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Revista Baiana de Saúde Pública v. 41, n. 2, p. 297-307 abr./jun. 2017 297 ARTIGO ORIGINAL DE TEMA LIVRE USO DE FITOTERÁPICOS E POTENCIAIS RISCOS DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: REFLEXÕES PARA PRÁTICA SEGURA Eliana Cristina Moura Diasa Danilo Donizetti Trevisanb Silvana Cappelleti Nagaic Natália Amorim Ramosd Eliete Maria Silvae Resumo A segurança do paciente tem sido, atualmente, assunto recorrente na pauta de discussões internacionais, em virtude da grande necessidade de as instituições de saúde passarem a realizar processos mais seguros para uma redução significativa de danos evitáveis à saúde. Em relação ao uso de fitoterápicos, em várias partes do mundo, há um aumento significante em seu uso. Porém, a administração concomitante de medicamentos convencionais e fitoterápicos pode alterar os níveis de respostas a determinados receptores, aumentando as chances de Interação Medicamentosa. As Interações Medicamentosas entre medicamentos alopáticos e fitoterápicos podem causar alterações relevantes nas concentrações plasmáticas dos medicamentos e, consequentemente, mudanças em seus perfis de eficácia e/ou segurança. Este artigo apresenta interações medicamentosas potenciais, envolvendo plantas medicinais e fitoterápicos encontradas na literatura, visando a subsidiar a indicação segura dos mesmos pelos profissionais de saúde. Para que haja utilização coerente da fitoterapia como tratamento complementar, a mesma deve ser indicada por um profissional de saúde com especialização em fitoterapia, a fim de proporcionar uma assistência mais segura e com qualidade, visando a um cuidado integral ao paciente. Palavras-chave: Fitoterapia. Interação de medicamentos. Segurança do paciente. a Bióloga. Especialista em Fitoterapia Aplicada a Nutrição Clínica. Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, São Paulo, Brasil. b Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Professor Adjunto da área de Enfermagem em Saúde do Adulto e Idoso da Universidade Federal de São João del Rei. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. c Enfermeira. Especialista em Fitoterapia. Mestre em Enfermagem. Campinas, São Paulo, Brasil. d Enfermeira. Mestre em Saúde Coletiva, Política e Gestão. Campinas, São Paulo, Brasil. e Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associada da área de Enfermagem em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, São Paulo, Brasil. Endereço para correspondência: Rua Ermênio de Oliveira Penteado, número 391, Parque São Quirino. Campinas, São Paulo, Brasil. CEP: 13088-130. E-mail: elianacristina@gmail.com DOI: 10.22278/2318-2660.2017.v41.n2.a2306 298 USE OF HERBAL MEDICINES AND POTENTIAL RISKS OF DRUG INTERACTIONS: REFLECTIONS FOR SAFE PRACTICE Abstract Nowadays, the patient safety has been an appellant subject in international discussions on behalf of the huge necessity of the implementation of safer processes by health institutions, aiming a significant decrease on preventable damages to heath. Regarding the use of phytotherapy, there is a significant growth in it in many different parts of the world. But, the use of pharmaceuticals associated with phytotherapics may alter the results levels for some receivers, increasing the chances of drug interaction. Drug interactions between pharmaceutical and phytoterapics may cause relevant changes in the medicine’s plasma concentrations and, consequently, change their safety and effectiveness. This article’s purpose is to present potential medicinal and phytotherapeutic drugs interaction found in literature in order to subsidize safe prescriptions by health professionals. To achieve a consistent use of phytotherapy as a complementary treatment, the herbal medicine must be prescribed by a health professional with phytotherapy specialization in order to provide a safe and qualified assistance towards patient’s integral care. Keywords: Phytotherapy. Drug