Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
103 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Unidade III 5 A COMUNICAÇÃO INTERNA Os funcionários podem ficar bastante frustrados ao tomarem conhecimento de fatos que se relacionam à organização por meio do público externo, pelos clientes ou pelos meios de comunicação de massa. Matos (2004) exemplifica a decepção proporcionada ao funcionário que lê o jornal e se depara com uma notícia sobre a empresa, falando de uma crise, ou de uma fusão, por exemplo. Segundo Pimenta (2015), a comunicação interna serve para comunicar/tornar comum a todas as pessoas, de todos os escalões, quais os planos, metas e objetivos da entidade; envolver os funcionários para que contribuam no cumprimento desses objetivos; interação e integração das pessoas, departamentos e áreas para concretizar esses alvos. Para estabelecer um processo de comunicação interna transparente, ágil e participativo, é preciso: • Identificar o perfil do público interno. • Construir uma rede de canais que garantam a eficiência da comunicação. • Definir mensagens-chave e posicionamentos da empresa. • Formalizar mecanismos e práticas de feedback. A adoção de práticas em comunicação interna integrando a comunicação empresarial tem mostrado que melhora muito a relação com os públicos de interesse. Hoje o funcionário é parceiro, não mais empregado. Os funcionários devem ser motivados por meio da comunicação interna, meio pelo qual se desenvolvem valores e técnicas. Pimenta (2015, p. 100) explica que valores como responsabilidade, compromisso, cooperação, solidariedade e dedicação são vitais para o trabalho em equipe. Já as técnicas são formas de comunicação que possibilitam às equipes operacionalizarem melhor seus procedimentos, por exemplo, por meio dos grupos de trabalho, reuniões estruturadas para criar, avaliar e controlar novos procedimentos e métodos de trabalho. Matos (2004) acentua ainda que a comunicação é um fator humanizador para o relacionamento entre a empresa e os colaboradores, uma vez que os funcionários é que vão fazer as mudanças necessárias para a atuação em ambiente globalizado, adotando posturas diferenciadas no atendimento ao cliente. 104 Unidade III Figura 33 – O foco da comunicação interna são os funcionários 5.1 Fatores que influenciam a comunicação interna nas organizações A comunicação empresarial integra todos os meios, formatos e públicos para que a instituição atinja seus objetivos e construa uma imagem favorável. Os fatores acentuados a seguir influenciam a comunicação eficaz no nível empresarial: estrutura da organização, canais formais e informais, autoridade, especialização do trabalho, propriedade da informação e sobrecarga de informação. Vamos conhecer o assunto. Estrutura da organização Muitas vezes a estrutura da empresa e seus canais formais de comunicação não permitem o fluxo livre e contínuo da comunicação nos diversos níveis, ou não atingem todos os lugares, por causa do tamanho da entidade e da distância entre as unidades, como filiais, lojas e outros. Quanto mais níveis e departamentos, maior é a possibilidade de a mensagem ser modificada, atuando como um filtro, acrescentando ou retirando partes do conteúdo da mensagem. Autoridade da administração Apesar de inerente às organizações, a presença da autoridade sempre inibe comunicações livres e abertas. Por outro lado, os subordinados adotam posturas favoráveis em relação à autoridade, evitando expressar problemas, desacordos e comunicações informais. A estrutura de autoridade também deve respeitar a hierarquia da empresa, para que se faça no nível adequado e seja clara sobre quem se comunica com quem. Especialização do trabalho As diversas divisões, departamentos e áreas dificultam a movimentação fluida da comunicação, pois dividem a empresa em grupos de interesses, atitudes e vocabulário próprios. Imagine o pessoal da área financeira falando em sua lógica e linguajar característico com as pessoas do marketing da empresa. Seria uma confusão só! 105 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Propriedade da informação O ato de dividir a informação com os outros membros da instituição é uma dificuldade, pois quem tem informação tem poder, diz um ditado popular. Por isso, encontrar formas de organizar a informação é imprescindível, e os processos de gestão do conhecimento nas empresas estão em voga. A empresa não pode ficar à mercê de determinado funcionário “dono” de uma área e que conhece todos os processos e ninguém mais tem acesso a eles. Sobrecarga de informações Algumas entidades padecem desse mal quando se percebe que a quantidade de informação é mais importante do que a qualidade. Esse excesso pode levar à paralisação do funcionário, por não ter condições de selecioná-las e analisá-las corretamente nem saber qual o seu comportamento e atividade a ser realizada, qual sua prioridade. 5.2 Fluxos da comunicação Matos (2004) acentua que a comunicação interna pode ter um fluxo descendente, ascendente, horizontal e transversal (entre pares), conforme mostra a figura a seguir. Descendentes ou up down Da alta direção para os funcionários Ascendentes ou top down Dos funcionários para a alta direção Horizontais/ transversais Entre os funcionários/ departamentos Figura 34 • Direção vertical: — Fluxo descendente ou up down: instruções, diretivas, procedimentos e metas saem dos cargos de níveis hierárquicos mais altos para os de níveis mais baixos. É também chamado de centrífuga quando a empresa tem muitos órgãos e departamentos, que dá a ideia para baixo e para fora. Quanto maior o espaço que a entidade pretende atingir, mais pode sofrer perda de informações e a ação dos ruídos. — Fluxo ascendente ou top down: anseios, expectativas, resultados e sugestões saem dos cargos inferiores para os superiores. A comunicação é feita das bases para a alta direção. A tendência é que os funcionários somente informem o que acreditam que seus superiores desejam saber. 106 Unidade III • Direção horizontal e transversal: — Fluxo lateral: inclui os dois tipos citados e permite a circulação da informação entre os funcionários ou grupos de um mesmo nível hierárquico e o melhor entrosamento entre os níveis hierárquicos. A dificuldade é se algum grupo retiver informações importantes para controlar outros. 5.3 Rede formal e rede informal As mensagens são transmitidas dentro da empresa pelas redes, que podem ser formais e informais. Nas primeiras, circulam as mensagens oficiais e legitimadas pela estrutura da empresa, utilizando os canais (veículos) formais, conforme serão expostos adiante. Os canais formais também apresentam problemas na comunicação de cima para baixo: as informações podem ser filtradas, modificadas ou interrompidas, em algum escalão, como o gerencial, a coordenação ou a supervisão. Os superiores só passam aquilo que é relevante aos subordinados. Na comunicação de baixo para cima, acontece a mesma coisa por razões diferentes. Os gerentes médios não comunicam os dados irrelevantes (em especial aqueles que vão de encontro aos seus interesses) aos superiores para evitar que estes fiquem sobrecarregados com informações desnecessárias. Os canais formais também podem inibir o fluxo livre de informações entre os diversos níveis da organização. Quando os canais formais não conseguem manter a comunicação fluente e permeando todos os níveis organizacionais, da direção ao cargo mais baixo da empresa, aparecem os canais informais. A rede de boatos é um tipo de comunicação informal e são os vários caminhos pelos quais as comunicações informais atravessam uma instituição. Os boatos sempre começam com índices, algo que sugere alguma situação, como o cheiro de fumaça a indicar que alguém estava fumando por ali, ou quando vemos nuvens escuras no céu e sabemos que há a possibilidade de chuva. Nas empresas, alguns índices podem dar início aos boatos, por exemplo, compra de novos equipamentos e transferência de funcionários, ou fatos, como declarações da diretoria, circulares, notíciasveiculadas na mídia, entre outros. A capacidade de multiplicação dos boatos faz com que eles saiam do controle e da parte interna da empresa, passando a atuar em outros ambientes, como as casas dos funcionários, outras entidades e o mercado. Esses fatores tornaram-se ainda mais preocupantes após a internet, que permite a disseminação de ideias em segundos por meio de e-mails e pelas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram e outras). Nas redes informais, conhecidas como rádio peão ou rádio corredor, veiculam-se todas as mensagens inadequadas para circulação nas redes formais. Nem toda comunicação informal é rádio peão. Uma conversa entre o chefe e o subordinado é uma comunicação informal, mas não necessariamente para disseminar boatos. 107 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL A comunicação deve respeitar o nível hierárquico da empresa, isto é, quem se comunicará com quem, e dita o fluxo da comunicação que determina o caminho da mensagem, desde o emissor até o receptor, na direção vertical ou horizontal. A comunicação empresarial é a responsável pela imagem da organização perante seu público interno e externo. Mas como evitar a criação e disseminação dos boatos? É importante que a entidade tenha canais para ouvir os funcionários, o que permite monitorar o clima organizacional e antecipar possíveis problemas. Os colaboradores devem ser orientados e sensibilizados quanto às mais diversas situações da empresa. Deve-se primar ainda por canais de comunicação que atendam às necessidades de informação do público interno. O planejamento deve prever campanhas que busquem alcançar os objetivos traçados para a área. Procurar desenvolver as habilidades de comunicação dos funcionários também ajuda a manter boas comunicações na empresa. Você deve ter observado que a comunicação interna deve trabalhar em conjunto com a área de Recursos Humanos, pois muitas ações de melhoria em comunicação interna dependem de treinamento dos funcionários. 