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Capítulo 4 Para compreendermos o funcionamento de uma organização, o olhar e a percepção dos profissionais, devemos ir além do que nos é mostrado e falado, a percepção deve transcender o aparente e ir para o mundo dos significados. Da mesma forma que cada indivíduo possui uma maneira própria de ser, sua personalidade; uma organização também tem seu jeito próprio de funcionar, sua própria personalidade que se revela nos seus valores, crenças, funcionamento, regras, normas, missão, etc. É esse jeito de ser, essa “personalidade organizacional” que chamamos de Cultura da Organização. Edgar Schein define cultura como sendo um conjunto de crenças e pressupostos, maneiras de agir que se mostraram eficientes na resolução de problemas e encaminhamento de situações, além de auxiliarem na integração dos seus membros e na adaptação à realidade externa. Tomando emprestado a metáfora do Iceberg pode-se entender de modo mais claro os três níveis essenciais e crescentes de profundidade e complexidade propostos pelo autor. A parte aparente, aquela vista a olho nú, contém os Artefatos (as estruturas físicas, comportamentos e processos organizacionais. Num segundo nível, o que se enxerga abaixo do nível do mar, mas próximo à superfície, encontram-se as normas e valores referentes a hierarquia e códigos de condutas. Já no terceiro nível, o mais profundo, é o que contém as suposições básicas (crenças, percepções, pensamentos, sentimentos assumidos como importantes e verdadeiros, mas inconscientes). Segundo as reflexões de Goreth Morgan, as organizações podem ser consideradas como mini sociedades com padrões culturais próprios, ou seja, com crenças ou significados compartilhados que se expressam em normas operacionais e rituais e podem exercer importante influência sobre o modo através do qual a organização lida com os desafios que enfrenta. Enfim, podemos depreender desses conceitos que a cultura de uma organização representa as normas institucionais formais ou informais, escritas ou não, que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia a dia e que direciona suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais. A Cultura Organizacional pode ser compreendida pela análise dos seus níveis, mas também pela compreensão de seus elementos. É consenso entre autores que a cultura organizacional apresenta-se não só no que é comunicado abertamente, mas também, deve ser entendida como sendo fruto de razões inconscientes (=níveis submersos do iceberg). Grande parte dos comportamentos organizacionais são explicados por aspectos inconscientes. A Cultura organizacional, segundo Maria Ester de Freitas, também se revela simbolicamente por meio de seus elementos que são: Artefatos: Inclui todos os componentes, vistos a olho nú e, por isso, facilmente identificados. São tudo que há de concreto na organização, como seus produtos, os serviços, a decoração do ambiente, o organograma, um manual de procedimentos, as salas de trabalho, enfim tudo o que aparece. Mito ou Mitos= Mito significa algo que não é verdadeiro, mas também não é falso. Reside no âmbito da representação simbólica, ou seja, uma forma peculiar de interpretar algo. São representações que se fazem de alguém e que são aceitas como verdadeiras e transmitidas ao longo do ciclo de vida de organização. Nas empresas, os mitos são geralmente aquelas pessoas que fizeram a história de uma organização, que não existem mais, fisicamente falando, mas que estão vivas na memória das pessoas pela representação simbólica que os membros de uma organização atribuem a ela. É o caso, por exemplo, de Bill Gates, fundador da Microsoft. Conhecer as características de um mito ou lenda organizacional pode dar vários indícios da cultura organizacional, por muitas vezes, a forma de ser dessa pessoa ainda está impregnada no DNA da organização. Histórias= São os eventos que em algum momento ocorreram na organização e auxiliam a validar as atitudes e comportamentos presentes. Elas compõem eventos do passado, remoto ou mais atual, mas que marcaram importantes desafios ou ações bem sucedidas que a empresa legitima como um exemplo a ser seguido no futuro. Rituais/Cerimônias= São todos os eventos de integração com os trabalhadores que se repetem na forma de rituais organizacionais, tais como reuniões mensais, recepção de