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Síndrome de Down Introdução • Descrita pelo médico britânico John Langdon Down (1866). Ele caracterizou a natureza genética da síndrome e erronea- mente fez associação com os caracteres ét- nicos dos povos mongóis • A trissomia do cromossomo 21 foi descrita pelo geneticista francês, Jerôme Lejeune; • É a mais comum e conhecida anormali- dade cromossômica. Não há evidência da ocorrência em animais. → • Maior incidência (1:600-800 nascidos vi- vos); • No Brasil: - 1,13:1000 nascidos vivos - Média de 8 mil casos novos/ano IBGE (2000): 300 mil portadores de SD com ex- pectativa de vida de 50 anos • Está associada à idade reprodutiva ma- terna (acima de 35 anos). 40% dos nascidos com SD têm mães entre 40-44 anos (embora nessa faixa etária ocorra apenas 2% do total de nascimentos, por ser uma faixa em que a mulher, geralmente, não tem filhos por não querer ter mais nessa idade); • A mortalidade pré-natal da SD é 75% e pode levar a abortamento espontâneo. Idade da mãe (anos) Risco de síndrome de Down 20 1:1529 25 1:1352 30 1:910 32 1:684 35 1:385 38 1:190 40 1:113 43 1:50 45 1:29 → • Um cromossomo 21 adicional nas células do portador (na maior parte das vezes); • Ocorre um desequilíbrio da força regula- dora da síntese proteica; • Tem-se uma perda da harmonia do desen- volvimento e nas forças celulares; • Existem três formas distintas para as alte- rações genéticas: trissomia simples ou pa- drão, mosaico ou translocação; - Trissomia simples ou padrão: repre- senta cerca de 95-96% dos casos, em que não ocorre disjunção cromossômica total durante as etapas iniciais da divisão celular do embrião, de forma que, todas as células passam a apresentar 47 cromossomos (estando o cromossomo extra ligado ao par 21); - Mosaico: corresponde a 1-3% dos casos, sendo que, nela a não disjunção ocorre numa fase mais tardia da divisão celular, ge- rando mistura de células normais (com 46 cromossomos) e de células com material genético triplicado (com 47 cromosso- mos), sendo que, a proporção entre células normais e células trissômicas é variável e a evolução da doença é um pouco mais favo- rável. Diante do cariótipo é possível ter cer- teza, em caso de o recém-nascido ter fenó- tipo para síndrome de Down, sem o Marianne Barone (15A) Disciplina – Prof. Marianne Barone (15A) Puericultura – Prof. Sueli Lefort conhecimento prévio da família (demora cerca de 20 dias); - Translocação: ocorre em cerca de 3-5% dos casos. Nele, o cromossomo 21 adicional encontra-se aderido a um outro cromos- somo (geralmente o 14, mas pode também ser o 13 ou 15). A translocação do alelo 21q-21q, o risco de recorrência no casal é de 100%; • Casal com filho portador da trissomia simples 21: - Chance de ter outro filho afetado é pe- quena (1%); - Depende da idade materna; - Os irmãos não apresentam risco aumen- tado de terem filhos portadores; • Pais com translocação: - Risco de ocorrência de síndrome de Down é 2-3% sobre a população geral; - Um dos genitores pode conter gametas com uma cópia extra do cromossomo 21, sendo assim, é fundamental a avaliação ge- nética; • Fatores puramente genecêntricos não dão conta de todos os aspectos da síndrome de Down; • São também relevantes para a explicação dos traços fenotípicos os fatores epigenéti- cos, como: ambiente, interações celulares e fatores estocásticos (tempo e local da divi- são celular, por exemplo); • A constatação da trissomia: - Não tem valor prognóstico; - Não determina o aspecto físico mais ou menos pronunciado; - Nem maior ou menor a eficiência intelec- tual; - Não há grau de síndrome de Down; • As diferenças de desenvolvimento são de- correntes das características individuais que resultam de: herança genética, estimulação (pela família e com apoio da equipe multi- disciplinar, como fonoaudiólogo, psicó- logo), educação, meio ambiente (deve-se ter uma inserção da criança no meio, sem se- gregação) e