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Aleitamento materno1

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Composição do leite materno 
 ÁGUA: 
 É o maior componente do leite e desempenha papel fundamental na 
regulação da temperatura corporal. 
 Na água estão dissolvidos ou suspensos as proteínas, os compostos 
nitrogenados não proteicos, os carboidratos, os minerais (íons 
monovalentes) e as vitaminas hidrossolúveis (C e Complexo B). 
 Já que a maior concentração do leite é de água, então não há 
necessidade de dar água para o bebê mesmo em dias quentes; 
 PROTEÍNAS: 
 Na primeira semana o leite humano, colostro, é rico em proteínas 
protetoras especialmente a IgAs, que age contra infecções e alergia 
alimentar; 
 O leite maduro contém mais proteínas nutritivas que o colostro, que 
são a caseína e as proteínas do soro. 
 O leite humano fornece ao ser humano todos os aminoácidos 
essenciais (isoleucina, lisina, leucina, triptofano, treonina, metionina, 
fenilalanina, valina e taurina); 
OBS: Em relação ao leite de vaca: A concentração proteica no LM é < que 
no leite de vaca, não provocando sobrecarga renal (a TFG é baixa em RN, 
assim como a função tubular e a capacidade de concentração urinária); a 
sobrecarga renal também aumenta a necessidade de água na excreção renal, 
podendo causar desidratação no RN; 
 A relação caseína/proteína do soro é cerca de 20/80 (ao contrário do 
de vaca, que é 80/20), fazendo com que o coalho humano seja mais 
macio; 
 A proteína do soro com maior concentração é a alfalactoalbumina 
humana, que tem potencial alergênico praticamente nulo; 
 O RN e o lactente são dotados de uma atividade anabólica 
intensa, dificilmente igualada em qualquer outro período de suas 
vidas; tal atividade necessita, pois, de uma oferta correspondente 
de nitrogênio a ser fornecida nos primeiros seis meses de vida 
 O leite humano maduro fornece, em média, 1,2 g de proteína para 
cada 100 ml 
 Sua composição inclui a alfa-lactalbumina, a lactoferrina, a 
lisozima, a soroalbumina, as imunoglobulinas e a 
betalactoglobulina. 
 A alfa-lactalbumina, que constitui cerca de 40% das proteínas do 
soro do leite humano, é necessária para o transporte de ferro e 
ainda para a síntese de lactose na glândula mamária 
 A lactoferrina, a lisozima e as imunoglobulinas, especialmente a 
IgA secretória, são proteínas do soro do leite humano envolvidas 
no sistema de proteção 
 A lisozima, enzima com ação lítica da parede celular bacteriana 
de microrganismos suscetíveis através da clivagem de 
peptídeoglicanos, é encontrada em maior quantidade no leite 
maduro (0,014 a 0,039 g/dl), ao contrário dos demais fatores da 
defesa, mais concentrados no colostro 
 A IgA secretória representa cerca de 90% das imunoglobulinas 
presentes no colostro e leite maduro, sendo suas concentrações 
médias, nestas duas fases, respectivamente de 1,74 g/dl e 0,1 g/dl 
 Trata-se de glicoproteína com estrutura molecular especial 
que lhe confere maior resistência às alterações de pH e a digestão 
por enzimas proteolíticas. É produzida, em sua maior parte, por 
células linfoplasmocitárias sensibilizadas, presentes na glândula 
mamária, oriundas dos tecidos linfoides associados a órgãos 
maternos como intestinos (GALT) e brônquios (BALT), que são 
integrantes dos sistemas imunes êntero e broncomamário 
 CASEÍNA  Existe acentuada elevação do teor da caseína do 
leite humano durante a lactação, acompanhada de concomitante 
decréscimo dos níveis de proteínas do soro  A caseína é 
constituída por um grupo de subunidades que tem a propriedade 
de formar micelas estáveis com cálcio e fósforo, conferindo a 
aparência branca do leite. Tais micelas favorecem o transporte 
desses minerais em quantidades bem maiores do que seria 
possível apenas através de sua solubilidade. Assim, os conteúdos 
lácteos do cálcio e fósforo mostram correlação significativa com 
o teor de caseína 
OBS: O perfil de aminoácidos do leite humano é bastante adequado às 
características metabólicas do RN. O neonato, especialmente o 
prematuro, revela imaturidade de alguns sistemas enzimáticos, que se 
traduz por limitada capacidade para conversão de determinados 
aminoácidos. 
 A taurina, aminoácido condicionalmente essencial para o RN, em 
especial para o RN pré-termo, exerce importante papel na 
conjugação de sais biliares, aumentando a absorção lipídica, bem 
como no transporte de zinco; encontrada em concentrações 
elevadas em tecido cerebral, parece atuar como neuro-
transmissor excitatório cerebelar, e ainda em tecido retiniano. 
 A glutamina, também um aminoácido condicionalmente 
essencial, promove o crescimento de epitélio intestinal, sendo o 
principal combustível desse órgão durante período de estresse 
 A carnitina, aminoácido também presente na fração solúvel do 
leite humano, parece não ser sintetizada por RN prétermo em 
quantidade suficiente para suas necessidades; daí a importância 
de sua inclusão na dieta de tais RN. A carnitina tem atuação 
marcante no metabolismo dos ácidos graxos de cadeia longa, 
facilitando seu transporte através da membrana mitocondrial, que 
permite a sua oxidação e parcial conversão a cetonas no fígado 
OBS: Os aminoácidos taurina, glutamina e carnitina têm sido acrescentados 
às fórmulas lácteas destinadas a RN pré-termo, em concentrações 
semelhantes àquelas do leite humano, numa tentativa de reproduzir suas 
importantes funções. 
 LIPÍDEOS: 
 É maior a concentração no final da mamada e no final do dia: As 
células mamárias alveolares sintetizam a gordura láctea, sendo tal 
síntese estimulada pelo esvaziamento da mama, especialmente 
através da amamentação, e ainda pela prolactina, secretada no lobo 
anterior da hipófise. 
 As gorduras constituem a maior fonte de energia do leite humano. 
Seu conteúdo no leite maduro varia entre 3 e 4 g/dl, 
aproximadamente 45 a 55% do valor calórico total; já o colostro 
possui concentração lipídica algo menor, em torno de 1,8 a 2,9 g/dl, 
que se eleva para valores intermediários (2,9 a 3,6 g/dl) no leite de 
transição 
 O leite humano possui ácidos graxos de cadeia longa w–6 
(araquidônico) e w–3 (docosaexaenóico) Esses ácidos graxos são 
componentes importantes do cérebro e do sistema nervoso, além de 
possuírem outras ações biológicas; o DHA, especialmente, forma as 
membranas celulares envolvidas no processo de crescimento neural e 
de mielinização; 
 Os principais ácidos graxos existentes no leite humano restringem-se 
aqueles com cadeias de 12 a 18 carbonos, ou seja, ácidos laúrico, 
mirístico, palmítico, palmitoléico, esteárico, oléico, linoléico e 
linolênico. Os ácidos linoléico e linolênico, considerados como 
ácidos graxos essenciais, são precursores dos ácidos graxos 
poliensaturados de cadeia longa (LCPUFA) - ácido araquidônico e 
ácido docosahexaenóico. Estes, sendo componentes dos fosfolípides 
das membranas celulares, exercem importante papel no crescimento 
e desenvolvimento do sistema nervoso, através da mielinização e 
também da função retiniana e são precursores dos mediadores 
inflamatórios, como prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanes e 
leucotrieno 
OBS: O RN pré-termo, em especial aquele de muito baixo peso, possui 
capacidade limitada para sintetizar os LCPUFA a partir de seus precursores, 
de onde se infere a importância de sua oferta a partir do leite humano 
 O teor de colesterol facilita o desenvolvimento enzimático que regula 
o seu metabolismo na vida adulta, tornando o lactente num adulto 
“Bom metabolizador” de colesterol; 
 O colesterol é necessário ainda para a mielinização do sistema 
nervoso, para a produção de hormônios esteróides, de ácidos biliares 
e também da vitamina D. 
 O leite humano tem maior digestibilidade, pois tem lipase, que é 
ativada logo que entra em contato com os sais biliares no duodeno 
 sendo ativa mesmo em RN pré-termos 
 A outra é uma lipase lipoproteíca com ação na glândula mamária, 
facilitando a captação e a hidrolise das lipoproteínasprovenientes do 
plasma para o leite humano 
 Os lipídeos do leite humano são facilmente digeríveis e absorvíveis 
em decorrência da ação combinada de vários fatores, tais como a 
organização do glóbulo de gordura, a composição de ácidos graxos e 
comprimento de suas cadeias, a distribuição dos ácidos graxos na 
molécula do triglicéride e as atividades enzimáticas 
complementares16,26. Existem duas lipases no leite humano, cujas 
quantidades são suficientes para hidrolisar 30 a 40% dos triglicérides 
em duas horas, complementando a ação das lipases gástrica e 
pancreática 
 