calouros, prêmios para colaboradores destaque, comemoração de aniversários, festas de final de ano entre outras ações. São estratégias utilizadas para reforçar os valores das empresas que se envolvem com as diretrizes de motivação dos trabalhadores. Símbolos= Inclui a dimensão não verbal da organização. Tudo aquilo que possui significado, mas não é dito explicitamente, mas comunicado de forma implícita. Imagine uma empresa que possui dois refeitórios: um com mesas coletivas, cadeiras simples, sem decoração e um buffet bem popular. Nesse refeitório, todos os funcionários fazem suas refeições, a exceção das gerências e membros da diretoria que se dirigem a um refeitório que mais parece um restaurante de alta classe: as mesas são individuais, revestidas com toalhas brancas, louças de cristais e talheres de prata e serviço à la carte. Nesses símbolos, há mensagens não faladas, mas muito claras a respeito da valorização ao status hierárquico dessa organização, certo? Agora imagine uma outra situação: os dirigentes de uma empresa costumam dizer que trabalham com estilo “portas abertas”, falam que os trabalhadores fiquem à vontade para irem até a sua sala de trabalho sempre e quando acharem necessário. No entanto, ao tentar acesso, o trabalhador se depara com uma secretária que realiza toda uma avaliação anterior para autorizar o não o acesso e a estrutura da sala possui mais limitadores e barreiras como cortinas e portas fechadas. Embora seja dito que o acesso está permitido, a mensagem subjacente a esses símbolos, mostram o contrário, não é mesmo? Linguagem= A forma como a empresa se comunica com seus trabalhadores pode dar sinais sobre sua forma de ser, mas rígida, formal ou concedendo mais informalidade e flexibilidade. Cada organização tem a sua própria linguagem. Ela é caracterizada por termos próprios referentes a processos, equipamentos, pessoas e vestuário. Dessa forma, cada organização tem a sua linguagem que a diferencia das demais. Quando o colaborador aprende e passa a utilizar a linguagem, ele passa a estar imbuído da cultura da empresa e contribui para mantê-la. Valores compartilhados= Os valores compartilhados resumem as crenças e filosofia de uma organização e definem o padrão de comportamento dela, justificando o porquê de suas ações e atitudes. Os valores são criados pelos fundadores e principais ícones da organização. há valores claros, conhecidos e que são expressos abertamente, são comunicados e fazem parte da cultura, há divulgação e reforço desses valores. Em paralelo existe na organização valores que não são reconhecidos, não são expressos, estão na área oculta da cultura da organização, mas que se manifestam em atitudes, comportamentos e decisões no dia-a-dia. O que muitas vezes cria a sensação de incoerência entre o dito e o praticado. Normalmente são valores que existem, no entanto, não são bem aceitos pelas pessoas, em geral. Os valores podem ser comunicados verbalmente em treinamentos, discursos, reuniões ou expressos formalmente em documentos, comunicados, como podem ser explicitados de forma simples em frases como “a empresa reconhece o funcionário que fica além do seu horário”, “a dedicação e comprometimento levam ao sucesso”. Os valores dão o norte, servem de orientação para o comportamento dos funcionários, quanto ao que é esperado e reconhecido como importante. Os valores podem ser permanentes ou mudados conforme as necessidades da organização, o contexto sócio-econômico e político da época. Como quem define os valores são os dirigentes é de se esperar que nos níveis mais altos da estrutura hierárquica é onde se encontra uma maior adesão aos mesmos. Todo valor organizacional que encontra ressonância na lista de valores de seus integrantesse revelará mais forte para o atingimento dos objetivos organizacionais e os objetivos pessoais. Pressuposições básicas= As pressuposições básicas são crenças e percepções inconscientes que, com o passar do tempo, são interiorizadas pelas pessoas da organização. Exigem uma análise no nível submerso do Iceberg. Muitas vezes elas são passadas por meio de histórias, rituais, símbolos e linguagem de uma forma velada ou pouco clara e direta. Tabus= Os tabus estão associados a assuntos considerados críticos para a organização, podendo ser com relação a tabus existentes na sociedade e reproduzidos no ambiente organizacional,como preconceitos