5.4 Canais ou veículos de comunicação interna Segundo Chinen (2010), entre os canais de propagação de conhecimento interno estão a intranet, que é utilizada para comunicação rápida e objetiva. A revista e o jornal também integram as unidades e contribuem para o desenvolvimento profissional, além de agregar as famílias dos funcionários, o que é muito bom para causar motivação nesse público. O autor ainda refere-se às reuniões gerenciais, por videoconferência ou presenciais, que facilitam a distribuição das informações gerenciais, os resultados, e a integração dos diversos setores para trabalhar com os mesmos objetivos. Quadros de avisos podem agregar informações gerais e devem ser atualizados constantemente (CHINEN, 2010). A comunicação interna busca elevar o espírito de solidariedade, estimulando companheirismo, dedicação e motivação. Os canais são os recursos ou instrumentos usados para comunicação na empresa e podem ser realizados de forma oral, escrita ou gestual. Acentuamos a seguir os mais utilizados: Figura 35 – As reuniões presenciais de trabalho podem acontecer nos mais variados locais, por exemplo, enquanto se espera pelo cliente 108 Unidade III Quadro 8 Comunicação não verbal Gestual, comportamental, olhar, expressões faciais, riso e sorriso, aparência, postura, distância, pontualidade, velocidade da fala, dicção, entonação de voz e ênfase; avisos sonoros e campainhas; cartão de ponto; comunicação visual, o leiaute, o ambiente e a decoração, cores, sinalização interna e a identidade visual, telefone muito baixo ou muito alto; uniformes e vestuário (camisas, bottons e bonés); toque; orientação e proximidade; paralinguagem (qualquer som ou qualidade de voz que acompanha a fala e revela a situação em que o falante se encontra (se ele está bem, mal, alegre, triste, cansado etc.) Recursos visuais Escritos: instruções e ordens escritas, circulares, cartas pessoais, manuais, quadro de avisos, jornais, murais, boletins informativos internos e externos (newsletters), panfletos, jornais e revistas, relatórios de atividades, formulários, fax, e-mails, internet/intranet, bilhetes e lembretes, avisos internos, declaração de missão, visão e valores, manuais internos, cartas, ofícios e memorandos, avisos e placas, jornal interno, caixas de sugestões e cartazes Pictográficos: pinturas, fotografias, desenhos, diagramas e mapas Escritos pictográficos: cartazes, filmes mudos com legenda, gráficos, diplomas e certificados Simbólicos: luzes, bandeiras, flâmulas e insígnias Recursos auditivos diretos Sistemas de rádio, avisos sonoros, telefones, intercomunicadores automáticos e autofalantes Conversas, entrevistas, reuniões e conferências Recursos auditivos simbólicos Sirenes, apitos e buzinas, sinos e outros sinais Recursos audiovisuais Televisões internas, telões e projeções multimídias e via internet, filmes, demonstrações; vídeos, videoconferências, teleconferências Adaptado de: Torquato (1996, p. 65). É bom lembrar que quase todos os meios apontados no quadro anterior também existem no formato digital, como os informativos, as conversas e os e-mails. Podemos acrescentar toda a gama de comunicações na rede, como o site, as trocas de mensagens eletrônicas, os filmes e vídeos disponibilizados no site e as imagens. Temos ainda as comunicações realizadas por meio dos aplicativos de comunicação, como o WhatsApp e os aplicativos próprios das empresas. Vamos conhecer algumas ferramentas mais utilizadas em comunicação interna. Intranet Uma rede exclusiva só para os funcionários na qual é possível apresentar as novidades, os novos produtos, oferecer treinamentos. A intranet mantém uma uniformização das informações dirigidas aos funcionários. Rede social corporativa No mesmo formato das redes sociais tradicionais, a rede social corporativa se apresenta como uma intranet avançada, engajando os funcionários. É uma ferramenta de baixo custo e que fica hospedada em nuvem. As redes sociais mais tradicionais já oferecem suas versões para serem utilizadas como rede social empresarial. 109 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Mural O mural é uma comunicação visual e rápida, que precisa estar visível e ser atualizada constantemente, devendo ocupar um lugar de destaque no qual as pessoas passam por alguma razão. Geralmente, as empresas o mantém na área de cafezinho. TV corporativa Uma espécie de mural digital, ela deve estar em ambiente de passagem, de preferência em vários locais, para que todos os setores possam visualizar as informações. Esse veículo representa um investimento maior, mas é uma excelente opção para as empresas que primam pelo visual. E-mail O mais antigo dos meios tecnológicos, serve para informar imprevistos, novidades, agendamentos de reuniões, pois os funcionários costumam estar conectados em sua caixa de e-mails. Newsletter A newsletter tem substituído os antigos jornais internos e pode ser impressa ou digital, dependendo do orçamento e do perfil das pessoas e da empresa. Nela devem ser veiculados um resumo de informações e notícias úteis para os funcionários. Como nos jornais, importa a periodicidade e de quanto em quanto tempo ela será distribuída. Manual do colaborador Uma espécie de guia rápido para os novos funcionários, com detalhes sobre os benefícios que receberão, o funcionamento e as práticas adotadas na empresa. Caixa de sugestões Especial para as pessoas que não gostam de se expor e preferem colocar suas ideias por escrito, mantendo o anonimato. Reuniões Realizadas de forma presencial ou on-line, as reuniões pessoais podem acontecer em ocasiões especiais e para alinhar equipes, fazer planejamentos e definir metas. Videoconferência Semelhante às reuniões, aproxima líderes que não ficam na mesma planta dos subordinados para conversar sobre pontos importantes e alinhamentos pessoais. 110 Unidade III Observação House organs são veículos de comunicação dirigidos ao público interno, como os jornais para funcionários, revistas que chegam às casas deles para serem compartilhadascom a família, bem como as newsletters e os informativos. Figura 36 – Comunicação verbal e não verbal, como nas placas de trânsito e de sinalização interna nas empresas Assim, superar as barreiras organizacionais à comunicação deve ser uma busca constante. Para isso, os aspectos relevantes devem ser explícitos do modo mais claro possível para obter uma comunicação mais eficaz e significativa. As fontes de informação também devem ser claras e prover informações completas aos receptores. É importante pensar o ambiente físico de forma a reduzir as divisões entre as pessoas para melhorar a interação e a circulação da informação, sem descuidar da privacidade. 5.5 Endomarketing Mais do que apenas comunicação interna, o endomarketing surgiu para motivar o público interno. Ele é formado a partir de ações de marketing voltadas para melhorar a satisfação e a ligação com o público interno. Para que a entidade tenha sucesso, é vital ter funcionários motivados com os objetivos empresariais e engajados neles. Por exemplo, se haverá o lançamento de um novo produto, é importante que os colaboradores o conheçam antes do público em geral. Como nos sentiríamos sabendo pelos outros (mídia) o que está havendo no local em que trabalhamos? Com tal configuração, o endomarketing almeja atender melhor os clientes externos. Esse programa é apontado por especialistas da administração moderna como um dos principais diferenciais competitivos que transformam os colaboradores nos principais criadores da imagem institucional das organizações. 111 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Para motivar os funcionários, é recomendável, na visão de Pimenta (2015, p. 125): • Ouvi-los e, a partir de suas sugestões, criar formas de integração. • Retribuir seu empenho com o que for possível (melhor remuneração ou brindes). • Suprir suas necessidades físicas e psicológicas. • Respeitar a sua personalidade e seu humor. • Proporcionar segurança no ambiente de trabalho. Claro que detalhar cada uma dessas atividades geraria uma unidade inteira para este livro-texto, que não tem o objetivo de esgotar esse tema. Assim, é importante que as empresas trabalhem nesse engajamento do público interno, para que todos consigam fazer parte da identidade cultural da empresa e participem das mudanças estruturais, estratégias, decisões, enfim, da condução das diretrizes organizacionais da entidade em que trabalham. Os funcionários sentem-se participantes daquele todo e empenham-se em conseguir resultados cada vez melhores, porque se sentem reconhecidos e encorajados. Algumas ações de endomarketing adotadas pelas empresas são as palestras motivacionais, café da manhã com o presidente, eventos e ações de incentivo para área de vendas, de atendimento, entre outras. Especialistas asseguram que as ações de endomarketing não podem ser esporádicas e pontuais, devem fazer parte de um planejamento maior. A maioria dos programas de endomarketing têm buscado contemplar ações de qualidade de vida e focadas no bem-estar dos funcionários, o que vai ajudar na melhora da produção e na capacidade intelectual das equipes. A 3M do Brasil valoriza e investe em endomarketing. Em seus informativos internos, os funcionários são o centro das atenções, consolidando uma metodologia de comunicação, nascida na empresa há cerca de 30 anos e que hoje se tornou disciplina dos cursos de Administração de Empresas. Na Fiat, o endomarketing faz parte da vida não só do funcionário, como de sua família também. A montadora oferece festas de debutantes para as filhas de seus colaboradores e festas para aniversários de casamento. Além disso, a empresa oferece test-drive aos funcionários. Afinal, o colaborador é o primeiro cliente da montadora (TERRA, 2008). Na Toyota, os novos funcionários passam por um treinamento de cinco meses para entender como é feita a produção dos carros, quais as necessidades e dificuldades acentuadas pelos clientes nas concessionárias e ainda para aprender sobre a cultura Toyota. Após esse período, são considerados aptos e podem apresentar ideias para melhorias no dia a dia da empresa. Assim, a equipe se sente mais útil, aumentando o seu empenho. Constantemente os funcionários recebem capacitações e palestras motivacionais. 