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Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 1 Revisando fisiologia e anatomia: Função do esôfago – primordialmente motora: Transporte do alimento deglutido; prevenção do refluxo gastroesofágico. 3 regiões funcionalmente distintas: Esfíncter esofágico superior; Corpo do esôfago; Esfíncter esofágico inferior – evita retorno de suco gástrico. Esôfago não tem serosa. Sistema nervoso entérico: Plexo mioentérico ou plexo de Auerbach – formado por uma cadeia de neurônios e células da glia interconectados, que coordenam principalmente as contrações no trato gastrointestinal. Situa-se entre as camadas musculares longitudinal e circular. Presente em todo o TGI. Atua de modo predominantemente excitatório, no controle do peristaltismo, aumento a contração tônica da parede muscular, a frequência e intensidade da contração e aumentando a velocidade de transmissão das ondas excitatórias. Estímulos para o plexo: distensão do tubo pelo acúmulo de certa quantidade de alimento num ponto do TGI; irritação do epitélio; e sinais nervosos extrínsecos do sistema nervoso parassimpático (nervo vago). Plexo submucoso e plexo de Meissner – formado por uma cadeia de neurônios interconectados que controlam a secreção gastrintestinal e o fluxo sanguíneo para o local. Situa-se na camada submucosa em todo TGI. Suas funções estão ligadas à região mais interna da parede intestinal, controlando a secreção, absorção e fluxo sanguíneo para o local. Esfíncter esofágico superior: Junção faringoesofagiana – segmento de 3 a 4 cm de extensão correspondendo à distribuição do músculo cricofaríngeo – único segmento de musculatura estriada. Em repouso – contração. Barreira adicional ao refluxo para o esôfago durante a respiração. Relaxamento pela deglutição. Tempo de relaxamento de 1,5 a 2s. Pressão de repouso de 40 a 100 mmHg. Contração tônica – excitação de fibras somáticas do nervo vago. Relaxamento – inibição transitória de neurônios centrais Excitação e inibição – coordenadas com peristaltismo esofágico através do centro da deglutição (bulbo). Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 2 Inervação parassimpática – vago. Ramos vagais: responsáveis pela contração e relaxamento. Deglutição – induz relaxamento quase imediato do ESSE, que precede a contração dos músculos da orofaringe. Corpo do esôfago: Porção superior: musculatura estriada. Porção distal: musculatura lisa. Ondas peristálticas primárias – iniciadas na faringe com a deglutição. Peristalse primária: requer abertura do ESSE e presença de bola alimentar. Peristalses secundárias: sem relação com a fase orofaringeana da deglutição. RGE, presença material não propelido pela peristalse primária. É um mecanismo de ‘limpar’ o esôfago daquilo que sobrou da primária ou se houver refluxo. Alterações no equilíbrio e gradiente de neurônios excitatórios (colinérgicos) e neurônicos inibitórios (nitrérgicos) do esôfago distal como um mecanismo fisiopatológico das desordens motoras. Círculos azuis: neurônios excitatórios. Círculos vermelhos: neurônios inibitórios. A – em indivíduos normais, os neurônios colinérgicos são mais densos proximalmente, tornando-se cada vez mais esparsos distalmente. Por outro lado, os neurônios inibitórios são mais proeminentes distalmente e relativamente esparsos proximalmente. Este gradiente neural inverso aumenta a latência da contração à medida que avança distalmente. Com a estimulação vagal simultânea dos neurônios ao longo do comprimento do esôfago, a contração ocorre primeiro proximalmente, e distalmente propaga-se apenas por “wear off” do efeito inibitório. B – Se não houver essa distribuição, não há transito. Uma deglutição inibe a outra, até que a última gera uma peristalse (inibição deglutitiva). Contrações terciárias: porção inferior do esôfago de pessoas idosas, irregulares, com função desconhecida. (A título de informação) Contração peristáltica: estreita a luz, movendo-se de cima para baixo e simultaneamente há contração da musculatura longitudinal (de baixo para cima). Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 3 Regulação da parte esquelética – mecanismos centrais, sensíveos aos estímulos aferentes do esôfago. Regulação da musculatura lisa – mecanismos locais (miogênicos e neurgoênicas). Excitação: libera Ach; Inibição: libera NO. Esfíncter inferior do esôfago: Unidade funcional de 2 a 4 cm de extensão que impede RGE. Em repouso: fechado. Deglutição: aberto. Contração iônica em repouso – mantida por mecanismos musculares (miogênicos) e por neurônios motores centrais. Relaxamento do EIE – induzido pela deglutição é mediado pelos nervos vagos que fazem sinapses com neurônios inibitórios intramurais, que liberam de NO. Ocorre cerca de 2s após o início da deglutição, recuperando seu tônus inicial após 5-7s. Regulação hormonal – peptídeos gastrintestinais que tanto aumentam quanto diminuem a pressão de repouso do EIE. EXAME MANOMÉTRICO: Avaliação das pressões intraluminares e da atividade muscular das 3 diferentes partes funcionais do esôfago durante a deglutição e nos períodos em repouso. Faz-se primeiro seriografia de esôfago, endoscopia e por último manometria: Indicações da manometria do esôfago: Disfagia de origem obscura; avaliação de DRGE; dor torácica de origem não cardíaca; doença sistêmica com possível envolvimento esofágico; posicionamento de dispositivos na luz do esôfago. Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 4 CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DA MOTILIDADE ESOFÁGICA: →Primário: Acalásia Espasmo difuso do esôfago Esôfago em qubra-nozes EIE hipertenso Motilidade esofágica ineficaz →Secundário: Doença de colágeno (ESP, LES). Doenças musculares (distrofias e miastenia gravis) Doenças neurológicas (EM, AVC, Parkinson). Infecção – Chagas. Distúrbios metabólicos (DM, amiloidose, hipo/hipertireoidismo). ACALÁSIA: Doença motora do esôfago caracterizada pelo NÃO relaxamento do esfíncter inferior E contrações não peristálticas em seu corpo. Fisiopatologia da acalasia idiopática: -Autoimunidade -Chagas (diminuição dos neurônios do plexo mioentérico; comprometimento tanto da inervação inibitória E da excitatória colinérgica). -Neurodegeneração (diminuição dos neurônios do plexo mioentérico; comprometimento mais evidente da inervação inibitória; maior atividade da inervação excitatória colinérgica; alterações dos nervos vagos e núcleos dorsais do vago). -Infecções virais -Genética Ao engolir, EIE relaxa pela inervação inibitória; na acalasia não abre porque perdeu inervação inibitória; Chagas perde as duas inervações. Normal Chagas Formas de pseudoacalasia – causadas por neoplasias: Neoplasia que causa invasão direta dos plexos neuronais do esôfago (ex: adenocarcinoma da junção esofagogástrica) ou através da liberação de fatores humorais não bem caracterizados que alteram a função motora do órgão com parte de uma síndrome paraneoplásica. Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 5 Paciente com pseudoacalasia podem ter os mesmos achados manométricos, que aqueles com acalasia, mas podem ser diferenciados por endoscopia digestiva alta e ecoendoscopia. →SINTOMAS DA ACALASIA: disfagia, regurgitação, dor torácica, pirose (30%). Avaliação radiológica das acalasias: Grupo I – esôfago com diâmetro normal, retarde do esvaziamento da coluna baritada. Grupo II – moderada dilatação do esôfago e retenção do contraste, atividade motora incoordenada (aparecimento de ondas terciárias). Grupo III – esôfago com grande aumento de calibre e hipotônico, com pouca ou nenhuma atividade contrátil de suas paredes GrupoIV – dolicomegaesôfago, ou seja, com grande volume, alongado, atônico, dobrando-se sobre a cúpula diafragmática. Acalasia – esôfago dilatado, com irregularidades (onda terciária). Características manométricas da acalasia idiopática: ausência de peristalse no corpo esofágico, relaxamento ausente ou incompleto do EIE, tônus pressórico basal do EIE baixo. Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 6 Tratamento da acalasia: Dilatação pneumática Operação Drogas: nifedipino, dinitrato de isossorbitol. Toxina botulínica POEM – miotomia endoscópica peroral Ruptura mecânica das fibras musculares do EIE: dilatação pneumática, miotomia cirúrgica ou POEM. Ambas possuem altas taxas de sucesso Redução farmacológica da pressão do EIE: injeção de toxina botulínica, nitratos orais ou bloqueadores de canais de cálcio. Melhora dos sintomas e não cura total. ESPASMO DIFUSO DO ESÔFAGO Definição: Síndrome clínica caracterizada por: dor retrosesternal e/ou disfagia, achados manométricos característicos e alterações radiológicas próprias. Incidência e prevalência: 4-5% dos dx manométrico; acomete jovens e idosos (quinta década idade média de acometimento); maior incidência em mulheres. Fisiopatologia: hipersensibilidade ao estímulo colinérgico; defeito na atividade neuromoscular mediada pelo NO; evolução para acalasia (?). Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 7 →Exame radiológico: Contrações incoordenadas Contrações espontâneas Dificuldade no trânsito Ausência de dilatação Esôfago em ‘saca rolha’. Exame monométrico: Contrações simultâneas de mais de 10% das deglutições de água com amplitudes médias > 30mmHg. Contrações peristálticas. Outras alterações motoras observadas, mas que não são exigidas para o diagnóstico manométrico: contrações: espontâneas, repetitivas, de múltiplos picos (>2). Sintomas: dor torácica, disfagia. Tratamento: Esclarecimento da condição benigna da doença. Terapia da doença do refluxo gastroesofágico. Relaxantes da musculatura lisa. Medicações psicotrópicas. Toxina botulínica Miotomia longa. ESÔFAGO EM QUEBRA NOZES: Definição: complexos de deglutição com peristaltismo normal e com amplitude média elevada das ondas de contração, no esôfago distal e/ou médio. Frequentemente a duração dos complexos deglutivos também está elevada. Sintomas: dor torácica, disfagia. Etiologia/fisopatologia: desconhecidos. Acredita-se que existe uma força contrátil inadequada da musculatura do esôfago digital, por perda de mecanismo (intrínseco ou extrinsexo) de retroalimentação quanto à detecção do tto do Gastroenterologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Dra. Lilian Aprile 8 bolus alimentar que agiria modulando a conração. Prevalência aumentada de depressão, ansiedade e somatização. Maior sensibilidade visceral. Exame radiológico – normal. Manometria: ondas peristálticas distais com > 200mmHg Tratamento: relaxamento muscular com nifedipina; IBP (alta associação DRGE).
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