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ÁGUA EM 
ALIMENTOS
Prof Janaína Kohl Barbiero de Souza
janafarma@hotmail.com
ANÁLISE DE 
ALIMENTOS
Período em que alimento permanece com qualidade
aceitável pelo consumidor, seguro (microbiologicamente)
e sem alterações sensoriais, químicas e físicas.
Determinada por um conjunto de propriedades dos
alimentos como a formulação, processamento,
embalagem e condições de armazenamento.
(STEELE, 2004)
O que é vida de prateleira?
O que é vida de prateleira?
➢ Num estudo de vida de prateleira, os parâmetros
considerados críticos podem ser:
1. O crescimento bacteriano;
2. O aumento ou diminuição de pontuação numa escala de
avaliação organoléptica;
3. Perda de nutrientes;
4. Alteração de sabor causada por oxidação ou hidrólise de
gorduras;
5. Ganho ou perda de umidade, com alteração de textura;
6. Aumento na concentração de estanho e chumbo no caso de
produtos enlatados.
Quais são os fatores que influenciam na vida de 
prateleira dos alimentos?
Intrínsecos
Extrínsecos
• Matéria prima
• Nutrientes
• Atividade de água
• pH e acidez
• As estruturas biológicas dos alimentos
• Temperatura
• Oxigênio
• Sistema de embalagem
• Estocagem, distribuição e disposição do produto
• Umidade Relativa
Alimentos com curta 
vida de prateleira 
(dias a semanas)
(Geralmente precisam ser mantidos
congelados ou refrigerados entre 0°C e
8°C para garantir a qualidade do produto)
O uso de embalagens à vácuo e com
atmosfera modificada, pode estender um
pouco mais a vida de prateleira desses
produtos, e geralmente são combinadas ao
uso de refrigeração
Alimentos com média vida de prateleira 
(Até 3 semanas)
Podem ser estocados em condições ambientes, alguns
precisam ser refrigerados.
Alimentos com vida de prateleira longa 
(até um ano)
Estáveis em condições ambientes, por possuírem tratamento
térmico bem definido, ou ainda ser produto de alta acidez ou de
baixa atividade de água, como os desidratados.
http://bp0.blogger.com/_yqrzyI9P7jI/R1Gf0zIisiI/AAAAAAAAAKA/zPYJyMX_Uwk/s1600-R/Corn+Flakes.jpg
ÁGUA COMPONENTE FUNDAMENTAL DA 
MAIORIA DOS ALIMENTOS.
PRINCIPAL SOLVENTE
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ÁGUA EM ALIMENTOS
ÁGUA LIVRE: água livre nos alimentos → aproveitada pelos 
micro-organismos. Serve como agente dispersante para substâncias 
coloidais e como solvente para compostos cristalinos.
ÁGUA DE HIDRATAÇÃO OU LIGADA: Ligada quimicamente 
com outras substâncias do alimento e não é totalmente eliminada na 
maioria dos métodos de determinação de umidade.
Dividida em:
- Água constitucional (ligada mais fortemente ao substrato)
- Água vicinal (próxima camada de água ligada ao substrato)
- Água de multicamadas (água ligada com menor intensidade)
Capacidade de ligação da água -> termo utilizado para a capacidade de
grandes moléculas de reter água
Água ligada
Livre
Multicamada
Constitucional
Substrato
Combinada
Teor de umidade ? Atividade de 
água ?
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Definição Aw:
Aw = P
Po
=
relação entre a pressão parcial de vapor da água contida 
na solução/alimento (P) e a pressão parcial de vapor da 
água pura (P0), a uma dada temperatura
água
Valores variam de 0 - 1
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Aw indica a quantidade de água 
disponível no alimento
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Teor de Umidade = água total
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Te
o
r 
d
e
 u
m
id
ad
e
 (
%
 p
e
so
ú
m
id
o
)
Região 1 Região 2 Região 3
ISOTERMA DE SORÇÃO
Água fortemente 
ligada ao 
substrato.
Camada de BET
Temos água fracamente ligada ao 
substrato. Pequenas alterações no 
teor de água implicam em grandes 
modificações de Aw.