ou algo específico e particular da organização,ou com algum fato ocorrido que compromete valores e a reputação ética da organização. Os tabus se localizam na parte oculta da cultura, não são tratados de forma clara e aberta, são assuntos pouco falados e quando falados são as escondidas. Os tabus, mesmo não sendo tratados abertamente, estão presentes e servem de orientadores do comportamento, de decisões demarcando áreas de risco. Os tabus reforçam a disciplina, com ênfase no não permitido. Exemplos de tabus podem ser a não aceitação do sexo feminino em cargos mais altos da hierarquia. Heróis= Os heróis são pessoas que foram representativas por seus feitos ou por representarem fortemente a organização. Possuem uma influência forte na vida da instituição. Podem ser representados na pessoa do fundador ou um profissional associado ao sucesso da empresa ou que a tirou de alguma crise, situação séria. Os heróis personificam a organização, seus valores e crenças. Servem de modelo a ser seguido, copiado, por representarem força, sucesso, determinação, luta e coragem. Os heróis são pessoas visionárias, com perfil empreendedor, intuitivas. Existem heróis natos e criados. Os heróis natos são pessoas reais que tiveram os méritos anteriormente relacionados, já os criados trabalham com o imaginário das pessoas. A organização cria heróis para atender o imaginário de ser herói. A cultura organizacional é um campo do imaginário, através da figura do herói a pessoa busca retomar seu sentimento de força e onipotência, para tanto, a organização cria programas como metas e desafios, que ao serem alcançados a pessoa assume a cena, a posição de vencedor, herói. Os heróis criados são temporários, tem tempo marcado, pois outro virá e assumirá a posição. A correta interpretação desses elementos auxiliam a desvelar a cultura de uma organização. Mas, Edgar Schein ainda refere que a cultura de uma organização pode ser desvendada a partir da análise da: 1 – A História da Organização, em que condições e quando foi fundada, as circunstâncias da época, a personalidade do fundador, fatores sociais e políticos da época. 2 – Situações críticas, de crise revelam como a organização se porta. É nos momentos de crise, de sucesso ou fracasso que as crenças, os valores se revelam com nitidez. 3 – Na admissão de novos funcionários, através de programas de integração e treinamento se dá o primeiro contato formalizado com a cultura da organização, principalmente com as normas, regras, procedimentos e valores daquela instituição. 4 – As políticas de Recursos Humanos através, isto é, através de políticas de admissão, demissão, disciplina, política de remuneração, benefícios, promoções, treinamento e outras mais a empresa revela-se. 5 – A forma como acontece a comunicação na organização é um indicador de sua cultura. A comunicação pode ser formal ou informal, se dá pelos canais formais ou a comunicação informal prevalece, é clara ou velada, é objetiva ou passa dupla mensagem. 6 – A organização do trabalho, como é realizada a gestão, a distribuição do trabalho, o uso do poder indicam o funcionamento organizacional. A cultura de uma organização apresenta três funções básicas. Favorecer a integração dos integrantes através dos valores, crenças, normas, regras, multiplicados a todos os integrantes da organização; servir de referência para adaptação na solução de problemas e conduzir negócios; auxiliar na redução de ansiedade, uma vez que serve de referencial de apoio e norte em situações de insegurança e admissão de novos funcionários. A cultura organizacional é repassada a todos os funcionários, novos e antigos. É através dela que são divulgadas as regras que regem o comportamento da empresa, o que é valorizado, o que é passível de punição, o que é esperado, qual é o percurso para se atingir ascensão, o que é permitido e o que não é permitido. Idalberto Chiavenato destaca que uma cultura forte é aquela em que a maior parte de seus elementos se encontram visíveis, perceptíveis, explícitas, intencionais, conscientes, Isso depende em grande parte da forma como a organização elege comunicar e compartilhar sua cultura. Quanto mais seus elementos forem conhecidos e reconhecidos pelas pessoas que integram a organização, mais forte ela se torna e mais engajadas as pessoas se tornarão. Na prática, a forma como as empresas compartilham sua