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2 SUMÁRIO 1 – ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 05 2- SOCORRISTA 05 2.1-Os 10 Mandamentos Do Socorrista 05 3- A COMUNICAÇÃO NO APH 05 3.1- Centrais de atendimento 06 3.2 - Comunicação primária 06 3.3 - Comunicação secundária 07 4- BIOSSEGURANÇA 07 4.1- Tipos de Risco 07 4.1.1- Riscos de Acidentes 07 4.1.2- Riscos Ergonômicos 07 4.1.3- Riscos Físicos 07 4.1.4- Riscos Químico 07 4.1.5- Riscos Biológicos 07 4.2- Equipamentos de Proteção Individual 07 5- AVALIAÇÃO GERAL 07 5.1- Dimensionamento da Cena\Avaliação da Cena 07 5.1.2- Sinalização da Cena 07 6- AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DO TRAUMA 08 6.1- Mecanismos do Trauma 08 6.1.1 Acidentes com automóveis 08 6.1.2 Colisão ciclística e motocicletas 08 6.1.3 Atropelamento 08 6.1.4 Quedas 08 6.1.5 Armas 08 6.2.- Impactos Decorrentes de Colisão 08 6.2.1- Primeiro Impacto 08 6.2.2- Segundo Impacto 09 6.2.3- Terceiro Impacto 09 6.2- Trauma Fechado 09 6.3- Trauma Aberto\ Penetrante 09 7- PADRÕES DE IMPACTO NOS ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS E COM MOTOCICLETAS 09 7.1- Impacto Frontal 09 7.2- Impacto Posterior (Traseiro) 09 7.3- Impacto Rotacional 09 7.4- Impacto lateral 10 7.5- Capotamento 10 8- CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 10 8.1- Urgência e Emergência 10 8.2-Classificação de Risco no Trauma- Método START 10 9- AVALIAÇÃO DA VÍTIMA 11 9.1- Avaliação Primária - Mnemônico X-A-B-C-D do Trauma 12 9.2- Avaliação Secundária ou Avaliação dirigida- S-A-M-P-LA 14 9.3- Exame físico detalhado 15 3 10- TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO E EXTRAÇÃO 15 10.1- Estabilização Manual da Cabeça 15 10.1.1- Técnica de abordagem 15 10.1.2- Tipos de Abordagem 15 10.1.2.1- Abordagem lateral com a vítima sentada 15 10.1.2.2- Abordagem posterior com a vítima sentada 15 10.1.2.3- Abordagem da vítima em pé 16 10.1.2.4- Abordagem com a vítima em decúbito dorsal 16 10.2- Uso do Colar Cervical 17 10.3.- Técnica de Rolamento 17 10.3.1 Posição Dorsal 17 10.3.2- Posição Ventral 17 10.4- Imobilização em plano duro (maca rígida) 18 10.5- Extricação 18 10.5.1- Extricação rápida\ Chave de Rautek 18 10.5.2- Autoextricação 18 11.-ESTADO DE CHOQUE 19 11.1 Choque hipovolêmico do tipo hemorrágico 19 11.2 Choque Anafilático 19 11.3 Choque Séptico 19 11.4 Choque Cardiogênico 19 11.5 Choque Neurogênico 19 12- TIPOS DE TRAUMAS\INTERVENÇÕES19 12.1 Trauma de Crânio 19 12.2 Trauma de Tórax 20 12.3 Trauma de Abdome 23 12.4 Trauma de Extremidade 23 13- HEMORRAGIAS 25 13.1- Tipos de hemorragias quanto ao vaso lesado 25 13.2- Hemorragia Interna 25 13.2.1- Tratamento da hemorragia interna 25 13.2.1.1- Sangramento Nasal 26 13.3- Hemorragias Externas 26 13.3.1- Métodos para contenção da hemorragia externa 26 13.3.1.1- Elevação da região 26 13.3.1.2- Compressão local 26 13.3.1.3- Compressão do ponto arterial 26 13.3.1.4- Torniquete 27 13.3.2- Tratamento Pré-hospitalar 27 14- QUEIMADURAS 27 14.1- Tipos 27 14.1.1- Térmicas 27 14.1.2- Químicas 27 14.1.3- Elétrica 27 14.2- Classificação sinais e sintomas 27 14.2.1- Primeiro Grau 27 14.2.2- Segundo Grau 27 14.2.1- Terceiro Grau 27 4 14.3- Tratamento pré-hospitalar para cada caso 28 14.3.1- Queimaduras menores (por causas térmicas) 28 14.3.2- Queimaduras maiores (causas térmicas) 28 14.3.3- Queimaduras químicas 28 14.4- Choque elétrico 29 15- DESMAIO\SÍNCOPE 29 15.1- Vitima desmaiada 29 15.2- Vitima prestes a desmaiar 29 16- CONVULSÃO 29 17- ENGASGO 30 17.1- Adulto 30 17.2- Pediátrico 30 18- PARADA CARDIORESPIRATÓRIA 31 18.1- Reanimação cardiopulmonar (SBV) 32 18.1.1- Mnemônico C-A-B-D 32 19- REFERÊNCIAS 33 5 1- O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR O atendimento pré-hospitalar tem como finalidade prestar serviço em ambiente extra hospitalar aos indivíduos acometidos por injúrias traumáticas, clínicas, cirúrgicas, psiquiátricas e ginecológicas. Garante o transporte adequado e seguro, utilizando materiais para a estabilização e deslocamento para centros de tratamento definitivo. 1.1- Fases do Atendimento pré-hospitalar 1ª Fase: Biossegurança, uso de EPI’s. 2ª Fase: Avaliação da cena, identificar potenciais riscos, segurança do paciente. 3ª Fase: Realiza-se a triagem quando há múltiplas vítimas. Avaliação primária e secundária pela equipe de socorristas. 2- SOCORRISTA Socorrista é o indivíduo que detém conhecimentos básicos de primeiros socorros, e fora capacitado através de treinamento teórico e prático. Este deve demonstrar iniciativa e liderança frente a situações de emergência respeitando suas limitações. 2.1- Os 10 Mandamentos Do Socorrista 1- Manter a calma; 2- Tenha em mente a seguinte ordem de segurança quando você estiver prestando socorro: PRIMEIRO EU (SOCORRISTA), DEPOIS MINHA EQUIPE E POR ÚLTIMO A VÍTIMA. Isto parece ser contraditório à primeira vista, mas tem como intuito de não gerar mais vítimas. 3- Ao prestar socorro, é de extrema importância ligar para um número de atendimento pré- hospitalar quando chegar logo no local da cena; 4- Verificar antes de agir se tem risco no local para você e sua equipe; 5- Manter o bom senso; 6- Manter o espírito de liderança, solicitando se necessário ajuda e afastando os curiosos; 7- Distribua tarefas, pois assim os “curiosos” que podem atrapalhar irão ajudar e se sentirem úteis; 8- Evite realizar manobras de forma imprudentes e com pressa; 9- Em caso de múltiplas equipes de preferência as que correm maior risco de morte, como as vítimas de parada cardiorrespiratórias ou grandes sangramentos; 10- Seja socorrista e não herói (lembre-se do 2º mandamento). 3- A COMUNICAÇÃO NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR O ato de comunicar-se consiste basicamente no compartilhamento de informações através de expressão verbal ou escrita. Ao deparar-se com uma cena de sinistro o indivíduo deve detalhar precisamente tudo o que está sendo observado na cena por telefone aos serviços de emergência. O comunicante deve passar as informações de forma clara, precisa após a observação analítica. 6 CLARO O comunicante deve passar as informações clara para que o atendentedas centrais de emergência entenda com precisão o que está acontecendo. PRECISO O detalhe nas informações auxilia no sucesso do atendimento, e das equipes que serão deslocadas ao local do sinistro. Ex. número de vítimas, presença de riscos, endereço, etc... OBSERVADOR Através da análise detalhada a narrativa torna-se rica, os detalhes tornam- se importantes e são a garantia do sucesso no atendimento. 3.1-Centrais de atendimento Uma central de atendimento tem por finalidade centralizar demandas. Nos serviços de urgência e emergência a central de atendimento tem como finalidade atender de forma resolutiva indivíduos acometidos por agravos clínicos, traumáticos, obstétricos, cirúrgicos e psiquiátricos. Serviço Número Descrição do Serviço Brigada Militar - BM 190 Serviço a nível estadual. Policiamento ostensivo que visa manter a ordem pública no Estado do Rio Grande do Sul. Polícia Rodoviária Federal - PRF 191 Serviço a nível nacional. Policiamento ostensivo que visa garantir a segurança nas rodovias federais. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192 Serviço a nível nacional. Realiza o atendimento pré hospitalar de urgência e emergência. Tem como objetivo o atendimento precoce as vítimas acometidas por afecções clínicas ou por trauma. Corpo de Bombeiros 193 Serviço a nível nacional. Em acidente são acionados para auxiliar na limpeza da pista, realização de extricação de vítimas encarceradas, ou seja, aquelas necessitam ser retiradas de ferragem veicular 3.2 - Comunicação primária O comunicante ao ligar para os serviços de urgência e emergência deve manter a calma e passar as informações de forma clara, precisa após observação o mais completa possível, incluindo as informações de cena, cinemática e da vítima. Identificação: (Nome, Idade, Gênero) Tipo de incidente: (O que motivou, colisão, atropelamento, queda, etc.) Tempo: (Há quanto tempo ocorreu o fato.) Local: (Onde ocorreu: Rua, avenida, beco, estrada, o que há próximo etc…) Número: (Número do local (pode ser próximo), N° do Km, prédio, etc…) 7 3.3 - Comunicação Secundária A comunicação secundária abrange as informações da comunicação primária e aquelas que tem relação com o que fora observado na cena. O número de vítimas, se há necessidade de solicitar apoio para realizar o atendimento. 