 6º SEM CHOQUE HEMORRÁGICO As respostas circulatórias iniciais à perda sanguínea são compensatórias e incluem a progressiva vasoconstrição das circulações cutânea, muscular e visceral para preservar o fluxo para os rins, o coração e o cérebro. A resposta habitual à perda aguda de volume circulante se dá por meio de um aumento na frequência cardíaca, na tentativa de preservar o débito cardíaco. Na maioria das vezes, a taquicardia representa o sinal circulatório mensurável mais precoce do choque. A liberação de catecolaminas endógenas aumenta a resistência vascular periférica, o que, por sua vez, aumenta a pressão sanguínea diastólica e reduz a pressão de pulso. No entanto, esse aumento da pressão não resulta em aumentos significativos na perfusão orgânica e na oxigenação tecidual. Para os doentes nas fases iniciais do choque hemorrágico, o retorno venoso é preservado até certo limite através do mecanismo compensatório da contração do volume sanguíneo no sistema venoso. Esse mecanismo da compensação é limitado. A maneira mais efetiva de restaurar o débito cardíaco, a perfusão aos órgãos alvo e a oxigenação tecidual, é o restabelecimento do retorno venoso ao normal, por meio da identificação e da interrupção da fonte de sangramento. A reposição volêmica permitirá a recuperação do estado de choque somente se o sangramento estiver controlado. A nível celular, as células inadequadamente perfundidas e oxigenadas ficam privadas de substratos essenciais para o metabolismo aeróbico normal e para a produção de energia. Inicialmente,a compensação ocorre através da mudança para o metabolismo anaeróbico, o que resulta na formação de ácido lático e no desenvolvimento de acidose metabólica. Caso o choque seja prolongado, pode resultar em dano subsequente aos órgãos-alvo e em disfunção de múltiplos órgãos. A administração de quantidades apropriadas de soluções eletrolíticas isotônicas, de sangue e de hemoderivados ajuda a combater esse processo. O tratamento deve ser focado na reversão do estado de choque através da interrupção do sangramento e da promoção de oxigenação adequada, ventilação e apropriada reanimação volêmica. Acessos intravenosos devem ser obtidos rapidamente. O controle definitivo da hemorragia e a restauração do adequado volume circulante são os objetivos do tratamento do choque hemorrágico. Vasopressores são contraindicados como primeira linha de tratamento do choque hemorrágico, pois pioram a perfusão tecidual. Monitore frequentemente os índices de perfusão do doente, para que qualquer deterioração na sua condição possa ser detectada de forma mais precoce possível, tornando-se passível de reversão. A monitoração também permite a avaliação da resposta do doente ao tratamento. A reavaliação auxilia os médicos a distinguirem os doentes em choque compensado daqueles que não atingem uma resposta compensatória antes que o colapso circulatório ocorra. A maioria dos doentes traumatizados que estão em choque hemorrágico exige intervenção cirúrgica ou angioembolização precoces para que esse estado seja revertido. A presença de choque em um doente vítima de trauma requer o Felipe Lima Santos – MED 6º SEM envolvimento imediato de um cirurgião. Considere providenciar a transferência precoce destes doentes para um centro de trauma quando estiverem recebendo atendimento inicial em hospitais despreparados para o tratamento dessas lesões. A hemorragia é a causa mais comum de choque nos doentes traumatizados. A resposta do doente traumatizado à perda sanguínea torna-se mais complexa em virtude das transferências de fluidos entre os diferentes compartimentos do organismo, particularmente no compartimento extracelular. Lesões de partes moles, mesmo que não apresentem hemorragia severa, podem resultar em transferências de fluidos ao compartimento extracelular. A resposta a perda sanguínea deve ser considerada no contexto dessas transferências de fluidos. Devem ser consideradas, também, as alterações associadas ao estado de choque severo e prolongado, e aos resultados fisiopatológicos inerentes à reanimação e à reperfusão. Os efeitos