cultura para os novos entrantes é denominada de Aculturação, Programa de Integração ou Socialização Organizacional, momento em que os trabalhadores se apropriam do Propósito Organizacional (= a razão de ser da empresa), a Missão (= conhecer as maiores estratégias organizacionais), a Visão, (=o que se deseja no futuro, onde se quer chegar) e os Valores(= para direcionar e guiar as ações e escolhas organizacionais). Ademais, é nesse momento que se compartilha o Código de Conduta Ética, no qual se expressa o comportamento desejado dos membros, bem como vídeos que contam a história da organização, o que também auxilia a conhecer sua Cultura. Do contrário, culturas fracas são aquelas confusas porque não há investimento organizacional com sua perpetuação. Elas se tornam fracas porque não há um propósito e um norte claro do que se deseja e de onde se quer chegar. Ainda segundo nos sinaliza Idalberto Chiavenato, a Cultura organizacional também possui a peculiaridade de ser Adaptativa ou Não-Adaptativa. para que a organização possa sobreviver e se desenvolver, para que exista revitalização e inovação e adaptação às exigências do mundo dos negócios, ela deve mudar a sua cultura organizacional. As empresas que apresentam cultura adaptativa se caracterizam pela sua maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para a inovação e mudança para atender as exigências da sociedade. Do oposto, as organizações caracterizadas por culturas conservadoras, são rígidas, voltadas para a manutenção do status quo e do conservantismo. Apresentam forte grau de resistência à mudança e, por isso, têm dificuldade em se perpetuar no mundo dos negócios. Importante salientar que a cultura é determinada, principalmente, pelos dirigentes da organização, podendo ser o fundador ou dirigentes contratados. Na maioria das organizações há uma cultura dominante e, alguns autores como Stephen Robbins, salienta a existência de subcultura ou subculturas, que ocorrem na medida em que as organizações vão aumentando em tamanho e complexidade também vão criando departamentos que se diferenciam em termos de objetivos, localização, produtos, perfil de pessoas empregadas, etc. As subculturas ilustram a coexistência de diversas culturas dentro de uma mesma organização. Quando as subculturas se tornam muito fortes, elas podem vir a enfraquecer a organização caso haja conflitos com a cultura dominante e seus objetivos. Mas, geralmente, uma subcultura inclui os valores essenciais da cultura dominante, além de valores específicos da sua área (ocupacional) e da cultura local (regional, nacional). Forças contrárias por parte dos funcionários que se manifestam na forma de contraposição e resistência à cultura organizacional, é um movimento denominado de contracultura: a cultura peculiar de um grupo de que opõe a cultura mais ampla, contestando seus padrões. Nesses casos, geralmente a duração da relação entre trabalhadores e organizações não consegue se perpetuar, uma vez que os trabalhadores representantes da contracultura acabam boicotando a organizaçãoe prejudicando o alcance dos resultados almejados. Capítulo 5 Um conflito é uma situação de crise em que os interesses, necessidades, ideias, objetivos ou valores das partes envolvidas são antagônicos e, por isso, em dado momento se chocam. Os conflitos são comuns no local de trabalho, pois embora nas organizações do trabalho haja interesses comuns, cada trabalhador pode apresentar pensamentos, desejos e prioridades diferenciadas. Os conflitos possuem diversos graus de gravidade e podem ser classificados como latentes, percebidos, sentidos e manifestos, tal qual destacam Eunice Maria Nascimento e Kassem Mohamed El Sayed. O conflito latente é o conflito que não se admite existir. Ele não é declarado, inclusive não existe consciência clara de sua existência. No conflito percebido, ocorre em um estágio mais avançado porque partes reconhecem racionalmente sua existência, embora não haja manifestação aberta dos envolvidos. No conflito sentido, há emoções e sentimentos presentes como raiva, hostilidade, medo e descrédito entre uma pessoa e outra, mas ele não é manifestado externamente com clareza. Por fim, quando o conflito é manifesto, além de ter atingido as partes, também é percebido por terceiros, podendo interferir na eficiência e eficácia organizacional, o conflito é expresso através de