112 Unidade III Exemplo de aplicação Esse assunto é bem interessante. Pesquise na internet ações de endomarketing em outras empresas. Você vai descobrir um mundo de possibilidades que podem ajudar a motivar os funcionários e elevar os resultados da companhia. A entidade na qual você trabalha desenvolve programas de endomarketing? De qual tipo? Você acredita que essas ações deixam os funcionários mais motivados? Você se sente motivado por elas? Lembrete Matos (2004, p. 127) explica que os especialistas da administração apontam o endomarketing como “um diferencial competitivo para transformar os funcionários da empresa nos principais criadores da imagem institucional”. 5.6 Planejamento de comunicação interna A comunicação interna tem efeitos diretos na produtividade e na colaboração dos funcionários e não pode ser negligenciada. Em seu planejamento, devemos atuar da mesma forma do que tratamos na comunicação externa. Análise da situação atual Primeiro, devemos analisar o estágio atual da empresa quanto à comunicação e levantar os meios utilizados para realizar ações para o público interno durante o ano e mensurar o que mais atraiu e trouxe resultados positivos, quais entregaram mensagens com menos ruídos e quais formatos chamaram a atenção. É preciso verificar se houve conflitos internos por causa da comunicação entre colaboradores e áreas diferentes. Identificar as falhas Houve falhas? Se sim, é necessário rever os meios utilizados e buscar qual a melhor maneira para reverter essa situação. Se for um mural, por que será que as pessoas não estão lendo? O local que ele está é de passagem das pessoas? A linguagem está acessível a todos, o material também? Faça isso com todos os meios utilizados. 113 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Conhecer o público A premissa para qualquer tipo de comunicação é o público ao qual se destina. Assim, conhecer o público com quem está falando é fundamental, mesmo quando estamos tratando de funcionários de uma empresa. Assim como no marketing temos as personas para definir o público-alvo, é interessante criar as personas dos colaboradores que recebem as mensagens internas. Analisar os perfis dos colaboradores e conhecer seu comportamento de consumo ajudará a escolher melhor os meios a serem aplicados. Se seu público não é de muita leitura, não adianta comunicar algo por meio de textos enormes. A busca pela percepção da cultura e da empresa pelos funcionários também é importante. Faça pesquisas para buscar essas informações. Alinhar os objetivos Após fazer o levantamento sobre as ações do ano anterior e saber com quem deseja se comunicar, tudo precisará estar alinhado ao objetivo para as comunicações internas. • O que se espera alcançar com ela? • Engajamento dos colaboradores? • Deixá-los alinhados com a cultura da empresa? • Manter o pessoal informado sobre os acontecimentos da empresa? • Reduzir retrabalhos? Aumento de produtividade? Para sabermos onde queremos chegar, é vital ter objetivos claros e definidos, esse é o primeiro passo. Assim, será possível traçar o caminho a ser trilhado para chegar lá, ou seja, propor as ações adequadas para alcançá-los. Verifique se os meios escolhidos estão coerentes para alcançar esses objetivos! Planos de ação Depois dos objetivos, podemos criar as ações específicas para impactar o público interno durante o próximo ano. As ações devem ser realistas para que as pessoas se sintam motivadas com o que está sendo proposto, e não chateadas. Lembre-se de que tudo deverá ter um prazo determinado e também um indicador que mostre que a ação foi concluída. E não se esqueça de mensurar os resultados. Apresentamos a seguir dois modelos do plano de ação, na horizontal e na vertical. Existeuma infinidade de modelos a serem utilizados. Escolha um que atenda a sua necessidade. 114 Unidade III Quadro 9 Plano de ação Meta: sensibilizar 40% do pessoal para o trabalho voluntário até dezembro/ano X O que fazer Por que Quem fará Como fará Onde Prazo Indicador Status Definir instituição Escolher uma entidade para o trabalho voluntário Joana Palestra Reuniões Cadastramento Unidades de serviço Novembro Entidade escolhida Fazer Plano de ação Meta: sensibilizar 40% do pessoal para o trabalho voluntário até dezembro/ano X O que Escolher uma entidade para o trabalho voluntário Por que Joana Quem Palestras, reuniões, cadastramento Onde Unidades de serviço Prazo Novembro/ano Indicador Entidade escolhida Status Fazer Cronograma Deve-se montar um cronograma viável para todas as ações e acompanhar o seu desenvolvimento. Vá realinhando conforme necessário, tendo como base o prazo final. Envolva todos os participantes para que todos assumam responsabilidades no cumprimento das metas. Selecione os indicadores Crie ou utilize indicadores existentes na empresa para confirmar se a ação foi realizada ou não, principalmente, se houve eficácia na ação. Essa fase é muito importante para verificar se ação será executada no tempo previsto a tempo de corrigir o rumo das atividades, se necessário. Podem ser utilizadas pesquisas internas, com formulários, redes sociais, softwares e outros. Use indicadores que façam sentido para a sua empresa e seu caso específico. Saiba mais Apesar de parecer complexo, nem sempre o resultado é algo tão complexo assim. Observe que o resultado foi um documento bem simples, mas com todas as fases que apresentamos. Conheça ao planejamento estudado para uma empresa consultando a seguinte referência: PEREIRA, E.; CASTRO, V. Proposta: plano de comunicação interna. São Paulo: USP, 2009. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4460075/mod_ resource/content/1/Proposta_Comunicacao_Interna.pdf. Acesso em: 28 out. 2020. 115 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 5.7 Comunicação administrativa Além da comunicação institucional e interna, de que tratamos anteriormente, as empresas precisam ter qualidade nas comunicações do dia a dia. A comunicação administrativa trata das estratégias e dos meios de comunicação a serviço das atividades de gestão da entidade e utiliza instrumentos formais e informais. Na definição dessa estratégia, a organização deve focar nos seguintes aspectos: • O objetivo e o destinatário da comunicação. • Na linguagem e nos meios mais adequados. • O tempo certo de comunicar. 5.8 Veículos de redação administrativa Para cada necessidade, objetivo ou situação, há um veículo de comunicação adequado. As redações administrativas mais comuns, segundo Pimenta (2015), são: Procuração Documento pelo qual uma pessoa confere poderes legais a outra para tratar de negócios ou agir em seu nome. Notificação Documento por meio do qual se informa o destinatário, pessoa física ou jurídica, sobre procedimentos a serem tomados pelo interessado, ou medidas que serão tomadas pelo remetente. Ata Documento de registro do desenvolvimento de uma reunião, assembleia ou sessão. Deve ser escrita com clareza, resumidamente. Os numerais (datas, entre outros) devem ser grafados por extenso. Boletim Texto produzido para informação interna ou externa. Em geral, é composto de resultados de pesquisa ou resumo de algum evento importante. Manual Texto didático, para ser utilizado por várias pessoas, que apresenta informações e orientações em linguagem técnica. 116 Unidade III Jornais e revistas Esses veículos têm sido substituídos por suas versões on-line e são cada vez mais raros no papel. Devem seguir o mesmo formato, linguagem e qualidade técnica dos jornais e revistas em circulação, tratando de assuntos de interesse interno e externo à empresa. Saiba mais O livro a seguir apresenta diversos modelos da redação administrativa. FRANÇA, A. S. Comunicação escrita nas empresas: teorias e práticas. São Paulo: Atlas, 2013. E-mail ou correio eletrônico – mensagens instantâneas e posts Recurso que permite a troca de mensagens e arquivos digitais de forma rápida e versátil por meio da internet. Um dos meios que têm substituído algumas formas tradicionais de comunicação, intensamente usado nas empresas. Neste item, o assunto do e-mail é o que tem mais importância, pois determinará a abertura ou não do documento para leitura. Dada a facilidade de exclusão, é preciso pensar direito num bom título para os e-mails profissionais. Trata-se de correspondência utilizada para as mais diversas finalidades, como assuntos gerais com variadas instituições, solicitar ou agradecer colaboração, justificar atos ou atitudes, homenagear, censurar e advertir, entre outros. As cartas de apresentações, também utilizadas mais por meios digitais, podem ter vários motivos, como apresentar produtos, pessoas, empresas. Muito comum é a carta de apresentação enviada junto com o currículo para que a empresa conheça um pouco mais sobre a pessoa. É preciso estar atento. Se nosso público ainda utiliza e gosta das cartas convencionais em papel, nós devemos assim nos comunicar com ele, pois demonstra respeito e nos mantêm sempre perto do cliente. Dicas para escrever cartas e e-mails com objetividade: a) utilizar preferencialmente a ordem direta ou lógica (sujeito, verbo complementos); às vezes, essa ordem precisa ser alterada em benefício da própria clareza; b) usar as palavras e as expressões em seu sentido mais comum; c) evitar períodos com negativas múltiplas; 117 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL d) transformar as orações negativas em positivas, sempre que possível; e) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; f) escolher com cuidado o vocabulário, evitando o jargão técnico; g) evitar neologismos (palavras, frases ou expressões novas, ou palavras antigas com sentidos novos), preciosismos (delicadeza ou sutileza excessiva no escrever) e regionalismos; h) utilizar palavras ou expressões de língua estrangeira somente quando indispensável (PIAUÍ, 2006, p. 9-10). 