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CURSO VPS – LITERATURA Prof. Danilo Augusto ENEM MÓDULO I – ARTE COMO LINGUAGEM 1. O que é arte? Pietà (1987), de Irma Gatz Koliver. Artistas e historiadores não têm um consenso simples e definitivo a respeito da definição de arte. Mesmo assim, todos concordam que as obras de arte, em seus diferentes suportes e linguagens, são uma forma de comunicação entre o artista e seu público. A arte se manifesta de diversas formas: • arquitetura; • design; • moda; • nas artes visuais: pintura, escultura, gravura, fotografia, etc.; • nas artes cênicas: teatro, cinema, dança, performance, etc.; • na literatura: poema, romance, texto teatral, conto, crônica, etc.; • na música: samba, rock, rap, funk, MPB, etc. 2. Dimensões da arte Observe o esquema. Veja a descrição das dimensões: • pedagógica: arte como instrumento de transmissão de conhecimentos; • política: arte como convite à reflexão sobre questões sociais e políticas; • estética: arte que prioriza a valorização da forma e dos recursos estéticos utilizados; • registro histórico: arte como registro de uma época, construção e/ou manutenção da identidade de um povo; • ritualística: arte relacionada ao sagrado e/ou à celebração de ritos. 3. Artes visuais A obra de Candido Portinari ao lado é um exemplo de arte visual. Um jovem mestiço aparece sem camisa a olhar diretamente para o espectador. É um trabalhador braçal, que tem as unhas sujas pelo seu trabalho. Apesar de sua posição social modesta, ele é retratado com a mesma dignidade dos retratos tradicionais de membros da elite. Trata-se de uma pintura figurativa feita com a técnica de óleo sobre tela. A composição dos elementos coloca o jovem em primeiro plano, tendo ao fundo, de forma acentuadamente geométrica, uma plantação e um morro à esquerda e, à direita, uma casa simples e duas bananeiras. As artes visuais priorizam imagens como elemento principal de comunicação. Alguns aspectos importantes a serem observados na leitura de uma obra de arte visual: • suporte: base material na qual a obra é desenvolvida: folha de papel, muro, argila, etc.; • modo de representação: figurativo (quando é possível reconhecer os elementos representados) ou abstrato (quando não há representação identificável); • contextualização: data de produção, características históricas e estilo de época; • composição: iluminação, escala e posição dos elementos, perspectiva e cor. Na arte contemporânea, criam-se sentidos com materiais e elementos variados, muitas vezes retirados do cotidiano. Além disso, em diversas vezes, há descontextualização de referências e objetos, criando sentidos novos. 4. Arte literária ✓ O QUE É LITERATURA? A literatura é uma arte verbal, isto é, seu meio de expressão é a palavra. Mas o uso da palavra não é privilégio do escritor, pois ela serve como forma de expressão para todas as pessoas. ✓ IMPORTANTÍSSIMO SABER!!! A obra literária só existe como objeto social, que se completa na leitura e interação com o leitor, a “função” da literatura é dependente daquilo a que o leitor se propõe quando busca o texto literário. Além disso, como disse o escritor Umberto Eco, as grandes obras literárias tiveram profundo impacto na sociedade, o que extrapola sua importância para além da relação imediata entre leitor e obra. Por isso, investigar algumas das funções desempenhadas pela literatura ao longo do tempo é um modo de reconhecer o seu poder transformador. ✓ PARA QUE SERVE A LITERATURA? A resposta a essa pergunta varia com o tempo e com as pessoas. Evidentemente, a função de uma obra de arte literária depende dos objetivos e intenções do autor. Mas os leitores também têm maneiras diferentes de ler e são levados a abrir um livro por motivos diferentes. Alguns procuram na literatura apenas um divertimento sem grandes consequências para a vida; outros, um instrumento de transformação e de aperfeiçoamento. Uns consideram a obra literária apenas um artefato estético, criado para a contemplação da beleza; outros, esperam que seja um veículo de análise e de crítica em relação à sociedade e à vida. ✓ A OBRA LITERÁRIA PODE SER: I. um instrumento de fuga da realidade; Ao lermos, por exemplo, uma história de aventuras, embarcamos em um navio pirata, lutamos ao lado de um herói, sonhamos... II. arte pela arte; Certas épocas literárias são marcadas pela importância que os autores atribuem à perfeição formal de suas obras. Os temas passam para um segundo plano, só interessando a beleza estética. Quando isso ocorre, a literatura pode alienar-se da realidade. III. o oposto da arte pela arte, ou seja, uma literatura engajada; É a literatura de autores comprometidos com a defesa de ideias políticas e religiosas. Quando limitam o trabalho criativo à retórica de convencimento, a obra reduz-se a um panfleto, mero instrumento de propaganda. Leitura (1892),de Almeida Júnior. ✓ ESTILO INDIVIDUAL E DE ÉPOCA Quando, além do contato cotidiano e espontâneo com o texto literário, o leitor se propõe a estudá-lo, pode se apoiar em diferentes modos de leitura que se construíram ao longo do tempo. Devemos observar de que maneira as obras se articulam no tempo, como se relacionam e o momento histórico em que foram produzidas, e como refletem a mentalidade da época em que viveram os seus autores. Porém, devemos ter cuidados em algumas abordagens: A) é não reduzir a literatura a mero instrumento de investigação da sociedade, tomando as obras literárias como “documentos” do