comportamento. Há consenso entre os autores, a exemplo de Fela Moscovici e Stephen Robbins, de que os conflitos nas relações basicamente se originam das diferenças entre percepções. Percepção é um processo psicológico básico responsável pela forma como os indivíduos organizam e interpretam suas impressões do mundo. É um processo totalmente subjetivo, isto é, varia de pessoa a pessoa e pode ser diferente da realidade concreta e objetiva. Ocorre que a percepção humana é influenciada por diversos fatores. As características que afetam a percepção podem estar relacionadas ao indivíduo (personalidade, motivação, interesse, expectativas, vivências de vida felizes ou traumáticas) ou ao ambiente (ambiente do trabalho, social, família, escola). Imagine que você tinha uma grande amiga/o com quem conviveu durante toda sua infância e adolescência que se muda de cidade a trabalho aos 25 anos de idade e, por força das circunstâncias vocês mantém contato apenas virtual). Certo dia, você está no aeroporto esperando um parente chegar quando avista seu amigo/a saindo do portão de desembarque. Imediatamente você se dirige até ele/a com um largo sorriso e quando você chega bem perto percebe que a pessoa inclusive é bem diferente do que ela/e na realidade é. Nunca aconteceu com você de achar que estava vendo alguém de suas relações na rua? Muito provavelmente, a saudades e as vivências positivas que você teve com seu amigo/a, provocaram uma distorção de sua percepção. As diferenças de percepção explicam também porque alguns colegas de trabalho julgam o ambiente laboral como adequado, positivo, interessante e atrativo enquanto outros o percebem como precário, insatisfatório, monótono e desinteressante. Stephen Robbins acrescenta que a percepção humana utiliza atalhos para perceber fatos, pessoas e situações e isso pode explicar muitas vezes a forma como reconhecemos os estímulos recebidos. Dentre as influências que provocam distorções à percepção destacam-se: Percepção seletiva (provavelmente aquilo que em dado momento de nossa vida tem grande significado ou faz sentido, terá maior probabilidade de ser selecionado por nossa percepção). Efeito halo (ocorre quando formamos uma percepção de alguém com base em apenas uma característica. Esse efeito pode aparecer na forma de uma concepção positiva ou negativa de uma pessoa e nos leva a definir alguém como bem uma pessoa sempre mal humorada porque em algum momento fez comentários engraçados e leves sobre alguma questão ou o oposto, percebendo alguém como fechado, antipático porque em um primeiro contato a pessoa manteve uma postura mais reservada. Efeito de Contraste (ocorre quando avaliamos uma pessoa influenciados pela comparação com outras pessoas que encontramos ou convivemos recentemente). Imagine que a recepcionista de uma empresa foi desligada porque costumava usar grande parte do horário de trabalho para falar assuntos pessoais ao seu telefone celular. Na sequencia foi contratada outra recepcionista que nem possui celular. Em contraste a recepcionista anterior, ela é reconhecida como competente porque não utiliza o tempo do trabalho para resolver suas questões pessoais. O efeito contraste sempre ocorre em comparação com outros. Estereotipagem: (Quando se julga alguém com base na percepção do grupo na qual ela pertence. Por isso é uma forma de estereotipagem. Nas organizações ocorrem estereótipos de gênero, idade, raça, religião, etnia, entre outros. Comentário do tipo: trabalhadores de mais idade não sabem usar tecnologia é um tipo de estereótipo por idade. De fato, as distorções causadas pela percepção podem ser prejudiciais às relações humanas no trabalho e precipitar os conflitos. A divergência de percepções e ideias que originam de algum modo oposição ou incompatibilidades são a origem dos conflitos. No entanto, conforme a Psicóloga Organizacional Fela Moscovici salienta, os conflitos são inerentes à vida em sociedade. Já estudamos em outros momentos desta disciplina que as pessoas são únicas e sempre diversas umas das outras, o que por si só explica o porquê dos conflitos serem esperados durante a convivência humana, seja no âmbito que for: família, escola, trabalho. Stephen Robbins destaca que existem basicamente ao longo da história das organizações, duas concepções acerca dos conflitos: uma visão tradicional e outra interacionista. A primeira, está