 CARBOIDRATOS: 
 A lactose é o carboidrato mais abundante no leite humano → 
favorece a absorção do cálcio e fornece galactose para a mielinização 
do SNC, além de energia 
OBS: A lactose é um dissacarídeo e, como tal, necessita da presença de uma 
dissacaridase, a lactase, para ser hidrolisada em glicose e galactose. Existem 
evidências de que a alimentação precoce com leite humano estimula a 
atividade endógena da lactase em RN pré-termo26. Assim, a ingestão do 
leite humano pode facilitar a digestão da lactose 
 Os outros carboidratos, presentes em concentrações muito inferiores 
são representados pela glicose (14 mg/dl), galactose (12 mg/dl), 
oligossacarídeos complexos (500 a 1200 mg/dl) e glicoproteínas 
 A galactose é essencial para a formação dos cerebrosídeos e, por ser 
um açúcar não completamente digerido, facilita o amolecimento das 
fezes, essencial para os lactentes que não utilizam da prensa 
abdominal para evacuar; funciona também como substrato para a 
formação de ácidos orgânicos pela flora saprófita de lactobacilos, o 
que reduz o pH intestinal e aumenta a absorção de cálcio. 
 O alto conteúdo da galactose acarreta grande acúmulo de água livre, 
ou seja, de água que não precisa ser obrigatoriamente excretada com 
sais pelos rins; esta constitui uma reserva para a termo-regulação, 
através da sudorese, nos lactentes amamentados 
 Lactentes e RN, inclusive os RN pré-termo, tem capacidade de 
absorver mais de 90% do conteúdo de lactose do leite humano26. A 
permanência de pequena quantidade de carboidrato na luz intestinal é 
considerada como um efeito fisiológico normal da alimentação com 
leite humano, resultando em algumas conseqüências benéficas para a 
criança, tais como: 
 Eliminação de fezes mais amolecidas, reduzindo a incidência de 
obstipação intestinal; 
 Promoção do crescimento da flora bacteriana não patogênica na luz 
intestinal em conjunto com o fator bífido levando à queda do pH e 
tornando o ambiente impróprio ao crescimento de bactérias 
patogênicas; 
 Ação facilitadora sobre absorção de cálcio e fósforo na luz intestinal, 
o que poderia auxiliar na prevenção da doença metabólica óssea em 
RN pré-termo. 
MICRONUTRIENTES 
 ELETRÓLITOS: a ↓concentração de sódio impede a sobrecarga 
renal e diminui o risco de desidratação hipertônica frente a qualquer 
agravo. 
- Possíveis carências: 
 FERRO: o ferro esta em baixa disponibilidade em ambos os leites, 
porém 50% do ferro do LM é absorvido, enquanto apenas 10% do 
ferro do LV é absorvido. O menor pH intestinal dos lactentes e a 
presença de lactoferrina aumentam a biodisponibilidade do ferro para 
os lactentes exclusivamente alimentados de LM; 
 VITAMINA K: encontra-se em baixa concentração no LM e o 
intestino só começa a produção com 2 semanas de vida. Por isso, 
faz-se aplicação de vitamina K ao nascer; 
 VITAMINA D: existe risco de deficiência de vitamina D em 
lactentes de mães com deficiência dessa vitamina e com pouca 
exposição ao sol, por isso as vezes deve-se suplementar vitamina D; 
 FLUOR: a concentração do flúor no LM depende da concentração de 
flúor na água. A suplementação de flúor só é recomendada para 
crianças entre 6 meses e 3 anos, quando a concentração de flúor na 
água for menor que 0,3 ppm. 
 ZINCO: 
 É essencial ao organismo, encontra-se em maior quantidade no 
colostro; 
 O colostro, além de proteínas e alguns minerais, também apresentam 
maiores teores de betacaroteno e demais vitaminas lipossolúveis; 
 A vitamina D está presente no soro e na fração lipídica do leite em 
quantidades não suficientes. 
 O mesmo ocorre com a vitamina K, que é administrada no bebê logo 
após o nascimento, ainda na sala de parto, e a vitamina D precisa ser 
reposta conforme indicação do pediatra quando a exposição solar não 
for suficiente. 
 Sódio: 
 Os RN pré-termo, especialmente os de muito baixo peso, não 
possuem mecanismos bem desenvolvidos para conservação de sódio, 
sendo sua fração de excreção elevada nos primeiros dez a catorze 
dias após o nascimento Assim, o conteúdo do mineral existente no 
leite humano pode resultar numa entidade conhecida como 
“hiponatremia verdadeira do RN pré-termo extremo”. 
 O leite produzido por mães de RN pré-termo contém maiores 
concentrações de sódio durante o primeiro mês de lactação, mas 
mesmo estas são insuficientes para as elevadas necessidades desses 
RN, sendo necessária a suplementação 
 Potássio 
 Seus níveis no colostro são um pouco maiores em relação aos 
observados no leite maduro, sendo estes últimos da ordem 14 mEq/l. 
 Tal concentração se eleva no decorrer da lactação, sendo seus 
valores, em qualquer fase, adequados as necessidades dos RN de 
termo e pré-termo 
 Cálcio e fósforo 
 Tanto o colostro como o leite maduro contém aproximadamente 28 a 
33 mg/dl de cálcio e 13 a 15 mg/dl de fósforo. 
 Estas quantidades são suficientes para que o RN de termo em 
aleitamento materno exclusivo apresente crescimento adequado, sem 
sinais de deficiência ou alterações esqueléticas 
 O cálcio, bem como o magnésio, estão ligados ao fosfato nas micelas 
de caseína, o que contribui para o transporte dos minerais em 
quantidade maior do que seria possível através de sua solubilidade. 
 O cálcio também se encontra no leite humano sob a forma ionizado, 
constituindo vários compostos como citrato e fosfato 
OBS: O leite produzido por mães de RN pré-termo contém as mesmas 
quantidades de cálcio e fósforo em relação ao produzido por mães de RN de 
termo. Considerando-se uma ingestão láctea média de 150 a 200 ml/kg/dia, 
obteremos uma oferta aproximada de 45-60 mg/kg/dia de cálcio e 22-30 
mg/kg/dia de fósforo; esses valores são insuficientes para satisfazer as 
necessidades nutricionais de RN pré-termo, especialmente daqueles de 
muito baixo peso, que devem ser comparáveis à incorporação intra-uterina 
do terceiro trimestre da gestação (130 a 150 mg/kg/dia de cálcio e 75 a 85 
mg/kg/dia de fósforo). Assim, a ingestão de leite humano não suplementado 
predispõe à chamada “doença metabólica óssea” nesses RN. 
 MAGNÉSIO 
 Suas concentrações em colostro e leite maduro são semelhantes 
oscilando ao redor de 2,5 a 3,3 mEq/l. 
 Não se observa hipomagnesemia em RN de termo em aleitamento 
materno exclusivo. Nos RN de muito baixo peso, porém, alguns 
autores detectaram retenção inadequada de magnésio quando os 
mesmos foram alimentados com leite humano da própria mãe não 
suplementado. 
 Segundo tais autores, os pequenos prematuros nascem com reservas 
especialmente baixas desse íon, uma vez que seu depósito intra-
uterino é formado no terceiro trimestre da gestação. 
 Não existe, no entanto, unanimidade entre os pesquisadores a 
respeito da necessidade de suplementação de magnésio para RN de 
muito baixo peso alimentados com leite humano 
 
VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS 
 A maioria das vitaminas hidrossolúveis tem concentrações baixas no 
colostro, que aumentam no decorrer da lactação 
 A vitamina B2 (riboflavina) pode fugir a essa regra, pois seu nível 
lácteo, bastante influenciado pela dieta materna, costuma ser elevado 
no início da lactação e decair durante os meses seguintes. 
 As concentrações lácteas de vitamina B6 (piridoxina) podem estar 
drasticamente reduzidas em mães com história de utilização 
prolongada de contraceptivosorais 
VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS 
 Suas concentrações são geralmente mais elevadas no colostro, 
sofrendo queda progressiva com o transcorrer da lactação 
 Enquanto os níveis lácteos das vitaminas hidrossolúveis são 
largamente influenciadas pela dieta materna recente, os teores das 
vitaminas lipossolúveis parecem refletir em especial os depósitos 
vitamínicos maternos, resultantes dos padrões dietéticos anterior e 
habitual 
 Vitamina A: 
 O conteúdo lácteo de retinol livre é muito baixo, pois mais de 95% 
da vitamina A do leite humano está presente sob forma de ésteres 
retinil 
 O leite produzido por nutrizes eutróficas contém concentração 
adequada de vitamina A, enquanto aquele produzido por mulheres 
desnutridas fornece quantidade insuficiente da substância para o 
lactente 
 Vários autores recomendam suplementação da vitamina A para RN 
prétermo devido a seus baixos depósitos ao nascimento, a suas 
elevadas velocidades de crescimento e ainda à reduzida absorção 
gastrintestinal das vitaminas lipossolúveis 
 