Temos a água 
capilar. Grandes 
alterações no teor de 
água não alteram 
muito o Aw
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Valor da Monocamada de BET (Brunauer-
Emmett-Teller):
▪ Limite entre a região I e II
▪ Quantidade de água necessária para formação da
monocamada
▪ Esse valor representa o teor de umidade no qual o 
alimento apresenta estabilidade
Ex: gelatina (11%), amido (11%), lactose amorfa (6%) e 
leite integral seco em spray dryer (3%).
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ISOTERMA DE
SORÇÃO
Fornecem informações úteis para 
processos concentração, secagem 
e hidratação dos alimentos
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ISOTERMA DE SORÇÃO
Desidratação
HidrataçãoTe
o
ru
m
id
ad
e
O isoterma de um alimento quando hidratado (adsorção) não
se sobrepõem com o isoterma de desidratação (desorção).
Fenômeno conhecido
como HISTERESE, i.e.
Diferença entre as duas
curvas
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Tipo III - Antiglomerantes
Tipo I – Açúcares cristalinos (tipo J)
Tipo II – Maioria dos alimentos (tipo sigmóide)
Te
o
r 
d
e 
u
m
id
ad
e
Atividade da água
Como será o 
isoterma de sorção
dos seguintes 
alimentos?
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TIPOS DE 
CURVAS:ISOTER
MA DE SORÇÃO
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PERECIBILIDADE: termo utilizado para designar
a facilidade com que um alimento se deteriora.
Alimentos com mesmo teor de água diferem 
significativamente na perecibilidade.
Estabilidade e segurança do alimento se correlaciona 
melhor com Aw que com o teor de umidade.
Aw: Correlação com as curvas de 
crescimento microbiano e com 
reações de deterioração 
(químicas e físicas)
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Valores de atividade de água dos alimentos em função 
da velocidade das reações.
mo não se multiplicam em 
água pura
Todos mo tem Aw- máxima, 
ótima, mínima
Aw e Crescimento microbiano
< 0,60 : alimento microbiologicamente estável 
0,0 – 0,2 : água fortemente ligada
0,7 – 1,0 : maioria da água está livre
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ESTABILIDADE QUÍMICA E BIOQUÍMICA:
▪ Escurecimento não enzimático
(ex. Reação de Maillard)
▪ Reações Enzimáticos
▪ Oxidação Lipídica
▪ Degradação de Nutrientes
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Mecanismo
Requerimento
de oxigênio
Requerimento
de NH2
pH ótimo Produto final
Maillard Não Sim >7,0 Melanoidinas
Caramelização Não Não 3,0 a 9,0 Caramelo
(melanoidinas)
Oxidação de
ácido
ascórbico
Sim Não 3,0<pH<5,0 Melanoidinas
Fonte: Araújo, J. M.A., Química de Alimentos – Teoria e Pratica (2003).
ESCURECIMENTO NÃO-ENZIMÁTICO
Podem ser divididos em 3 mecanismos:
ALTERAÇÃO QUÍMICAS DE ALIMENTOS EM
FUNÇÃO DA Aw
ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO
Reação de Maillard
Açúcares redutores
Ex.: glicose, frutose,
lactose, maltose +
H2N-R
Amino grupos; ex:
resíduos de lisina,
arginina, cisteína
Base de 
Schiff
imina
Composto 
de 
Amadori
a partir de hexose: HMF
(Hidroximetilfurfural)
a partir de pentose: FURFURAL
(furaldeído)
AGEs
(produtos de 
glicação avançada)
Ex.: carboximetilisina, 
furosina
polimerização
MELANOIDINAS
Pigmento escuro
insolúvel
INTERMEDIÁRIOS DAS REAÇÕES: 
AROMA E SABOR
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1 fase
2 fase
3 fase
ALTERAÇÃO QUÍMICAS DE ALIMENTOS EM 
FUNÇÃO DA Aw
ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO
REAÇÕES ASSOCIADAS AO 
AQUECIMENTO E 
ARMAZENAMENTO
↑ gradativo da velocidade da 
reação em função da 
mobilidade até Aw 0,6
↓ gradativo da velocidade da
reação em função da diluição
dos reativos para Aw > 0,6
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ALTERAÇÃO QUÍMICAS DE ALIMENTOS EM 
FUNÇÃO DA Aw
REAÇÕES ENZIMÁTICAS
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ALTERAÇÃO QUÍMICAS DE ALIMENTOS EM 
FUNÇÃO DA Aw
REAÇÕES ENZIMÁTICAS
Baixa Aw = Baixa mobilidade dos substratos e 
inabilidade de se difundir até o sítio ativo da enzima
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CARAMELIZAÇÃO
Durante o aquecimento de carboidratos, particularmente açúcares
e xaropes de açúcares, → reações → escurecimento →
caramelização.
