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3ºAula Desenhos de cargos da avaliação de desempenho Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender os modelos de desenhos de cargos; • formar a compreensão do conceito de gestão estratégica competitiva por meio de ferramentas como o Balanced Scorecard (BSC); • oportunizar a compreensão do desenho de cargos da avaliação de desempenho. Caros(as) alunos(as), nesta aula 3, iremos estudar os modelos de desenhos de cargos, as estratégias competitivas com uso da ferramenta Balanced Scorecard e na sequência o desenho de cargos da avaliação de desempenho. Com o estudo, iremos compreender como ocorre o aprendizado e o crescimento profissional, os benefícios e a formulação de estratégias, bem como a análise do fluxo de trabalho e dos outputs do trabalho, do processo de trabalho e dos inputs do trabalho. Bons estudos! 28Política de Avaliação de Desempenho 1 – Modelos de desenhos de cargos 2 – O Balanced Scorecard 3 - Desenhos de cargos da avaliação de desempenho Seções de estudo 1 - Modelos de desenhos de cargos 2 - O Balanced Scorecard Antes de falar sobre avaliação de desempenho humano, devemos entender um pouco sobre a descrição e o desenho do cargo. Veremos como é realizada essa tarefa de descrição e análise de cargo. No processo de aplicar pessoas na gestão de recursos humanos de uma empresa, destacam-se as atividades de desenho de cargos e avaliação de desempenho. Sabendo disso, veremos como se desenvolve a atividade de desenho de cargos nas empresas. Cargo é um conjunto de funções atribuídas a cada indivíduo na empresa de mesma natureza e complexidade. Segundo Chiavenato (1999), o cargo é uma composição de todas as atividades desempenhadas por um funcionário que podem ser englobadas em um todo unificado e que figura em certa posição formal do organograma da empresa. A estrutura de cargos é condicionada pelo desenho organizacional em que ela está contida. Quando pensamos em cargo pensamos em atividades a serem executadas. Quando você trabalha em uma empresa e assume um cargo “x” você logo pergunta: Qual é o meu trabalho? O que eu faço? O que realmente importa nele? O desenho de cargos pode ajuda a responder essas questões. Mas o que é desenho de cargos? Segundo Chiavenato (1999), o desenho de cargos envolve a especificação do conteúdo de cada cargo, dos métodos de trabalho e das relações com os demais cargos. Chiavenato também define desenho de cargos como o processo de organizar o trabalho por meio das tarefas que são necessárias para desempenhar um cargo específico. Chiavenato afirma que o desenho de cargos se constitui a maneira como cada cargo é estruturado e dimensionado. Ele ainda afirma que para desenhar um cargo devemos definir quatro condições básicas: 1. o conjunto de tarefas ou atribuições que o funcionário deverá desempenhar; 2. como as tarefas ou atribuições deverão ser desempenhadas; 3. a quem o funcionário do cargo deverá se reportar; 4. quem o funcionário do cargo deverá supervisionar ou dirigir. • Modelos de desenho de cargos Chiavenato aponta três modelos de desenho de cargos: 1. Modelo Clássico ou Tradicional – esse modelo foi elaborado na Administração Cientifica no início do século XX e foi projetado para alcançar a redução de custos, padronização das atividades e apoio à tecnologia, mas, na realidade, trouxe desvantagens e limitações – cargos simples e repetitivos, desmotivação pelo trabalho, trabalho individualizado entre outros problemas. Esse modelo tem como aspectos principais: a) a pessoa como apêndice da máquina, onde a racionalidade é técnica, lógica e determinística; b) fragmentação do trabalho, onde o trabalho é dividido e fragmentado para atender a racionalidade técnica; c) ênfase na eficiência, onde cada trabalhador segue as regras e procedimentos estabelecidos; d) permanência, onde o desenho clássico é definitivo e feito para durar sempre. 2. Modelo humanístico – esse modelo apareceu por volta da década de 1930, modelo denominado de relações humanas pelo fato de ter surgido com a experiência de Hawthorne. Segundo Chiavenato (1999), o desenho humanístico preocupa-se mais com o contexto do cargo do que propriamente com o conteúdo do cargo. O modelo humanista procura incrementar a interação das pessoas entre si e superiores, como meio de satisfazer as necessidades individuais e aumentar o moral do pessoal. 