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A abordagem comportamental da administração Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 SST Sabino, Mileide Marlete Ferreira Leal A abordagem comportamental da administração / Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 13 Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 3 A abordagem comportamental da administração Apresentação Nesta unidade, estudaremos sobre a Teoria Comportamental. Também conhecida como Teoria Behaviorista da Administração, veremos que ela emergiu em meados do século XX, com o objetivo de oferecer uma nova direção à Teoria Administrativa no que diz respeito ao estudo das pessoas dentro do contexto organizacional. Apresentaremos, ainda, as origens das principais contribuições da corrente comportamentalista à ciência da Administração. Bons estudos! Origem da teoria comportamentalista O movimento behaviorista ou comportamentalista surgiu como contraposição à Escola das Relações Humanas, com base na recusa da concepção de que a satisfação do trabalhador gerava, de forma intrínseca, a eficiência do trabalho. Assim, conforme a Teoria Comportamentalista, nem sempre os funcionários seguem comportamentos racionais ou fundamentados em sua satisfação, o que exigiu a elaboração de uma nova teoria administrativa sobre o comportamento humano (OLIVEIRA, 2013). De acordo com a Teoria Comportamental, o gerente precisa conhecer as necessidades das pessoas, compreender o comportamento humano, bem como motivar os funcionários. Saiba mais A Teoria Comportamental propôs a valorização do trabalhador em qualquer organização, buscando um novo entendimento sobre as relações humanas na teoria e pesquisa administrativas. Nesse sentido, foi influenciada por outras ciências, como antropologia, psicologia e sociologia. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 4 Compreensão do comportamento humano Fonte: Deduca, 2020. Saiba que os conceitos adquiridos dessas áreas foram adaptados para a Administração, fornecendo uma visão mais ampla sobre o que motiva as pessoas a se comportarem de um determinado modo, conforme uma situação específica. Vamos conhecer um dos principais idealizadores dessa abordagem? Herbert Alexander Simon O principal idealizador da Teoria Comportamental nasceu no dia 15 de junho de 1916, nos Estados Unidos da América (EUA). Desde criança, interessou- se pela ciência devido à influência de um tio, estudioso de economia. Aos 17 anos, ingressou na Universidade de Chicago, onde estudou Ciências Sociais e Matemática. Os estudos de Herbert sobre a decisão e o comportamento humano têm, até hoje, influência marcante no campo da Administração. Para ele, administrar significa tomar decisões. Nesse sentido, podemos afirmar que ele contribuiu expressivamente para a análise do processo decisório nas organizações (OLIVEIRA, 2013). A seguir, conheceremos mais algumas contribuições da Teoria Comportamental. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 5 Principais contribuições da teoria comportamentalista para a prática da administração Uma das contribuições dos estudos comportamentalistas foi o desenvolvimento da área de conhecimento denominada psicologia organizacional e seus estudos sobre o processo de seleção, treinamento e alocação de indivíduos em atividades específicas nas organizações. A abordagem da psicologia organizacional expandiu-se e passou a influenciar outros importantes processos organizacionais, como: supervisão, comunicação, liderança, relacionamento humano e nível de satisfação (pessoal e profissional) do trabalhador (OLIVEIRA, 2013). Segundo Oliveira (2013), o que ocorreu foi uma ampliação dos estudos científicos do comportamento humano, fator fundamental para a disseminação dos princípios da psicologia organizacional nas organizações. Além disso, o mesmo autor observa que houve, também, uma maior preocupação com a questão da qualidade de vida no trabalho. Sobre a temática da qualidade de vida no trabalho, Oliveira (2013) destaca os cinco tópicos propostos por Norman A. B. Wilson, conforme figura a seguir. Abordagem ampla da qualidade de vida no trabalho tecnologia aplicada e da evolução tecnológica trabalho Desenvolvimento do comportamento, atitudes e expectativas das pessoas Satisfação no trabalho Qualidade de vida no trabalho Fonte: Adaptada de Oliveira (2013, p. 164). Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 6 Observe com atenção e note que os estudos de Wilson indicam que o nível de satisfação que o indivíduo tem com o trabalho realizado (autorrealização pessoal e profissional) e a contrapartida financeira influenciam e determinam, diretamente, o bem-estar do trabalhador, ou seja, a sua qualidade de vida no trabalho (OLIVEIRA, 2013). Cabe observar que é importante que o administrador conheça as necessidades humanas, a fim de compreender o comportamento humano e utilizar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida nas organizações e atingir os objetivos organizacionais. A seguir, você terá a oportunidade de se aprofundar nesse tema, estudando sobre as contribuições da teoria comportamentalista na administração. Contribuições da teoria comportamentalista à área de administração Os estudos sobre o comportamento humano incluem pesquisas sobre as necessidades humanas e os níveis de motivação. Nesse tema específico, há destaque para o psicólogo Abraham H. Maslow (OLIVEIRA, 2013). Maslow estudou as necessidades humanas e verificou que existe uma hierarquia das necessidades, a qual define o nível de motivação dos indivíduos e, consequentemente, o nível de produtividade. De acordo com Oliveira (2013), o psicólogo identificou cinco necessidades básicas ao indivíduo em seu meio de trabalho. As três primeiras são as que sustentam a sobrevivência do indivíduo, e as duas últimas representam as necessidades de motivação. Observe a figura seguinte. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 7 Hierarquia das necessidades de Maslow Realização Pessoal: moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausências de preconceito, aceitação dos fatos. Estima conquista, respeito dos outros, respeito aos outros. Amor/Relacionamento: amizade, família, intimidade sexual. Segurança: segurança do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da Fisiologia: respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção. Fonte: Elaborada pelo autor (2020). As necessidades estão expostas, a seguir, em ordem de relevância, iniciando pelas mais essenciais. Vamos entender melhor cada uma delas. Necessidades fisiológicas: questões básicas de sobrevivência, como alimentação e horas de sono, que influenciam, diretamente, o comportamento dos indivíduos. Necessidades de segurança: ocorrem quando as necessidades fisiológicas já estão sanadas. Referem-se à prevenção contra doenças, acidentes, desemprego etc. Necessidades de amor e/ou relacionamentos: são as sociais, relacionadas aos relacionamentos do indivíduo, como amizade, amor etc. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 8 Necessidades de estima: relacionadas ao autorrespeito, ao prestígio dos níveis sociais etc. Necessidade de realização pessoal: o ser humano busca a sua realização pessoal e profissional, além do autodesenvolvimento. Outro importante estudioso do tema foi Frederick Herzberg, que foi além dos estudos de Maslow. Herzberg concluiu que a satisfação potencializa o nível de motivação do indivíduo, todavia, a insatisfação não diminui o nível de motivação. Nesse sentido, organizou em dois fatores a questão da satisfação/insatisfação (OLIVEIRA, 2013): • Fator de motivação(intrínseco): aquilo que define o nível de satisfação e está relacionado à percepção e reação que o indivíduo tem perante o trabalho realizado na organização. Em outras palavras, refere-se ao que ele sente em relação ao trabalho que desempenha. Por exemplo: se certa atividade ou tra- balho dentro da organização lhe trouxe realização e crescimento pessoal. • Fator de higiene (extrínseco): aquilo que define o nível de insatisfação, assim sendo, não impulsiona o desenvolvimento pessoal, mas atua no intuito de evitar a deterioração do profissional. Por exemplo: a segurança no trabalho ou a questão salarial. Kurt Lewin desenvolveu a dinâmica de grupo, buscando compreender a origem, a natureza e a influência das pessoas sobre os grupos e vice-versa. Ele pretendia, com esse estudo, conduzir as pessoas a novos comportamentos por meio da exposição, discussão e decisão em grupo, consolidando a dinâmica de grupo na década de 1930. Posteriormente, em 1950, Georg Homans deu sua contribuição por meio de um estudo que comparou cinco grupos oriundos de regiões do mundo e contextos sociais diversos. Com isso, concluiu que é elementar estabelecer normas de conduta para que haja equilíbrio social, solidariedade e coesão entre os membros do grupo. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 9 Em 1961, o psicólogo Rensis Likert, conforme aborda Oliveira (2013), analisou o comportamento dos grupos em relação às atividades realizadas e ao nível de produtividade. Ele constatou ser importante que cada grupo tenha seus padrões de conduta específicos, a fim de evitar conflitos entre os membros. Todavia, verificou que os níveis de lealdade e coesão no grupo não são fatores determinantes para uma maior produtividade. Além dos estudiosos citados, também foram importantes os estudos de McGregor e sua proposta das teorias X e Y. Esse pesquisador preocupou-se em comparar dois estilos opostos de administração. Acompanhe. 