modo de viver e pensar do seu contexto de produção. A literatura não tem necessariamente um compromisso de fidelidade com vivências do autor ou de seu grupo social; B) é não reduzir a obra literária a um exemplo do modo de fazer literatura de uma época; por mais que se enfatizem as articulações possíveis entre as obras e se busquem ressaltar tendências de um período, cada obra merece ser apreciada na sua singularidade; C) é não perder de vista a experiência particular de cada leitor com o texto literário; para além do significado daquele texto em relação à sua época e às leituras feitas, cada leitor tem também o seu repertório de leituras e um modo de compreensão próprio, apoiado nos elementos oferecidos pelo texto. A obra literária sempre dialoga com as obras produzidas em momentos anteriores, seja para reafirmá- las, negá-las ou reinventá-las; alguns temas, gêneros e formas são recuperados e revalorizados ou descartados em nome de novas necessidades de expressão. O estudo de literatura exige, basicamente, dedicação à leitura. É uma atitude prática diante da vida: ler significa compreender o mundo, preparar-se para todos os desafios. Existem duas formas básicas de expressão do texto literário: poesia e prosa. Neste módulo, o estudo da literatura será voltado principalmente para a poesia. A prosa será estudada posteriormente. ➢ RUMO AO ENEM 01. O Palácio Nereu Ramos, onde estão a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, foi projetado por Oscar Niemeyer. Uma recorrente interpretação de sua simbologia vincula o Senado (menor, abaixo da Câmara e com a circunferência virada para baixo) à reflexão, à ponderação, ao peso da experiência, ao mesmo tempo em que vincula a Câmara (maior, acima do Senado, com a circunferência virada para cima) ao poder e à representação do povo brasileiro. Palácio Nereu Ramos, projeto de Oscar Niemeyer. Considerando essa interpretação e a imagem acima, é possível dizer que: a) o edifício projetado por Oscar Niemeyer une a dimensão estética à dimensão política, à medida que as formas da arquitetura são mobilizadas para construir uma simbologia de intervenção social e de beleza. b) o edifício projetado por Oscar Niemeyer une a dimensão estética à dimensão ritualística, à medida que as formas da arquitetura são mobilizadas para construir monumentos religiosos das mais diversas matrizes na capital federal. c) o edifício projetado por Oscar Niemeyersegue padrões artísticos obsoletos em que não podem ser identificadas dimensões da arte. d) o edifício projetado por Oscar Niemeyer hoje ocupa uma função diversa daquela para a qual foi projetada, de modo que as dimensões artísticas já não fazem mais sentido para a obra. e) o edifício projetado por Oscar Niemeyer, embora se trate de uma obra política, não apresenta a dimensão política da arte, apenas a ritualística em função da organização atual do Congresso Nacional. 02. O Palácio Nereu Ramos, onde estão Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. VILLON. F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC. 1999. Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de: a) refinar o gosto dos cristãos. b) incorporar ideais heréticos. c) educar os fiéis através do olhar. d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos. 03. Observe a imagem e o excerto a seguir. [...] essas admiráveis representações de animais não eram feitas tendo em vista o prazer gratuito das formas; eram instrumentos de magia religiosa. Provam-no os bisões cravados de flechas, desenhados no fundo das cavernas, onde a luz não penetra e os olhos só com dificuldade os descobrem. A magia simpática postula que desenhar um animal é adquirir poder sobre ele e, portanto, representá-lo assim ferido de morte é antecipar o efeito desejado. MELLO E SOUZA, Gilda de. O desenho primitivo. In: MELLO E SOUZA, Gilda de. Exercícios de leitura. São Paulo: Duas Cidades, 1980. p. 47. A partir da interpretação da crítica Gilda de Mello e Souza e da imagem, é possível dizer que: a) a produção artística rupestre é dotada da dimensão estética em detrimento da dimensão ritualística. b) a produção artística rupestre é dotada da dimensão política em detrimento da dimensão estética. c) a produção rupestre, por pertencer à pré-história, não apresenta nenhuma das dimensões artísticas. d) a produção rupestre é dotada da dimensão ritualística em detrimento da dimensão estética. e) a produção rupestre é dotada apenas da dimensão de registro histórico. 04. “Nossa cultura não cabe nos seus museus”. TOLENTINO, A. B. In: Patrimônio cultural e discursos museológicos. Midas, n. 6. 2016. Produzida no Chile, no final da década de 1970, a imagem expressa um conflito entre culturas e sua presença em museus decorrente da: a) valorização do mercado das obras de arte. b) definição dos critérios de criação de acervos. c) ampliação da rede de instituições de memória. d) burocratização do acesso dos espaços expositivos. e) fragmentação dos territórios das comunidades representadas. 05. Nessa obra, que retrata uma cena de Caramuru, célebre poema épico brasileiro, a filiação à estética romântica manifesta-se na a) exaltação do retrato fiel da beleza feminina. b) tematização da fragilidade humana diante da morte. c) ressignificação de obras do cânone literário nacional. d) representação dramática e idealizada do corpo da índia. e) oposição entre a condição humana e a natureza primitiva.
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