 Vitamina E 
 A vitamina E inclui um grupo de compostos com vários graus de 
atividade biológica, dos quais o mais ativo é o alfa tocoferol Age 
primariamente como antioxidante, promovendo a remoção dos 
radicais livres e protegendo as membranas celulares contra a 
peroxidação dos LCPUFA Sua deficiência, especialmente em RN 
prétermo, pode resultar em anemia hemolítica, sendo seu nível sérico 
parcialmente relacionado às concentrações de LCPUFA, ferro e 
selênio 
 Vitamina D 
 As vitaminas D2 (ergocalciferol) e D3 (colecalciferol) são 
convertidas a seus metabólicos ativos, 25-OH colecalciferol e 1,25-
(OH)2 calecalciferol, respectivamente, no fígado e nos rins. Tais 
compostos tem papel fundamental no metabolismo de cálcio e 
fósforo e no processo de mineralização óssea. 
 A concentração de vitamina D no leite humano é baixa; assim, RN e 
lactentes em aleitamento materno exclusivo não recebem quantidade 
suficiente para promover e assegurar mineralização óssea adequada. 
 Vitamina K 
 A vitamina K1 (filoquinona) é a forma predominante na dieta, 
enquanto a vitamina K2 (menaquinona) é sintetizada por bactérias 
presentes na luz intestinal. 
 Sua função principal é a síntese de proteínas relacionadas ao 
fenômeno da coagulação sanguínea. 
 A vitamina K esta presente em concentrações semelhantes ao 
colostro e no leite maduro, permanecendo estável durante os seis 
primeiros meses de lactação 
 Lactentes em aleitamento materno exclusivo não atingem níveis 
adequados de vitamina K em seu organismo, estando mais propensos 
à doença hemorrágica. Os níveis lácteos de vitamina K são 
insuficientes para impedir o desenvolvimento de deficiência após 
dois meses de lactação, mesmo em crianças que recebam tal vitamina 
por via intramuscular ao nascimento. Assim, tem-se recomendado 
repetição da dose em RN de termo para prevenção da doença 
hemorrágica 
FASES DO LEITE MATERNO 
 