4- BIOSSEGURANÇA 4.1- Biossegurança\ Tipos de Risco A biossegurança visa condições de segurança, destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos relacionados às atividades que comprometem a saúde humana, animal e o meio ambiente. Os riscos são divididos em cinco: risco de acidente, risco ergonômico, risco físico, risco químico e risco de acidente. 4.1.1- Riscos de Acidentes Os riscos de acidente envolvem qualquer fator que coloque em situação de perigo o trabalhador que possa afetar sua integridade, bem estar físico e moral. Os exemplos de risco de acidente são: incêndios, maquinários e equipamentos sem proteção, probabilidade de explosão e armazenamento inadequado de produtos inflamáveis, entre outros. 4.1.2- Riscos Ergonômicos Os riscos ergonômicos englobam fatores que interferem nas características psicológicas, fisiológicas e sociais do trabalhador. Onde às vezes os funcionários desempenham função que não condizem com a sua, exemplos: levantar peso, exceder horas de trabalho que já são pré- determinadas, a monotonia, a repetitividade de atividades, postura inadequada de trabalho, má postura. 4.1.3- Riscos Físicos Os riscos físicos envolvem diversas formas de energia a qual o indivíduo está exposto. São exemplos dessas energias os ruídos, vibrações, pressões, temperaturas altas, objetos pontiagudos e cortantes. 4.1.4- Riscos Químicos Substâncias, que penetrar no organismo pela via respiratória, apresenta-se nas formas de poeiras, fumaças, névoas, neblinas, gases ou vapores, são absorvidos pelo organismo através da pele, inalação ou ingestão. 4.1.5- Riscos Biológicos Os riscos biológicos envolvem bactérias, fungos, vírus, parasitas e bacilos. Estes ocorrem quando indivíduo é exposto a estes microrganismos 4.2 - Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) Os equipamentos de proteção individual têm como função a proteção contra os riscos que possam ameaçar a saúde e segurança dos que estão expostos. Os EPIs comumente utilizados em diversos locais de trabalho são: luvas de procedimentos, máscaras descartáveis, calçado fechado e de borracha, capacete, óculos de proteção, macacão, botas de PVC, avental, protetor auricular, entre outros. Devemos atentar para a validade e disponibilidade desses equipamentos. 8 5- AVALIAÇÃO GERAL 5.1- Dimensionamento da Cena\ Cinemática O atendimento pré-hospitalar inicia quando realizamos a avaliação da cena, ou seja, do local onde a vítima está inserida. Esta avaliação tem como objetivo priorizar a segurança do socorrista e da vítima. Observa-se detalhadamente o local com a finalidade de excluir riscos aos quais o socorrista possa estar exposto e acabar tornando-se uma vítima. Os riscos a serem observados incluem os de desabamentos próximos, colisões, atropelamento, intoxicação, agressão, eletrocussão. estar atento. 5.1.2- Sinalização da Cena A sinalização em uma estrada ou local de grande movimentação de veículos, deve começar em pontos que os demais motoristas ainda não consigam enxergar, mantendo-se distante do local. Não se deve interromper o trânsito a fim de não gerar engarrafamentos, o ideal é marcar o local do acidente. Sinaliza-se de forma que possibilite o tráfego para o acesso do veículo de emergência seja rápido. É importante que seja realizado a demarcação do local com auxílio de cones, fitas, galho, as vezes improvisando da forma que puder e aguardar socorro, estes serviços tem o material necessário para concluir a sinalização. O local é marcado e o espaço deve sempre ser medido por um adulto, e existem critérios para pistas secas, molhadas, desta forma a medida do local é realizada com a contagem dos passos de acordo com a velocidade da via. Se houver a presença de neblina, pista molhada ou fumaça a contagem dos passos deverá ser dobrada. Abaixo a tabela utilizada para sinalização da via: 6- AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DO TRAUMA 6.1- Mecanismos do Trauma 6.1.1 Acidentes com automóveis: Pode ocorrer os capotamentos, as colisões frontais, lateral, posterior, angular. 6.1.2 Colisão ciclística e motocicletas: No impacto frontal o motociclista é ejetado contra o tanque e guidão podendo apresentar lesões na pelve e fêmur. 6.1.3 Atropelamento: O mecanismo da lesão pode ser dividido em três, impacto contra o para- choque dianteiro, capô e para-brisa e contra o solo 6.1.4 Quedas: A extensão e a gravidade de lesões têm relação direta com a altura, e se sofreu impactos até chegar ao solo. 6.1.5 Armas: Lesões ocasionadas por armas de fogo ou arma branca, são objetos que penetram a pele. 6.2.- Impactos Decorrentes de Colisão 6.2.1- Primeiro Impacto 9 O primeiro impacto acontece quando um veículo em movimento acaba colidindo contra um obstáculo ou um objeto móvel ou imóvel, causando danos a objetos, veículos e obstáculos. 6.2.2- Segundo Impacto O segundo impacto acontece quando o corpo da vítima acaba colidindo contra as partes internas do veículo. Este impacto causa lesões que são normalmente externas e visíveis no corpo da vítima. 6.2.3- Terceiro Impacto O terceiro impacto acontece quando os órgãos internos do corpo colidem contra estruturas ósseas ou outros órgãos, geralmente causando lesões internas como lacerações, contusões que são mais difíceis de serem identificadas. 6.2- Trauma Fechado Quando ocorre o trauma fechado existem duas forças envolvidasno momento do impacto, havendo compressão, laceração. A laceração ou estiramento é o resultado da mudança de velocidade por parte de um órgão ou estrutura. A diferença de velocidade faz com que partes destes órgãos ou estruturas se separem, se rasguem internamente. 6.3- Trauma Aberto\ Penetrante Os traumas penetrantes são consequência de lesões ocasionadas por armas brancas, armas de fogo ou pela penetração de objetos no corpo da vítima. As consequências clínicas dependem da energia transferida no momento do impacto e do local da lesão. Nos traumas por armas de fogo há uma transferência de energia que ocasiona o afastamento dos tecidos pelo trajeto do projétil, dando origem a uma cavidade que será temporária ou permanente. 7- PADRÕES DE IMPACTO NOS ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS E COM MOTOCICLETAS 7.1- Impacto Frontal No impacto frontal observa-se o chassis, pois quando há uma intrusão acentuada sabe-se que este veículo deslocava em alta velocidade no momento de impacto. Quanto maior for a velocidade, maior o impacto e a dissipação de energia. Pelo impacto sofrido pode-se deduzir os tipos de lesões que acometeram a vítima. No impacto frontal o veículo para subitamente, um dos movimentos dentro do veículo é projetar a vítima para a frente, continuando a mover-se. 7.2- Impacto Posterior (Traseiro) Nos impactos traseiros, o veículo abalroado, no momento do impacto em uma velocidade menor do que o veículo que colide, resultando em estragos em ambos os veículos. Neste tipo de impacto pode ocorrer o efeito chicote que consiste onde a cabeça iniciará o seu movimento para a frente após o tronco, resultando em hiperextensão da coluna cervical. Este movimento brusco pode ocasionar lesões de ligamentos em especial na região cervical (pescoço). 7.3- Impacto Rotacional O impacto rotacional combina as lesões do impacto frontal e impacto lateral. O ocupante mais próximo do local do impacto apresenta as lesões mais graves. 10 7.4- Impacto lateral Nos impactos laterais o veículo abalroado recebe a força criada pelo veículo que colide. A vítima pode sofrer lesões como consequência da aceleração lateral, à medida que o veículo é invadido pela projeção da porta as estruturas corporais acometidas podem aumentar no lado próxima ao ocupante. Os pontos mais afetados são a clavícula, abdome, bacia, pescoço e crânio. 