problemas clínicos. Achados clínicos Aspectos clínicos frequentes % de ocorrên- cia Comprometimento intelectual 100 Hipotonia muscular generalizada 90,9-99 Fenda palpebral oblíqua 90-100 Face achatada 86,3 Ausência do reflexo de Moro 85 Microcefalia 85 Excesso de pele no pescoço 82 Occipital achatado 80 Anomalias de audição 80 Alterações ortodônticas 80 Hiperextensão articular 80 Sulco entre o hálux e o 2o artelho 77,2 Mãos largas e dedos curtos 70 Baixa estatura 60 Clinodactilia do 5o dedo 50 Defeitos cardíacos 40-50 Orelhas de implantação baixa 50 Anormalidades da visão 50 Epicanto 40 Prega palmar transversa única 40-59 Prega única no 5o dedo 18,1 Epilepsia 6-17 Alterações endocrinológicas 15-25 Anomalias do aparelho locomotor 15 Anomalias do aparelho digestório 12 Instabilidade atlantoaxial 9-40 Alterações neurológicas 8 Alterações hematológicas 3 Síndrome mieloproliferativa 20 • Alterações anatômicas do SNC: estas são responsáveis pelo número de 100% dos ca- sos de atraso mental e comprometimento in- telectual; - Variável atraso no desenvolvimento mental e motor (anormalidades estruturais e funcionais do SNC); - Hipoplasia dos lobos frontais e occipi- tais, redução dos lobos temporais uni ou bi- lateral em até 50% dos casos; - Diminuição do corpo caloso, da comis- sura anterior e do hipocampo; - Volume cerebral menor (acompanhado de alterações na estrutura formada pelas re- des neuronais e nos processos funcionais da comunicação entre os neurônios); • Retardo mental entre leve a moderado. Há casos de desenvolvimento intelectual limí- trofe ou normal (normalmente são os casos de mosaico); • Hipotonia muscular e ligamentar generali- zada de origem central (são mais “moli- nhos”); • Instabilidade atlantoaxial (aumento da mobilidade da articulação C1-C2) expondo a riscos de lesão, devendo ter um acompa- nhamento do ortopedista para a realização de esportes e atividades físicas; • Atraso na aquisição da linguagem (avaliar acuidade e discriminação auditiva), de- vendo sempre acompanhar com fonoaudió- loga; • Hipotonia da musculatura orofacial; • Alteração no alinhamento dos dentes; • Palato ogival com tendência à fenda; • Macroglossia; • Problemas de maturação dos padrões de mastigação, sucção e deglutição, devendo ser acompanhado de fonoaudiólogo e den- tista; • Doenças respiratórias frequentes; • Atraso global no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional; • Dificuldade de percepção e distinção audi- tiva (pode levar a não escutar e não entender auditivamente); • Distúrbios visuais (miopia, hipermetropia, ambliopia, nistagmo e catarata), devendo- sempre acompanhar com oftalmologista; • Dificuldade na fixação do olhar (prejuízo na capacidade de atenção); • Especialidades: oftalmologista, ortope- dista, estimulação neurológica (terapia ocupacional) e fonoaudiólogo (pode ter atraso na fala por problemas auditivos); • Malformações cardíacas: - Defeito septo AV (hiperfluxo pulmonar, de manifestação precoce, nas 1ªs semanas de vida); - Bebê não sai do berçário sem um ecocar- diograma, ainda que não se tenha uma con- firmação de Down pelo cariótipo; • Anormalidades da força tireoidiana: ti- reoidite de Hashimoto e as disgenesias tire- oidianas (hipotireoidismo em 10% das cri- anças e 13 a 50% dos adultos); • Menarca tardia e menopausa precoce, sendo encontrados relatos de fertilidade em mulheres. Homens inférteis (se for mosaico pode não ser); • Susceptibilidade a infecções respiratórias (comprometimento imune); • Problemas gastrointestinais (atresia do du- odeno, pâncreas anular, hérnia diafragmá- tica, estenose de piloro, refluxo gastroeso- fágico, megacólon e imperfuração anal); • Relação comleucemias, mal de Alzheimer e autismo. Sinais físicos • Occipital achatado, encurtamento no diâ- metro AP; • Fontanela ampla, com retardo no seu fe- chamento; • Orelhas pequenas e com implantação baixa; • Abertura palpebral inclinada com a parte externa