3. Modelo contingencial – nesse modelo, a abordagem é mais holística e complexa, pois considera três variáveis simultaneamente: as pessoas, a tarefa e a estrutura da organização. Segundo Chiavenato (1999), o desenho do cargo no modelo contingencial não se baseia na presunção de estabilidade dos objetivos e dos processos organizacionais, mas, ao contrário, é dinâmico e se baseia na continua mudança e revisão do cargo como uma responsabilidade básica colocada nas mãos do gerente ou de sua equipe de trabalho. Esse modelo tem como dimensões essenciais a variedade, autonomia, significado das tarefas, identidade com a tarefa e retroação. À medida que são verificados os diversos conceitos e concepções ligados à avaliação de desempenho, torna -se necessário enfocar uma eficiente estratégia contemporânea quanto ao alinhamento do desempenho humano e do organizacional. Com isso, a escolha recaiu sobre o Balanced Scorecard (BSC), um instrumento gerencial concebida por Robert Kaplan e David Norton no início da década de 1990, para avaliar o desempenho da empresa. Segundo Moysés (2003), para atuar num ambiente que se torna a cada dia mais complexo, estrategistas, gerentes e com base no ciclo de vida da empresa, os colaboradores necessitam de ferramentas que propiciem alinhamento, suporte e controle estratégico em todos os níveis, gerando competências e conhecimentos para a organização. Ele afirma, ainda, que na gestão estratégica competitiva, o alinhamento e o controle estratégicos são promovidos pelo Balanced Scorecard (BSC), ferramenta pela qual se elaboram medidas financeiras e não financeiras que possibilitam o desdobramento das estratégias a serem implementadas. Becker e Ulrich (2001) afirmam que a implementação efetiva de um processo integrado de avaliação de desempenho, 29 capaz de comprometer a força humana com o negócio, deve orientar-se por um mapa estratégico que represente a cadeia de valor da empresa e, portanto, constitua a base de sustentação da tomada de decisão, permitindo a definição de expectativas de desempenho que agregam valor. Ainda, segundo Becker e Ulrich (2001), o BSC deve ser percebido como uma bússola que orienta o gerenciamento do negócio, cuja principal característica é a aproximação do planejamento estratégico da ação empresarial, por meio da elaboração e do desdobramento de planos de ação, com acompanhamento e controle dos resultados. Souza (2005) afirma que o BSC foi estruturado para dar visibilidade aos demais fatores críticos que afetam o desempenho organizacional, como aqueles vinculados aos clientes, aos processos internos e ao aprendizado. O BSC permite a sustentação de um olhar estratégico capaz de visualizar o desempenho organizacional e, por desdobramento, o humano, por intermédio de um painel de indicadores. Conceito O Balanced Scorecard (BSC) é um sistema de mensuração de desempenho empresarial, que complementa as medições financeiras tradicionais com avaliações sobre o cliente, determina os processos internos que devem ser aprimorados e analisa as possibilidades de aprendizado e de crescimento. Também identifica investimentos em recursos humanos, sistemas e capacitação que poderão influir positivamente nas atividades da empresa. Kaplan e Norton dividiram em quatro asestratégias de perspectivas de negócio: • perspectiva financeira; • perspectiva cliente; • perspectiva processos internos; • perspectiva aprendizado e crescimento. Perspectiva financeira Esta perspectiva resume as três fases do ciclo de vida da empresa: Crescimento – estágios iniciais de seus ciclos de vida e em fase de crescimento, investem no desenvolvimento de novos produtos e serviço. Sustentação – empresas em fase de crescimento investem, buscando manter ou aumentar gradativamente market share. Colheita – fase em que a empresa investe em manutenção dos ativos imobilizados e capacidade. Podemos apresentar três temas estratégicos citados por Kaplan e Norton (1997): • crescimento e mix de receita; • redução de custos e melhoria da produtividade; • utilização de ativos/estratégias de investimento. Perspectiva clientes Nessa perspectiva, referem -se a criação de valor para o cliente, variando de acordo com o setor de atividade. Kaplan e Norton (1997) acentuam que o conjunto de atributos se divide em três categorias: • produtos ou serviço; • relacionamento com os clientes; • imagem e reputação Os autores ainda argumentam que essas medidas decorrem das propostas de valor e, por serem comuns a quaisquer empresas, propõem os seguintes indicadores: • market share; • retenção de clientes; • captação de clientes; • satisfação de clientes; • lucratividade de clientes. Perspectiva processos internos Segundo Souza (2005), para estudar a cadeia de valores de uma empresa dentro dessa perspectiva, cita Hamel e Prahalad (1995), que sugerem três grandes processos genéricos: • inovação; • operação; • pós-venda. Podemos citar alguns indicadores de desempenho nessa perspectiva como: • inovação – tipo de medida: pesquisa básica e aplicada e desenvolvimento de produtos; • operações – tipo de medida: medidas de tempo, medidas de qualidade e custo; • pós-venda – tipo de medida: tempo, qualidade e custo. 