5.9 Boas práticas no uso da internet na empresa As boas práticas no uso da internet, bem como do e-mail, têm sido assunto recorrente quando se pretende analisar o que é correto ou não no uso do endereço eletrônico profissional. Conforme estudiosos da área, apesar dos benefícios obtidos por meio da internet, as empresas podem sofrer problemas judiciais que podem ser trazidos pelos funcionários, tais como: spam enviados utilizando o e-mail da empresa (e-mail corporativo), deixando assim a empresa responsável pelo envio do e-mail, instalação de software pirata e até a falta de ética do funcionário em transferir informações da empresa a terceiros. Segundo os autores, outro problema é a queda da produtividade dos funcionários com as funções que exercem. Por exemplo, eles citam: contatos nos programas de mensagens instantâneas de amigos e parentes, acesso a sites que não fazem parte do ramo de atividade da empresa ou como o setor que o funcionário trabalha. A conclusão dos autores leva em consideração a importância de as empresas terem políticas claras de acesso à internet e a necessidade de que as restrições englobem tanto sites de provedores de e-mails gratuitos e particulares quanto o acesso a sites que fujam do âmbito do trabalho, pois, embora ainda não haja leis específicas, a justiça já reconhece como legal este tipo de conduta. Figura 37 – As pesquisas na internet são muito fáceis, porém precisam ser feitas com cuidado para evitar que um conteúdo sem fonte seja utilizado 118 Unidade III 5.10 Correspondência com órgãos oficiais As correspondências com órgãos oficiais seguem normas estritas e a maioria deles têm um manual específico para a escrita. Por muito tempo esse tipo de comunicação foi considerado truncado e com teor rebuscado. Há uma busca pela simplificação que se reflete também nesses manuais. Por exemplo, ainda existe a formalidadenos pronomes de tratamento. Requerimento Documento que serve para fazer solicitações a uma autoridade e é também chamado de petição. Ofício Comunicação oficial expedida por autoridades da administração pública e dirigida a particulares, quase sempre em resposta aos requerimentos. Edital Os editais empresariais mais frequentes são para a escolha de empresas fornecedoras de produtos diversos, assembleia geral e inscrição para concursos. As licitações para tomada de preços, escolha de empresas para realização de obras por órgãos do governo são feitas por editais também. 5.11 Pronomes de tratamento Há formas adequadas de tratamento para a comunicação com órgãos oficiais. Como se trata de um tema muito específico, sugerimos que você consulte documentos dos órgãos para conhecê-las, pois não serão objeto desse material. Apenas para exemplificar, o Presidente da República e Vice-Presidente da República devem ser tratados como Vossa Excelência. O vocativo a ser usado para esses representantes é Excelentíssimo Senhor Presidente da República. Os outros membros do Poder Executivo, como os ministros de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República e outros são chamados de Vossa Excelência também, mas o vocativo para eles é apenas “Senhor Ministro das Relações Exteriores”, “Senhor Ministro do Meio Ambiente”. Saiba mais Há manuais em quase todos os órgãos federais, estaduais e municipais. Se você precisa utilizar esse tipo de comunicação, consulte-os antes. Conheça alguns deles: BRASIL. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. Brasília, 2018. Disponível em: http://www4.planalto.gov. br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-da- republica/manual-de-redacao.pdf. Acesso em: 26 out. 2020. 119 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (FUNASA). Manual de redação de correspondência e atos oficiais da Fundação Nacional de Saúde. 2 ed. Brasília, 2006. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/ files_mf/adm_redOficial.pdf. Acesso em: 26 out. 2020. PARANÁ (ESTADO). Departamento Estadual de Arquivo Público. Manual de comunicação escrita oficial do estado do Paraná. Curitiba, Paraná, 2014. Disponível em: http://www.arquivopublico.pr.gov.br/sites/arquivo-publico/ arquivos_restritos/files/documento/2020-02/manual_comunicacao_ escrita.pdf. Acesso em: 26 out. 2020. 5.12 Relatório Documento que contém informações, fatos, estatísticas ou recomendações coletadas por uma pessoa ou grupo, com o objetivo de melhorar processos ou serviços. Descreve fatos, registra observações, pesquisas, investigações, fatos ou relata a execução de serviços ou experiências. Os relatórios podem ser de vários tipos: individual ou coletivo; simples ou complexo; parcial ou completo; periódico ou eventual. Na escrita do relatório, é preciso cuidar dos seguintes aspectos: organização, precisão, clareza, veracidade e boa apresentação das informações. Em geral, utilizam-se gráficos, tabelas, diagramas e estatísticas. Conforme a necessidade da empresa, é possível que haja muitos tipos de relatórios. Por exemplo, as áreas de vendas e de atendimento ao cliente possuem diversas formas de relatórios, com vários tipos de informações diferentes. Comumente, elas adaptam esses dados nos formatos de que precisam para a tomada de decisões. Outras variantes são ainda os relatórios de reunião e os de ocorrência, relatórios técnicos, administrativos, de estágio, de visita e outros que forem preciso para resolver problemas específicos. Observação No mundo acadêmico, existem ainda os relatórios científicos, apreciação sobre um tema, cursos realizados e outros. Sugestão de esquema para um relatório (NADÓLSKIS, 2013, p. 207): Na capa: • título do relatório; • nome do relator; • cidade; • ano. 120 Unidade III Na folha de rosto: • título do relatório (ref). • para; • elaborado por; • assunto; • local; • data de elaboração; • tipo de relatório (parcial, total, inicial, final); • natureza (normal, confidencial, reservado, secreto). Nas folhas seguintes: • resumo (O quê? Quem? Como? Onde? Por quê? O que se fez? Recomendações); • introdução; • objetivos (o que se pretende); • métodos (entrevista, questionários, observações, testes, etc.); • meios (instrumentos); • duração (quanto tempo?); • pessoal envolvido (quem?); • desenvolvimento; • fatos, constatações (exatos, objetivos, em sequência); • avaliação crítica (motivos e consequências, ou causas e efeitos); • recomendações (medidas a serem tomadas); • conclusões (resultados esperados); • anexos; • referências; • local e data; • assinatura, nome legível, identificação funcional. Saiba mais Em uma rápida pesquisa na internet, você encontrará muitos modelos de relatórios. Certifique-se de que atendem às suas necessidades. Você pode fazer adaptações nos modelos para que se adequem ao que você precisa. O Sebrae apresenta um manual para elaboração de relatórios técnicos gerenciais. SEBRAE. Instrumento de apoio gerencial. Sebrae, [s.d.]b. Disponível em: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/ bds.nsf/AABA27FA43CD38C183257589005C3406/$File/NT0003FD3E.pdf. Acesso em: 26 out. 2020. 121 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 5.13 Currículo Qualifica uma pessoa, por meio de sucintas informações a respeito de sua formação acadêmica e experiência profissional. A linguagem deve ser concisa, destacando os dados de forma objetiva. Não deve haver valorização dos dados com o uso de adjetivos. Deixe essa valorização para quem lê o currículo. Evite abreviar nomes de entidades, escolas, empresas ou órgãos públicos. A apresentação já indica o cuidado e a organização da pessoa que o expõe, portanto capriche no visual: • Redija em terceira pessoa. • Não há necessidade de juntar comprovantes. • Elimine os itens nos quais não tenha nada a declarar. As partes essenciais, segundo Nadólskis (2013, p. 7), são: • Objetivo: indique o cargo ou a função que pretende. • Dados pessoais de identificação. • Formação e experiência profissional (indicar sempre data de início e de término). As informações devem ser verdadeiras, mas a seleção deve contemplar o que é mais importante para valorizar o interessado conforme as necessidades do destinatário. Você deve elaborar um currículo com esse foco para cada empresa que você se interessar. Pode, ao menos, personalizar um parágrafo inicial no currículo com esse foco. Roteiro para elaborar o currículo: • Identificação (nome, data de nascimento, estado civil, residência, telefone, e-mail). • Objetivo. • Antes dos itens formação e experiência, redija um parágrafo mais pessoal, explicando sobre as experiências em destaque e pontos dignos de nota. • Formação (graduação, pós-graduação, outros cursos, conhecimento de idiomas e informática). • Experiência profissional (empresas em que trabalhou, períodos, o que fazia, resultados alcançados). • Outras informações (trabalhos voluntários, outras formações não pertinentes ao cargo, assuntos interessantes sobre você). 122 Unidade III O currículo deve ser enviado com uma carta de apresentação, que deve conter, além do objetivo, suas pretensões em relação à empresa. Figura 38 – O currículo precisa ser atualizado constantemente e refletir as experiências e grau escolar do candidato a uma vaga 6 FUNÇÕES DA LINGUAGUEM E COMO ESCREVER MELHOR Para escrever bons textos, precisamos saber para quem eles serão dirigidos, o que queremos informar e qual efeito desejamos ter com essa comunicação. Esperamos que o leitor faça alguma coisa? Resolva algum problema? Apenas fique informado? O que pretendemos com o texto? Para isso, precisamos conhecer as funções da linguagem. Quadro 10 Funções da linguagem Referencial ou denotativa Conativa ou apelativa Fática Emotiva ou expressiva Poética Metalinguística Estudaremos a seguir cada uma delas. 