fisiológicos da hemorragia são divididos em quatro classes baseadas em sinais clínicos; essa classificação é uma ferramenta útil para estimar a porcentagem de perda sanguínea aguda. Os sinais clínicos representam uma continuação da hemorragia em andamento e servem somente para guiar o início do tratamento. A reposição volêmica subsequente é determinada pela resposta do doente à terapia instituída. O sistema de classificação apresentado a seguir é útil para enfatizar os sinais precoces e a fisiopatologia do estado de choque: ● A hemorragia de classe I é exemplificada pela condição do doador de uma unidade de sangue; ● A hemorragia de classe II é representada pela hemorragia não complicada, mas na qual a reposição de cristaloides é necessária; ● A hemorragia de classe III é um estado de hemorragia complicado, no qual é necessária a reposição de cristaloides e, possivelmente, de sangue; ● A hemorragia classe IV é considerada um evento pré-terminal: a menos que medidas agressivas sejam adotadas, o doente entrará em óbito dentro de poucos minutos. A transfusão sanguínea é necessária. HEMORRAGIA CLASSE 1: <15% DE PERDA DO VOLUME SANGUÍNEO Os sintomas clínicos da perda de volume na hemorragia classe I são mínimos. Em situações não complicadas, ocorre taquicardia leve. Não ocorrem alterações mensuráveis na pressão arterial, na pressão de pulso ou na frequência respiratória. Desse modo, em doentes saudáveis, essa perda volêmica não exige reposição, pois o reenchimento capilar e outros mecanismos de compensação conseguirão restaurar o volume sanguíneo dentro de 24horas, geralmente sem necessidade de transfusão sanguínea. HEMORRAGIA CLASSE II: 15 A 30 DE PERDA DO VOLUME SANGUÍNEO Os sinais clínicos da hemorragia classe II incluem taquicardia, taquipneia e redução da pressão de pulso. Esse último sinal está relacionado primariamente com um aumento da pressão arterial diastólica, devido ao aumento das catecolaminas circulantes, o que produz um aumento do tônus e da resistência vasculares periféricas. As alterações na pressão arterial sistólica são mínimas no choque hemorrágico inicial; portanto, torna-se Felipe Lima Santos – MED 6º SEM importante a avaliação da pressão de pulso ao invés da pressão arterial sistólica. Outros achados clínicos pertinentes, associados ao volume de perda sanguínea, incluem mudanças sutis no nível de consciência, como ansiedade, medo e hostilidade. Apesar da significativa perda sanguínea e das alterações cardiovasculares, o débito urinário é apenas levemente alterado. O débito urinário mensurado costuma ser de 20 a 30mL por hora em um adulto com hemorragia de classe II. Perdas hidroeletrolíticas concomitantes podem agravar as manifestações clínicas da hemorragia classe II. Alguns doentes incluídos nessa categoria podem, eventualmente, necessitar de transfusão sanguínea, mas a maior parte dos doentes com esse volume de perda sanguínea consegue ser estabilizada inicialmente com soluções cristaloides. HEMORRAGIA CLASSE III: 31 A 40% DE PERDA DO VOLUME SANGUÍNEO Os doentes com hemorragia classe III geralmente apresentam sinais clássicos de perfusão inadequada, incluindo taquicardia e taquipneia pronunciadas, alterações significativas do estado mental e uma queda mensurável da pressão arterial sistólica. Em um caso não complicado, esse é o menor volume de perda sanguínea que causa uma queda consistente na pressão arterial sistólica. A prioridade da abordagem inicial é a interrupção da hemorragia, através de intervenção cirúrgica ou de embolização, se houver necessidade. A maioria dos doentes incluídos nesta categoria necessitará de transfusão de concentrado de hemácias e de outros hemoderivados para reverter o seu estado de choque. HEMORRAGIA CLASSE IV: >40% DE PERDA DO VOLUME SANGUÍNEO O grau de Exsanguinação da hemorragia classe IV constitui uma ameaça imediata à vida. Os sintomas incluem taquicardia acentuada, redução significativa da pressão sistólica e presença de uma pressão diastólica não mensurável (a bradicardia pode se desenvolver nos doentes pré-terminais). O débito urinário é desprezível e o estado