mais elevada; • Prega epicântica, que pode ser muito evi- dente no RN; • Manchas brancas na íris, denominadas “manchas de Brushfield”; • Ponte nasal achatada; • Língua protusa presente desde o nasci- mento (em geral); • Pescoço curto e largo, com excesso de pele; • Prega única na palma das mãos (mão simi- esca); • Mãos curtas e largas; • Dedos reduzidos no comprimento e 5º dedo encurvado (clinodactilia); • Hiperflexibilidade articular; • Acrocianose, frequente ao nascimento; • Reflexo de Moro pouco pronunciado; • Abdome flácido com diástese de reto ab- dominal e hérnia umbilical; • Atraso no nascimento do 1º dente (após 1 ano); • Peso e estatura baixos ao nascimento com tendência de aumento com o crescimento. Diagnóstico • Países desenvolvidos: detecção pré-natal em gestante de risco; • Indicação de amniocentese (14ª e 16ª se- mana) e/ou biópsia de vilo corial (8ª e 11ª semana), sendo exames com risco; • Indicações para investigação: - Gestante com idade >= 35 anos; - Quando o casal já tem um filho com SD ou outra cromossomopatia; - Um dos pais possui translocação balan- ceada; - Um dos pais possui distúrbio cromossô- mico; • No US pré-natal será visto: - Translucência nucal no 1º trimestre (77% de sensibilidade e taxa de falso-positivo de 5%); - Pescoço curto e largo; - Dedos largos; - Prega simiesca; - Espaço aumentado entre hálux e 2º arte- lho; - Cardiopatia; • Pós-natal: é realizado o cariótipo, que permite a identificação do tipo de erro cro- mossômico, se é padrão, mosaicismo ou translocação. O diagnóstico precoce per- mite o aconselhamento e a estimulação ade- quados → 0 a 1 ano Geneticista para cariótipo e acompanhamento Avaliação pediátrica de rotina (diferenciada) Avaliação cardiológica (sai com ECO da materni- dade) Avaliação otorrinolaringológica Dosagem hormonal de T4, T4 livre e TSH Avaliação oftalmológica na presença de estrabismo ou nistagmo Programa NORMAL de vacinação Realizar uma consulta ao dentista para orientações 1 a 4 anos Avaliação pediátrica de rotina (diferenciada) Avaliação otorrinolaringológica anual Radiografia de coluna cervical para avaliação das articulações atlantoaxial e atlanto-occipital Avaliação odontológica semestral Avaliação oftalmológica aos 4 anos Dosagem de T4, T4 livre e TSH anualmente Reforço para hábitos alimentares e preveção de obesidade -> criança com SD come MUITO Programa NORMAL de vacinação Escola de educação infantil da rede regular 5 a 12 anos Dosagem hormonal de T4, T4 livre e TSH anual- mente Avaliação odontológica anual Avaliação oftalmológica anual a partir dos 10 anos Radiografia de coluna cervical em perfil aos 12 anos Hemograma completo duas vezes por ano Acompanhamento clínico periódico Escola de rede regular 13 a 20 anos Avaliação odontológica anual Avaliação oftalmológica anual Radiografia de coluna cervical em perfil aos 18 anos Dosagem hormonal de T4, T4 livre e TSH anual- mente Hemograma completo 2 vezes por ano Acompanhamento clínico periódico Atenção para o desenvolvimento psicológico -> ajuste familiar, orientação sexual Escolaridade Atividade extracurriculares = esportes, artes, mú- sica Profissionalização Tratamento • Não dispõe de cura; • Expectativa de vida pode avançar para a idade adulta; • Para desenvolver o máximo potencial de suas habilidades, preciso de uma equipe multiprofissional, com a inclusão de pedia- tras, geneticistas, médicos de especialida- des, odontologistas, fonoaudiólogos, nutri- cionistas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e psicólogos, buscando um desenvolvimento próximo do satisfatório. → • Favorece a estimulação precoce; • Estimulações visuais, sensitivas e sociais; • Incentiva a autonomia e orientação voca- cional; • Treino de habilidades básicas (correr, ves- tir-se, cuidar da higiene íntima, do manu- seio do dinheiro, aprendizado para tomar decisões e fazer escolhas). → • Estimular o desenvolvimento psicomotor para aumentar a