Prévia do material em texto
TEMA: Introdução ao Estudo da Bacteriologia Docente: Gamito Camilo Objectivos da Aula • Definir o que é um Microscópio; • Descrever um breve histórico da microscopia; • Descrever os princípios de funcionamento e composição de um microscópio. • Listar os principais tipos de microscópios ópticos e suas aplicações; • Conhecer os cuidados e precauções suplementares a ter com o microscópio. • Classificação e filogenia das bactérias • - Noções gerais da bacteriologia • - Bactérias • - Sua composição • - Sistema de reprodução • - Metabolismo • - Locomoção Introdução • O corpo humano é habitado por milhares de diferentes espécies bacterianas , algumas vivendo de forma transitória, outras numa relação parasítica permanente. • Do mesmo modo, as bactérias estão presentes no ambiente que nos cerca, incluindo o ar que respiramos, a água que bebemos, e a comida que comemos, sendo que muitas dessas bactérias são relativamente não virulentas, mas outras são capazes de causar doenças que ameaçam a vida. • A doença pode resultar do efeito tóxico de produtos bacterianos (p. ex., toxinas) ou quando a bactéria invade sítios anatómicos que são normalmente estéreis. Métodos Gerais de Estudo das Bactérias Género Estafilococos (Staphylococcus) • É constituído, actualmente, por pelo menos 35 espécies, das quais 16 são encontradas em seres humanos e podem provocar diferentes síndromes clinicas, como infecções cutâneas, infecções oportunistas, infecções das vias urinarias e infecções sistémicas. • São cocos Gram-positivos, imóveis, anaeróbios facultativos e não formam esporos. ❑A espécie mais implicada em doenças no ser humano é o Staphylococcus aureus. ❑O agente mais comum de infecções patogénicas como furúnculos, síndrome da pele queimada, pneumonia, artrite séptica em crianças, osteomielite, meningite, endocardite, amigdalite, enterocolite, infecções urogenitais. ❑A maioria das cepas de estafilococos isoladas de pacientes hospitalizados é resistente a penicilina e muitos outros antibióticos. Cont… Género Estafilococos (Staphylococcus) Cont… ▪ Infeções de Tecidos Profundos pelo S. aureus Cont… Foliculite ▪ Foliculite é a inflamação de um ou mais folículos pilosos que pode ocorrer em qualquer lugar da pele aonde se encontrem os folículos. Foliculite axilar Foliculite Vaginal (púbica) Cont… Género Estafilococos (Staphylococcus) A inflamação em torno de um folículo pode levar à formação de um abcesso, que é chamado de furúnculo. Furúnculo • Um furúnculo é uma infeção cutânea causada por bactéria que envolve um folículo piloso, a glândula sebácea ou sudoríparas e o tecido subcutâneo próximo a ele. • A lesão surge especialmente nas regiões com pelos e mais expostas à umidade, pressão e atrito, ou a substâncias gordurosas que facilitam a obstrução dos folículos pilosos. Os furúnculos são mais comuns no rosto, pescoço, axilas, nádegas e coxas. Cont… ▪ Furúnculos Cont… ❑Reconhecidamente o mais virulento dentro do género S. epidermidis também é um importante patógeno, sobretudo para aqueles portadores de próteses cardíacas valvulares. ❑S. saprophyticus é um patógeno quase que exclusivamente das vias urinarias. Tratamento ❑Penicilina Procaina e Cristalizada, Gentamicina, Amoxicilina, Amoxi/ác clavulânico, Cloranfenicol, Oxacilina, Eritromicina, Ceftriaxona, Cefalexina, Doxiciclina, Azitromicina, Ciprofloxacina. Cont… ❑O género Streptococcus (do grego streptos; enovelado, enrolado) esta incluido na familia Streptococcaceae e é encontrado na pele e mucosas da boca, trato respiratorio, digestivo e genito-urinario