3 - Desenhos de cargos da avaliação de desempenho • Perspectiva Aprendizado e Crescimento O aprendizado e o crescimento da organização vêm de três principais fontes: as pessoas, os sistemas e os procedimentos organizacionais. É a base para a obtenção dos objetivos das outras perspectivas, representa o maior interesse do executivo principal e dos arquitetos do plano de negócios de longo prazo. Identifica também as capacidades de que a empresa deve dispor para conseguir processos interno capazes de criar valor para clientes e acionistas. Como indicadores importantes podem ser considerados: nível de satisfação dos funcionários, rotatividade dos funcionários, lucratividade por funcionário, capacitação e treinamento dos funcionários e participação dos funcionários com sugestões para redução de custos ou aumento de receitas. Essas perspectivas devem ser ligadas entre si, em relações de causa e efeito que “contam a história” da estratégia da empresa, que faz uma alusão das perspectivas como processos intimamente ligados e interrrelacionados. Benefícios Os benefícios decorrentes da implementação do BSC na empresa: traduz a estratégia em objetivos e ações concretas; promove o Alinhamento dos indicadores chave com os objetivos estratégicos a todos os níveis organizacionais; proporciona à gestão uma visão sistematizada do desempenho operacional; constitui um processo de avaliação e atualização da estratégia; facilita a comunicação dos objetivos estratégicos, focalizando os colaboradores na sua consecução; permite desenvolver uma cultura de aprendizagem e melhoria 30Política de Avaliação de Desempenho continua; Suporta a atribuição de incentivos em função do desempenho individual e da contribuição para os resultados do negócio. O Balanced Scorecard ajuda a reduzir a quantidade de informação utilizada a um conjunto mínimo de indicadores vitais e críticos. Formulação de Estratégia Os procedimentos relacionados com a formulação estratégica, com a implementação estratégica e com o papel do RH, foram o objeto de estudo do capítulo anterior. Considerou-se, então, que a implementação estratégica consiste na operacionalização da estratégia escolhida, através das atividades práticas dos diversos RH da organização, e verificou-se que o sucesso desse processo está dependente de cinco variáveis, estando três delas diretamente relacionadas com a gestão da função de RH. Assim como objeto de estudo do presente capítulo, iremos analisar uma dessas três variáveis: a tarefa ou o cargo. Para que a implementação estratégica possa ser efetuada, o primeiro aspecto a considerar é a definição e o desenho das tarefas que têm de ser realizadas. Seguidamente, é importante, considerar o modo como essas tarefas serão realizadas, ou seja, individualmente, coletivamente, em equipes de trabalho, por especialistas, generalistas ou por um outro tipo de organização do trabalho. Os dois aspetos anteriores justificam a necessidade de se proceder a uma análise do trabalho a efetuar. Só assim é possível propor a forma mais eficiente e eficaz de realizar a implementação estratégica requerida. A análise e o desenho de tarefas baseiam-se num conjunto de conceitos, que é importante esclarecer, como podemos observar na tabela abaixo, representativa do cargo de treinador. Esses conceitos são os aspectos determinantes para compreender a forma como o trabalho é analisado e organizado. Deste modo, a análise de cargos tem como objetivo analisar os cargos existentes para obter informações necessárias à outras atividades de gestão de RH, é o caso do recrutamento, seleção, treino, avaliação do desempenho e remuneração, entre outras atividades. Por sua vez, o desenho de cargos tem como objetivo a redefinição dos cargos existentes, para torná-los mais eficientes na organização ou mais motivantes para os respectivos ocupantes. Conceitos chave na análise e