de consciência é notadamente deprimido. A pele encontra-se fria e pálida. Os doentes com hemorragia classe IV frequentemente necessitam de transfusão sanguínea rápida e de intervenção cirúrgica imediata. Essas decisões baseiam-se na resposta do doente às técnicas de reanimação iniciais. O diagnóstico e o tratamento do choque devem ser realizados quase simultaneamente. Para a maioria dos doentes traumatizados, o tratamento é instituído inicialmente considerando que o choque seja hemorrágico, a não ser que existam claras evidências de outra etiologia que não a hipovolêmica. O princípio básico a ser seguido no tratamento é interromper o sangramento e repor as perdas. O exame físico é dirigido para o diagnóstico imediato das lesões que ameaçam a vida e inclui a avaliação do XABCDE. O registro e a anotação das condições iniciais são importantes para a monitoração da resposta do doente ao tratamento. Avaliações repetidas dos sinais vitais, do débito urinário e do nível de consciência são medidas essenciais. A seguir, assim que as condições do doente permitirem, deve ser realizado um exame mais pormenorizado. A primeira meta é conter as perdas de sangue para o meio externo. A segunda, é ventilação e oxigênio necessários para manter a sat O² superior a 95%. No Felipe Lima Santos – MED 6º SEM terceiro passo, cuidados da circulação, buscando controle de hemorragias evidentes, obtençãode acesso venoso adequado e a avaliação da perfusão tecidual. O sangramento por ferimentos externos nas extremidades geralmente pode ser controlado através da compressão direta do local, apesar de perdas sanguíneas maciças provenientes de extremidades poderem necessitar de torniquetes. Um lençol ou uma cinta pélvica podem ser utilizados para controlar o sangramento proveniente de fraturas pélvicas. Para o controle de hemorragias internas, intervenção cirúrgica ou angioembolização pode ser necessária. A prioridade é a interrupção do sangramento, e não o cálculo de perdas volêmicas. Um exame neurológico sumário determinará o nível de consciência do paciente, o que é útil na perfusão cerebral, uma vez que modificações na função do sistema nervoso central nos doentes em choque hipovolêmico não necessariamente significa lesões intracranianas, mas podem ser apenas perfusão inadequada. O exame deve ser repetido após a perfusão e oxigenação ser restaurada. Após estas etapas, o doente deve ser despido e examinado. É importante previnir a hipotermia, já que pode exacerbar a perda de sangue através da piora da coagulopatia e da acidose metabólica, sendo empregados fluidos aquecidos, além de técnicas de reaquecimento externo passivo e ativo. DILATAÇÃO GÁSTRICA A dilatação gástrica ocorre com frequência no trauma, especialmente em crianças, e pode ser causa de hipotensão inexplicada ou de arritmias cardíacas, principalmente bradicardia, em decorrência do estimulo vagal. Em doentes inconscientes, a distensão gástrica aumenta o risco de broncoaspiração de conteúdo gástrico, uma complicação potencialmente fatal. Considere realizar a descompressão gástrica através da introdução de uma sonda naso ou orogástrica e da sua conexão a um equipamento de aspiração. Esteja atento que, apesar do posicionamento adequado da sonda, esta não previne totalmente o risco de aspiração. SONDAGEM VESICAL Permite avaliar a presença de hematúria. A monitoração constante do débito urinário permite avaliar de forma contínua a função renal. A presença de sangue no meato uretral ou de hematomas/lacerações perineais pode indicar uma lesão de uretra, contraindicação a inserção de sonda transuretral antes da confirmação radiológica da integridade da uretra. ACESSO VASCULAR Acesso ao sistema vascular deve ser obtido imediatamente. A melhor forma de fazer é através da inserção de dois cateteres intravenosos periféricos (calibre mínimo 18). A taxa de fluxo é proporcional à quarta potência do raio do cateter e inversamente proporcional ao seu comprimento (Lei de Poiseuille). Portanto, cateteres curtos e calibrosos são preferíveis para a rápida infusão de fluidos, ao invés de cateteres longos e