7.5- Capotamento No capotamento o veículo sofre diversos impactos, em diferentes ângulos no veículo. As vítimas que não utilizam o cinto de segurança, dispositivos de contenção apresentam lesões graves em órgãos internos. Mesmo aqueles que utilizam os dispositivos de contenção, os órgãos internos são submetidos a forças extremas e acaba acontecendo a laceração de órgãos. As lesões de órgãos internos comprometem a vida das vítimas. 8- CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 8.1- Urgência e Emergência Os atendimentos de urgência e emergência devem ter tomada de decisão rápida por aqueles que dispensam os primeiros cuidados. Apesar das palavras terem semelhança, suas definições e finalidades são diferentes: URGÊNCIA: O atendimento é destinado aqueles que não apresentam risco de morte, e podem aguardar por algumas horas o atendimento. Ex: fraturas simples, entorses, luxações, vômitos, febre que cede com o uso de antitérmico. EMERGÊNCIA: Quando há risco iminente de morte, atendimento imediato. Ex: Cortes profundos, choque elétrico, hemorragias, picada de animais peçonhentos, desmaios, politraumas, etc. 8.2- Classificação de Risco no Trauma\ Triagem A triagem consiste na classificação das vítimas de acordo com as lesões observadas na avaliação primária, tendo como objetivo um atendimento rápido possibilitando o sucesso no desfecho e a sobrevida da maioria dos envolvidos nos sinistros. Estas caracterizam e sistematizam o atendimento às vítimas, a avaliação considera parâmetros fisiológicos. A triagem deve ser realizada quando no sinistro tivermos múltiplas vítimas e vítimas em massa, onde o número de socorristas é menor do que aqueles que necessitam de atendimento. O ministério da saúde preconiza que em um sinistro onde há mais de cinco indivíduos envolvidos e uma equipe de socorro, realiza-se a triagem primária para a classificação daqueles mais graves, otimizando o atendimento prestado e os equipamentos disponíveis. O método START, é um tipo de triagem simples e objetiva (Simple Triage And Rapid Treatment; Triagem Simples e Tratamento Rápido) que analisa a capacidade de andar, avaliação da respiração, circulação e nível de consciência. Este método é prático, simples e consiste em classificar as vítimas em quatro cores (verde, amarela, vermelha e preta), onde cada cor corresponde às prioridades de atendimento, no Brasil utiliza-se a cor cinza no lugar do preto. Podemos observar no fluxograma como a classificação ocorre no método START. Neste método utiliza-se o mnemônico RPM, onde o R representa a respiração (FR menor que 30 incursões por minuto), P representa a avaliação de perfusão (enchimento capilar menor que 2 segundos) e o M representa Status mental (obedece a ordens). 11 VERMELHO: As vítimas classificadas com a cor vermelha após a avaliação primária, são as que necessitam intervenção médica com brevidade, ou necessitam de deslocamento rápido ao hospital para intervenção cirúrgica. VERDE: São classificadas com a cor verde as vítimas sem lesões graves e que não apresentam risco de vida. AMARELO: São classificadas com a cor amarela aquelas vítimas que necessitam de algum tipo de tratamento médico no local, mas que não tem risco de vida iminente. PRETO\CINZA: Utiliza-se a cor preta em países como Canadá e Estados Unidos da América, no Brasil a cor utilizada para as vítimas que não apresentam chances de sobrevida ou que estejam mortos é a cor cinza. 9- AVALIAÇÃO DA VÍTIMA No atendimento pré-hospitalar a abordagem de vítimas acometidas por traumas multissistêmicos deve ser rápida e a avaliação direcionada primeiramente aos sistemas, cardiovascular (hemorragias abundantes), respiratório (permeabilidade de vias aéreas) e neurológicos (nível de consciência) e tem como objetivo identificar lesões que ameaçam a vida. Na abordagem poderá ser realizado alguns questionamentos simples e objetivos como: (Qual o seu nome, O que aconteceu com você?), através das respostas coerentes e articuladas o socorrista poderá observar a permeabilidade de vias aéreas, a perfusão cerebral adequada, conclui-se primeiramente que as lesões neste momento não ameaçam a vida deste indivíduo. A ausência de respostas poderá estar potencialmente crítica. Os pacientes acometidos por trauma devem ser avaliados de acordo com as lesões que apresentam. Os sinais devem ser realizados rápidos e com eficiência. Estes indivíduos devem ser avaliados minuciosamente e através do mnemônico X-ABCDE no qual cada letra corresponde a abordagem a ser realizada, o "abcde" ganhou na 9ª edição do PHTLS 2018, no capítulo 6 mais uma letra. O "x' de hemorragia exsanguinante, ou seja, hemorragia externa grave. O APH sofreu um substancial alteração, dando mais ênfase às grandes hemorragias externas, antes mesmo do controle cervical ou da abertura das vias aéreas. 9.1- Avaliação Primária - Mnemônico X-A-B-C-D-E do Trauma X- Exsanguinação: A presença de hemorragias graves pode evoluir para quadros de choque hemorrágico ou total hipovolemia se não realizada a contenção deste sangramento. Aplica-se técnicas para a contenção de 12 hemorragias: compressão local, pressão de pontos, elevação do membro ou a realização do torniquete que volta a ser uma alternativa após estudos de sua eficácia. A- Manutenção da Via Aérea com Proteção da Coluna Cervical: A avaliação das vias aéreas deve ser realizada para assegurara permeabilidade. Avaliar sinais de obstrução, e realizar a remoção de corpos estranhos através de aspiração, ou até mesmo manualmente. A presença de algumas fraturas faciais, mandíbula ou traqueo laríngeas, também podem ocasionar a obstrução das vias aéreas. Para garantir a permeabilidade das vias aéreas são utilizadas as manobras de CHIN LIFT (elevação do mento) ou JAW THRUST (tração da mandíbula). Após assegura-se a estabilização da via aérea com o posicionamento do colar cervical. CHIN LIFT ( Elevação do mento) JAW THRUST (Tração da mandíbula) B- Ventilação e Respiração: Observar-se o padrão respiratório da vítima para analisar se este indivíduo está conseguindo fazer uma troca de gases adequada principalmente a entrada de oxigênio e a liberação de dióxido de carbono. Nesta avaliação se realiza-se a exposição do tórax e observa-se a movimentação da parede do tórax, deve ser observado a distensão das veias jugulares e se necessário, a ausculta pulmonar para verificar se há fluxo de ar nos pulmões. As lesões que mais acometem os pulmões no trauma podem e prejudicam gravemente a vítima são: o pneumotórax hipertensivo, hemotórax maciço ou pneumotórax aberto. O hemotórax ou pneumotórax simples, contusões pulmonares ou fraturas de arcos costais podem comprometer a ventilação, porém em grau menor. 13 C- Circulação e Sangramento (Perfusão e hemorragia interna) As hemorragias decorrentes do trauma são uma das principais causas de morte, porém pode ser evitada com a identificação e o estancamento da mesma. É importante para realizar esta avaliação a observação: do nível de consciência, a cor da pele, sudorese, pele pegajosa e o pulso. Nível de consciência: Quando há uma diminuição do volume sanguíneo, ocorre o comprometimento na perfusão cerebral e como consequência uma alteração no nível de consciência. Cor da pele: A pele com coloração esbranquiçada ou acinzentada pode indicar choque hemorrágico. Pulso: Os pulsos que devem ser palpados, são os central tanto carotídeos ou femorais avaliados quanto a sua qualidade, frequência e regularidade. O pulso rápido e fraco normalmente é um sinal de hipovolemia. E a ausência de pulso central significa que devemos agir rapidamente e iniciar as manobras de reanimação seguindo as diretrizes. D- Disfunção Neurológica: Na avaliação neurológica avalia-se o nível de consciência da vítima. A escala de coma de Glasgow é um método eficaz e rápido para avaliar o nível de consciência através de três parâmetros (abertura ocular, melhor resposta motora, e resposta verbal). Ao apresentar a diminuição de perfusão e oxigenação cerebral, a vítima poderá sofrer causando lesões cerebrais. O uso de drogas e álcool distúrbios metabólicos como a hipoglicemia também causam alterações no nível de consciência, porém se forem descartadas essas hipóteses mencionadas anteriormente, as alterações poderão estar relacionadas ao trauma acometendo o sistema nervoso central. Escala de Coma de Glasgow (ECG) possibilita a avaliação de três parâmetros: Abertura Ocular: Para avaliação da resposta ocular o socorrista atribui uma pontuação de acordo com a classificação e observação da vítima. Se há um indivíduo com abertura ocular espontânea ou prévia a estimulação o escore a ser pontuado é 4, em uma situação na qual há fatores que impeçam a abertura dos olhos como edema, ou lacerações o score atribuído será não testável. Quando há ausência da abertura ocular sem fatores de interferência atribui-se o escore 1, realiza-se o estímulo verbal de ordem para abertura dos olhos ou estímulo tátil da região glabelar (região superior do olho ou da região do músculo trapézio). 