interaction. Patient safety. EL USO DE FITOTERÁPICOS Y POTENCIALES RIESGOS DE INTERACCIONES MEDICAMENTOSAS: REFLEXIONES PARA UNA PRÁCTICA SEGURA Resumen Recientemente, la seguridad del paciente ha sido asunto recurrente en debates internacionales, en virtud de la gran necesidad de las instituciones de salud pasaren a realizar métodos más seguros, con el objetivo de reducir significativamente daños evitables a la salud. Con respecto al uso de fitoterápicos, hay alrededor del mundo un aumento significativo de su utilización. Sin embargo, la administración concomitante de fármacos y fitoterápicos puede alterar los medidores de respuesta a determinados receptores, aumentando las posibilidades de interacción medicamentosa. Las interacciones medicamentosas entre fármacos y fitoterápicos pueden causar efectos relevantes en las concentraciones plasmáticas de los fármacos y, en consecuencia, cambios en sus perfiles de eficacia y/o seguridad. Este artículo muestra interacciones medicamentosas potenciales comprendiendo plantas medicinales y fitoterápicos Revista Baiana de Saúde Pública v. 41, n. 2, p. 297-307 abr./jun. 2017 299 encontradas en la literatura de modo a subsidiar una indicación segura de los dos por los profesionales de salud. Para que haya un uso coherente de la fitoterapia como tratamiento complementario, la misma debe ser indicada por un profesional de la salud con especialización en la fitoterapia. Palabras clave: Fitoterapia. Interacción medicamentosa. Seguridad del paciente. INTRODUÇÃO A segurança do paciente tem sido, atualmente, assunto recorrente na pauta de discussões internacionais, em virtude da grande necessidade de as instituições de saúde realizarem processos mais seguros para uma redução significativa de danos evitáveis à saúde das pessoas. A segurança do paciente é considerada essencial na formação dos profissionais de saúde, a fim de alcançar um sistema de saúde confiável para minimizar a incidência e os impactos dos danos e maximizar a recuperação com qualidade1-2. A Fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. O uso de plantas medicinais na arte de curar é uma forma de tratamento de origens muito antigas, fundamentada no acúmulo de informações por sucessivas gerações. Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças. Em relação ao uso de fitoterápicos, em várias partes do mundo, há um aumento significativo tanto no uso de fitoterápicos quanto no de suplementos alimentares, sobretudo na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália, pela popularidade da Medicina Alternativa e Complementar3. A fitoterapia foi implantada, no Brasil, como uma terapêutica integrativa, extremamente útil nos programas de atenção primária à saúde, por sua eficácia e seu baixo custo operacional. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), organizada em 2006, vão ao encontro dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, de modo intersetorial, englobam toda a cadeia produtiva de plantas medicinais e produtos fitoterápicos. O Brasil tem grande potencial para o desenvolvimento dessa terapêutica, com a maior diversidade vegetal do mundo, ampla sociodiversidade, uso de plantas medicinais vinculado ao conhecimento tradicional e tecnologia para validar cientificamente esse conhecimento4-5. Entretanto, a administração concomitante de medicamentos convencionais e plantas medicinais e/ou fitoterápicos pode alterar os níveis de resposta a determinados receptores, 300 provocando a ampliação ou redução do efeito farmacológico esperado6. É muito comum que sejam prescritas associações de medicamentos para obtenção da recuperação do paciente, o que nem sempre traz o benefício desejado, em virtude de interações medicamentosaspotenciais. Essas interações não se limitam, somente, ao universo das substâncias químicas sintetizadas, mas incluem aquelas presentes em plantas empregadas na preparação de chás, xaropes caseiros e medicamentos fitoterápicos7. Uma interação