baseada na ideia de que a existência dos conflitos nas organizações é ruim e disfuncional e deve ser evitada. Aos conflitos se atribui uma conotação sempre negativa. Nesse sentido, cabe à gestão manter nas equipes de trabalho um nível mínimo de conflitos. Nessa concepção, a atitude da gestão passa muitas vezes por fazer de conta que o conflito não existe, mesmo que ele esteja presente, isso porque vale o pensamento que quanto mais o conflito aparece, mas atritos haverá no grupo de trabalho. Na visão interacionista prevalece a crença de que o conflito é uma força positiva para o grupo e, que até certo grau é inclusive necessário para que o grupo tenha uma boa performance. A presença de um conflito em si não é por si só algo destrutivo ou ruim. As diferenças individuais, expressas em discordância, podem culminar em novas perspectivas e mudanças positivas. Mas, sabe-se que o oposto é verdadeiro: os conflitos também podem ativar tensões, alto grau de insatisfação, quedas de performance nas equipes. Por isso, o que importa não é sua inevitável presença, mas a forma que ele será gerenciado. Como manejar os conflitos Segundo Fela Moscovici, a forma de lidar com conflitos dependerá de três variáveis: Natureza dos conflitos, Fatores subjacentes, o estágio de evolução dos conflitos e a motivação dos oponentes. Primeiramente vamos entender como cada uma dessas variáveis se apresentam e, posteriormente, como devem ser manejadas. Primeiramente é preciso identificar qual é a raiz do conflito, onde ele se localiza? Está na ordem da tarefa, do processo ou de relacionamento? A literatura mostra que os conflitos que se originam nas relações interpessoais são os de mais difícil resolução porque envolvem atritos, hostilidade e choques de personalidades, crenças e valores que reduzem a colaboração entre as pessoas e, quando persistem acabam catalisando os conflitos de tarefa e processo. Daí a importância de geri-los de alguma maneira. Um segundo desafio é o de compreender o que está por trás do conflito. Nem sempre, esses são aspectos claros e podem envolver motivações inconscientes. Algum mal estar do passado que não foi elaborado pelo trabalhador se potencializa diante de novos estressores e aumenta a dimensão do conflito, por uma razão, aparentemente sem sentido para os demais. Um terceiro elemento inclui a análise da intensidade e a proporçãodo conflito. De fato, a resolução mais assertiva inclui uma ação rápida, antes que ele evolua a tal ponto que afeta inclusive a quarta variável: motivação. Quanto mais intenso e prolongado o conflito for, a disposição das partes para um acordo harmônico, um diálogo de escuta empática, se reduz substancialmente. O diagnóstico dessas variáveis é fundamental para se desenvolver estratégias adequadas à sua resolução. Quando se fala na resolução de conflitos há um mito nas organizações, de que a gestão dos conflitos cabe ao líder ou responsável pela equipe. Na realidade, qualquer pessoa pode e deve servir como um mediador na resolução de conflitos, desde que seja alguém neutro e de confiança de todas as pessoas envolvidas. Existem 4 abordagens que podem ser utilizadas no manejo de conflitos: 1. Evitar o conflito= Essa abordagem provavelmente ocorre com maior frequência em grupos de trabalho homogêneos, em que as pessoas possuem afinidade de ideias, pontos de vista. Além disso, também pode ser obtido destinando tarefas que geram poucas divergências aos mais polêmicos. Nesta forma de lidar com o conflito, o que se procura é evitar tensões, pois nesta visão, as tensões são consideradas prejudiciais ao trabalho, à produtividade e às relações interpessoais no trabalho. 2. Reprimir o conflito= Esta perspectiva aplica a negação do conflito. Sabe-se que ele existe, mas se vive em um constante “faz de conta que está tudo bem”. Deixar o conflito encoberto é a estratégia utilizada para que não haja envolvimento com demandas que prejudiquem a produtividade e, muitas vezes as organizações utilizam essa ação, inclusive recompensando a concordância, a cooperação, a aceitação de normas vigentes ou punindo as com perdas materiais ou psicológicas aqueles que ousam romper a harmonia com a expressão de ideias não-conformistas. É possível obter resultados a curto implicará em altos custos a médio e longo prazos, uma vez que sentimentos não externados se acumulam podendo ser canalizados para outros objetos que não o alvo, como forma de compensação. A frustração e hostilidade pode acabar sendo alocado em outros colegas, nos gestores, na tarefa, na produtividade e na qualidade, de modo que trará de qualquer maneira déficits à performance organizacional. O conflito latente, reprimido e, portanto não resolvido, cresce em energia psíquica, ocasionando um acúmulo de pressão até que eclode e emerge de forma direta ou indireta em situações inoportunas, sem controlem trazendo vários riscos à saúde dos trabalhadores, mas estar no grupo e nas organizações. 