14 Resposta Verbal: A resposta verbal é avaliada pelo socorrista através de questionamentos simples como: “O que aconteceu com você? Como é seu nome?” Se orientado as respostas serão coerentes e objetivas o escore a ser atribuído é 5. As demais respostas podem ser classificadas como confusa, inadequada, inteligível, ausente sem fatores de interferência ou com fatores que interferem como o tubo endotraqueal. A estes itens também se atribui escores que variam conforme o achado. Melhor Resposta Motora: A avaliação ocorre ao observar comparar, força, simetria e mobilidade, a comparação deve ser realizada após orientação verbal em que se pede à vítima que aperte simultaneamente as mãos ou que faça força com os pés. Quando a resposta é satisfatória e contempla os pontos avaliados, atribui-se o escore 6. Nas vítimas inconscientes efetua-se através da estimulação tátil (pode ser provocada através da pressão da região glabelar ou do pinçamento do músculo trapézio), a ausência de resposta atribui-se o escore 1. E- Exposição e controle do ambiente A roupa da vítima deve ser cortada quando necessário para realizar uma melhor avaliação, em caso de traumas, após deve ser coberto, para controle da temperatura corporal. O mesmo deve ser coberto com cobertor ou manta térmica para se evitar a hipotermia. Se for necessário o ambiente e os fluidos intravenosos devem ser aquecidos. 9. 2- Avaliação Secundária ou Avaliação dirigida\ S-A-M-P-L-E A avaliação secundária tem como objetivo identificar lesões que comprometam sistemas e estruturas, de forma sistematizada e ordenada e só deve iniciar após o término da avaliação primária. Esta avaliação inicia com uma entrevista que tem por finalidade o levantamento das queixas principais, sinais vitais, exame físico. É na entrevista com a vítima ou familiares que conseguimos informações valiosas, como o uso de medicações, tratamentos realizados, histórico médico, alergias, sinais e sintomas. Isto posto utiliza-se o mnemônico S-A-M-P-L-E para guiar a anamnese. Quando há suspeita de intoxicação, é recolhido a embalagem de medicamentos ou de outros produtos pode ser extremamente importante para a identificação de tóxicos ou da quantidade de produto ingerido. 15 S – Sinais e Sintomas A – Alergias M – Medicações em uso P – Passado médico L – Líquidos e Alimentos ingeridos E – Eventos que precederam o quadro atual 9.3- Exame físico detalhado O exame físico detalhado deve ser objetivo e sistematizado de forma que seja feito por segmentos corporais, da “cabeça aos pés”. A realização da inspeção dinâmica e estática, palpação, ausculta e percussão deverá ser realizada sempre que possível seguindo a seguinte ordem: 1. Cabeça e pescoço; 2. Tórax; 3. Abdómen; 4. Bacia e períneo; 5. Membros superiores e inferiores; 6. Dorso e superfícies posteriores. 10- TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO E EXTRAÇÃO 10.1- Estabilização Manual da Cabeça A estabilização manual da cabeça tem como objetivo a imobilização da coluna cervical a fim da vítima não realizar movimentos de extensão e rotação cervical. 10.1.1- Técnica de abordagem A técnica consiste em estabilizar a cabeça da vítima com o auxílio das mãos para manter o posicionamento neutro até que um segundo socorrista realize a imobilização com o uso do colar cervical deixando restrito os movimentos de extensão e rotação da coluna cervical. Está indicado quando há suspeita de lesão craniana e da coluna cervical. Deve-se alinhar e manter, sem realizar tração, em posição neutra. Nas situações em que há presença de dor, desconforto no alinhamento, imobiliza-se a cervical na posição em que se encontra. 10.1.2- Tipos de Abordagem 10.1.2.1- Abordagem lateral com a vítima sentada O socorrista realizará a abordagem lateralmente a vítima e realiza a estabilização da cabeça colocando uma das mãos na região da base da cabeça (região occipital- posterior do crânio), a outra mão é posicionada na mandíbula. em um segundo momento, outro socorrista abordará a vítima por trás e estabilizará a coluna posicionando as mãos sobre os pavilhõesauriculares. Alinhar a cabeça em posição neutra, o socorrista que realizou a primeira abordagem mobiliza lentamente a cabeça, até conseguir o alinhamento. 10.1.2.2- Abordagem posterior com a vítima sentada O socorrista posiciona-se por trás da vítima. As mãos são posicionadas na lateral sobre os pavilhões auriculares da vítima, não realizando a movimentação. As mãos espalmadas e os dedos distribuídos de forma a proporcionar a estabilização da cabeça da vítima. Se a cabeça estiver lateralizada, deverá ser alinhada em posição neutra, mobiliza-se lentamente Os braços do socorrista poderá ser apoiado no banco, no apoio de cabeça ou tronco da vítima, para se manter mais estável. 16 10.1.2.3- Abordagem da vítima em pé O socorrista deve posicionar-se em frente da vítima, o elemento coloca as mãos de ambos os lados da cabeça, sobre os pavilhões auriculares, procurando não movimentar. Se a cabeça estiver lateralizada, deverá ser alinhada em posição neutra, mobiliza-se lentamente O socorrista poderá apoiar os braços no tronco da vítima, para se manter mais estável. 10.1.2.4- Abordagem com a vítima em decúbito dorsal O posicionamento do socorrista será atrás da cabeça da vítima, ajoelhado ou deitado, suas mãos são colocadas de cada lado da cabeça da vítima, cobrindo com as palmas das mãos os pavilhões auriculares desta. A mão é posicionada espalmada proporcionando uma estabilização segura. Observar a necessidade de alinhar a cervical de forma neutra e atentar para as contraindicações. 17 10.2- Uso do Colar Cervical Para a colocação do colar cervical é necessário a presença de no mínimo dois socorristas, onde um realiza a abordagem inicial e a imobilização da cervical em posição neutra e o outro socorrista escolhe o tamanho do colar cervical e após a colocação. Utiliza-se a mão espalmada medindo a distância do ângulo da mandíbula à base do pescoço. O socorrista que realizar a abordagem inicial manterá o posicionamento neutro alinhado ao eixo nariz-umbigo-pés até que seja realizada a imobilização completa desta vítima. 10.3- Técnica de Rolamento O rolamento tem como finalidade mobilizar a vítima para um plano duro, ou seja, maca rígida, maca colher. A técnica tem como finalidade manter a estabilização e o alinhamento realizando o mínimo de movimento da coluna vertebral quando lateralizado e examinar a região posterior do tronco. Esta técnica está contraindicada nos traumas da cintura pélvica; trauma bilateral dos membros (fêmur, pernas), na presença de objetos empalados e eviscerações. 10.3.1 Rolamento da vítima em posição dorsal Após a avaliação primária, realiza-se a abordagem e estabilização da coluna cervical pelo socorrista que fará o alinhamento, um segundo socorrista fará a colocação do colar cervical. Este continuará realizando o alinhamento dos membros superiores e inferiores junto ao corpo. Um terceiro socorrista aproximará a maca rígida ou outro instrumento de imobilização para o transporte. O socorrista que abordou a cervical inicialmente, realizará as orientações para a realização do rolamento, a vítima é agarrada pela região escapular e pela região pélvica em simultâneo por outros dois socorristas, estes devem manter as extremidades alinhadas em posição neutra e é rolada suavemente na direção dos socorristas. 