desenho do trabalho do treinador Elemento A unidade de trabalho mais pequena, sem analisar os processos mentais (ex.: elaboração de um exercício de treino); Tarefa Conjunto de elementos realizados sequencialmente e produzindo um resultado signifi cativo e identifi cável (ex.. elaboração da sessão de treino); Dever Conjunto de tarefas com um objetivo comum (ex.: trei- nar); Posição Conjunto de tarefas e deveres a serem realizados por um único indivíduo na organização (ex.: treinador prin- cipal); Cargo Conjunto de posições que são semelhantes nas tarefas e nos deveres e por isso têm a mesma designação (ex.: treinador); Família de cargos Conjunto de dois ou mais cargos com tarefas e deveres semelhantes (ex.: treinador adjunto, treinador de guarda-redes, treinador principal); Ocupação/ profi ssão Cargo ou conjunto de cargos existentes num grupo de diversas organizações (ex.: treinador em geral); Carreira Sequência de posições, cargos e ocupações que uma pessoa tem ao longo da sua vida profi ssional (ex.: jogador, treinador, director técnico, director geral, presidente, etc...) Existe, portanto, uma certa relação de complementaridade entre esses dois aspectos. O desenho de cargos tem uma natureza mais ativa relacionada com a necessidade de mudanças do cargo, enquanto a análise de cargos tem uma natureza mais passiva, relacionada sobretudo com a obtenção de informação sobre as carcterísticas do cargo. Análise do fluxo de trabalho Um dos erros frequentes e tradicionais nessa área, caracteriza-se pelo fato dos gestores responsáveis pela análise e desenho de cargos isolarem os cargos do envolvimento em que eles se inserem. Nesse tipo de procedimento, os cargos são analisados e desenhados sem serem levados em consideração as diversas variáveis, que intervêm no processo que suporta o fluxo de trabalho da seção, departamento ou organização. Considera-se que a análise do fluxo de trabalho é o processo de análise das tarefas necessárias para a produção, de um bem ou serviço, e a atribuição dessas tarefas a uma determinada unidade da organizaçãoou a um determinado conjunto de indivíduos. Desse modo, verifica-se que a análise de cargos, o desenho de cargos e a análise do fluxo de trabalho, estão interrelacionados, uma vez que a definição do fluxo de trabalho afeta o desenho de cargos, bem como a forma como esses cargos podem ser analizados. A necessidade de uma análise do fluxo de trabalho prende-se com a necessidade de compreender corretamente um determinado cargo individual, o gestor de RH deve, em primeiro lugar, compreender o contexto onde o cargo se encontra e com o qual o se relaciona. Análise dos outputs do trabalho Qualquer unidade funcional de trabalho que se considere, seja departamento, seção, equipe ou indivíduo, produz sempre algo que pode ser utilizado por outras unidades de trabalho. O output é o resultado de uma unidade de trabalho que se pode identificar como um produto ou como um serviço. É o caso dos produtos e equipamentos desportivos, ou dos serviços de prática de atividades físicas e espectáculos desportivos, oferecidos por ginásios e clubes. Alíás, existe frequentemente a tendência para identificar as organizações desportivas, apenas com os produtos e serviços que elas próprias produzem, evidenciando esse produto ou serviço como o output da organização. No entanto, o processo de preparação de uma equipe que participa em competições desportivas, necessita do suporte de várias unidades de trabalho, produzindo cada uma os seus 31 outputs e tendo cada uma diversos indivíduos contribuindo com o seu trabalho, para uma quota parte desses mesmos outputs. A eficiência e eficácia dos outputs produzidos pelos diversos RH´s, nas diversas unidades de trabalho, é determinante, por sua vez, para o sucesso da organização. Por outro lado, identificar o outputs de uma organização, não é só por si suficiente. É necessário também especificar os padrões ou critérios de avaliação quantitativa ou qualitativa desses outputs. Sem compreender o output de uma determinada unidade de trabalho, bem como o conhecimento das suas características quantitativas e qualitativas, não é possível aumentar ou melhorar a eficiência e a eficácia de qualquer unidade de trabalho. Análise do processo de trabalho Para continuar a realizar a análise do fluxo de trabalho, uma vez efetuada a identificação dos outputs de uma unidade de trabalho, agora é hora de conhecer o processo de trabalho utilizado para a produção dos outputs. Esse