6.1 Função referencial ou denotativa Na função referencial, não há a intenção de persuadir o leitor, apenas se transmite a informação.O referente ou contexto é que fica em evidência. Os textos geralmente comunicam de modo bem objetivo, sem adjetivações e sempre prevalece a terceira pessoa do singular ou do plural, pois transmite impessoalidade. Não há possibilidade de outra interpretação além da que está exposta, por isso é chamada denotativa. Veja alguns exemplos: 123 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Exemplo 1 Amigo Americano é um filme que conta a história de um casal que vive feliz com o seu filho até o dia em que o marido suspeita estar sofrendo de câncer. Exemplo 2 Bancos terão novas regras para acesso de deficientes. Exemplo 3 Cia. Teatrodança Ivaldo Bertazzo Em 2002, o coreógrafo paulistano de 61 anos iniciou um trabalho com jovens carentes. Os meninos cresceram e compõem o elenco da companhia de Bertazzo, que estreou o espetáculo Corpo Vivo – Carrossel das Espécies. Dezessete bailarinos, além do ator Rubens Caribé e da cantora lírica Regina Elena Mesquita, participam da peça sobre a evolução do movimento do ser humano. São passos de estilos indiano, grego e street. (90 minutos). Livre. Sesc Pinheiros – Teatro Paulo Autran (1010 lugares). Rua Paes Leme, 195, Pinheiros. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 18h. R$ 30,00 (GIOVANELLI, [s.d.], adaptada). A maioria dos textos da comunicação empresarial é escrita nessa função, pois eles precisam apresentar a maior clareza possível, como nas cartas comerciais, editais, ofícios e relatórios, entre outros, exceto os que tratam de propaganda ou ferramentas de comunicação com a nítida finalidade de persuasão. A função referencial ou denotativa é aplicada também em textos jornalísticos, redações técnicas, manuais de instruções, bulas de remédios, resenhas, resumos, informes e descrições. Exemplos: Exemplo 1 Prezado senhor, Informamos que seu pedido n. 327 já foi encaminhado para a transportadora e deve chegar no prazo combinado, em dois dias úteis, a partir desta data. Exemplo 2 Caros funcionários, As férias coletivas desse ano se iniciarão em 23 de dezembro e prosseguirão até 2 de janeiro do próximo ano. No dia 3, impreterivelmente, todos regressam ao trabalho. Departamento Pessoal 124 Unidade III Na propaganda, essa função aparece também quando o objetivo é informar o consumidor sobre produtos e serviços, locais onde encontrá-los etc. Exemplos: • Museu de Arte Contemporânea – aberto das 9h às 18h. Rua do Ouvidor, n. 507, Rio de Janeiro. • Soft – a espuma de banho com hidratante, umectante e vitamina E. Na literatura, a função referencial também aparece. No livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, cujo objetivo era narrar a campanha militar contra Antonio Conselheiro, em Canudos, o autor opta, antes de descrever o homem e narrar a guerra, por localizar a ação descrevendo a terra. Essa descrição geográfica de caráter informativo mostra muitos dados objetivos expressos em linguagem técnica e está escrita em função referencial. Conheça um trecho do texto. O sertão de Canudos é um índice sumariando a fisiografia dos sertões do Norte. Resume-os, enfeixa os seus aspectos predominantes numa escala reduzida. É-lhes de algum modo uma zona central comum. De fato, a inflexão peninsular, estremada pelo cabo de São Roque, faz que para ele convirjam as lindes interiores de seis estados – Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí – que o tocam ou demoram distantes poucas léguas (CUNHA, 1968, p. 31). 6.2 Função conativa ou apelativa Na função conativa, a linguagem da propaganda por excelência, o emissor se dirige diretamente ao receptor, por isso nela há muitos pronomes, você e tu, nome das pessoas, vocativos e imperativos. A ideia é convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem, por isso os verbos costumam estar no imperativo – Compre! Faça! Ligue agora! –, ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa – Você não pode perder!, Ele vai melhorar o desempenho do seu carro. Esse tipo de texto é muito comum nos discursos políticos e em sermões. Veja alguns exemplos: • Antes de escolher seu carro novo, vá a uma concessionária Ford. • Beba Coca-Cola. • Aguarde na fila. • Não fume. • Compre Baton, compre Baton, compre Baton. 125 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL YOUR AD HERE Figura 39 – Veja como a função conativa ou apelativa é direta e imperativa: “Seu anúncio aqui” 6.3 Função fática O objetivo da função fática é estabelecer contato com o emissor para averiguar se a mensagem está sendo transmitida. O canal fica em evidência, e a ideia é prolongar ou não o contato, além de testar se houve compreensão. Em um diálogo, essa função é expressa quando o outro diz: “está entendendo?”, “você compreendeu?”. Linguagem das falas telefônicas, saudações e similares. Nos programas jornalísticos e no rádio, as músicas que ficam entre uma notícia e outra, como um som de fundo, realizam uma função fática. Exemplos: • Alô? Está me ouvindo? • Rádio TudoX, a sua melhor companhia! • Alô, Houston! A missão foi cumprida, OK? Devo voltar à nave? Alguém me ouve? Alô! (filme Apolo 13). • Alô! Você está me ouvindo? Um momento, por favor. 6.4 Função emotiva ou expressiva Na função emotiva, o emissor fica em destaque, e seu objetivo é transmitir suas emoções e seus anseios. A linguagem e a mensagem são subjetivas, por isso prevalece a primeira pessoa do singular, as interjeições, as exclamações, interrogações e reticências, que marcam a subjetividade da mensagem e reforçam a entonação emotiva. A preocupação é com o emitente da mensagem. 126 Unidade III Essa função aparece nas narrativas de teor dramático ou romântico, memórias, biografias, poesias líricas, bilhetes e cartas de amor. Atualmente, é a linguagem dos blogues e de tantas ferramentas das redes sociais na internet, como Twitter, Orkut, Facebook, Instagram e outros. Geralmente, a personagem principal narra sua história em primeira pessoa, e, no texto, sentimentos e pensamentos se misturam. Vamos a alguns exemplos: Exemplo 1 Poema de sete faces [...] Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode (ANDRADE, 1930, p. 11). Exemplo 2 Natal na barca Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquela barca. Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E que me sentia bem naquela solidão. Na embarcação desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua luz vacilante: um velho, uma mulher com uma criança e eu (TELLES, 2009, p. 80). 6.5 Função poética Na função poética o destaque fica para a mensagem, que é valorizada pelos recursos estilísticos, jogos de sons, grafismos, trocadilhos, disposição das palavras no papel, figuras de linguagem, entre outros. O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos por meio das palavras, da sonoridade e do ritmo, além da combinação diferenciada dos signos linguísticos. Aparece na linguagem figurada de obras literárias (prosa e verso), letras de música, algumas propagandas, fala das crianças. Exemplos: Poesia negócio/ego/ócio/cio/0 Na poesia citada, Epitáfio para um banqueiro, José de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com o poeta. 127 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Anúncio publicitário (propaganda do sabão em pó Omo, 1957) Chegou o milagre azul para lavar! Lave na espuma de Omo e tenha a roupa mais limpa do mundo! Onde Omo cai, a sujeira sai! Poema Poema em linha reta [...] Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda... (PESSOA, 1972, p. 341). Slogan Tomou Doril, a dor sumiu! Poética Poética O que é poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados Que é um poeta? um homemque trabalha um poema com o suor do seu rosto um homem que tem fome como qualquer outro homem (RICARDO, 1968, p. 11). 128 Unidade III 6.6 Função metalinguística Essa função refere-se à metalinguagem, ou seja, quando um emissor explica um código usando o próprio código. Entre os elementos de comunicação, fica em destaque o código. É o uso da linguagem para explicar ela própria. Por exemplo, filmes que falam de cinema, livros que tratam de livros, poemas que se referem à poética. A peça teatral de Luigi Pirandello Seis personagens à procura de autor fala o tempo todo sobre uma peça de teatro, evidenciando a linguagem metalinguística. Ela aparece em dicionários, livros de gramática, textos explicativos e didáticos, linguagem científica, comentários ou descritivos de fotografia (imagem) e análises em geral. A audiodescrição também se enquadra aqui. O primeiro dos exemplos a seguir acentua um poema que fala da própria ação de se fazer um poema: Exemplo 1 Para fazer um poema dadaísta (Tristan Tzara) Pegue um jornal Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público (TZARA, 1976). Exemplo 2 Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as ideias para o papel, sinto-me realizada… Exemplo 3 Você, em Portugal, diz ele [Jô Soares], é um tratamento respeitoso, de cerimônia. Na França é completamente diferente: você chama o motorista de vous (que corresponde ao senhor; em português). O tu (que seria você) é dado somente para as pessoas com quem você tem intimidade, não tem nada a ver com classe social. [...] No Brasil é diferente. O tratamento você é aplicado como se fosse uma forma de respeito, mas na realidade estabelece diferenças sociais. A gente chama o motorista de você, mas o médico é tratado de senhor, então fica preconceituoso [...] (TRAMONTINA, 2008, p. 14). 