10.3.2- Rolamento da vítima em posição ventral Quando a vítima se apresenta em decúbito ventral, a estabilização é semelhante ao descrito para a vítima em decúbito dorsal. O alinhamento inicial dos membros é realizado da mesma forma como o descrito anteriormente O posicionamento dos socorristas e das mãos são também como a descrita na técnica anterior. A vítima deve ser sempre rolada na direção contrária de seu rosto, a ordem para a rolagem é realizada pelo socorrista que está mantendo o alinhamento e estabilização em posição neutra. 18 10.4- Imobilização em plano duro (maca rígida) A imobilização na maca rígidas é necessária para a estabilidade da coluna vertebral numa vítima com suspeita de trauma e comprometimento da medular. Medular e quando há necessidade de imobilização de uma vítima instável. O tempo prolongado do uso pode provocar úlceras de pressão. Uma maca rígida completa deve conter o imobilizador de cabeça, dois coxins e cinto polvo ou aranha, ou 4 cintos individuais. 10.5- Extricação 10.5.1- Extricação rápida\ Chave de Rautek A chave de rautek é uma técnica que permite a estabilizar manualmente de uma vítima de trauma, com suspeita de lesão vertebral, sem recursos disponíveis e que se encontre em risco iminente. A vítima estará sentada e o socorrista que vai aplicar a técnica deverá colocar-se lateralmente à esta, um pouco mais atrás, olhando na mesma direção. O socorrista deverá passar o membro superior mais afastado por baixo da axila mais próxima da vítima, com a mão aberta posicionará no maxilar inferior imobilizando a coluna cervical e a cabeça contra a sua cabeça ou o seu corpo. O socorrista retira a vítima apoiado contra o seu corpo e sem perder a atenção à coluna cervical, e deslize-o até ao solo. 10.5.2- Autoextricação A Autoextricação assistida é uma das técnicas mais seguras comparada com as utilizadas antes das últimas atualizações, nesta há pouca mobilidade da extensão da coluna da vítima de trauma. Está indicada apenas para vítimas conscientes, sem sinais de intoxicação, que estejam obedecendo a comandos, hemodinamicamente estáveis, sem fraturas ou contusões importantes, sentada em veículo de passeio. A técnica segue os 7 passos abaixo: 1. Questiona-se a vítima: Você entende o que estou pedindo a você? Tente manter a cabeça o mais parada possível. E caso sinta qualquer desconforto ou sensação estranha no corpo, pare o movimento. 2. Oriente que a vítima coloque devagar, o pé esquerdo no chão, fora do carro. 3. Oriente a apoiar-se no volante e se puxar-se para frente. 4. Peça que mantenha a mão direita no volante e ponha sua mão esquerda no banco, atrás de você. 5. Devagar vire seu corpo para o lado de fora, seu pé direito deve acompanhar o movimento e você deve se manter sentado. 6. Com os dois pés no chão, levante-se com auxílio dos braços para se equilibrar. 7. Peça que a vítima dê dois passos afastando-se do carro. 19 11.-ESTADO DE CHOQUE 11.1 Choque hipovolêmico do tipo hemorrágico O choque do tipo hipovolêmico é caracterizado pela redução do volume intravascular que se torna insuficiente para a perfusão tecidual. Nestas situações há uma resistência vascular sistêmica na tentativa de compensar o débito cardíaco diminuído e garantir a perfusão dos órgãos vitais. A ressuscitação volêmica é conjunto de medidas que tem por finalidade melhorar a perfusão tecidual através da reposição de volume e corrigir a acidose lática e coagulopatia, bem como a manutenção da temperatura corporal. 11.2 Choque anafilático Anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade potencialmente grave, após exposição a um antígeno. As manifestações clínicas que apresenta no choque anafilático são multissistêmicas, o que dificulta o diagnóstico, podendo acometer gravemente os sistemas cardiovascular e respiratória. O choque anafilático é do tipo distributivo, com importante componente hipovolêmico. 11.3 Choque séptico O choque séptico é uma condição causada por uma infecção grave, sistêmica ou isolada, ambas necessitando de atenção médica imediata. A pressão arterial baixa, pele fria e pálida, calafrios, dificuldade respiratória e diminuição da produção de urina, confusão mental e desorientação são sinaise sintomas no choque séptico. O tratamento deve ser de emergência podendo ser administrado oxigênio suplementar, fluidos intravenosos como cristaloides ou coloides, antibióticos e outros medicamentos. 11.4- Choque cardiogênico É a falência primária da bomba cardíaca resultando na diminuição do débito cardíaco. O coração não consegue bombear sangue com eficiência, reduzindo o aporte de oxigênio e nutrientes do resto do organismo e pode ser fatal se não tratado com brevidade. As principais causas são infarto, arritmias, miocardite, entre outras. 11.5- Choque Neurogênico Este tipo de choque acontece quando há comprometimento acima dos segmentos toracolombares. Há uma diminuição do tônus venoso, diminuição da pressão venosa, diminuição das pressões de enchimento do coração e diminuição do débito cardíaco. 12- TIPOS DE TRAUMAS 12.1- Trauma de Crânio 20 Há diversos mecanismos traumáticos capazes de provocar lesões cerebrais, destacam-se o trauma penetrante e o trauma fechado. O trauma penetrante é resultado de projéteis de armas de fogo ou por fraturas cranianas com afundamento. O cérebro, quando sofre um traumatismo moderado a grave pode desenvolver edema, acúmulo de líquor ou sangue diminuindo o espaço dentro do crânio, como consequência há compressão das estruturas cerebrais. Esta condição compromete estruturas como vasos sanguíneos e do parênquima cerebral iniciando um processo de sofrimento celular por diminuição da irrigação sanguínea e, consequentemente, diminuição do fornecimento de oxigénio e outros nutrientes. Sinais e sintomas: Alterações das pupilas percebidas na simetria (tamanho) e reatividade à luz. Hemiplegia (perda de movimento de um lado do corpo) ou hemiparesia (perda da motricidade, limitação de movimentos). Lacerações, hematomas, fraturas, escalpelamento. Perda de líquido cefalorraquidiano ou sangue nariz e ouvidos. Convulsões. Náuseas e/ou vómitos. Dor de cabeça, vertigem e visão turva. Ventilação rápida e superficial ou lenta com períodos de apneia 12.2 Trauma de Tórax A maioria das lesões traumáticas do tórax são tratadas apenas com suporte ventilatório, analgesia e drenagem de tórax. Somente 15 a 30% dos traumas torácicos penetrantes e menos de 10% dos traumas contusos requerem intervenção cirúrgica. Os ferimentos do tórax podem ser fechados ou abertos e envolver várias estruturas como: lesões da parede e estruturas ósseas, lesões de pulmão, lesões mediastinais (esôfago, via aérea, coração e grandes vasos), lesões diafragmáticas, órgãos abdominais podem ser acometidos, caracterizando uma lesão toracoabdominal. O principal objetivo da avaliação primária é detectar e combater ou simplesmente evitar a HIPÓXIA. A hipóxia é determinada pela obstrução das vias aéreas, pela hipovolemia (hemorragia), as alterações na pressão intratorácica e a alteração na relação ventilação- perfusão, podendo esses fatores atuar isoladamente ou em combinação. 