3. Aguçar as divergências em conflito= Nessa abordagem se reconhecem e se aceitam divergências, inclusive se criam situações para que as diferenças apareçam e conflito seja expresso. Ela se torna uma estratégia adequada quando o conflito permite resolução e aprendizagem. No entanto, estimular e incrementar as diferenças para que o conflito surja pode ocasionar consequências e custos psicológicos elevados. No caso de ter sido possível a resolução do conflito é preciso pensar em formas de fortalecer o relacionamento entre os oponentes, de modo a minimizar a hostilidade e mal estar que podem perdurar na equipe. 4. Transformar as diferenças em resolução de problemas. Ocorre quando as diferenças são percebidas como enriquecedoras e produtivas. O conflito é resolvido de forma criativa e cooperativa. Essa abordagem de resolução de problemas ajuda a lidar com sentimentos que acompanham discordâncias como frustrações, ressentimentos e hostilidades. O do conflito tem a função de auxiliar as pessoas na expressão adequada dos sentimentos para que estes não sejam explicitados em situações inoportunas. Auxilia também a direcionar sentimentos para ações produtivas em torno de uma resolução sadia. A abordagem de resolução dos problemas leva os indivíduos envolvidos a aceitarem pontos de discordâncias como sendo algo vantajoso para novas ideias e perspectivas. Esta é uma estratégia que demanda habilidade e dedicação de tempo, não sendo de fácil aplicação, porém a mais adequada de todas. Técnicas de Resolução de ConflitosI. Introdução Estamos nos aproximando do final do aprendizado desta disciplina e, por isso, precisamos falar sobre as técnicas mais adequadas para administrar conflitos nas organizações do trabalho. Por que isso é importante? Porque os conflitos são uma importante causa de problemas de relacionamentos no trabalho. Conflitos leves, se administrados a tempo, não geram desgastes graves nas relações nem prejudicam a performance organizacional. No entanto, conflitos não administrados podem trazer consequências nefastas aos resultados organizacionais e ao bem estar dos trabalhadores. Os conflitos quando intensos, recorrentes e não gerenciados ocasionam prejuízos operacionais como quedas de produtividade, qualidade, desmotivação, alta rotatividade, incrementos ao absenteísmo e decréscimos ao bem estar das equipes. Complicado não é mesmo? Vamos pensar juntos de que forma os conflitos podem trazer desfechos favoráveis para as empresas? Então, te convido à leitura do capítulo que segue. Capítulo 6 Não se pode separar o termo negociação de gestão de conflitos porque a mediação é um dos vários métodos e alternativas mais empregada na resolução de conflitos. O princípio básico da negociação é a de atuar na perspectiva de buscar uma solução plausível para as partes envolvidas sempre que de alguma forma ocorre uma situação de conflitos na inter-relação entre as partes. A mediação não é uma técnica aplicada apenas no âmbito das organizações, mas vale-se dela, por exemplo, na esfera judicial na vara da família, infância e juventude, no trabalho, dentre outros. Ela permeia todas as relações da esfera humana e todas as interações que ocorrem em grupos e em organizações. Obviamente a mediação requer a presença de um mediador. Este, é um terceiro, independente e imparcial, que auxilia as partes no encontro de uma solução plausível que atenda ao máximo os interesses e necessidades dos dois lados. O mediador é quem assume a missão de recuperar o diálogo entre as partes que por alguma razão está afetado. No entanto, a solução do conflito será definida e aceita pelas partes. Não é simplesmente um acordo, pressupõe diálogo, interação e cooperação com a demanda de cada uma das partes. Por isso, o papel do mediador é consideravelmente diferente do árbitro