medicamentosa (IM) pode ocorrer quando o efeito de um medicamento é alterado pela presença de outra substância, podendo incluir as que estão contidas em medicamentos fitoterápicos, alimentos e agentes químicos. As interações medicamentosas potenciais entre medicamentos e fitoterápicos podem causar alterações relevantes nas concentrações plasmáticas dos medicamentos e, consequentemente, mudanças nos seus perfis de eficácia e/ou segurança6. Observa-se, atualmente, uma crescente preocupação com a informação e a conscientização da população sobre a utilização correta de fitoterápicos, sua ação no organismo e seus prejuízos, quando ingeridos de maneira errada e/ou indiscriminada. Considerado esse cenário, é necessário trazer informações sobre o uso seguro e eficaz de plantas medicinais e fitoterápicos. Por essa razão, o objetivo deste artigo foi apresentar interações medicamentosas potenciais, envolvendo plantas medicinais e fitoterápicos encontrados na literatura, visando a subsidiar uma reflexão para a indicação segura dos mesmos por parte dos profissionais de saúde. MATERIAL E MÉTODOS O estudo proposto caracteriza-se, do ponto de vista metodológico, como um estudo de reflexão sobre o uso de fitoterápicos e medicamentos e a potencialidade de IM e riscos aos pacientes. A proposta do tema provém da realização de um curso de pós-graduação lato sensu em fitoterapia realizado no interior do estado de São Paulo. O embasamento teórico para essa reflexão resulta de estudos sobre a temática por meio de pesquisa nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed), Literatura Latino- -Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), sem período de tempo estipulado. Os artigos que apresentaram em seus resumos a descrição de alguma interação medicamentosa envolvendo fitoterápico, bem como a presença de algum evento adverso, foram considerados para serem inseridos no estudo. Os descritores utilizados foram os seguintes, escolhidos por fazerem parte da lista dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Medicamentos Fitoterápicos, Fitoterapia, Interações de Medicamentos, Segurança do Paciente. Revista Baiana de Saúde Pública v. 41, n. 2, p. 297-307 abr./jun. 2017 301 RESULTADOS E DISCUSSÃO A utilização da fitoterapia para fins terapêuticos é uma prática tão antiga quanto a civilização humana, sendo assim, produtos minerais, de plantas e de animais, por muito tempo, foram a base dos tratamentos da área da saúde. Atualmente a fitoterapia tem sido utilizada como uma terapêutica complementar no Sistema Único de Saúde (SUS)4,8-9. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), fitoterápicos são medicamentos obtidos pelo emprego de princípios ativos exclusivamente de matéria -prima vegetal, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, podendo ser simples, quando proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal. São caracterizados não apenas pelo amplo conhecimento de sua eficácia e dos riscos de seu uso, como também pela constância de sua qualidade. O efeito do medicamento deve-se a uma ou mais substâncias ativas com propriedades terapêuticas reconhecidas cientificamente, que fazem parte da composição do produto, denominadas medicamentos ou princípios ativos8-9. Os medicamentos fitoterápicos seguem normas rígidas para poderem ser utilizados, desde sua pesquisa e desenvolvimento, até a produção e comercialização. As principais formas farmacêuticas dos fitoterápicos são xarope, elixir, tintura, extratos fluidos e secos, pomadas, creme, gel, comprimidos e cápsulas8. No entanto, para que haja utilização coerente, adequada e correta de medicamentos fitoterápicos como coadjuvantes nos tratamentos, é necessário que seja acompanhada por um profissional especialista em plantas medicinais ou um profissional de saúde capacitado a orientar a terapia, livre de riscos e danos aos pacientes. São apresentadas, no Quadro 1, algumas interações medicamentosas potenciais entre fitoterápicos e