1) COLOSTRO 
 Secretado nos primeiros três a cinco dias após o parto. 
 Densidade: 1040-1060. 
 Valor energético médio: 67-70 kcal/100 ml. 
 Composição: 
 Comparando-se com o leite maduro, o conteúdo de eletrólitos, 
proteínas, vitaminas lipossolúveis (principalmente vitamina A, que 
lhe confere coloração amarelada), minerais e a concentração de 
imunoglobulinas é maior, destacando-se a alta concentração de IgA e 
lactoferrina. 
 Por outro lado, possui menos gordura, lactose e vitaminas 
hidrossolúveis. 
 É um leite imaturo, basicamente um exsudato plasmático. 
 Facilita a eliminação de mecônio nos primeiros dias (diminuindo a 
icterícia) e permite a proliferação de Lactobacillus bifidus na luz 
intestinal 
2) TRANSIÇÃO 
 Seu período de produção está entre 6-10 dias até a segunda semana 
do pós-parto. 
 Composição: a concentração de imunoglobulinas torna-se 
progressivamente menor, assim como o teor de vitaminas 
lipossolúveis. Ocorre o aumento das vitaminas hidrossolúveis, 
lipídios e lactose. 
3) MADURO 
 Produzido a partir da 2ª quinzena pós-parto. 
 Composição: maior teor lipídico e de lactose; menor quantidade de 
proteínas. 
 O leite anterior (solução) é ralo e doce, ocorrendo predomínio 
de proteína do soro e lactose. 
 é o leite que vem no início da mamada, rico em água e anticorpos. 
Para outros autores é o leite que é produzido pela ação da prolactina 
e depende da sucção do bebê. 
 No meio da mamada (suspensão) é maior a quantidade de 
caseína. 
 O leite posterior (emulsão) tem grande concentração de gordura, 
necessária para saciar o lactente. 
 é o leite que vem no final da mamada, rico em gordura. Para outros 
autores é o leite que é produzido pela ação da ocitocina, não depende 
tanto da sucção, como a prolactina e sim das emoções da mãe (o que 
explicaria uma mãe pensar em seu bebê no trabalho e ter produção e 
ejeção do leite materno) 
OBS: O leite do início da mamada, o chamado leite anterior, pelo seu 
alto teor de água, tem aspecto semelhante ao da água de coco. 
Porém, ele é muito rico em anticorpos. Já o leite do meio da mamada 
tende a ter uma coloração branca opaca devido ao aumento da 
concentração de caseína. E o leite do fi nal da mamada, o chamado 
leite posterior, é mais amarelado devido à presença de betacaroteno, 
pigmento lipossolúvel presente na cenoura, abóbora e vegetais de cor 
laranja, provenientes da dieta da mãe. 
1) PREMATURO 
 Composição: mais rico em proteínas (maior concentração de 
aminoácidos essenciais para o recém-nascido, como cisteína e 
taurina), gorduras, sódio, cloro, vitaminas A e E; menor teor de 
lactose e vitamina C. 
 No fim do primeiro mês, o conteúdo é similar ao de nascidos a 
termo, exceto pela concentração de imunoglobulinas. Este leite 
materno especial produzido pela mulher que pariu precocemente seu 
filho é um dos pilares do cuidado mãe-canguru. 
 Quanto à qualidade de proteínas, verifica-se que o leite de nutrizes de 
RN prematuros contém maior teor de aminoácidos condicionalmente 
essenciais como cistina, taurina e glutamina. Em relação às gorduras, 
observa-se uma equivalência quantitativa e uma diferença 
qualitativa: o leite de nutrizes de RN prematuros contém maior 
proporção de colesterol, fosfolipídios, ácidos graxos de cadeia 
média/intermediária e ácidos graxos poli-insaturados 
 As concentrações de cálcio ionizado e fósforo são também maiores 
no leite de mães de prematuros. A forma de administrar o alimento 
depende do peso ao nascimento e do estado físico do prematuro. 
Caso este apresente condições de sugar e deglutir, devemos alimentá-
lo ao seio. 
 As refeições por sucção não devem ocorrer ou devem ser suspensas 
nos casos em que a idade gestacional for inferior a 34 semanas ao 
nascimento, ou na presença de doenças graves. 
 O aporte calórico deve então ser fornecido através de gavagem ou 
por via parenteral. 
 Neonatos com peso inferior a 1500 g devem ser alimentados com 
leite materno e oferta de cálcio, fósforo, sódio e proteínas 
complementares necessárias a esta condição, sob forma de 
suplementos acrescentados ao leite materno. 
 
TIPOS DE ALEITAMENTO 
 Aleitamento Materno Exclusivo (AME): A criança recebe apenas 
leite humano, da própria mãe (diretamente do seio ou ordenhado) ou 
de outra fonte (ex.: banco de leite), sem outros líquidos ou sólidos à 
exceção de vitaminas, sais de hidratação e medicamentos (gotas ou 
xaropes). 
 Aleitamento Materno Predominante (AMP): Além do leite 
humano, a criança recebe água, chás, suco de frutas, e outros 
fluidos/infusões em quantidades limitadas. 
 Aleitamento Materno Complementado (AMC): Além do leite 
humano, a criança recebe alimentos sólidos ou semissólidos com o 
objetivo de complementar o leite materno, mas não substituí-lo. Os 
leites de outras espécies (ex.: leite de vaca, leite de cabra) não são 
considerados alimentos complementares. O termo “suplemento” é 
usado paraágua, chás e substitutos do leite materno. 
 Aleitamento Materno Misto ou parcial (AMM): Além do leite 
humano a criança recebe outros tipos de leite. 
 Aleitamento Materno: quando a criança recebe leite materno (direto 
da mama ou ordenhado), independente de receber ou não outros 
alimentos 
As recomendações atuais do Ministério da Saúde (MS), da 
Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de 
Pediatria (SBP) são: 
1) Aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de 
vida. P 
 Portanto, não é necessário oferecer à criança água, chás, sucos ou 
qualquer outro alimento durante os seis primeiros meses de vida. Se 
for oferecido outro alimento à criança durante esse período, o 
processo de desmame terá sido iniciado. 
2) Aleitamento materno complementado de seis meses até dois 
anos de vida. 
 A partir dos seis meses de vida, o leite materno como alimento único 
se torna insuficiente, e deve ter inicio a introdução de alimentação 
complementar. 
 Entretanto, não se recomenda nenhum outro tipo de leite 
(industrializado, de vaca, soja, cabra, etc.). 
OBS: o leite materno sozinho após os seis meses é insuficiente, porém 
continua sendo importante, especialmente como fonte de vitamina C 
(cobre 95% das necessidades), vitamina A (cobre 45% das 
necessidades), proteínas (cobre 38% das necessidades) e energia (cobre 
31% das necessidades), além é claro de fornecer elementos imunológicos 
para prevenção de doenças. 
3) O leite materno deve ser mantido, no mínimo, até os dois anos 
de vida. 
 