finos. Utilize fluidos aquecidos e bombas de infusão rápida na presença de hemorragias maciças e hipotensão severa. Os locais mais adequados para os acessos no adulto são as veias do antebraço ou antecubitais. Caso um acesso venoso periférico não possa ser Felipe Lima Santos – MED 6º SEM obtido, considerar punção e introdução de um acesso intraósseo como medida temporária. Se as circunstâncias não permitirem o uso de veias periféricas, estará indicada a cateterização de um acesso venoso central. Assim que forem inseridos os cateteres, amostras sanguíneas devem ser coletadas para tipagem sanguínea e provas cruzadas, para exames laboratoriais adequados, estudos toxicológicos e teste de gravidez em todas as mulheres em idade fértil. Nesse momento, pode ser coletado sangue para gasometria arterial. Uma radiografia de tórax deve ser obtida após tentativa de acesso venoso central em veias jugulares ou subclávias, para documentar o posicionamento do cateter e avaliar a presença de complicações, como pneumo ou hemotórax (sinal de Lorenzetti). Em situações de emergência, o acesso venoso central pode não ser inserido em condições estritamente controladas e totalmente estéreis. Quando isso ocorre, deve ser substituído assim que possível. REPOSIÇÃO VOLÊMICA INICIAL A quantidade de fluido necessária é difícil de ser avaliada inicialmente. É preconizado administrar um bolus inicial de solução isotônica aquecida de 1L para adultos, 20mL/kg para crianças pesando menos de 40kg. O volume total de fluidos é baseado na resposta a reposição, tendo em mente o volume inicial incluído os fluidos iniciados no atendimento pré-hospitalar. Avalie a resposta do doente à reposição volêmica e identifique evidencias de perfusão de órgãos-alvo e de oxigenação tecidual adequadas. Observe a resposta do doente durante a administração inicial e tome como base essas respostas para as futuras decisões. O objetivo da reanimação é restaurar a perfusão orgânica e a oxigenação tecidual, o que é obtido através da administração de soluções de cristaloide e de hemoderivados para substituir o volume intravascular perdido. Entretanto, se a pressão arterial do doente aumentar rapidamente antes que a hemorragia tenha sido controlada, pode ocorrer mais sangramento, assim, a administração excessiva de cristaloide pode ser prejudicial. A reposição volêmica e a prevenção da hipotensão são princípios importantes no manejo inicial dos doentes com traumatismos contusos, particularmente nos com traumatismo craniano associado. No traumatismo penetrante com hemorragia, deve atrasar a reposição agressiva até que o controle definitivo da hemorragia tenha sido alcançado, através de reavaliações frequentes. A estratégia de realizar o balanço do objetivo da perfusão orgânica e da oxigenação tecidual com a prevenção do ressangramento através da aceitação de uma pressão arterial abaixo do normal, tem sido denominada “reanimação controlada”, reanimação balanceada, reanimação hipotensiva e reanimação permissiva. Essa estratégia pode ser uma ponte para o controle cirúrgico definitivo. A reposição precoce de sangue e de hemoderivados deve ser considerada em doentes com evidência de hemorragias classes III e IV. A administração precoce de hemoderivados em uma baixa proporção entre concentrado de hemácias, plasma e plaquetas pode prevenir o desenvolvimento de coagulopatia e trombocitopenia. Felipe Lima Santos – MED 6º SEM AVALIAÇÃO DA REPOSTA À REPOSIÇÃO A normalização da PA, da pressão de pulso e da FC são sinais que a perfusão também esteja voltando ao normal, mas não dá informação sobre a perfusão orgânica e oxigenação tecidual. A melhor do estado do volume intravascular é uma evidência importante de aumento da perfusão, mas de difícil quantificação. Já o volume do débito urinário é um indicador bastante sensível da perfusão renal, ou seja: desde que não influenciado por diuréticos, lesões renais ou hiperglicemia, o débito urinário satisfatório é igual ao fluxo sanguíneo renal satisfatório. Sendo assim, é um dos principais indicadores para avaliar a resposta. Os valores de referência do débito