1. De um lado, um estilo fundamentado na teoria tradicional e mecanicista (Teo- ria X), a qual se caracteriza por ter um caráter autoritário de gestão similar à abordagem taylorista, como pressupostos do comportamento humano, por exemplo, a preguiça, a resistência à mudança e a indisciplina. A administra- ção caracteriza-se pelos seguintes aspectos: • responsabilidade pelos recursos da empresa; • direção dos esforços das pessoas para o bem da organização; • políticas de persuasão; • recompensas e punição. • De outro, um estilo fundamentado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano (Teoria Y). É estruturada em uma concepção de ad- ministração moderna e possui alguns aspectos principais: • as pessoas não são resistentes à mudança e às necessidades da empresa; • o homem não é preguiçoso por natureza; • as pessoas têm comportamentos adequados e capacidades para assumir responsabilidades. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 10 Além disso, a Teoria Y desenvolveu um estilo democrático por meio do qual administrar é um processo de criar oportunidades e, por isso, apresenta os seguintes aspectos: • proporcionar condições para que as pessoas estabeleçam um potencial de desenvolvimento e responsabilidade; • criar condições operacionais por meio das quais possam atingir seus objeti- vos pessoais; e • orientar seus esforços em direção aos objetivos da empresa. Criando oportunidades Fonte: Deduca, 2020. Enquanto a Teoria X expressa um estilo administrativo de fiscalização e controle rígido, o qual limita as capacidades de participação e desenvolvimento de habilidades das pessoas, a Teoria Y propõe que a organização libere o potencial humano rumo ao autodesenvolvimento. Outra contribuição importante dos estudos comportamentais à área de Administração foi no âmbito das pesquisas sobre clima organizacional. Sobre essa questão, Oliveira (2013, p. 168) afirma que o clima organizacional é o “[...] resultado Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 11 da análise de como as pessoas sentem-se em relação à organização, com seu modelo de administração, bem como os relacionamentos interpessoais existentes”. Para melhor compreensão da relação entre o clima organizacional e seu ambiente, veja na figura seguinte. Influência do clima organizacional VALORES Clima Organizacional ATITUDES MORAL COMPORTAMENTOS Fonte: Adaptada de Oliveira (2013, p. 168). Além disso, podemos afirmar que o clima organizacional está associado aos fatores listados a seguir. Fatores que influenciam o clima organizacional Valores Nível de moral Comportamento Atitude • Correspondem às questões éticas, como os princípios e as crenças, os quais a organização deve respeitar e fortalecer. • Corresponde ao conjunto de regras de conduta na convivência em sociedade. • Conjunto de atitudes e reações de cada indivíduo. • Explicitação do modo de agir e se posicionar de cada indivíduo. Fonte: Elaborada pela autora (2020). Via de regra, o clima organizacional deve ser analisado por meio de pesquisas estruturadas que reconheçam tanto as causas das frustrações, tensões e ansiedades quanto as alegrias e satisfações das pessoas que trabalham nas organizações. Portanto, depois de feito seu levantamento, é necessário que se aprimore as políticas e diretrizes da organização, ou seja, que sejam realizadas as mudanças Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 12 necessárias ao bem-estar dos funcionários visando a manutenção das organizações no mercado de trabalho. Finalizamos esta unidade destacando que a prática tem demonstrado que, apesar da figura apresentada, muitas organizações ainda têm receio, ou não conseguem aplicar os resultados da pesquisa do clima organizacional. Fechamento Nesta unidade, vimos que a Teoria Comportamental propõe um novo enfoque à Teoria Administrativa, com foco no estudo das necessidades e motivações humanas. Observamos como a Teoria Comportamental aborda a ciência do comportamento, composta pela hierarquia das necessidades de Maslow, pelos fatores de Herzberg, pela teoria dos dois fatores de McGregor e pelos sistemas de Likert. Estudamos, por fim, que ela auxilia no entendimento do clima organizacional que está associado ao nível de moral, aos valores, aos comportamentos e às atitudes dos profissionais das organizações. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 13 Referências OLIVEIRA, D. P. R. Teoria geral da administração: uma abordagem prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06