21 Lesões Torácicas: Obstrução de vias aéreas: A identificação dessa condição é feita ao falar com o doente na admissão. Sinais e sintomas: Agitação. torpor, cornagem, estridor; cianose. Conduta: Inspecionar a cavidade oral, aspirar secreções e retirar corpos estranhos (próteses, fragmentos ósseos). Pneumotórax hipertensivo O aumento da pressão na pleura faz com que aconteça o colabamento, geralmente lado comprometido, esta condição empurra o mediastino (coração e vasos sanguíneos) para o lado oposto (contralateral). A ventilação torna-se difícil havendo uma diminuição do o fluxo de sanguíneo para o coração. A ventilação acaba comprometida. Sinais e sintomas: ansiedade extrema, cianose, taquipneia, diminuição ou ausência de murmúrio vesicular no lado acometido, saliência dos músculos intercostais, distensão de veias jugulares, taquicardia, hipotensão, enfisema de subcutâneo e desvio da traqueia. Conduta: O tratamento no pneumotórax hipertensivo consiste em diminuir a pressão no espaço pleural. No atendimento pré-hospitalar a punção pode ser o procedimento inicial necessário para descomprimir o pneumotórax hipertensivo e resolver o problema agudo do paciente. A drenagem deve ser realizada no intra-hospitalar, ocorre uma maior exposição quando no extra hospitalar há um maior risco de infecção. Pneumotórax aberto Quando a parede torácica está aberta, cria-se um caminho onde o ar se move do ambiente externo para dentro do tórax. Em vez de passar através das vias aéreas superiores aos pulmões, o ar simplesmente entra no tórax através da lesão. Nesse lado do tórax, o ar permanece fora dos pulmões, no espaço pleural. Diminuindo ou cessando a chegada de ar ao pulmão através dos brônquios, e com o ar se acumulando entre as pleuras, do lado de fora do pulmão, o pulmão é comprimido e não consegue se expandir. O oxigênio do ar que entra no tórax desta maneira não entra no pulmão, não entra em contato com os capilares dos alvéolos e, portanto, não se difunde para a corrente sanguínea para oxigenar as células do organismo, não ocorrendo ventilação adequada. Sinais e sintomas Os sintomas são dor no local da lesão e falta de ar. Os sinais podem incluir um ruído de aspiração ou borbulhamento (traumatopneia), resultante do movimento de ar para dentro e para fora do espaço pleural através do defeito da parede torácica. Conduta O tratamento é direcionado primeiramente para o fechamento do orifício no tórax, transformar um pneumotórax aberto em fechado, através de um curativo chamado de curativo de 3 pontas. Para tanto podemos empregar material plástico com 3 partes fechadas aderidas a pele com fita adesiva, durante a inspiração o curativo cola impedindo o fluxo de ar durante a expiração abre deixando sair o ar e as secreções, sangue, etc. 22 Hemotórax Maciço Acúmulo de sangue no espaço pleural superior a 1.500 ml. A causa mais comum é o ferimento penetrante de tórax, fonte de sangramento representada por pulmão, vasos sistêmicos (intercostais ou mamária interna), lesões no mediastino (coração e grandes vasos) e ferimentos toracoabdominais. Quando o sangramento é contínuo (200 a 300 ml/h por três horas consecutivas ou 1500 ml em 24 horas), consideramos o hemotórax progressivo e, portanto, de indicação cirúrgica. Sinais e sintomas: Os sintomas de um hemotórax estão relacionados a perda de sangue e, em menor extensão, com parte do pulmão colabado há falta de ar. Dependendo do comprometimento respiratório e circulatório, como em qualquer situação de hipovolemia, o doente pode apresentar confusão ou ansiedade. Os sinais de hemotórax incluem taquipnéia, diminuição do murmúrio na ausculta pulmonar com macicez à percussão e os sinais clínicos de choque. Conduta: O tratamento do hemotórax é direcionado para corrigir os problemas ventilatório e circulatório. Deve ser administrado oxigênio, em conjunto com assistência ventilatória, usando máscara e ambu e/ou tubo endotraqueal, conforme a necessidade. Como em outras lesões do tórax, deve ser feita observação rigorosa. A hipovolemia e o choque são os maiores problemas fisiológicos e devem ser tratados pela reposição intravenosa de soluções com eletrólitos e derivados do sangue assim que possível bem como a correção cirúrgica imediata. Tórax Flácido O tórax instável é consequência de um impacto no esterno ou na parede lateral do tórax. Na colisão automobilística frontal, o esterno pode colidir contra a coluna da direção. A continuação do movimento da parede torácica posterior para frente comprime as costelas havendo as fraturas. Sinais e sintomas: A avaliação inicial nesta situação considera que a frequência respiratória é essencial para a instalação da hipóxia e insuficiência respiratória. À medida que o doente não consegue oxigenar os tecidos a frequência respiratória aumenta.Tamponamento Cardíaco O tamponamento cardíaco é mais frequentemente devido a ferimentos por arma branca e arma de fogo. Ferimentos por arma de fogo frequentemente ocasionam orifício no pericárdio suficientemente grande para permitir que o sangue saia. Neste momento surgem os sinais de choque, que pioram progressivamente. Sinais e sintomas: Sinais de choque hemorrágico. No adulto, reduzir significativa do débito cardíaco. Frequência cardíaca aumenta, na tentativa de manter o débito cardíaco. A pressão de pulso diminui e pode surgir um pulso paradoxal. Um paciente tem um pulso paradoxal quando a pressão sistólica cai mais do que 10 a 15 mmHg durante a inspiração. Diminuição débito cardíaco., distensão das veias jugulares. Bulhas cardíacas abafadas e distantes pressão venosa elevada. Os sinais clássicos do tamponamento cardíaco, conhecidos como Tríade de Beck presentes no quadro são hipofonese de sons cardíacos/bulhas, hipotensão arterial, ingurgitamento jugular. Conduta: Na chegada rápida ao hospital é necessário o atendimento imediato, no pré- hospitalar pode-se também proceder ao mesmo tratamento do intra-hospitalar, lembrar sempre da necessidade de procedimento o mais estéril possível. Fornecer infusão intravenosa de solução com eletrólitos pode melhorar o débito cardíaco pelo aumento da pressão venosa. O tratamento destes casos envolve a remoção do sangue do pericárdio, ou seja, a pericardiocentese (punção de Marfan) e o controle da hemorragia. Uma nota a lembrar é que o tamponamento cardíaco é uma das causas de parada cardiorrespiratória em AESP – Atividade Elétrica Sem Pulso. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipotens%C3%A3o_arterial 23 12.3- Trauma de Abdome Os traumas abdominais são classificados em duas categorias: Os traumatismos fechados que têm origem as pancadas, quedas, explosões, esmagamentos, agressões, em que não há alteração da da parede abdominal. Os traumas abertos são causados por objetos penetrantes, como balas, navalhas, facas, entre outros. Um dos principais problemas dos traumas abdominais e da bacia está na dificuldade de controlar hemorragias no contexto pré-hospitalar e na dificuldade em identificar algumas lesões abdominais em tempo útil para ser possível a sua correção. A abordagem pré- hospitalar nos traumas abdominais e pélvicos focam, na estabilização das funções vitais, na identificação da vítima em choque e no seu transporte rápido para o centro de referência. Sinais e sintomas: Lesões evidentes, com ou sem objetos visíveis (ex. vidros, peças de maquinaria) empalados, dores são muito intensas, náuseas e vómitos, evisceração, aumento da pressão do compartimento abdominal, causando dessa forma a saída de mais conteúdo abdominal. Conduta: Proteção das vísceras com compressas, observar alterações neurológicas e que possam remeter ao estado de choque hemorrágico, reposição volêmica quando necessário, preparo para procedimento cirúrgico, manter temperatura corporal. 