urinário em adultos é de 0,5mL/kG/h, então que em pediátricos é 1mL/kG/h e em crianças com menos de 1 ano de idade, 2mL/kG/h. No início do choque hipovolêmico, há alcalose respiratória devido à taquipneia, seguida de acidose metabólica leve, que não requer tratamento. A acidose metabólica decorre do metabolismo anaeróbio devido à perfusão inadequada e produção de ácido lático. Se persiste, indica uma reanimação inadequada ou sangramento ativo. A acidose metabólica, quando grave, é tratada pela reposição de fluidos e sangue, e intervenções para controlar a hemorragia. A reposta à reposição pode ser dividida em três categorias: resposta rápida, resposta transitória e resposta mínima/ausente. RESPOSTA RÁPIDA Esses respondem rapidamente à reposição e se tornam hemodinamicamente normais, sem sinais de perfusão e oxigenação inadequados. Sendo assim, a velocidade de infusão pode ser reduzida para taxas de manutenção. Esses doentes geralmente são o de classe I. Nesse caso, não está indicada a reposição adicional de fluidos em bolus ou de transfusão sanguínea, apesar disso, deve-se fazer a tipagem do sangue e provas cruzadas. Ainda assim se faz necessário a presença e avaliação do cirurgião, já que uma intervenção pode ser necessária.RESPOSTA TRANSITÓRIA Os doentes transitórios respondem a reposição inicial, mas quando a administração em taxa de manutenção é estabelecida, apresenta sinais de deterioração da perfusão, o que pode indicar ou reposição volêmica inadequada ou hemorragia persistente. A maior parte desses doentes são classe II e III. A transfusão de sangue e hemoderivados é indicada, mas o mais importante nesses casos é avaliar a necessidade de controle cirúrgico ou angiográfico da hemorragia. Considere também iniciar o protocolo de transfusão maciça. RESPOSTA MÍNIMA OU AUSENTE A falta de resposta indica necessidade de intervenção definitiva imediata pra controlar a Exsanguinação. Em casos muito raros, pode ser devido à insuficiência de bomba, resultante de traumatismo cardíaco fechado, de tamponamento ou de pneumotórax hipertensivo. O choque não hemorrágico deve ser sempre considerado nos casos de hemorragia classe IV. Técnicas de Felipe Lima Santos – MED 6º SEM monitorização avançada, como a USG miocárdica são uteis na identificação das causas do choque. Comece o protocolo de transfusão maciça. REPOSIÇÃO O objetivo principal da transfusão é restabelecer a capacidade de transporte do oxigênio do volume intravascular, para isso, o sangue com todas as provas cruzadas é preferível, mas esse processo demora aproximadamente 1h na maioria dos bancos de sangue. Caso o sangue com todas as provas cruzadas não esteja disponível, o sangue tipo O é indicado para os doentes com hemorragias exsanguinantes. Plasma tipo AB é utilizado quando palsma sem provas cruzadas for necessário. Para evitar sensibilização e complicações futuras, sangue tipo O- é preferível para mulheres em idade fértil. Assim que disponível, o uso de sangue específico sem provas cruzadas é preferível, exceto quando várias vítimas não identificadas são atendidas ao mesmo tempo, o que pode gerar troca inadvertida de bolsas de sangue. A hipotermia pode ser evitada atravpes de aquecedores de sangue, ou do aquecimento dos cristlóides a 39ºC. Sangue e hemoderivados não podem ser armazenados em estufas aquecidas, então se aquecem através da passagem por aquecedores de fluidos. AUTOTRANSFUSÃO Dispositivos acoplados aos tubos de drenagem de tórax permitem a coleta estéril, anticoagulação (citrato de sódio) e a retransfusão de sangue drenado são disponíveis. Essa coleta deve ser considerada em hemotórax maciços. Talvez a transfusão de plasma e plaquetas ainda seja necessária pelos baixos níveis de fatores de coagulação. TRANSFUSÃO MACIÇA Um pequeno grupo de doentes em choque necessitará de transfusão maciça (+10und. de concentrado de hemácias nas primeiras 24h da admissão hospitalar ou +4und. dentro da primeira hora). A administração precoce de plasma e plaquetas, em proporção balanceada par evitar a administração excessiva de cristaloides, pode aumentar a taxa de