129 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Exemplo 4 – Que quer dizer pitosga? — Pitosga significa míope. — E o que é míope? — Míope é o que vê pouco. Exemplo 5 No Brasil não é perigoso chamar alguém por “você”. Pode ser considerado falta de educação caso não se tenha intimidade com a pessoa (especialmente ao se falar com pessoas mais velhas), sendo preferível usar as formas de tratamento “senhor”, “senhora” e “senhorita” (apesar deste último eu não escutar muito ultimamente). Mas depois que se tem mais intimidade, não há problemas em usar “você” (ou as suas formas reduzidas e mais informais “cê” ou “ocê”) (O USO..., 2017). Exemplo 6 Você sabe o que é injeção eletrônica? Para que a injeção de combustível aconteça de maneira otimizada, os sensores analisam diversos aspectos do funcionamento do motor, como temperatura, pressão, velocidade e a mistura dos gases presentes na combustão. Essas informações são enviadas diretamente para o ECM, que as utiliza para comandar da maneira mais eficiente o funcionamento dos atuadores - bomba de combustível, bicos injetores, bobina de faísca, ventoinha de arrefecimento, motor de passo e válvula de purga do cânister. É por isso que esse componente também é conhecido como o cérebro do sistema de injeção eletrônica (VOCÊ..., 2017). Para resumir o tema, observe as funções da linguagem e a relação entre os elementos do processo de comunicação: Quadro 11 Referencial ou denotativa Foco no referencial, ou contexto: apresenta uma linguagem objetiva, clara, sem comentários e só informa. Exemplos: textos científicos, sínteses, comunicados, avisos Conativa ou apelativa Foco no receptor: linguagem persuasiva, quer influenciar e seduzir o receptor. Exemplos: propaganda e outras ferramentas de comunicação utilizam essa função Fática Foco no canal ou meio: preocupa-se com o canal de comunicação, e se ele está funcionando, procurando estabelecer e facilitar a transmissão linguística 130 Unidade III Emotiva ou expressiva Foco no emissor: linguagem subjetiva e com comentários. Exemplos: poesias, crônicas, cartas, resenhas críticas e discursos Poética Foco na mensagem: valoriza a própria mensagem e vale-se do ritmo, dos sons e das figuras de linguagem. Aparece nos poemas, na oratória e sobretudo na linguagem literária Metalinguística Foco no código: preocupa-se com o código da linguagem, com a própria língua. Exemplos: a explicação de um texto, de uma obra de arte e a gramática Para finalizar, devemos lembrar que em um mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O essencial é saber a função predominante no texto para então defini-lo. Também é importante conhecê-las bem para usar adequadamente cada uma delas para seu objetivo. Certamente isso facilitará o processo de comunicação. 6.7 Como escrever textos empresariais Escrever bem hoje é como falar bem em público. Há a necessidade de desenvolver essa habilidade, pois é uma exigência do mercado de trabalho. Não serve só para isso, mas também para sua vida pessoal. A comunicação escrita se desenvolve em vários níveis dentro de uma empresa, e seus principais objetivos giram em torno de: • Obter e fornecer informação. • Promover uma ação específica. • Promover, manter ou encerrar relacionamentos comerciais. E tantas outras possibilidades. O que é importante saber para escrever um bom texto empresarial? Primeiro, é preciso dominar fatores que atrapalham a compreensão do texto, como as regras gramaticais, evitando erros de pontuação, de ortografia, entre outros. Deve-se também escrever com a maior clareza possível, evitando palavras rebuscadas, frases obscuras ou que tenham duplo sentido, conforme estudamos anteriormente. Blikstein (2004) apresenta a comunicação escrita como eficaz quando possui: • Clareza e objetividade para que a mensagem tenha uma resposta. • Precisão para que o outro compreenda o que se está pensando. • Persuasão para obter a colaboração e a resposta esperada. Blikstein (2004) ainda aponta fatores que dificultam a comunicação escrita, por exemplo: • Interferência física: dificuldade visual, má grafia das palavras, cansaço, falta de iluminação. 131 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL • Interferência cultural: palavras ou frases complicadas ou ambíguas, diferenças de nível social. • Interferência psicológica: mensagens que contenham agressividade, aspereza, antipatia. O autor ainda diz o seguinte: na comunicação escrita, o emissor do processo de comunicação passa a chamar-se remetente e o receptor, destinatário. A mensagem será compreendida quando: • O remetente transformar suas ideias em mensagem, associando-as a estímulos físicos (letras) ou significantes, formando signos. • O remetente enviar a mensagem constituída de signos ao destinatário. • O destinatário receber os signos, captando os significantes e entendendo os significados ou ideias a eles associados. Quando o destinatário entender o significado, estará apto a produzir uma resposta. Segundo Machado (2003, p. 6), “a comunicação organizacional escrita ainda é praticada com inúmeras deficiências, tanto operacionais quanto de qualidade”. O autor lista as principais delas: • Excesso de detalhes. • Períodos longos demais. • Uso de jargões que não pertencem ao ambiente profissional – mas que se acredita serem símbolos. • De intelectualidade e de conhecimento superior. • Falta de lógica. • Combinação do que é importante com o que não tem relevância. • Falta de cuidado na revisão. • Gentilezas desnecessárias. • Tratamento inadequado. • Palavras impróprias para significar o que o comunicador deseja. • Afirmações sem suporte de informação pertinente. • Informações imprecisas, malformuladas ou não expressas em medidas que permitam avaliar seu significado real.• Redundâncias em excesso. • Uso excessivo de modismos. 132 Unidade III Antes de escrever, é essencial pensar um pouco a respeito do assunto. Deve-se definir qual será seu objetivo, o que você pretende com seu texto. Deseja fazer alguém comprar seu produto, persuadir o leitor? Quer fazer uma cotação de preços? Desculpar-se de algum acontecimento que causou prejuízo a alguém? Simplesmente responder a um questionamento de cliente, ou apenas agradecer pela parceria? Outro fator vital é o seu destinatário, para quem está mandando a mensagem, quais são as características dele. O destinatário também define a escolha do veículo que deverá ser utilizado. Para agilizar o processo, muna-se de informações sobre o assunto, relatórios, e-mails trocados, documentos pertinentes, tudo que possa ajudar e facilitar o processo, além de evitar repetições desnecessárias sobre o tema em questão. Na comunicação empresarial, deve-se cuidar da qualidade: os textos devem ser claros, corretos gramaticalmente, objetivos e concisos. Prioriza-se a norma culta ou o nível formal. Podemos dizer que a linguagem possui diversas funções no texto e que cada uma delas serve a uma finalidade. Do ponto de vista prático, todos podem escrever, apresentar fatos e disseminar conteúdos como bem entenderem, se o fazem na norma culta ou não, isso é apenas um detalhe que em muitas situações não é levado em consideração. Notemos que a comunicação precisa ser adequada ao público, ao ambiente, e todos os elementos que a constituem devem estar em sintonia para evitar os gaps, e o processo de comunicação possa se cumprir adequadamente. Nos textos escritos isso é mais importante ainda, pois não temos elementos de contato visual e interpessoal para ajudar. 6.8 Tópico frasal e parágrafo Agora vamos falar sobre como escrever melhor, começando por aprender a escrever parágrafos. Para entender o parágrafo, precisamos conhecer o que é tópico frasal. Segundo a maioria dos autores, o tópico frasal é a introdução do parágrafo, e ele deve ser seguido de desenvolvimento e conclusão. Veja, então, que um parágrafo precisa ser um minitexto completo. Deve ter início, meio e fim. Introdução, desenvolvimento e conclusão. Vamos a um exemplo de um parágrafo e de tópico frasal: Figurando frequentemente na mídia, o tema da sustentabilidade passou a fazer parte da vida das pessoas nos últimos anos. As propagandas dessa e de outras empresas têm disseminado os temas da sustentabilidade e a responsabilidade social, alterando o entendimento e a relação que as pessoas estabelecem com estas temáticas (GARCIA, 2009). 133 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Sempre se deve guardar uma distância da margem, marcada por um espaço em branco, chamado de branco paragráfico, um espaço de até dez toques. Algumas publicações não usam esse espaço em branco, usam a chamada escrita em bloco. Também não existe um número determinado de linhas para caracterizar um parágrafo. Ele pode ir de algumas linhas a várias páginas, dependendo da particularidade de cada autor. Exemplo de aplicação Existem diversas formas de se construir um parágrafo. Para aplicar o que estudamos, escolha algum tema para escrever diversos parágrafos para treinar sua escrita. Para escrever bem, são exigidos conhecimentos de gramática e das regras da língua portuguesa. É preciso dominar aspectos como coerência textual, coesão, clareza e ambiguidade, entre muitos outros. Se você tem dificuldade com a língua, com escrever, sugerimos que você entre nos materiais do conteúdo on-line para eliminar esse problema. Só escreve bem quem lê bastante! Comece por aí! Escolha bons textos sobre um assunto de que você gosta e leia-os. Depois da leitura, reescreva-os com as suas palavras. Que tal? Ficou bom o texto? Precisa melhorar? Só depende de seu esforço para que isso aconteça! 