processo de trabalho é entendido como as atividades realizadas pelo RH de uma determinada unidade, com o objetivo de produzir um determinado output. Cada processo é constituido por procedimentos práticos, que definem o modo como as diversas operações devem ser realizadas, em cada uma das fases de desenvolvimento do produto ou serviço. Por sua vez, os procedimentos práticos ou operacionais englobam todas as tarefas que devem ser realizadas na produção do output. Finalmente, as tarefas são divididas em elementos, os quais são realizados por cada uma das pessoas da unidade de trabalho. Esse tipo de abordagem é fundamental, pois sem uma clara compreensão das tarefas necessárias para a produção de um determinado output, não seria possível um gestor de RH, por exemplo, determinar se a unidade de trabalho tem o correto número e tipo de funcionários. Desse modo, e mais uma vez, para criar sistemas de trabalho caracterizados pela máxima eficiência, o gestor precisa compreender os processos adequados para o desenvolvimento de produtos e serviços de uma dada unidade de trabalho. A clara compreensão das tarefas necessárias para produzir um determinado output, permite ao gestor especificar quais as tarefas a serem realizadas por cada funcionário e ao mesmo tempo permite eliminar as tarefas não necessárias para o output pretendido. Análise dos inputs do trabalho A identificação dos inputs utilizados no desenvolvimento dos produtos e serviços de uma unidade de trabalho, é a última operação a realizar no processo de análise do fluxo de trabalho. Como podemos verificar na figura acima, esses inputs repartem-se pelos inputs em bruto, pelos equipamentos e pelos recursos humanos. Os inputs em bruto são constituidos por tudo aquilo que será convertido no produto ou serviço da unidade de trabalho. Os equipamentos englobam as tecnologias e a maquinaria necessária à transformação dos inputs em bruto no produto ou serviço. Os inputs finais do processo do fluxo de trabalho são os recursos humanos com a sua capacidade técnica, conhecimento, competência e esforço necessários para realizar as tarefas. Uma vez que as unidades de trabalho são constituidas por pessoas que realizam tarefas, com o objectivo de produzirem um determinado output, e se o processo do fluxo de trabalho é para ser realizado de forma eficiente, então o RH da unidade de trabalho deverá possuir conhecimentos, habilidades e técnicas necessárias solicitadas pelas tarefas que lhes são distribuidas. Por outro lado, esses RH’s deverão, não só, compreender perfeitamente as tarefas, mas também estarem dispostos e receptivos às exigências da sua execução. A obtenção desse último tipo de recursos é da responsabilidade dos gestores. Asseguram assim, que os funcionários da unidade de trabalho têm as técnicas necessárias e encontram-se motivados para executarem essas tarefas. Em síntese, os gestores precisam compreender o processo de produção das respectivas unidades de trabalho, para poderem maximizar sua eficiência e eficácia. No entanto, coloca-se um problema: como é que o gestor adquire uma compreensão dos vários cargos que constituem a unidade de trabalho ? A resolução desse problema é efetuada pelo conhecimento obtido através da análise de cargos. Análise de cargos Tal como McCormick (1979) considera-se que a análise de cargos é o processo de obter informação detalhada sobre os cargos. Esta informação é de grande importância, e de acordo com Cascio (1995) considera-se inclusivamente a análise de cargos como a origem e ponto de partida fundamental para muitas das outras funções relacionadas com a gestão dos RH’s. Informação da análise de cargos Recrutamento Seleção Avaliação e classificação Padrões de rendimento e recompensa Elaboração de programa de treinoDesenvolvi/ e plano de carreiras Plano de promoções Análise da força de trabalho Sistemas Homem Máquina Sistemas de informação de RH’s Análise do fluxo de trabalho Planeamento de RH’s Representação da importância da análise de cargos para as outras funções relacionadas com a gestão de RH’s (adaptado e modificado de Cascio, W., 1995, p. 129). Na realidade, como se pode verificar na figura acima, as informações obtidas através da análise de cargos são importantes tanto para o gestor de RH´s como para o gestor de linha, pois sem estas informações não seria possível realizar corretamente o planejamento de RH´s, o respectivo recrutamento e a seleção. Do mesmo modo, a avaliação do desempenho só será realizada