12.4- Trauma de Extremidade As fraturas de extremidades são comuns nos atendimentos de emergência. No atendimento pré-hospitalar o socorrista realiza a imobilização provisória do membro afetados, esta deve ser o mais correta possível. As fraturas geralmente apresentam perdas sanguíneas acentuadas, podendo ocorrer lesões vasculares e de tecidos adjacentes. A dor nesse tipo de trauma pelo é extremamente severa. As fraturas podem ser classificadas como fechadas e expostas, da mesma forma classificam- se quanto às suas características. Em nenhuma das situações faça tração do osso fraturado, apenas alinhe, imobilize e peça ajuda especializada. Fechada: O osso não há exteriorização de massa óssea Exposta: O osso está exteriorizado ou esteve exposto 24 Tipos de Fratura e Condutas Condutas em fraturas fechadas Imobiliza-se de uma articulação acima e outra abaixo. A atadura sempre deve ser posicionada da região distal para a proximal. Buscar a posição mais confortável para a vítima. Utilizar talas moldáveis de acordo com a estrutura fraturada Condutas em fraturas abertas ou exposta: Fazer curativo com compressa limpa e úmida; Imobilização de uma articulação acima e outra abaixo; A atadura sempre deve ser posicionada da região distal para a proximal; Buscar a posição mais confortável para a vítima; Não tente alinhar o osso. Utilizar talas moldáveis de acordo com a estrutura fraturada Luxação e entorse: Luxação: trauma de articulação com saída desta da posição anatômica; Entorse: trauma da articulação sem saída desta da posição anatômica. Conduta: Imobilização com tala moldável; Posicionamento adequado da vítima confortável; Compressas frias no local. Amputação traumática: Curativo para controlar a hemorragia; Parte amputada viável apenas de 4 a 6 horas (limpar segmento e, envolver em compressas limpas e umedecidas (gelo picado e água) não permitir que o segmento congele. Cuidados com feridas abertas. Lesões por esmagamento: Podem mostrar apenas lesões na pele. 25 13- HEMORRAGIAS: Hemorragia é a ruptura de vasos sanguíneos, com extravasamento de sangue. Pode ser interna ou externa. Sua gravidade se mede pela quantidade e rapidez de sangue extravasado. A perda de sangue pode ocasionar o estado de choque e levar a vítima à morte. 13.1- Tipos de hemorragias quanto ao vaso lesado Arterial: faz jorrar sangue pulsátil de cor vermelho vivo, rico em oxigênio. Venosa: o sangue sai lento e contínuo de cor vermelho escuro, pobre em oxigênio. Capilar: o sangue sai lentamente dos vasos menores, na cor similar ao sangue venoso. 13.2- Hemorragia Interna Na hemorragia interna o sangue se acumula dentro do corpo ou surge através de orifícios naturais. É difícil de ser reconhecida quando o sangue se acumula nas cavidades do corpo, mas pode ser identificada através de sinais (o que pode ser visto na vítima) e sintomas (o que a vítima sente). SINAIS SINTOMAS ● Alteração do nível de consciência ou inconsciência; ● Agressividade ou passividade; ● Tremores e arrepios do corpo; ● Pulso rápido e fraco; ● Respiração rápida e superficial; ● Pele pálida, fria, úmida e sudorese; ● Pupilas dilatadas. ● Fraqueza; ● Sede; ● Frio; ● Ansiedade ou indiferença. Havendo perda de sangue pela boca, nariz e ouvido, suspeita-se de hemorragia no cérebro. Apresentando escarros sanguinolentos, provavelmente a hemorragia será no pulmão; se vomitar sangue será no estômago; se evacuar sangue, será nos intestinos (úlceras); e se houver perda de sangue pela vagina, poderá estar ocorrendo um processo abortivo. 13.2.1- Tratamento da hemorragia interna Deitar o acidentado e elevar os membros inferiores, se possível, prevenir o estado de choque, nunca obstruir a saída de sangue através dos orifícios naturais (boca, nariz, orelha, ânus, vagina); providenciar transporte urgente, pois só no hospital se pode estancar a hemorragia interna. 26 13.2.1.1- Sangramento Nasal: Mantenha a vítima sentada com as vias aéreas permeáveis e a cabeça erguida, oriente-a para que respire pela boca e pince as narinas na sua parte cartilaginosa durante cinco minutos. 13.3- Hemorragia Externa: Na hemorragia externa há extravasamento de sangue para o exterior do corpo devido a lesões na pele. 13.3.1- Métodos para contenção da hemorragia externa 13.3.1.1- Elevação da região: Pequenas hemorragias nos membros e outras partes do corpo podem ser diminuídas, ou mesmo estancadas, elevando-se a parte atingida e, conseqüentemente, dificultando a chegada do fluxo sanguíneo. Não elevar o segmento ferido se isto produzir dor ou se houver suspeita delesões internas. 13.3.1.2- Compressão local: pequenas, médias e grandes hemorragias podem ser detidas pela obstrução do fluxo sanguíneo, com as mãos ou, preferencialmente, com um pano limpo ou gaze esterilizada, fazendo um curativo compressivo. É o melhor método de estancar uma hemorragia. . 13.3.1.3- Compressão do ponto arterial: se os métodos anteriores não forem suficientes para estancar a hemorragia, ou se não for possível comprimir diretamente o ferimento, deve-se comprimir as grandes artérias para diminuir o fluxo sanguíneo. 27 13.3.1.4- Torniquete: É uma medida extrema que só deve ser adotada em último caso (esmagamentos ou amputação traumática) e se todos os outros métodos falharem. Consiste em uma faixa de constrição que se aplica a um membro, acima do ferimento, de maneira tal que se possa apertar até deter a passagem do sangue arterial. O material a ser utilizado poderá ser o que houver à mão (gravata, lenço, toalha, suspensório, etc.), não devendo ser inferior a 2,5 cm de largura. 13.3.2- Tratamento Pré-hospitalar Avaliação da cena; Avalie nível de consciência; Abra as VA e observe a respiração e a circulação; Exponha o local do ferimento; Controle a hemorragia; Previna ou trate o estado de choque; Afrouxe roupas apertadas; Esteja preparado para o vômito; Não dê nada de comer ou beber. 14- QUEIMADURAS Queimadura é uma lesão produzida nos tecidos de revestimento do organismo, causada por agentes térmicos, produtos químicos, eletricidade, radiação, etc. As queimaduras podem lesar a pele, os músculos, os vasos sanguíneos, os nervos e os ossos. 14.1- Tipos: 14.1.1- Térmicas: Por calor (fogo, vapores quentes, objetos quentes) e por frio (objetos congelados, gelo). 14.1.2- Químicas: Inclui vários cáusticos, tais como substâncias ácidas e álcalis. 14.1.3- Elétricas: Materiais energizados e descargas atmosféricas. Substâncias radioativas: Materiais radioativos e raios ultravioletas (incluindo a luz solar), etc. 14.2- Classificação sinais e sintomas De acordo com sua profundidade, as queimaduras classificam-se em: 14.2.1- Queimadura de 1º grau - atinge somente a epiderme (camada mais superficial da pele). Caracteriza- se por dor local e vermelhidão da área atingida. 14.2.2- Queimadura de 2º grau - atinge a epiderme e a derme. Caracteriza-se por muita dor, vermelhidão e formação de bolhas. 14.2.3- Queimadura de 3º grau - atinge todas as camadas de revestimento do corpo, incluindo o tecido gorduroso, os músculos, vasos e nervos, podendo chegar até os ossos. É o mais grave quanto à profundidade da lesão. Caracteriza-se por pouca dor, devido à destruição das terminações nervosas, perda da sensibilidade, pele seca, dura e escurecida ou esbranquiçada. 28 De acordo com a extensão da queimadura, usamos porcentagens com a utilização da regra dos nove que permite estimar a superfície corporal total queimada. Nesse caso, analisamos somente o percentual da área corpórea atingida pela lesão, sem considerar sua profundidade (seus graus). A regra dos nove divide o corpo do adulto em doze regiões: Onze delas equivalem a 9% cada uma; e a última (região genital) equivale a 1%. As crianças recebem uma porcentagem específica, conforme se segue: 14.3- Tratamento pré-hospitalar para cada caso 14.3.1- Queimaduras menores (por causas térmicas) Exponha o local da lesão e resfrie a área queimada com água fria ou use água corrente por vários minutos para resfriar o local. O melhor é submergir a área queimada. Cubra o ferimento com um curativo úmido solto (estéril). Retire anéis, braceletes, cintos de couro, sapatos, etc. 14.3.2- Queimaduras maiores (causas térmicas) Inicialmente elimine o agente causador da lesão (se for fogo na roupa, use a técnica do PARE, DEITE e ROLE, ou utilize uma manta para extinguir o fogo por abafamento). Avalie a vítima e mantenha as VA permeáveis, observando a frequência e qualidade da respiração. Não retire os tecidos aderidos à pele, deve-se apenas recortar as partes soltas que se encontram sobre as áreas queimadas. Cubra toda a área queimada. Aplique curativo estéril. Não aplique nenhum creme ou pomada. Providencie cuidados especiais para queimaduras nos olhos, cobrindo-os com curativo estéril úmido. Cuidado para não juntar dedos ou extremidades queimadas, separando-os por meio de curativos estéreis. 14.3.3- Queimaduras químicas Limpe e remova substâncias químicas da pele do paciente e das roupas antes de lavar o local. Lave o local queimado com água limpa corrente, por, no mínimo, 15 minutos. Use EPIs apropriados. Cubra com curativo estéril toda a área de lesão. Previna o choque e transporte o paciente, monitorando-o. Se possível, conduza amostra da substância em invólucro plástico. Se a lesão for nos olhos, lave-os bem, por, no mínimo, 15 minutos, com água corrente e depois cubra com curativo úmido estéril. Volte a umedecer o curativo a cada 5 minutos. 