 
 
QUAIS AS IMUNOGLOBULINAS PRESENTES NO LEITE 
MATERNO E POR QUÊ? 
 Os fatores específicos são representados pelas imunoglobulinas (IgA, 
IgM e IgG), especialmente a IgA, sintetizada na própria glândula 
mamária e encontrada principalmente na sua forma dimérica, a IgA 
secretória. 
 Como possui peso molecular elevado e não é digerida pelas 
secreções gástrica e intestinal, não é absorvida. 
 É ambiente específica: subpopulações de linfócitos T dos tratos 
gastrointestinal e respiratório da mãe entram em contato com os 
patógenos ambientais, migram para a mama e estimulam a produção 
de IgA específica contra esses patógenos, que será transferida para o 
recém-nascido. 
 A IgA secretória reveste a mucosa intestinal, impedindo a agressão 
por bactérias, toxinas ou antígenos estranhos. 
 Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos 
entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra 
agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, 
dessa maneira, proteção à criança contra os germens prevalentes no 
meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no leite materno 
diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente 
constante a partir de então. Além da IgA, o leite materno contém 
outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG, 
macrófagos, neutrófi los, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e 
fator bífi do. Este favorece o crescimento do Lactobacilus bifi dus, 
uma bactéria não patogênica que acidifi ca as fezes, difi cultando a 
instalação de bactérias que causam diarréia, tais como Shigella, 
Salmonella e Escherichia coli. 
 
 
QUAIS AS CONTRAINDICAÇÕES PARA O ALEITAMENTO 
MATERNO? 
São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a 
substituição parcial ou total do leite materno. Nas seguintes situações o 
aleitamento materno não deve ser recomendado: 
 Mães infectadas pelo HIV; 
 Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus da leucemia humana T-
cell); 
 Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns 
fármacos são citados como contraindicações absolutas ou relativas ao 
aleitamento, como por exemplo os antineoplásicos e radiofármacos, 
usados no tratamento contra o câncer. 
 Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode 
ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose 
Nas seguintes situações o aleitamento materno não deve ser recomendado: 
 Mães infectadas pelo HIV; 
 Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2; 
 Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. 
 Alguns fármacos são considerados contra-indicados absolutos ou 
relativos ao aleitamento materno, como por exemplo, os 
antineoplásicos e radiofármacos. 
 Como essas informações sofrem frequentes atualizações, recomenda-
se que previamente à prescrição de medicações a nutrizes o 
profissional de saúde consulte o manual 
 Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode 
ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose. 
 Mães com Limitações Temporárias: Emocionais ou Físicas  Casos 
graves de psicose puerperal, eclampsia ou choque.  Lesões ativas na 
mama ou mamilo provocadas por herpes (as mães não poderão 
amamentar durante o período ativo da doença. Uma vez tratada a 
doença, a amamentação poderá ser reiniciada). 
Já nas seguintes situações maternas, recomenda-se a interrupção 
temporária da amamentação: 
 Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da 
mama. A amamentação deve ser mantida na mama sadia; 
 Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do 
parto ou até dois dias após o parto, recomenda-se o isolamento da 
mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve 
receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (Ighavz), 
disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais 
(CRIES), que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, 
aplicada o mais precocemente possível; 
 Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver 
sangramento mamilar evidente; 
 Consumo de drogas de abuso: a Academia Americana de Pediatria 
(contraindica o uso durante o período da lactação das drogas de 
abuso anfetaminas, cocaína, heroína, maconha e fenciclidina. 
 A Organização Mundial da Saúde considera que o uso de 
anfetaminas, ecstasy, cocaína, maconha e opióides não são 
contraindicadas durante a amamentação. Contudo, alerta que as mães 
que usam essas substâncias por períodos curtos devem considerar a 
possibilidade de evitar temporariamente a amamentação. 
 Há carência de publicações com orientações sobre o tempo 
necessário de suspensão da amamentação após uso de drogas de 
abuso. 
 No entanto, alguns autores já recomendaram determinados períodos 
de interrupção. 
 Ainda assim, recomenda-se que as nutrizes não utilizem tais 
substâncias. Se usadas, deve-se avaliar o risco da droga versus o 
benefício da amamentação para orientar sobre o desmame ou a 
manutenção da amamentação. 
 Drogas consideradas lícitas, como o álcool e o tabaco, também 
devem ser evitadas durante a amamentação. 
 Contudo, nutrizes tabagistas devem manter a amamentação, pois a 
suspensão da amamentação pode trazer riscos ainda maiores à saúde 
do lactente 
 
OBS: Em todos esses casos, deve-se estimular a produção do leite 
com ordenhas regulares e frequentes, até que a mãe possa amamentar 
o seu filho 
 
Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve 
ser contraindicado: 
 Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou 
ainda bacilíferas (duas primeiras semanas após início do 
tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam 
o contato próximo com a criança por causa da transmissão 
potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Nesse 
caso, o recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10 
mg/kg/dia por três meses. Após esse período, deve-se fazer 
teste tuberculínico (PPD): se reator, a doença deve ser 
pesquisada, especialmente em relação ao acometimento 
pulmonar; se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica 
deve ser reavaliada; em caso contrário, deve-se manter 
isoniazida por mais três meses; e, se o teste tuberculínico for 
não reator, pode-se suspender a medicação, e a criança deve 
receber a vacina BCG; 
 Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão dependede contato prolongado da criança com a mãe sem tratamento, 
e considerando que a primeira dose de rifampicina é 
suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, deve-se 
manter a amamentação e iniciar tratamento da mãe; 
 Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina 
específica (HBIG) após o nascimento praticamente eliminam 
qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite 
materno; 
 Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes 
HCV positivas é importante, uma vez que não se sabe se o 
contato da criança com sangue materno favorece a 
transmissão da doença; 
 Dengue: não há contraindicação da amamentação em mães 
que contraem dengue, pois há no leite materno um fator 
antidengue que protege a criança; 
 Consumo de cigarros: acredita-se que os benefícios do leite 
materno para a criança superem os possíveis malefícios da 
exposição à nicotina via leite materno. Por isso, o cigarro não 
é uma contraindicação à amamentação. O profissional de 
saúde deve realizar abordagem cognitiva comportamental 
básica, que dura em média de três a cinco minutos e que 
consiste em perguntar, avaliar, aconselhar, preparar e 
acompanhar a mãe fumante (BRASIL, 2010b). No 
aconselhamento, o profissional deve alertar sobre os 
possíveis efeitos deletérios do cigarro para o 
desenvolvimento da criança, e a eventual diminuição da 
produção e da ejeção do leite. Para minimizar os efeitos do 
cigarro para a criança, as mulheres que não conseguirem 
parar de fumar devem ser orientadas a reduzirem o máximo 
possível o número de cigarros (se não possível a cessação do 
tabagismo, procurar fumar após as mamadas) e a não 
fumarem no ambiente em que a criança se encontra; 
 Consumo de álcool: assim como para o fumo, deve-se 
desestimular as mulheres que estão amamentando a ingerirem 
álcool. A ingestão de doses iguais ou maiores que 0,3g/kg de 
peso pode reduzir a produção láctea. O álcool pode modificar 
o odor e o sabor do leite materno levando a recusa do mesmo 
pelo lactente. 
 