6.9 Componentes de um texto Vamos agora tratar das partes que compõem o texto. Ao escrevermos textos, a grande dificuldade consiste em sabermos o que e como destacar qualquer assunto nele. Para resolver isso, é preciso ter um plano de trabalho, que remete à organização de seu trabalho. Vejamos perguntas fundamentais a serem respondidas: • O que eu vou tratar? • Sob qual ponto de vista? • Tenho informações a respeito? • Para quem é esse texto? Quem é meu leitor? Pensando nesses elementos, é possível construir um pequeno roteiro para elaborar seu texto. Pense que você deve focá-lo em alguns elementos principais, se não ele não chegará ao fim nunca, uma vez que os assuntos são amplos e podem ser abordados a partir de diversos pontos de vista. 134 Unidade III Agora você pode fazer um pequeno esquema, dizendo o que será tratado em cada um dos parágrafos da sua redação. • Início: defender a ideia (a favor ou contra o aborto). • Desenvolvimento: — Questões de saúde, dados, números, informações a respeito de clínicas, número de abortos, número de mortes e outros. — Argumentar sobre seu posicionamento. — Dificuldades para criar um filho (argumentar sobre seu posicionamento). • Conclusão: finalizar o texto, retomando a ideia inicial, a defesa da ideia. Os tipos de texto obedecem a uma estrutura padrão para serem construídos, dividindo-se basicamente em descrição, narração e dissertação. Eles são realizados conforme os objetivos que se tem com eles. Vamos conhecê-los agora. 6.10 Texto descritivo A descrição é uma espécie de fotografia do que estamos vendo. Assim, devemos apresentar o que se descreve como se fosse para alguém que nunca ouviu falar do assunto em questão. As espécies principais de descrições são: • De ser animado ou inanimado (pessoa, animal, objeto). • De interior (ambiente). • De paisagem. • De cena. Descrição de pessoas Para fazer boas descrições de pessoas, também chamadas de retrato, devem-se destacar traços importantes, que realmente caracterizem a pessoa retratada e transmitam uma visão do todo, passem uma impressão sobre ela. Deve-se ter o cuidado, no entanto, de não acumular detalhes supérfluos. A descrição pode ser física e psicológica. Vamos conhecê-las. 135 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Descrição física A moça era mesmo muito alta, tão alta quanto as árvores do calipal, vistas de longe, é claro. As canelas eram finas, finas. Seus cabelos eram eriçados e amarelos como os do milho perto de serem colhidos. Descrição psicológica Apesar desses traços esquisitos, Vanina era de uma doçura sem par. Quando ela perdeu a mãe, aos 12 anos, jurou que ninguém ia fazer com ela como a mãe fazia, de ficar tratando mal. E é assim que ela ganhou o apelido de mainha dos meninos que viviam na rua. Quando descrevemos um lugar, devemos apontar se o local é fechado ou aberto. Caso seja um local fechado, nós o denominaremos ambiente; se for um lugar a céu aberto, chamaremos de paisagem. A paisagem, por sua vez, pode ser rural (campestre) ou urbana (vista que se tem de uma cidade). Descrição de ambiente Sala de estar, uma biblioteca, um quarto de dormir são ambientes passíveis de descrições. Deve-se poder enxergar o ambiente a partir do texto feito em referência aos locais. Observe o exemplo a seguir. Ao entrar naquele sórdido ambiente, observou as cadeiras caídas para um lado, as mesas cheias de copos e garrafas vazias e no canto da sala, o palco. Ali acontecera a tragédia. Descrição de paisagem Avista todos os dias os passarinhos que aparecem à janela do apartamento em que vive e, assim, conta os prédios nos dedos das mãos, depois dos pés, perde a conta e volta para o primeiro. O céu é cinzento e difícil de ficar azul. A movimentação de carros é frenética e assustadora para ela, que conta os prédios todos os dias. Descrição de cena Envolve o cenário, os personagens e tem o objetivo de fazer o leitor visualizar os locais, as pessoas e o que está acontecendo. A descrição pode ser literária ou técnica, segundo sua finalidade. A literária quase sempre é mais subjetiva, enquanto a técnica prima pela objetividade. A descrição técnica interessaaos estudantes, pois pode ser usada em momentos específicos de seu trabalho. Por exemplo, quando se tiver que fazer um relatório de algum acontecimento e descrever minuciosamente determinado fato ou local. Ela também é muito usada em manuais técnicos. 136 Unidade III Descrição de objetos Pode se confundir com a descrição técnica. Na descrição de objetos, o foco são as características físicas; na técnica, o funcionamento, para o que serve. Observe o exemplo. Desde o início da Revolução Industrial, observa-se o aparecimento de máquinas a vapor, com duas chaminés e espaço para que as cinzas do carvão queimado sejam depositadas. Descrição técnica Observe o exemplo da descrição técnica, cujo foco se centra no uso e para o que serve o objeto. O computador pessoal é um objeto chamado de hardware, a parte física, e em sua essência abriga os softwares, que são “a cabeça” do computador. Por meio de seus programas, podemos realizar o que necessitamos, como textos, planilhas, navegar na internet e acessar redes sociais. Figura 40 – Como você descreveria essa imagem? Figura 41 – E esse simples objeto? Como poderíamos descrevê-lo? 137 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Descrição versus definição Não confundir descrição com definição. A definição é o que vem no dicionário sobre determinada palavra. Já a descrição fala em pormenores sobre um determinado objeto, e não sobre todos os objetos da mesma categoria. Por exemplo, a palavra “mulher” no Dicionário Houaiss da língua portuguesa significa indivíduo do sexo feminino, considerado do ponto de vista das características biológicas, do aspecto ou forma corporal, como tipo representativo de determinada região geográfica, época etc. Se tiver que descrever uma mulher, você deverá saber qual é essa mulher. Também poderá fazê-lo a partir de lembranças ou de suposições, da criação de uma mulher para o exercício. 6.11 Texto narrativo Em um texto narrativo, sempre deve existir um fato vivido por personagens em determinado tempo e espaço, o qual é contado por um narrador presente ou não na história; pode participar da história contada, como narrador-personagem, ou pode contá-la de fora, como narrador-observador. • Narrador: — Onipresente (narrador-personagem): 1ª pessoa – testemunha invisível dos acontecimentos, participando dos acontecimentos. — Onisciente (narrador-observador): 3ª pessoa – não participa dos acontecimentos, e apenas conta o que observa em linguagem objetiva. • Fato: o acontecimento em si (o quê?). • Enredo: é a trama, geralmente representada por um conflito (tensão, clímax), responsável pelo nível de tensão da narrativa. • Ambiente ou cenário: é o espaço onde as personagens atuam e se desenrola o enredo (onde?). • Tempo: quando os fatos acontecem (quando?). • Personagens: são os seres que atuam, isto é, que vivem o enredo (quem?). O enredo normalmente tem como início uma apresentação, em que se estabelece o fato, depois passa por uma complicação, fase de conflitos entre as personagens, chega ao clímax, que é um momento de grande tensão, e termina com o desfecho, parte em que a história tem seu final. O narrador, ao transmitir a fala das personagens, pode fazê-lo por intermédio do discurso direto, do discurso indireto ou do discurso indireto livre. Conheça uma narração literária: 138 Unidade III A galinha Cocoricó estava há dias chocando seu ovo, quando ouviu um barulhinho: – Chegou a hora! Meu filho vai nascer! A casca do ovo foi se partindo e uma frágil criaturinha começou a dar sinal de vida. Cocoricó não cansava de admirar a sua cria, que, toda desengonçada, tentava equilibrar-se sobre suas cambaleantes perninhas. Passadas algumas horas, lá estava o pintinho amarelinho, fofinho, aconchegado sob as penas de Cocoricó. – Você vai se chamar Uto! (Autor desconhecido). Acompanhe o exemplo sobre as partes da narração apontado por Andrade e Henriques (2010, p. 125) no poema Pardalzinho, de Manuel Bandeira (1974, p. 265): O pardalzinho nasceu Livre. Quebraram-lhe a asa Apresentação Sacha lhe deu uma casa, Água, comida e carinhos, Complicação Foram cuidados em vão; A casa era uma prisão, O pardalzinho morreu. Clímax O corpo Sacha enterrou No jardim; a alma, essa voou Desfecho Para o céu dos passarinhos! Observação A internet permitiu que muitas pessoas passassem a escrever, por meio de histórias criadas por escritores não profissionais que publicam na rede. Já se falam em novos gêneros de textos, como as fanfictions, ou fanfics, cujos autores baseiam-se em outros contextos, como letras de músicas, romances, poemas, produções audiovisuais das mais variadas, revistas em quadrinhos, entre outros. Assim, elas nascem da vontade de um fã dar continuidade a uma história, como Harry Potter e Star Wars. 139 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 6.11.1 Discurso direto e discurso indireto Nas narrativas, sempre há muitos diálogos, conversas, e também alguém dizendo algo que outra pessoa (personagem) falou. Vamos entender então como usar o discurso direto e o discurso indireto. Quando vamos escrever o que foi escrito ou dito por outra pessoa, podemos fazê-lo exatamente como a pessoa disse, repetindo as palavras. Esse é o discurso direto. Exemplo: O aumento dos combustíveis não poderá ultrapassar o índice anualizado da inflação – disse o Ministro da Fazenda. Dessa forma, as palavras do ministro foram reproduzidas da mesma forma como ele as pronunciou. Outra possibilidade seria escrever o que o ministro disse de outra maneira, de forma indireta. Este é o discurso indireto” O Ministro da Fazenda disse que o aumento dos combustíveis não poderá ser maior do que o índice anualizado da inflação.” 