de modo comparativamente equivalente, para os diversos ocupantes do mesmo tipo de cargo, se existir informação sobre as características do cargo, relativamentre 32Política de Avaliação de Desempenho as quais se possa avaliar o desempenho dos ocupantes. Por sua vez, a realização de programas de treino só poderá ser elaborada de modo adequado e apropriado às necessidades verificadas, se existir um conhecimento sobre os tipo de exigências de cada um dos cargos, que só é possível obter, mais uma vez, através da análise de cargos. Muitas seriam as relações entre a análise de cargos e as restantes funções da gestão de RH’s, para evidenciar ainda mais a importância dessa função no âmbito dos RH’s, no entanto, importa agora perceber o processo de análise de cargos e como se obtém as informações os cargos. O PROCESSO DE ANÁLISE DE CARGOS Fontes de dados. Para Bohlander (1998), o processo de análise de cargos, representado na figura abaixo, inicia-se com a identificação dasfontes de dados, a saber: o analista de cargos, o próprio ocupante do cargo e o supervisor ou gestor de linha. Dados do Cargo Tarefas: Padrões de rendimento, responsabilidades, conhecimentos, técnicas experiência, contexto deveres equipamentos... Métodos de Escolha Entrevistas, questionários, observações, registos e CNP Fontes de Dados Analista de cargos, Funcionário, e Supervisor Especifi cação de cargos Técnicas, habilidades e conhecimentos necessários . Funções dos RH’S Planejamento, recrutamento, seleção, treino e desenvolvimento, avaliação do rendimento, remuneração, controlo, etc... Padrões de rendimento Niveis de rendimento, Critérios de avaliação, Descrição de cargos Tarefas, Deveres, Responsabilidades Métodos de recolha de dados. O momento seguinte consiste na escolha de um ou mais métodos de recolha de dados, como sejam: as entrevistas, os questionários, as observações, os registos ou a Classificação Nacional das Profissões (CNP). Na CNP podem-se encontrar as descrições de todas as profissões existentes no país, como é o caso da descrição das tarefas do Árbitro Desportivo que se encontram na tabela abaixo. ÁRBITRO DESPORTIVO Descrição geral: Dirige encontros desportivos, mediante remuneração, aplicando as respectivas leis e velando pela sua observância. Descrição detalhada: Verifi ca se o local das provas apresenta as condições requeridas, nomeadamente as marcações; identifi ca os participantes e verifi ca se têm a respectiva autorização de participação; estabelece, antes dos encontros, com os auxiliares a coordenação que deve existir entre eles para uma boa observação dos lances; dá inicio, na hora determinada, aos encontros; vigia o desenrolar do encontro e aplica as penalidades correspondentes às infracções cometidas; assinala os golos ou pontos marcados; cronometra o tempo do encontro efectuando os descontos que se justifi quem; participa superiormente faltas graves dos atletas ou dirigentes. Por vezes elabora relatórios sobre os encontros arbitrados. Pode ocupar- se da arbitragem de uma determinada modalidade desportiva e ser designado em conformidade. Representação do processo de análise de cargos (adaptado e modificado de Bohlander, G., 1998, p. 91). Dados do cargo: os dados dos cargos entretanto recolhidos, são transformados em diversos tipos de informação, obtendo-se assim as tarefas realizadas, os critérios ou padrões de rendimento, as técnicas, conhecimentos, habilidades e experiência necessárias, entre outros aspectos. Representa tudo aquilo que um ocupante de cargo faz. Descrição dos cargos: esta informação, por sua vez, vai permitir elaborar a descrição dos cargos, ou seja, uma lista de tarefas, deveres e responsabilidades características de cada um dos cargos analisados. Representa tudo aquilo que um ocupante de cargo deverá fazer. Especificação dos cargos: é também uma lista, elaborada a partir da recolha dos dados do cargo, onde se enunciam os conhecimentos, as técnicas, as habilidades e os outros aspectos que o ocupante do cargo deverá possuir. Representa tudo aquilo que um ocupante de cargo deverá saber. Padrões de rendimento: representam o nível de rendimento esperado e os critérios utilizados para avaliar esse mesmo rendimento. Representa tudo aquilo que um ocupante de cargo deverá saber fazer bem. Todo esse processo só terá significado se for utilizado sobre todas as funções da gestão de RH’s, para aumentar e melhorar o rendimento da organização e respectiva produtividade. MÉTODOS DE RECOLHA