sobrevivência dos doentes. Essa abordagem é chamada de controle de danos, reanimação balanceada ou hemostática. COAGULOPATIA Traumatismos e hemorragias severas podem levar precocemente à coagulopatia, sendo presente em até 30% dos pacientes graves que não usaram anticoagulantes ainda. A medida do tempo de protrombina parcial e da contagem de plaquetas são importantes na primeira hora, especialmente em pacientes com histórico. Esses exames também podem ser úteis quando não há informações prévias. Alguns locais administram o ácido tranexâmico pré hospitalar em pacientes graves, uma vez que estudos mostram aumento da sobrevida quando o medicamento é administrado nas 3 primeiras horas. A primeira dose é geralmente administrada dentro de 10min e no ambiente pré hospitalar, a dose seguinte de 1g é infundida em 8h Felipe Lima Santos – MED 6º SEM REPOSIÇÃO DE CÁLCIO A maioria dos pacientes que recebem transfusão não necessitam. Quando é necessária é guiada pela dosagem do cálcio ionizado. NÃO EXAGERAR!!! HEMODERIVADOS Os hemoderivados podem ser divididos em dois conceitos básicos: HEMOCOMPONENTES (produtos gerados nos serviços de hemoterapia, a partir do sangue total, por meio de processos físicos como centrifugação, congelamento) e HEMODERIVADOS (produtos obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma por processos fisioquímicos). CONCENTRADO DE HEMÁCIAS (CH) ● Dose: 1U geralmente eleva 1g/dL de hemoglobina; ● Volume da bolsa: 220-280mL; ● Podem ser transfundidas em acesso venoso compartilhado apenas com SF 0,9%; ● Avaliar resposta 1-2h após transfusão; ● Indicado em choque hemorrágico ou quando Hb < 7g/dL CONCENTRADO DE PLAQUETAS (CP) ● Dose: 1U a cada 7-10kg; ● 1und. de CP = 5,5x10¹⁰ e eleva em 30mil a contagem de plaquetas; ● Se aférese (centrifugado), CP= 3x10¹¹ (1 aférese = 6-8CP); ● Avaliar resposta 1h após a transfusão; ● As indicações para CP são: 1. Profilática, caso o nº < 5.000/mm³ 2. <50.000/mm³ associado a sangramentos; 3. <100.000/mm³ se CIVD (Coagulação Intravascular Disseminada) ou sangramento de SNC; 4. Para CVC se <20.000/mm³ 5. Para biópsia ou aspirado de M.O se <20.000/mm³ 6. Para punção lombar se <30.000mm³ 7. Para EDA (endoscopia digestiva alta) se <50.000/mm³ PLASMA FRESCO CONGELADO ● Dose: 10-20mL/kg (capaz de aumentar 20-30% TP) ● Volume da bolsa: 200mL; ● Constituído por água, albumina, globulina, fatores de coagulação, carboidratos e lipídios; ● Administrar em no máximo 1h ● As indicações para PFC são: 1. Sangramento causado por deficiência de fatores de coagulação; 2. Sangramento causado por uso de varfarina (preferência no complexo protrombínico); 3. Sangramento por coagulopatia; 4. Púrpura trombocitopênica trombótica 5. CIVD Felipe Lima Santos – MED 6º SEM CRIOPRECIPITADO (FRANÇÃO INSOLÚVEL DO PFC) ● Dose: 1U a cada 10kg; ● Cada unidade aumenta fibrinogênio em 5-10mg/dL, devendo ser repetido até alcançar fibrinogênio >100mg/dL ● Composição: 80-150U de fator VIII; 150-250mg de fibrinogênio; fator de von Willebrand 100-150U; fator XII 50-75U ● As indicações para crioprecipitado são: 1. Deficiencia isolada ou congênita de fibrinogênio 2. CIVD 3. Repor Fator de von Willebrand 4. Deficiencia de fator VIII e hemofilia A CONCENTRADO DE GRANULÓCITOS (CG) ● Dose: 2-3x10¹⁰ polimorfonucleares/transfusão; ● Hemocomponentes obtidos por aférese de doador único; ● Volume da bolsa 200-300mL; ● Indicados em pacientes neutropênicos (<500cmg/mL) ou portadores de disfunção de neutrófilos. ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO Durante o atendimento inicial do paciente traumatizado devemos ter em mente os 3 S (segurança, cena e situação). Tal mnemônico permite que o profissional de saúde evite erros e maiores danos ao paciente ou coloque em risco a sua equipe. Desse modo, devemos frisar sempre: em primeiro lugar devemos avaliar se o ambiente é seguro para que possamos tocar no paciente. Essa premissa permite que muitos erros possam ser evitados, pois caso seja inviável chegar ao paciente com parada a melhor conduta é procurar por ajuda, mesmo que você perca algum tempo. A avaliação da segurança