29 14.4- CHOQUE ELÉTRICO O choque elétrico, geralmente causado por altas descargas, é sempre grave, podendo causar distúrbios na circulação sanguínea e, em casos extremos, levar à parada respiratória, cardiorrespiratória, dano ao sistema nervoso central e lesões em órgãos internos. Na pele, podem aparecer duas pequenas áreas de queimaduras (geralmente de 3º grau) – a de entrada e saída da corrente elétrica. Conduta: Desligue a fonte de energia e certifique que toda a eletricidade escoou, antes de tocar a vítima, Empurre a vítima para longe da fonte de eletricidade com um objeto seco, não-condutor de corrente, caso não consiga desligar a fonte; Se houver parada cardiorrespiratória, aplique a RCP; Trate as queimaduras com gazes ou panos limpos; Transporte a vítima ao hospital, se necessário. 15- DESMAIO\SÍNCOPE O desmaio consiste na perda transitória da consciência e da força muscular, deixando a vítima inconsciente. Pode ser causado por vários fatores, como a subnutrição, o cansaço, excesso de sol, stress. Pode ser precipitado por nervosismo, angústia e emoções fortes, além de ser intercorrência de muitas outras doenças, inclusive cardíacas. Procedimentos – vítima desmaiada: a) Desaperte-as as roupas; b) Coloque-a em um local arejado; c) Mantenha as pessoas afastadas; d) Deixe-a deitada com as pernas mais elevadas que o restante do corpo; e) Fique atento aos sinais vitais. Procedimentos – vítima prestes a desmaiar: a) Faça os procedimentos anteriores, ou; b) Sente-a curvando sua cabeça por entre as pernas, mais baixa que o joelho; c) Mande-a respirar profundamente. 16- CONVULSÃO: É a perda súbita da consciência repentinamente, acompanhada de contrações musculares bruscas e involuntárias. Pode ser causada por febre muito alta, epilepsia, traumatismo na cabeça ou intoxicações. Procedimentos: a) Deite a vítima em local confortável (decúbito lateral) e desaperte as roupas; b) Proteja a cabeça da vítima, não segure, não dê tapas, deixe-a se debater; c) Retire de perto objetos que possam machucar; d) Introduza um pedaço de pano entre os dentes, para evitar mordida da língua, sem forçar a abertura da boca; e) Caso a crise dure mais que 5 minutos, transporte-a mantendo os cuidados anteriores; 30 17- ENGASGO A obstrução de vias aéreas geralmente está associada à alimentação, na infância está associado a objetos pequenos que introduzem na boca. As vítimas apresentam inicialmente conscientes e reativas, pelo que as oportunidades de intervenção precoce podem de forma mais fácil resolver a situação. O reconhecimento precoce da obstrução da via aérea é fundamental para o sucesso da evolução da situação de emergência.Conduta em vítimas engasgadas conscientes: a) Posicione-se atrás da vítima e envolva os braços. b) Fechar uma das mãos, com o punho bem fechado e o polegar por cima, e posicione na região superior do abdômen, dois dedos abaixo do apêndice xifóide; c) Colocar a outra mão sobre o punho fechado, agarrando-o firmemente. d) Puxar com força ambas as mãos para dentro e para cima, em j. e) Em obesos e gestantes nas últimas semanas, uma opção é localizar as mãos sobre o tórax; f) Repetir a manobra por até 5 vezes seguidas, observando se o objeto foi expelido e se a vítima respira. Conduta em vítimas inconscientes: Em vítimas inconscientes inicia à massagem cardíaca do suporte básico de vida. Normalmente, a pressão causada pela massagem cardíaca auxiliar a saída do objeto que está obstruindo, ao mesmo tempo o sangue circula pelo corpo, aumentando as chances de sobrevivência. Conduta para vítimas sozinhas: Você precisa colocar seu punho dois dedos abaixo do apêndice xifóide, envolvê-lo com a outra mão. Incline-se sobre uma cadeira ou bancada, conduzindo seu pulso em direção a si mesma, com movimentos fortes, secos e para cima. Se não conseguir, faça o movimento sem o pulso, diretamente na cadeira. 31 Conduta em bebês e crianças O primeiro passo é sentar-se e deitar a criança sobre o braço com a cabeça um pouco mais baixa que o tronco se observar a presença de algum objeto em sua boca que possa ser removido manualmente. Se a vitima continuar engasgada, deve-se incliná-la, com a barriga sobre o braço, com o tronco mais baixo que as pernas, e dar 5 palmadas com a base da mão nas suas costas. Se ainda assim não for suficiente, deve-se virar a criança de frente, ainda sobre o braço, e efetuar compressões com os dedos médio e indicador sobre o tórax da criança, na região do esterno, comprimindo 5 vezes. Conduta em Crianças: Posicione-se com um dos joelhos no chão e uma perna dobrada para servir de apoio atrás da vítima e envolva os braços. Fechar uma das mãos, com o punho bem fechado e o polegar por cima, e posicione na região superior do abdômen, dois dedos abaixo do apêndice xifóide. Colocar a outra mão sobre o punho fechado, agarrando-o firmemente. Puxar com força ambas as mãos para dentro e para cima, em j. Repetir a manobra por até 5 vezes seguidas, observando se o objeto foi expelido e se a vítima respira. 18- PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA É a cessação abrupta das funções respiratórias, cardíacas e neurológicas, geralmente ocasionada por uma desordem eletrofisiológica do coração. As causas da PCR podem ser reversíveis. Assim que observado os sinais de inconsciência, apneia ou gasping e ausência de pulso carotídeo ou femoral por 10 segundos. 32 18.1- Reanimação Cardiopulmonar RCP Após avaliação da cena e solicitação de ajuda, avalia-se a vítima e observa-se os sinais de inconsciência, apneia ou gasping, ausência de pulso carotídeo ou femoral por 10 segundos iniciamos as manobras de RCP seguindo o mnemônico C-A-B-D segundo a sociedade americana do coração. Quando há apenas um socorrista realiza-se apenas as compressões torácicas, na presença de dois socorristas ou mais, habilitados, realiza-se o passo a passo como descrito abaixo. C Compressão torácica Posicionamento do manobrista: quadril acima da altura do tórax e posicionamento das mãos em contato contínuo e direto com o terço inferior do esterno 100 a 120 por minuto compressões por minuto Profundidade de 5 a 6 cm Retorno completo do tórax entre as compressões Mínima interrupção Verificação de pulso carotídeo ou femoral (a cada 2 minutos); Revezamento do manobrista (a cada 2 minutos); A Abertura da via aérea Hiperextensão do pescoço e elevação da mandíbula; ou Lesão cervical: imobilização cervical, com compressão dos arcos zigomáticos B Ventilação 2 ventilações para cada 30 compressões (30:2) O2 a 100% (15 L/min) Máscara acoplada corretamente na face Manter abertura das VA Só o AMBÚ oferta fração de 21% de oxigênio D Desfibrilação Monitorização cardíaca contínua Identificar o ritmo da PCR Ritmos chocáveis: fibrilação ventricular sem pulso e taquicardia ventricular sem pulso 33 19- REFERÊNCIAS ATLS. Suporte Avançado de Vida no Trauma. Manual do Curso de Alunos. Colégio Americano de Cirurgiões 10ª Ed. 2018. ATENDIMENTO Pré-hospitalar ao traumatizado: PHTLS. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018 DAMIANI, D. Uso rotineiro do colar cervical no politraumatizado. Revisão crítica. Revista Sociedade Brasileira de Clínica Médica, abr-jun; 15(2): 131-6, 2017. DIXON, M et al. Biomechanical Analysis of Spinal. Immobilisation durring Prehospital Extrication: Study interim report. University of Limerick, 2014. FELD, FX. Removal of the long spine board from clinical practice: historical perspective. J Athletic training. 53(8): 752-755, 2018. FISHER, PE et al. Spinal motion restriction in the trauma patient – A joint position statement Prehospitcare. V. 22, p. 659-661, 2018. GATOPOULOS, S. L. Tiny Tip: START Triage Protocol RPM – 30 – 2 – Can Do, Set 07, 2018. Disponivel em: https://canadiem.org/start-triage-protocol-rpm-30-2-can-do/ Acessado em 26/01/2019. KORNHALL, D. K. et al. 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