independência, autoconfi- ança e ampliação da relação com o meio ambiente; • Avaliação e tratamento a fim de equilibrar as expectativas dos pais com as capacidades e necessidades da criança; • Envolver os pais e cuidadores no trata- mento. → • Avaliar os aspectos globais do desenvolvi- mento; • Auxiliar no aperfeiçoamento de técnicas de exame psicológico no sentido de propor- cionar estratégias futuras mais efetivas de intervenção; • Orientar os pais e profissionais que lidam rotineiramente com as crianças. → • Cães e cavalos despertam a afetividade das crianças e adolescentes no sentido de incluir e manter os portadores no convívio social. → • A educação deve ser formal; A escola comum de caráter regular, particu- lar ou pública orientada pelos terapeutas; • A legislação atual assegura o direito à es- colarização para todos, não importando raça, credo, sexo ou se o indivíduo é porta- dor de alguma necessidade especial. Como dar a notícia aos pais • Dar a notícia ao casal, depois que eles já tenham visto o bebê, num ambiente tran- quilo, sem a presença de outras pessoas. Às vezes, logo após o parto, o pai pode acabar percebendo algumas características mais comuns e comentar, ou mesmo o próprio médico pode dizer “olha pai, como o olho é mais puxadinho” etc., porém, deve-se dar a notícia apenas junto da mãe, após o parto e amamentação; • Usar uma linguagem adequada conside- rando o nível de escolaridade, idade e con- dição social dos pais, com acompanha- mento da psicóloga. Utilizar o termo ade- quado, que é “Síndrome de Down”; • Examinar o bebê na frente dos pais com atenção e carinho, apontando as caracterís- ticas da síndrome e ressaltando os pontos positivos do RN; • Justificar a necessidade do cariótipo, ex- plicando que a confirmação só ocorre com o resultado do exame, mas que as chances de engano a partir das características físicas são pequenas; • Falar que o bebê precisa dos mesmos cui- dados que as outras crianças; • Ressaltar que a estimulação e o convívio social são fundamentais para o desenvolvi- mento da criança; • Incentivar o casal a contar o diagnóstico e explicar aos familiares e amigos o que é a síndrome de Down e a importância do con- vívio social e carinho dos familiares; • Mostrar-se disponível para encontros e ou- tros esclarecimentos; • Informar que ainda não foi descoberto um tratamento através de medicamentos; • Orientar e indicar locais onde existam es- ses atendimentos específicos. Recomendações gerais • O acompanhamento da saúde da criança é importante, pois pode orientar os melhores estímulos ao desenvolvimento; • Orientação dos pais e participação no trei- namento da criança aprendendo a estimular e brincar com os filhos ajudam a desenvol- ver o máximo de seu potencial; • A organização da casa e do quarto da cri- ança com objetos coloridos, sons, brinque- dos de fácil acesso e manuseio são estímu- los importantes para o desenvolvimento da criança; • Jogos de interação facilitam a aproxima- ção com outras crianças e, também, dos pais e educadores; • Essas crianças podem frequentar escolas normais desde que haja professores orienta- dos e condições para o acompanhamento e a estimulação, sendo muito importante para a socialização; • Auxiliar na inclusão social desde a inser- ção nas escolas regulares, estimular suas re- lações sociais e sua participação em ativida- des de lazer, como esportes, festas, come- moraçõese outros encontros sociais. Conclusões • São fundamentais: - Acompanhamento multidisciplinar e a supervisão constante dos pais; - Auxiliam no desenvolvimento emocional a convivência com outras crianças e a parti- cipação na vida social da família; • São importantes: associações e clínicas especializadas que prestam auxílio nas vá- rias fases da vida, de modo a promover uma educação que leve em conta a individuali- dade, as dificuldades e principalmente as habilidades da criança.
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