medicamentos sintéticos encontradas em nossa pesquisa, bem como os possíveis eventos adversos provenientes de sua combinação. Quadro 1 – Interações medicamentosas potenciais envolvendo fitoterápicos e seus possíveis eventos adversos (continua) Fitoterápico Ação Farmacológica Potencial de Interação Potenciais eventos adversos Nome Popular: Erva de São João Nome Científico: Hypericum perforatum L. Atividade antidepressiva para casos leves e moderados. Inibidores da monoamina oxidase (IMAO)10; Etinilestradiol11; Ciclosporina12; Varfarina11. Inibição da monoamina oxidase (in vitro); ↑Metabolismo hormonal com sangramento menstrual; ↓Concentrações plasmáticas de ciclosporina e risco de rejeição de transplante; ↓Efeito anticoagulante. 302 Quadro 1 – Interações medicamentosas potenciais envolvendo fitoterápicos e seus possíveis eventos adversos (continuação) Fitoterápico Ação Farmacológica Potencial de Interação Potenciais eventos adversos Nome Popular: Camomila Nome Científico: Matricaria recutita L. Ação antiespasmódica, anti-inflamatória e antimicrobiana. Atividade ansiolítica. Varfarina13; Fenobarbital14. ↑Risco de sangramento; ↑Ou prolongamento da ação depressora do sistema nervoso central. Nome Popular: Ginkgo biloba Nome Científico: Ginkgo biloba L. Ação vasodilatadora, antioxidante e moduladora de diversos neurotransmissores (como a serotonina, a norepinefrina, a dopamina e a acetilcolina). Ácido acetilsalicílico; clopidogrel; varfarina; heparina; anti-inflamatórios não esteroidais14-15. ↑Risco de sangramento. Nome Popular: Guaraná Nome Científico: Paulinea cupana H.B.K Ação terapêutica estimulante do Sistema Nervoso Central. Anticoagulantes16; Analgésicos17. Inibição da agregação plaquetária; Potencialização da ação analgésica. Nome Popular: Alho Nome Científico: Allium sativum L. Ação antimicrobiana, antifúngica, antitrobótica, antiagregante plaquetária, anti-hipertensiva e anti- -hiperglicemiante. Varfarina17; Hipoglicemiantes17. ↑Risco de sangramento; Hipoglicemia. Nome Popular: Boldo-do-Chile Nome Científico: Peumus boldo Molina Ativa a secreção biliar e suco gástrico e possui ação antioxidante e hepatoprotetora. Ação antipasmódica. Anticoagulantes17. Inibição da agregação plaquetária e ↑ risco de sangramento. Nome Popular: Alcachofra Nome Científico: Cynara scolymus L. Colerético e colagogo. Ação diurética e antiespasmódica. Diuréticos de alça (furosemida) e tiazídicos (hidroclorotiazida)18. ↓ Drástica do volume sanguíneo e queda de pressão arterial. Hipocalemia. Nome Popular: Equinácea Nome Científico:Echinacea purpurea (L.) Moench Ação imunoestimulante e anti-inflamatória. Esteróides Anabolizantes13; Metotrexato; Cetoconazol; Amiodarona. ↑Risco de hepatotoxicidade. Revista Baiana de Saúde Pública v. 41, n. 2, p. 297-307 abr./jun. 2017 303 Quadro 1 – Interações medicamentosas potenciais envolvendo fitoterápicos e seus possíveis eventos adversos (conclusão) Fitoterápico Ação Farmacológica Potencial de Interação Potenciais eventos adversos Nome Popular: Guaco Nome Científico: Mikania glomerata Spreng. Ação expectorante e broncodilatadora. Atua relaxando musculatura lisa das vias aéreas superiores. Tetraciclinas; Cloranfenicol; Gentamicina; Vancomicina; Penicilina19. Sinergismo com os medicamentos e possível aumento da ação dos medicamentos. Nome Popular: Chá verde Nome Científico: Camellia Sinensis L. Ação na motilidade gastrointestinal, anti- -radicaislivres. Atividade angioprotetora. Paracetamol20-21; Sulfato ferroso20-21. ↑Risco de hepatotoxicidade. Nome Popular: Gengibre Nome Científico: Zingiber officinale Roscoe Ação antiemética, promotor das secreções gástricas e salivares, colagogo. Atividade anti-inflamatória. Anticoagulantes22. ↑Risco de sangramento. Nome Popular: Soja Nome Científico: Glycine max (L.)Merr. Ação nos receptores beta estrogênicos (moduladores seletivos do receptor de estrogênio – SERM). Atividade na redução dos marcadores urinários de reabsorção óssea. Levotiroxina23. ↓Absorção