6.11.2 Discurso indireto livre O discurso indireto livre também é chamado de semi-indireto. Nele, a fala não é diferenciada nem por aspas nem graficamente do discurso do narrador, é a fala do autor sobre a fala das personagens. [...] Contudo, no caso do homem que queria um barco, as coisas não se passaram bem assim. Quando a mulher da limpeza lhe perguntou pela nesga da porta, Que é que tu queres, o homem, em lugar de pedir, como era o costume de todos, um título, uma condecoração, ou simplesmente dinheiro, respondeu, Quero falar ao rei, Já sabes que o rei não pode vir, está na porta dos obséquios, respondeu a mulher, Pois então vai lá dizer-lhe que não saio daqui até que ele venha, pessoalmente, saber o que quero, rematou o homem, e deitou-se ao comprido no limiar, tapando-se com a manta por causa do frio. [...] (SARAMAGO, 1997, p. 2-3). Esse tipo de discurso é o mais difícil de ser redigido e alguns autores dizem que nele, que não tem nenhum tipo de marcação, o autor capta o pensamento da personagem em um texto em terceira pessoa, sem dar nenhum sinal disso, sem aspas, sem travessão, nada. É muito comum em textos contemporâneos. 140 Unidade III Figura 42 – Os discursos diretos e indiretos representam as conversas, os diálogos nas narrações Saiba mais Conheça o livro Todos os nomes, de José Saramago. Ele escreve esse livro do começo ao fim sem dividir os parágrafos, sem separar os diálogos nem os discursos diretos dos indiretos. A obra trata do Senhor José, um funcionário antigo da Conservatória Geral do Registro Civil já chegado aos 50 anos, sem amigos, sem família e sem grandes ambições. Como diversão, cultiva o hábito de colecionar recortes de jornais e revistas sobre pessoas famosas, artistas, políticos, pessoas comuns, banqueiros, assassinos. SARAMAGO, J. Todos os nomes. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 6.12 Texto injuntivo Olha só que verbo diferente: injungir, que significa instruir, estabelecer regras e leis para que algo aconteça. Estamos acostumados a utilizar essa construção de textos, seja falando – quando recebemos ordens ou indicamos algo a ser feito por alguém, seja de maneira verbal escrita – como as receitas culinárias, cartilhas e manuais de instruções, bulas de remédio, entre tantas outras. A linguagem deveser objetiva, clara e didática para que a tarefa seja realizada e o objetivo alcançado. O texto injuntivo utiliza os verbos no modo imperativo: “coloque as claras em neve e junte as gemas”, 141 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL e a função da linguagem é a conativa/apelativa. Geralmente, esse texto tem duas partes: a primeira traz a enumeração dos materiais/elementos; a segunda explica e descreve o que deve ser feito. Veja o exemplo a seguir: Pudim de leite condensado MOÇA® Ingredientes Calda: 1 xícara (chá) de açúcar Pudim: 1 Leite MOÇA (lata ou caixinha) 395 g 2 medidas (da lata) de Leite Líquido NINHO Forti+ Integral 3 ovos Modo de preparo Calda: 1 Em uma panela de fundo largo, derreta o açúcar até ficar dourado. 2 Junte meia xícara (chá) de água quente e mexa com uma colher. 3 Deixe ferver até dissolver os torrões de açúcar e a calda engrossar. 4 Forre com a calda uma forma com furo central (19 cm de diâmetro) e reserve. Pudim: 5 Em um liquidificador, bata todos os ingredientes do pudim e despeje na forma reservada. 6 Cubra com papel-alumínio e leve ao forno médio (180 °C), em banho-maria, por cerca de 1 hora e 30 minutos. 7 Depois de frio, leve para gelar por cerca de 6 horas. Desenforme e sirva a seguir (NESTLÉ, [s.d.]). 142 Unidade III 6.13 Texto expositivo Também conhecido como dissertação expositiva, esse tipo de texto apresenta e discute uma ideia de forma ordenada, mas não tem o objetivo de convencer o leitor a nada. O principal é destacar o maior número de informações para que o leitor tenha sua própria compreensão do assunto. Vamos conhecer um exemplo do texto expositivo: Controle remoto As casas estão cheias deles. Um para o aparelho de som, outro para a televisão, e ainda um para o vídeo, no mínimo. Tem gente que se incomoda com tanto controle remoto, e prefere ter apenas um, que controle tudo. Sem dúvida é bem mais prático. Mas o primeiro controle remoto da história, de 1955, não era nem um pouco prático. Ele tinha um fio, que o ligava à TV. Para quê, então? Ele servia para trocar os canais à distância – limitada ao comprimento do fio. Depois, o fio foi substituído por um feixe de luz, que acionava algumas células sensíveis, na televisão. Bem complicado. Em seguida, apareceu um controle que operava com ultrassom. Foi só em 1981 que surgiu o mesmo aparelho acionado por luz infravermelha, a mesma que liga e desliga o alarme de alguns carros (COMO FUNCIONAM..., [s.d.]). 6.14 Texto dissertativo Dissertação é uma forma de redação em que se apresentam considerações a respeito de um tema para expor, explanar, explicar ou interpretar ideias. Dissertação argumentativa Nesse tipo de texto, apresentam-se o debate e a discussão de uma ideia, assunto ou doutrina. O objetivo é influenciar e persuadir, conquistar o leitor da mensagem. Possui, por isso, argumentos que levam o leitor a mudar de ideia em relação a algo ou a adotar outra forma de pensamento, e tantas outras possibilidades. A dissertação divide-se em três partes, segundo Andrade e Henriques (2010): • Introdução, apresentação ou prólogo: etapa em que se destaca a ideia, objeto das considerações do autor para situar o leitor dentro do assunto a ser desenvolvido. • Desenvolvimento, análise ou explanação: parte que trata do assunto de forma completa com a apresentação dos fatos, ideias, argumentos exigidos. É a fase de reflexão, e apoia-se em testemunhos, exemplos, autoridades, estatísticas e outros dados. • Conclusão ou fecho: é a síntese que encerra o trabalho, com a reafirmação da ideia central, apontada no início. Deve estar apoiada no que foi dito. 143 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL O excerto a seguir acentua um exemplo de dissertação argumentativa. Amazônia, sociedade anônima A Amazônia é uma sociedade anônima. Há apenas 50 anos o Brasil oficial resolveu ocupar essa floresta sem reconhecer que ela já era habitada pelas populações indígenas há, pelo menos, 14 mil anos. E nós, longe de tratarmos a Amazônia como o nosso bem mais precioso, temos, ao contrário, imaginado que é preciso superar a Amazônia, transformá-la em uma outra coisa que ela não é. A Amazônia é desconhecida da maior parte da população brasileira, ainda que a gente coma a carne, use a eletricidade, vista o algodão, pise na madeira e beba a água vinda de lá. Em termos científicos, das mais de 15 mil espécies de árvores que existem na Amazônia, conhecemos a biologia de 20 delas (CIAVATTA, 2020). Esse é um texto argumentativo, pois o autor está chamando a atenção para como nós, brasileiros, temos tratado esse local tão importante de nosso país, a Amazônia, que é habitada por índios e ainda tão pouco conhecida. Vale a pena ler o texto todo. Saiba mais Leia a referência a seguir e observe as diversas formas para começar um texto dissertativo. LANDARIN, N. O parágrafo-chave: 18 formas para você começar um texto. Algosobre, [s.d.]. Disponível em: https://www.algosobre.com.br/ redacao/o-paragrafo-chave-18-formas-para-voce-comecar-um-texto. html. Acesso em: 26 out. 2020. Observação A maioria dos textos dissertativos que você constrói deve ser escrito em linguagem impessoal, terceira pessoa. Exemplo de aplicação Imagine que na empresa em que você trabalha surgiu uma vaga para a área de gerência comercial, área com a qual você já teve experiência em seu emprego anterior. Você precisa informar que deseja ocupar a vaga e convencer os responsáveis de que é a pessoa ideal para a atividade. Como fazer uma dissertação assim? 144 Unidade III 6.15 Texto acadêmico A principal característica de um texto acadêmico é o seu objeto de estudo, pois ele é fruto de alguma investigação científica, artística ou filosófica e reflete a visão crítica por meio da reflexão e rigor científico, com a preocupação em ser objetivo, expondo as ideias e os argumentos do autor. Uma das principais características do texto acadêmico é o uso das citações. O que são citações? Os estudantes sempre questionam qual a finalidade de colocar citações nos trabalhos acadêmicos. Vamos conhecer um pouco a respeito. Observe o exemplo de uma citação de Domingos (2008) trazida por Garcia (2010, p. 8): Muitas empresas têm adotado o tema da sustentabilidade e da responsabilidade social em suas campanhas de comunicação, com altos investimentos nas mídias eletrônicas e impressas, por meio de propaganda ou outras ferramentas, como o merchandising em novelas, por exemplo. Por outro lado, os ambientalistas chamam essa propaganda de greenwash, tradução livre como “pegada verde”, e se refere às comunicações corporativas que tentam mascarar um fraco desempenho ambiental das empresas, que passam a enganar o consumidor com anúncios mentirosos (DOMINGOS, 2008). O que podemos notar nesse trecho? Que foi escrito baseado no pensamento de outra pessoa, de outro autor, no caso, Domingos (2008). Não se trata de um autor acadêmico, mas de uma matéria de revista. Observe que é uma citação indireta, e foi escrita com as próprias palavras de Garcia (2010), sem utilizar os comentários ipsis literi do autor. Observação É por essa razão que precisamos usar citações em nossos trabalhos acadêmicos. Utilizamo-nos das ideias de quem domina o assunto e já o estudou longamente para nos amparar em nossos comentários. Citações diretas e indiretas são as principais. Existe ainda a citação de citação, o apud, quando um autor se refere a outro. Você deve evitar esse tipo de citação, pois indica que você não foi buscar a fonte original, e isso não é bem-visto no meio acadêmico. Agora que você conhece a razão de usarmos citações, saiba que elas possuem regras e formas para serem aplicadas nos trabalhos acadêmicos. Da mesma maneira, para formatar seu trabalho existem diversas normas a serem seguidas. Quando fizer seus trabalhos finais, consulte o Manual de normalização da UNIP (2018). 145 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Figura 43 – Os trabalhos científicos e acadêmicos demandam equipes de trabalho para um resultado final satisfatório 6.16
Compartilhar