 
 
 
 
POR QUE NÃO SE RECOMENDA MAIS AMA DE LEITE 
(AMAMENTAÇÃO CRUZADA)? 
 Traz diversos riscos ao bebê, podendo transmitir doenças, infecto-
contagiosas, a mais grave, Aids. 
 O perigo é o bebê ser contaminado por uma doença infecto–
contagiosa, como a Aids, que é uma doença crônica grave e ainda 
sem tratamento absoluto, sem cura. Por exemplo, se uma mãe tiver 
hepatite B em atividade, e doar leite a outro bebê, que não tenha 
ainda as doses da vacina suficientes (ou seja, não está totalmente 
imunizado), ela poderá passar a doença para a criança, através do 
leite materno, em caso de sangramento do mamilo por trauma 
mamilar. 
 Qual a diferença do leite do banco de leite para o leite de outra 
pessoa?  A diferença fundamental do leite do Banco de Leite 
Humano para o leite doado diretamente por uma outra mãe é que no 
BLH o leite é tratado, pasteurizado e, por isso, isento de qualquer 
possibilidade de transmissão de doenças. A mãe não deve amamentar 
outra criança que não seja o seu filho. Mesmo se esta mãe estiver 
com os exames normais ou se teve uma gravidez tranquila, ela pode 
estar em uma janela imunológica, e esse bebê correr o risco de 
contrair alguma doença. 
 No entanto, esta prática é PROIBIDA pelo Ministério da Saúde, 
porque aumenta o risco do bebê ser contaminado com alguma doença 
que passa pelo leite da outra mulher e o bebê não tem os anticorpos 
específicos para se protege 
 Inúmeras doenças, como: hepatites, CMV (Citomegalovirus), HIV 
(AIDS), HTLV (Human T lymphotropic virus), Mononucleose 
infecciosa e, muitas outras podem ser transmitidas através da 
amamentação cruzada para os bebês e também para a própria mulher 
que está amamentando. 
IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO PARA O BEBÊ E PARA A MÃE 
 
BEBÊ 
1) COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL IDEAL 
 O leite materno é um alimento completo: atende completamente às 
necessidades nutricionais, metabólicas e calóricas do lactente nos 
primeiros seis meses de vida e é ideal para o sistema gastrointestinal 
e renal em amadurecimento. 
2) Redução da mortalidade infantil. 
 Estima-se que a amamentação reduza em média 13% das mortes em 
crianças abaixo de cinco anos. 
 Diminuição da mortalidade por doenças respiratórias (50%) e das 
doenças diarreicas (66%). A proteção a esta classe de doenças 
infecciosas é maior quando o aleitamento materno é exclusivo!!! 
 Diminuição da incidência e gravidade das doenças infecciosas 
diarreicas, bem como redução da probabilidade de ocorrência de 
distúrbios hidroeletrolíticos secundários (ex.: desidratação, 
hiponatremia e hipocalemia). 
 Diminuição da incidência e gravidade das infecções respiratórias. 
 Diminuição da ocorrência de doenças imunoalérgicas: sibilância 
recorrente, asma, dermatite atópica. 
 Diminuição da ocorrência de doenças crônicas: 1) cânceres: 
leucemias, linfomas e doença de Hodgkin; 2) gastrointestinais: 
doença celíaca, doença de Crohn, retocolite ulcerativa; 3) 
metabólicas: diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2; sobrepeso/obesidade; 
hipercolesterolemia 4) cardiovasculares: redução da pressão arterial 
sistêmica. 
 Melhor desenvolvimento cognitivo: os mecanismos ainda não foram 
totalmente esclarecidos; alguns estudiosos acreditam que o leite 
materno contenha substâncias que melhorem o 
crescimento/desenvolvimento cerebral, e outros apostam nos 
aspectos comportamental e emocional positivos do ato de 
amamentar. 
 Desenvolvimento da cavidade oral: atualmente, sabe-se que a 
amamentação tem muitas outras vantagens, entre elas estimular o 
correto desenvolvimento das funções orais, com o adequado 
crescimento do sistema estomatognático. O uso de chupetas e 
mamadeiras eleva o palato, e com isso, a cavidade nasal fica menor. 
As consequências são alterações na respiração nasal, no processo de 
mastigação/deglutição e prejuízo da fala. 
 Fortalecimento do vínculo afetivo mãe-bebê, reduzindo a incidência 
de maus-tratos. 
MÃE 
1) PREVENÇÃO DA HEMORRAGIA PÓS PARTO 
 O aleitamento imediatamente após o nascimento favorece a 
dequitação placentária, promove a involução uterina, a perda de peso 
e diminui a hemorragia pós-parto. 
 Reflexo de Fergusson. A sucção do mamilo estimula a liberação de 
ocitocina pela hipófise posterior, hormônio responsável pela 
contração da musculatura uterina. 
2) MÉTODO CONTRACEPTIVO 
 A amenorreia lactacional prolongada pelo aleitamento materno 
exclusivo ou predominante evita a anemia e o aparecimento precoce 
da ovulação, o que condiciona o maior espaçamento gestacional, 
proporcionando melhores condições de saúde para mãe e filho. 
 A eficácia anticoncepcional somente é alcançada para mães até seis 
meses após o parto, que estejam em aleitamento materno exclusivo 
ou predominante, e que estejam em amenorreia. 
 Caso estas três condições estejam satisfeitas, a eficácia 
anticoncepcional do método da amenorreia lactacional chega a 98%. 
3) REMINERALIZAÇÃO ÓSSEA 
 Promove melhora da remineralização óssea pós-parto, com redução 
de fraturas do colo de fêmur no período pós-menopausa. 
4) REDUÇÃO DO RISCO DE CANCER 
 Diminui risco de câncer de mama e ovário. 
5) PROTEÇÃO CONTRA O DIABETES TIPO 2 
6) PROMOVE PERDA PONDERAL 
 O gasto energético de uma nutriz em aleitamento exclusivo: 704 
kcal/dia. 
7) ECONOMIA E EFICACIA 
 O leite materno é bom, barato e limpo. Estima-se que o gasto com 
fórmulas infantis nos primeiros seis meses de vida variem de 38% a 
133% do salário-mínimo, sem contar os demais custos como 
mamadeiras, bicos e gás de cozinha 
 