da levotiroxina. Fonte: Elaboração própria. A Organização Mundial da Saúde estabelece métodos de monitorização e farmacovigilância de medicamentos fitoterápicos e propõe a inclusão de plantas medicinais e fitoterápicos ao Sistema Internacional de Farmacovigilância, dando relevância à prevenção de eventos adversos e interações com outros fármacos24. Informações científicas sobre segurança, eficácia e controle de qualidade das plantas medicinais e fitoterápicos, no Brasil, são providas pela Farmacopeia Brasileira, que é o código oficial em que estão estabelecidos os critérios de qualidade dos medicamentos em uso, tanto manipulados quanto industrializados, acrescida do Memento Fitoterápico, que compreende um conjunto de monografias com informações referentes ao uso terapêutico das plantas medicinais, e pelo Formulário de Fitoterápicos, em que estão contidas informações 304 sobre a forma correta de preparo de formulações oficiais e as indicações e restrições de uso de cada espécie de planta medicinal. Esses documentos foram elaborados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e dão suporte às práticas de manipulação e dispensação de fitoterápicos nos programas de Fitoterapia do SUS8-9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Produtos naturais, como fitoterápicos, são muito utilizados como forma popular de autocuidado. Entretanto, é comum pacientes não informarem os profissionais de saúde sobre seu uso, bem como não é hábito questionar os pacientes sobre a utilização desses produtos. Com isso, interações medicamentosas entre medicamentos e fitoterápicos podem ocorrer e proporcionar riscos ao paciente, além de afetarem a eficácia do tratamento convencional. Neste estudo, foram apontadas algumas combinações de fitoterápicos e fármacos e suas principais implicações clínicas ao paciente, com a finalidade de alertar e subsidiar os profissionais de saúde e usuários a respeito do uso racional de medicamentos convencionais em conjunto com fitoterápicos. Os principais eventos adversos potenciais destacados envolvem aumento do risco de sangramento, hipoglicemia, distúrbios eletrolíticos, hepatotoxicidade e anemia. Espera-se que esta análise reflexiva possa subsidiar e direcionar profissionais de saúde, principalmente os inseridos nas unidades de atenção primária do Sistema Único de Saúde, a incluírem uma abordagem estratégica com enfoque na prevenção de riscos relacionados a interações medicamentosas entre fitoterápicos e medicamentos convencionais nas consultas de rotina, durante o acolhimento e em atividades educativas. É necessário que seja apontado, com ênfase, o reconhecimento benéfico da Fitoterapia como prática complementar em saúde, porém, também, devem ser destacadas as implicações clínicas potenciais negativas que podem decorrer do uso concomitante de fitoterápicos e medicamentos convencionais, a fim de prevenir riscos e garantir uma assistência segura. COLABORADORES 1. Concepção do projeto, análise e interpretação dos dados: Eliana Cristina Moura Dias e Danilo Donizetti Trevisan. 2. Redação do artigo e revisão crítica relevante do conteúdo intelectual: Eliana Cristina Moura Dias, Danilo Donizetti Trevisan, Silvana Cappelleti Nagai, Natalia Amorim Ramos e Eliete Maria Silva. 3. Revisão e/ou aprovação final da versão a ser publicada: Silvana Cappelleti Nagai e Eliete Maria Silva. Revista Baiana de Saúde Pública v. 41, n. 2, p. 297-307 abr./jun. 2017 305 4. Ser responsável por todos os aspectos do trabalho na garantia da exatidão e integridade de qualquer parte da obra: Eliana Cristina Moura Dias, Danilo Donizetti Trevisan e Eliete Maria Silva. REFERÊNCIAS 1. Pereira FGF, Matias EO, Ceatano JA, Lima FET. Segurança do paciente e promoção da saúde: uma reflexão emergente. Rev Baiana Enferm. 2015;29(3):271-7. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 529. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). 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