DE DADOS Verificou-se anteriormente, que a recolha de dados pode ser efetuada recorrendo a vários tipos de técnicas e procedimentos, não existindo “a melhor maneira” para analisar cargos, dada a sua grande diversidade. Existem assim vários métodos a utilizar de acordo com o cargo que se pretende analisar. Análise funcional do cargo Esta técnica de análise foi desenvolvida pelo Serviço de Formação e Emprego dos Estados Unidos da América. É uma perspectiva quantitativa de análise de cargos, que recorre a um inventário, descrito na tabela, com as várias atividades de trabalho, constituintes de todos os cargos. Essa técnica, 33 assume que cada cargo solicita a realização de algumas dessas atividades de trabalho. Na prática, permite descrever o que é que um trabalhador faz, utilizando para isso a observação e a entrevista ao próprio trabalhador, como forma de recolha de informação. Seguidamente, esta informação é classificada em três funções gerais, existentes em todos os cargos: 1) dados; 2) pessoas; 3) coisas. Por sua vez, cada uma destas três funções gerais é subdividida formando uma escala de atividades de trabalho. Níveis de dificuldades das atividades de trabalho de cada uma das três funções gerais de trabalho. Os cargos em análise são comparados com a escala de atividades de trabalho, de cada uma das três funções gerais. Após esta comparação, obtém-se o nível funcional que o cargo ocupa na escala, bem como a percentagem de participação que este nível tem no cargo. Por exemplo, pode-se dizer que o árbitro analisa os acontecimentos (dados) do jogo, supervisiona os jogadores (pessoas) e controla as operações durante o desenrolar do jogo, como, por exemplo, o tempo de jogo, as substituições e as condições de segurança, entre outras(coisas). Cada um desses níveis funcionais reflete em termos percentuais a forma como está envolvido no cargo do árbitro. Por exemplo, o nível funcional referido como “Analisar” representa cerca de 70% da atividade do trabalho do árbitro. Do mesmo modo, o nível de “Supervisão” e o nível de “Controlo de Operações”, representam cada um, respectivamente, 20% e 10% da atividade do árbitro. O resultado final da aplicação deste método é um cargo avaliado quantitativamente, facilmente utilizado para descrever os conteúdos dos cargos e fundamentar as descrições e especificações dos cargos. Retomando a aula Fazendo um retorno ao que foi estudado aponta-se de forma resumida o que foi discutido em cada seção. 1 – Modelos de desenhos de cargos Na seção 1, estudamos os modelos de desenhos de cargos. O foco do nosso estudo foi na classificação dos desenhos de cargos conforme a estrutura administrativa utilizada pela organização, assim foi visto o desenho de cargos estabelecidos pela Administração Científica (clássica tradicional), Administração Humanística e Administração Contingencial. 2 – O Balanced Scorecard Nessa seção 2, vimos as estratégias organizacionais para avaliação de desempenho, tendo como foco a ferramenta Balanced Scorecard. Sendo esta ferramenta um sistema de mensuração de desempenho empresarial do ponto de vista avaliativo do cliente, é um processo que analisa as possibilidades e desempenhos dos recursos humanos. 3 – Desenho de cargos da avaliação de desempenho Nessa seção, discutimos os desenhos de cargos da avaliação de desempenho, fizemos uma abordagem sobre o aprendizado e o crescimento da organização diante das três principais fontes: as pessoas, os sistemas e os procedimentos organizacionais. Vimos os benefícios decorrentes da implementação do Balanced Scorecard na empresa e como deve ser a formulação de estratégias. E, por fim, fizemos um apanhado do que entende-se por análise do fluxo de trabalho, análise dos outputs do trabalho, análise do processo de trabalho, análise dos inputs do trabalho e a análise de cargos dentro de um processo detalhado. BECKER, Brian E.; ULRICH, Dave; HUSELID, Mark A. Gestão estratégica de pessoas com “Scorecard”. Interligando pessoas, estratégias e performance. Trad. Afonso Celso da Cunha Serra. 14.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. KAPLAN , Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação: balanced scorecard. 21.ed. . Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. ____. Organização orientada para a estratégia. Como as empresas que adotamo balanced scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. 12.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000. Vale a pena Vale a pena ler