AMAMENTAÇÃO PEGA 
 
 
 O RN apresenta características anatômicas que facilitam a sua 
alimentação no período neonatal: 
 Em decorrência da retração mandibular fisiológica (retrognatismo 
fisiológico), a língua do bebê apoia-se sobre a gengiva ou lábio 
inferior, numa posição anteriorizada e rebaixada, que obriga à 
respiração nasal; 
 Ovolume aumentado da língua e o contato com o lábio inferior 
facilitam a postura adequada para a amamentação; 
 A base da língua encontra-se bem próxima à epiglote e protege as 
vias aéreas inferiores durante a deglutição. 
 Eventos da amamentação na criança: 
1) Requer uma abertura ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, 
mas também parte da aréola → forma-se um lacre perfeito entre as estruturas 
orais e a mama, fundamental para a formação do vácuo, com pressão 
intraoral negativa, o que mantém o mamilo e a aréola dentro da boca do 
bebê, apesar de sua natureza retrátil; 
2) A mandíbula, apoiada sobre os seios lactíferos (onde o leite fica 
armazenado), realiza um ciclo de movimentos: 
(1) abaixamento para abertura da boca, (2) protusão para alcançar os seios 
lactíferos, (3) elevação para o fechamento da boca e compressão dos seios 
lactíferos e, finalmente, (4) retrusão para a extração efetiva do leite→ esses 
movimentos promovem o crescimento anteroposterior dos ramos 
mandibulares e a modelação do ângulo mandibular (crescimento harmônico 
da face do bebê); 
3) A língua, apoiada na gengiva inferior, eleva-se na parte posterior da boca 
e funciona como um mecanismo oclusivo contra o palato mole, mantendo 
assim a pressão intraoral negativa; 
4) O mamilo e parte da aréola são deslocados para o interior da boca, com a 
ponta do mamilo tocando a junção entre os palatos duro e mole → protegido 
de fricção e compressão, prevenindo traumas mamilares; 
5) As bordas e a ponta da língua são elevadas lateralmente formando uma 
concha (canolamento), que leva o leite até a faringe posterior e o esôfago, 
ativando o reflexo de deglutição; 
6) A extração (ordenha) do leite é feita suavemente graças a um movimento 
peristáltico rítmico, direcionado da ponta da língua para a orofaringe, que 
comprime suavemente o mamilo; 
7) A ponta da língua se mantém na região anterior durante todo o processo, 
garantindo o vedamento da boca. Durante a extração do leite materno, o 
bebê respira pelo nariz, estabelecendo o padrão de respiração nasal. 
 
 Depende especialmente do posicionamento da dupla mãe/bebê e da 
pega/sucção (uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê na 
amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em 
relação ao mamilo e à aréola,resultando no que se denomina “má 
pega”); para boa técnica de amamentação, é importante que: 
 Mãe e bebê estejam em posição confortável e relaxada, que não 
interfira com a capacidade do bebê de abocanhar tecido mamário 
suficiente (cerca de 2 cm de tecido mamário além do mamilo), de 
retirar o leite efetivamente e de deglutir e respirar livremente; 
 A mãe deve segurar com firmeza o bebê completamente voltado para 
si; 
 O bebê deve ter seu corpo voltado para a mãe, mantendo um eixo 
axial único, e sua boca deve estar bem centrada em frente ao mamilo; 
 Em pega ótima, os lábios do bebê ficam levemente voltados para 
fora, e sua língua sobre a gengiva inferior (lábios apertados são 
indicação de que ele não conseguiu pegar tecido suficiente); 
 Quando a criança é amamentada em uma posição adequada e tem 
uma pega boa, a mãe não sente dor.

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