do homem. ❑São caracterizadas por terem formato arredondado e serem encontradas arranjadas em cadeia, além de possuírem coloração violeta ou azul escura quando visualizadas através do microscópio, sendo, por isso, chamadas de bactérias gram-positivas. • Nesse género, as principais espécies patogénicas são S. pneumoniae e S. pyogenes. • O Streptococcus pneumoniae, ou S. pneumoniae ou pneumococos, pode ser encontrado no trato respiratório de adultos e, menos frequentemente em crianças, e é responsável por doenças como otite, sinusite, meningite e, principalmente, pneumonia. Cont… ❑As bactérias são disseminadas através de gotículas de saliva ou muco como, por exemplo, quando as pessoas infectadas tossem ou espirram. ❑Estas pessoas podem ser portadoras do pneumococo sem apresentar sinais ou sintomas da doença, mas podem infectar outras pessoas. • O tratamento é feito pelo uso de antimicrobianos como: Penicilina Procaina e Cristalizada, Gentamicina, Amoxicilina, Amoxi/ác clavulânico, Cloranfenicol, Oxacilina, Eritromicina, Ceftriaxona, Cefalexina, Doxiciclina, Azitromicina, Ciprofloxacina. Género Enterococcus ❑O género Enterococcus inclui os enterococos anteriormente classificados como estreptococos do grupo D de Lancefield. ❑São residentes normais do trato gastrointestinal e do biliar e, em menores números, da vagina e uretra masculina. ❑São cocos Gram-positivos, geralmente imóveis, entretanto, alguns podem apresentar flagelos, são anaeróbios facultativos, não formam esporos, não apresentam cápsula. ❑Existem várias espécies, sendo mais importantes E. faecalis e E. faecium que são responsáveis por 85-90% e 5-10% das infecções enterocócicas. ❑Os enterococos são causa frequente de infecções hospitalares. Género Enterococcus ❑Constituem a segunda causa mais comum de infecções hospitalares do trato urinário e de feridas e a terceira causa mais comum de bacteriemia hospitalar. Transmissão ❑A transmissão ocorre de um paciente para outro através das mãos das pessoas no hospital, podendo também ocorrer por meio de materiais médicos. ❑As infecções pelos enterococos incluem trato urinário, feridas, trato biliar e sangue. Podem causar meningite. Em adultos podem provocar endocardite. ❑Tratamento: Penicilina G e Ampicilina, Tetraciclina, Gentamicina, Amoxicilina, Amoxi/ác clavulânico, Cloranfenicol, Oxacilina, Eritromicina, Ceftriaxona, Cefalexina, Doxiciclina, Azitromicina, Ciprofloxacina. Género Vibrio ❑Existem cerca de 35 espécies do género Vibrio, das quais doze são patogénicas para o Homem. ▪ São bactérias Gram-negativas pertencentes à família Vibrionaceae. As células têm a forma de bastonetes (bacilos), frequentemente curvados, e são móveis por flagelos. O Vibrio cholerae o agente etiológico da cólera. • Transmissão ▪A doença é transmitida por contaminação fecal-oral directa ou indireta pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Género Vibrio Sintomas • Os sintomas são diarreia ligeira, dores abdominais e anorexia que pode evoluir subitamente para diarreia profusa e aquosa com fezes típicas designadas por “água de arroz” com ou sem vómitos, dor abdominal e cãibras. Tratamento e Prevenção • O tratamento consiste na reposição dos fluidos corporais (através SRO e Lactato de Ringer) coadjuvados com alguns antibióticos como: Doxiciclina, Azitromicina, Eritromicina Ciprofloxacina. • A prevenção consiste em beber água tratada, saneamento do meio, lavagem das mãos antes e depois de entrar na latrina. Género Mycobacterium ❑As Microbactérias representam um grupo de bacilos, pertencentes ao género Mycobacterium. ❑As