do local deve ser constante, pois qualquer erro pode levar o fracasso do atendimento e morte de toda equipe. Desse modo, a experiência da equipe é bastante importante para minimizar tais erros, pois qualquer tomada de decisão equivocada não há como voltar atrás. A letra X nada mais é do que o controle da hemorragia através de técnicas de hemostasia, transporte rápido, uso de cristaloides e prevenção de hipotermia (torniquete e imobilização pélvica). Lembrar da fórmula do choque índex: razão entre frequência cardíaca e PAS. Valores iguais e acima de 0,9 estamos diante de uma situação de sangramento crítico. A letra A (avaliação das vias aéreas com restrição da mobilidade da coluna cervical): traduz o primeiro passo no atendimento em avaliar a perviabilidade das vias aéreas, mesmo tendo a precaução com a mobilidade da coluna. Desse modo, o avaliado deve se identificar a presença de corpos estranhos, fraturas de mandíbula e face as quais impossibilitam a ventilação. Manobras comuns são importantes para evitar a queda da língua (principal causa de obstrução de via aérea),realizando a elevação do mento (Chin lift), anteriorização da mandíbula (jaw trust) e tração mandibular na tentativa de sanar a obstrução. Caso o paciente não consiga proteger a sua via aérea devemos lançar mão do suporte avançado com intubação ou uma Felipe Lima Santos – MED 6º SEM cricotireoidostomia. Para tanto, a escala de coma de Glasgow é importante para indicar a necessidade de intubar o paciente. UMA ATENÇÃO ESPECIAL SOBRE A INTUBAÇÃO É QUE EM FRENTE A UM CASO DE DISFUNÇÃO HEMODINÂMICA NÃO DEVEMOS INTUBAR SOMENTE POR ISSO. ISSO PORQUE A INTUBAÇÃO LEVA O SUO DE DROGAS QUE CAUSAM HIPOTENSÃO, BEM COMO O USO DA PRESSÃO POSITIVA, AGRAVANDO A DISFUNÇÃO ORGÂNICA DO PACIENTE CHOCADO. POR ISSO, A INTUBAÇÃO, CASO SEJA NECESSÁRIO, DEVE SER POR SEQUÊNCIA RÁPIDA E EM APENAS UMA TENTATIVA A letra B (ventilação e respiração): assegurar uma boa ventilação do paciente o examinador deve identificar os fatores que interferem na oxigenação do sangue, ou seja, inspecionar os pulmões, caixa torácica e diafragma. Desse modo, turgência de jugular e desvio de traqueia devem ser avaliados. Durante a cena o tórax deve ser exposto possibilitando a visualização, palpação e ausculta. Logo em seguido podemos lançar mão de oxímetro de pulso. Fatores que dificultam a ventilação: pneumotórax hipertensivo, lesão na árvore brônquica, pneumotórax aberto, hemotórax maciço e tamponamento cardíaco. A letra C (circulação com controle de hemorragia): a atenção quanto à hemodinâmica do paciente é fundamental através da avaliação da perfusão periférica, pulsos e capacidade do paciente de manter um bom nível de consciência. Devemos saber que um pulso periférico rápido e fino ou ausente é um sinal clássico de choque hipovolêmico. Desse modo, a monitorização eletrocardiográfica e da pressão arterial se faz necessário. Paralelo a isso, devemos instalar dois acessos venosos periféricos de grosso calibre, caso seja impossível, lançamos mão de acesso intraósseo, acesso venoso central e flebotomia nesta ordem de prioridades. Devemos coletar os níveis séricos de hemoglobina e hematócrito, INR, tipagem sanguínea, lactato e gasometria arterial, não esquecendo de solicitar beta-HCG em todas as mulheres com idade fértil. Além disso, administrar 1000 mL de solução isotônica aquecida faz parte do protocolo. Caso haja hemorragia externa devemos pressionar o local, caso seja impossível, lançamos mão de um torniquete. Fontes de hemorragia interna podemos identificar através do exame físico, exames de imagem, toque retal e vaginal. Em situações de choque hemorrágico o uso de ácido tranexâmico precocemente faz parte do protocolo, sobretudo em paciente com PA sistólica abaixo de 90 e taquicardia acima de 120 bpm. Administrar 1 g IV em 10 min em até 3 horas do trauma. A letra D (avaliação neurológica): o exame neurológico é mais focado em determinar o nível de consciência do paciente, através da avaliação das pupilas e sinais de lateralização. Devemos sempre prevenir lesão cerebral secundária, mantendo boa