Degradação de açúcares na ausência de aminoácidos e proteínas.
Os açúcares no estado sólido são relativamente estáveis ao
aquecimento moderado, mas em temperaturas maiores que 120
ºC são pirolisados para diversos produtos de degradação de alto
peso molecular e escuros, denominados caramelos.
ALTERAÇÃO QUÍMICAS DE ALIMENTOS EM 
FUNÇÃO DA Aw
OXIDAÇÃO LIPÍDICA: água indisponível para reações e microorganismos
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Aw<0,3
ALTERAÇÃO QUÍMICAS DE ALIMENTOS EM 
FUNÇÃO DA Aw
OXIDAÇÃO LIPÍDICA
entre os
Aw < 0,2 = ↑ rancidez 
(devido a aproximação 
reagentes),
Aw 0,2 a 0,5 = Baixas taxas de
rancidez
Aw > 0,5 = rancidez aumenta com
aumento da mobilidade, o aumento de
oxigênio no final e maior atividade de
íons metálicos (catalisadores)
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Aw: veloc.: oxigênio dissolvido
e atividade de íons metálicos29
Resumindo .....
Quais reações podem ocorrer 
dependendo da Aw?
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QUAL O PAPEL DA ÁGUA SOBRE AS 
PROPRIEDADES FÍSICAS DO 
ALIMENTO?
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Em pó
muito frágil
frágil
crocante
quebradiço
emborachado
couro
pegajoso
elástico
macio
úmido
A textura é um dos atributos sensoriais demaior 
importância em alimentos e está diretamente 
relacionada com o seu estado físico
A Aw também afeta a estabilidade estrutural do 
alimentos, alterando os estados físicos -sensorial
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O estudos das fases de transição dos 
alimentos → compreensão das propriedades 
texturais de alimentos e explicar as alterações que 
ocorrem durante o processamento e a 
armazenagem, tais como a pegajosidade, o 
empelotamento, o amolecimento e o
endurecimento
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A mudança de fase mais comum é a Transição Vítrea
→ Região de Não equilíbrio entre os estados amorfos (estado 
vítreo e gomoso)
→ Materiais amorfos são compostos susceptíveis às mudanças de 
temperatura e pressão do ambiente
→ Tg (temperatura de transiçãovítrea)
Diagrama de estado
Estado vítreo → imobilização das moléculas não permite a 
cristalização (maior viscosidade)
Alimentos duros e quebradiços (ex. biscoitos crocantes) Estado 
gomoso → maior mobilidade das moléculas. Estado menos 
viscoso (damasco desidratado, biscoitos e recheios)
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Diagrama de estado
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UR. Elevada
Absorção da umidade
do ambiente
Textura Granulosa
↑ Aw
Deterioração 
microbiana geralmente 
de origem fúngica
UR. reduzida
Desidratação 
superficial 
Prejuízo nas 
características 
sensoriais do 
alimento
Precisa embalar/armazenar apropriamente
Equilíbrio
UR = Aw x 100
↑água - ↑ plastificante
MUDANÇAS DE TEXTURA:
▪ ↑ Atividade de água:
redução da viscosidade, ↑ mobilidade molecular
Transformações como pegajosidade, colapso (perda de
estrutura, escoamento sob a força da gravidade) e
cristalização durante o processamento e a armazenagem.
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0,37
7,6%
24⁰C
Temperatura de transição vítrea, Tg, como uma função da atividade de água, aw, e 
isoterma de sorção a 24ºC leite em pó desnatado
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Conceitos importantes
Mobilidade Molecular→ movimento das moléculas
Plastificação→ habilidade da umidade e outros aditivos
aumentarem o movimento dos polímeros (ex. caseinatos)
na matrix do alimento.
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ESTADO FÍSICO 
x TEMPERATURA
x CONCENTRAÇÃO DE ÁGUA
Informações valiosas:
- formulação,
- processamento,
- embalagem
- estocagem
(objetivo: evitar a mudança de fase, vítreo-gomoso, 
mantendo o alimento na forma desejada para o consumo 
pelo maior tempo possível).
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