Microbactérias apresentam-se como bastonetes delgados, formando ramificações eventuais, caracteristicamente acido-resistentes, aeróbias, não espiraladas, imóveis e que não apresentam cápsula. ❑Mycobacterium tuberculosis • Principal agente etiológico da tuberculose pulmonar, Mycobacterium tuberculosis é um patógeno intracelular capaz de estabelecer uma infecção por toda a vida do hospedeiro. ❑Transmissão • A transmissão na tuberculose pulmonar ocorre principalmente pelo ar através da fala, espirro, tosse e aspiração de gotículas contendo bacilos de um indivíduo infectado para outro indivíduo. Género Mycobacterium Sintomas ❑Os principais sintomas são Febre, Emagrecimento, Sudorese nuturna, Tosse , Aneroxia. Tratamento ❑Fase Inicial de tratamento diário durante 2 meses com:4DFC: Isoniazida (75mg), Rifampicina (150mg), Pirazinamida (400mg), Etambutol (275mg). ❑Fase de Manutenção diário durante 4 meses com 2DFC: Isoniazida (75mg), Rifampicina (150mg). Mycobacterium leprae ❑A hanseníase ou leprae se caracteriza por uma doença crónica granulomatosa, proveniente da infecção causada pelo Mycobacterium leprae. Género Mycobacterium ❑Transmissão • A via principal de eliminação dos bacilos é a via aérea superior, entretanto, outras vias como nódulos ulcerados, leite materno e secreção sebácea. ❑Sintomas • Lesões da pele, manchas, nódulos avermelhados no corpo, diminuição ou ausência da forca muscular da face, mãos, pés, diminuição de pelos e do suor. Sensação de formigueiro, falta de sensibilidade ao calor, frio, dor, tacto e comprometimento do SNP. • ❑Tratamento: Rifanpicina, Dapsona, Clofazimina. Género Neisseria ❑O género Neisseria apresenta-se como cocos Gram-negativos da família Neisseriaceae, são cocos imóveis e medem de 0,6 a 1,0 μm de diâmetro. Dispõe-se agrupados em pares, em tétrades ou em cadeias curtas. ❑As principais espécies de interesse para microbiologia médica são: N. gonorrhoeae e N. meningitides. ❑A denominação “Neisseria” é em homenagem ao bacteriologista alemão Albert Neisser, que descobriu a Neisseria gonorrheae, o patógeno que causa a gonorreia. Neisseria gonorrhoea ❑Também chamado de gonococo, esse microorganismo é responsável pela gonorreia ou blenorragia, doença sexualmente transmissíveis (DST) que pode infeccionar diversas partes do corpo, inclusive a orofaringe. Género Neisseria ❑ São microorganismos Gram-negativos, imóveis, não esporulados, podendo ser aeróbios ou anaeróbios facultativos. Os cocos individuais são pequenos, medindo aproximadamente de 0,6 a 0,8 μm de diâmetro. ❑A infecção por N. gonorrhoeae atinge principalmente as mucosas, produzindo uma supuração aguda que pode ocasionar invasão tecidual seguida de inflamação crónica e fibrose. ❑ Sintomas • A secreção de pús pela uretra é o sintoma mais característico, porem a doença e mais contagiosa quando ainda se apresenta assintomática. ❑ No homem, os sintomas geralmente são a inflamação da uretra (uretrite), com presença de pus espesso de coloração amarelada e micção dolorosa; o processo pode estender-se a próstata e ao epidídimo. Género Neisseria ❑ Na mulher, a infecção pode se estender da uretra a vagina e ao colo cervical do útero, produzindo uma exsudação mucopurulenta; pode progredir até as trompas causando processo inflamatório pélvico, fibrose e obstrução das trompas. ❑ N. gonorrhoeae pode produzir desde lesões cutâneas com formação de pápulas e pústulas hemorrágicas até inflamações como artrite, proctite, faringite, endocardite, meningite e comprometimento ocular. ❑ Tratamento: • Metronidazol+ Ciprofloxacina+ Azitromicina em dose única. Tambem pode ser usado a Ceftriaxona. Género Escherichia ❑ ❑ O género Escherichia consiste em cinco espécies, das quais a Escherichia coli é a mais comum e clinicamente importante. ❑ Este microrganismo está geralmente associado à sepsis, infecções urinárias, meningite e gastroenterite. ❑ São Bastonetes Gram-negativos, móveis, com ou sem cápsula, não fastidiosos, anaeróbios facultativos, tolerantes à bile, capazes de crescer em temperaturas elevadas (44 °C). ❑ O hábitat normal é o intestino do homem e dos animais; pode colonizar a porção inferior da uretra e canal vaginal. Género Escherichia ❑Existem diversas infecções que têm como agente a E. coli das quais se salientam a gastroenterite e as infecções urinárias como: Septicemia, Infecções das Vias Urinárias, Gastroenterite. Tratamento ❑Kanamicina, Akamicina, Gentamicina, Neomicina, Oxacilina Ciprofloxacina, Amoxicilina+ác Clavulânico, Azitromicina, Ceftriaxona. TPC Generos: Micoplasmas, Clamidias, Candidíase ▪ É uma infecção causada por patógenos fúngicos oportunistas Cândida, famosa por afetar órgãos genitais femininos, boca, esofago, pele, e até na corrente sanguínea. ▪Cerca de 90% dos casos de candidíase são causados pelo fungo do tipo Candida albicans. ▪As infecções por Cândida, ou candidíases, podem ter apresentações clínicas muito diferentes, desde infecções superficiais na boca e na vagina até infecções sistémicas potencialmente fatais. Cont… ▪Candidíase oral é a infecção das membranas mucosas da boca. Podem produzir lesão nos vértices da boca, chamada queilite angular, anomalias do paladar, dificuldade de engolir. Cont… ▪Candidiase vaginal ou Vulvovaginite por cândida é a infecção das membranas mucosas da vagina. Produz irritação e ardor, com secreção esbranquiçada espessa. Cont… ▪Candidíase cutânea é a infecção da pele em áreas localizadas, especialmente nas zonas com muita humidade, como virilhas ou pregas abdominais. Cont… ▪Candidíase esofágica é uma infecção oportunista do esófago, muito habitual em estádios avançados da infecção pelo HIV. Os principal sintomas são dor ao engolir e dor no peito. ▪Candidíase sistémica é a disseminação da infecção por Cândida em todo o organismo, provocando sépsis (infecção generalizada com falência dos mecanismos homeostáticos hemodinâmicos que pode levar a morte). Tratamento das Candidíase ▪Candidíase oral: Nistatina , Anfotericina B, Miconazol ▪Candidíase esofágica: Nistantina, Fluconazol e Anfotericina B. ▪Candidíase sistémica: Anfoteroxina B, Fluconazol. ▪Candidíase cutânea: Ketoconazol, Miconazol, Clorotrimazol. ▪Candidíase vaginal: Nistantina, Clorotrimazol, Econazol, Miconazol, Ketoconazol. TPC 1. Piedra Branca (género Trichosporon: T. inkin, T. asahii ou T.mucoides) e Piedra Preta (Piedraia hortae). 2. Cromomicose, Micetoma, Lobomicose, Histoplasmose e Criptococose. BIBLOGRAFIA Patrick, R. Murray; Microbiologia Médica, Editora Guanabara. Tavares, Caetano; Microbiologia e Farmacologia Simplificada. Editora Revinter. Spicer, John; Bacteriologia, Micologia e Parasitologia Clinica. Editora Guanabara. Barbosa HR, Torres BB. Microbiologia básica. São Paulo: Atheneu; 1998:196p. Bier O. Microbiologia e imunologia. 30 ed. São Paulo: Melhoramentos; 1990:1.234. Woese, C. R.; Kandler, O.; Wheelis, M. L. (junho de 1990). «Towards a natural system of organisms: proposal for the domains Archaea, Bacteria, and Eucarya». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. Gupta, R. S. (2000). «The natural evolutionary relationships among prokaryotes». Critical Reviews in Microbiology. Fim!