oxigenação e perfusão cerebrais. A letra E (exposição e controle do ambiente): a exposição consiste em retirar o paciente do ambiente no qual pode acarretar dano ao mesmo, bem como precaver hipotermia. O próximo passo do atendimento do trauma consiste na avaliação secundária clinicamente do paciente de forma sistemática, seguindo a ordem craniocaudal. Podemos antes de iniciar o exame físico questionar o paciente ou Felipe Lima Santos – MED 6º SEM acompanhante sobre a mnemônico AMPLA. A – alergias; M – medicamentos em uso; P – passado médico/prenhez; L – líquidos e alimentos ingeridos recentemente; A – ambiente e eventos relacionados ao trauma. Cabeça: inspecionar e palpar toda a face em busca de deformidades e lacerações. Identificar alterações na acuidade visual, motricidade ocular, reflexos pupilares e hemorragia de conjuntiva. A inspeção oral e integridade da mucosa devem ser avaliadas. Coluna cervical e pescoço: realizar medidas de preocupação da mobilidade cervical. Faz-se necessário palpar, inspecionar e auscultar o pescoço (busca de sopro carotídeo). Tórax: inspeção do tórax exposto, ausculta cardíaca e pulmonar. A TC de tórax está indicada se o paciente politraumatizado apresentar dor torácica importante, dispneia, sensibilidade esternal ou alteração no US torácico, ou raio X de tórax. Abdômen e pelve: identificar marcas de cinto de seguração, abrasões e escoriações, correlacionando com a localização das vísceras. O abdômen deve ser inspecionado como um todo e palpado em busca de um ponto localizado de dor ou sinal de irritação peritoeneal. A pelve deve ser examinada em busca de sinais que indique instabilidade. Períneo, reto e vagina: a presença de lacerações e sangramentos ureterais, equimoses devemos suspeitar de lesões na pelve e retroperitônio. O toque retal deve ser realizado a fim de identificar integridade da parede retal. O toque vaginal deve ser realizado em um paciente que tenha risco de lesão. Musculoesquelético: a presença de deformidades, contusões escoriações devem ser buscadas. Palpar proeminências óssea à procura de dor e dificuldade de mobilização é fundamental para identificar fratura oculta. Não devemos esquecer do dorso do paciente que deve ser inspecionado e palpado de forma inteira. CUIDADOS NA ESPLENECTOMIA Segundo dados do Manual dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais, do Ministério da Saúde, a indicação para pacientes esplenectomizados deve seguir as seguintes orientações: ● Hib - Haemophilus influenzae do tipo B: – 3 doses em usuários com 2 a 6 meses de idade em intervalo de 60 dias; ● 2 doses em usuários com 7 a 11 meses de idade (4 a 8 semanas de intervalo), não previamente vacinados; ● dose única para aqueles com idade entre 1 e 19 anos. Pneumococo: ● PPV-23: dose única para aqueles com idade maior ou igual a 5 anos. Reforço a cada 5 anos. ● PPV-7: 2 ou 3 doses (conforme idade) com intervalos de 60 dias para crianças com menos de 5 anos de idade. Reforços após os 2 anos de idade devem ser realizados com PPV-23 de 5-5 anos. Felipe Lima Santos – MED 6º SEM Obs: nos casos de esplenectomia eletiva, a vacina dever ser aplicada pelo menos 2 semanas antes da cirurgia. Varicela: ● A partir de 1 ano de idade. ● 1 dose em menores de 13 anos; ● 2 doses (com intervalo de 4-8 semanas) em maiores de 13 anos. Influenza: ● deve ser realizada anualmente antes do inverno. ● dose única para maiores de 8 anos; ● 2 doses (ver doses que variam conforme faixa etária) com intervalo de 4-6 semanas para crianças entre 6 meses e 8 anos de idade Meningococócica conjugada (MncC): ● está indicada a partir dos 2 meses de idade. ● – Em menores de 1 ano, 2 a 3 doses (depende do laboratório produtor), com intervalos de 2 meses ● – Em maiores de 1 ano, dose única Hepatite B: ● Indicada para aqueles que nunca fizeram uso. Seguir esquema habitual: 3 doses com intervalo de 1 mês entre primeira e segunda dose e 6 meses entre a primeira e terceira dose. Hepatite A: ● 2 doses com intervalo de 6 meses (ver dose adulta/pediátrica a depender do produtor).
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