ou conciliador. Enquanto o primeiro é um especialista no assunto que gerou a controvérsia e, por isso, uma terceira parte com autoridade para arbitrar, definir um acordo para as partes. Já o conciliador é um terceiro que estabelece uma comunicação informal entre as partes e sugere soluções para a situação de conflito, explicitando sua opinião sobre o conflito. Segundo destacou Emílio Péricles Araujo Brito, em seu artigo sobre Técnicas de negociação, o poder no ato de negociar é diretamente proporcional à habilidade de influenciar pessoas ou situações e, no caso de haver algum tipo de autoridade, usá-la com prudência para não prejudicar o êxito no resultado. O poder pode ser definido com 10 tipos distintos, que podem influenciar a negociação. Por vezes, o negociador pode possuir mais de um tipo de poder durante a resolução do conflito. 1. Posição – Hierarquia dentro de uma empresa, por exemplo, gerente e empregado 2. Legitimidade – Posições de autoridade. O papa, por exemplo, para a igreja Católica 3. Conhecimento ou especialização – Não o fato de possuí-lo, mas o modo, como a pessoa usa e aplica-o. Você pode ser brilhante, e mesmo assim não ter poder. 4. Caráter – quanto mais íntegra e leal a pessoa for, maior poder ela terá em negociações. 5. Recompensa - pessoas que tem autonomia para conferir recompensas ou algo que seja visto pela contraparte como recompensa. 6. Punição – Aqueles que podem criar um resultado negativo para sua contraparte têm o poder de punir. Os gerentes, por exemplo, podem demitir o empregado. 7. Sexo – O tratamento com o sexo oposto pode conferir poder. O ponto decisivo da negociação acontecia quando a mulher tocava casualmentea mão ou o braço do homem. 8. Estilo comportamental – Você pode ter um ou vários. a. Analítico – orientado para o processo, metódico. b. Dirigido - orientado para a tarefa, para a meta, com enfoque no resultado final. c. Protetor – orientado para o relacionamento, para os sentimentos. 9. Nenhum poder – Em alguns casos, você pode conseguir o poder se abrir mão dele. Ex. Sequestrador. 10. Problemas comportamentais – Isso pode soar estranho, mas um comportamento irracional pode conferir grande poder a uma pessoa. Ex.: Pessoas explosivas Howard Raiffa, autor do livro A arte e a ciência da negociação, foi um dos primeiros a sistematizar conhecimento sobre negociação e destacou que nas organizações basicamente são utilizados dois tipos: Negociação Distributiva, na qual cada parte está interessada em apenas alcançar seus objetivos e procuram maximizar seus ganhos uma em relação à outra. Ela é também denominada de ganha-perde ou perde ganha pois fundamenta-se no pensamento que é preciso que uma parte abra mão de seus ganhos para que o outro possa se beneficiar. Infelizmente, é o tipo mais comum de negociação porque na prática nem sempre é possível contar com situações em que haverá ganho para as partes envolvidas. Há situações, casos mais extremos em que apenas um dos lados poderá obter o que deseja. Vejamos um exemplo que ocorre frequentemente nas organizações e envolve conflitos entre áreas. O departamento de compras está pronto para adquirir insumos ou produtos relevantes para a empresa. No entanto, o departamento financeiro sinaliza cortes de custos e em decorrência disso, os valores que podem ser liberados para o setor de compras não atendem sequer 20% da necessidade. Eis o conflito instalado e derivado pela necessidade de verbas a serem alocadas em compras que o setor financeiro não pode disponibilizar. Nesse contexto, comumente alguém terá que abrir mão de algo (= perder) para a que a outra parte possa ganhar; deixar de ganhar também significa perder e, portanto, uma das partes sempre será vencida e outra, vencedora. Todas as negociações envolvem distribuição de resultados e o foco reside na quantidade. Negociação Integrativa – Neste caso, negociação não se fundamenta na concorrência, mas sim na conexão de empenhos e recursos para que ambas as partes possam ganhar simultaneamente. Também conhecida como negociação ganha-ganha tem foco na qualidade da negociação e na amplitude de soluções que possam beneficiar ambas as partes. Na medida em que aproximam as partes envolvidas a um sentimento de vitória mútua, a disposição para a negociação é de antemão melhor estratégia que a distributiva. Ela auxilia na construção de relações de longo prazo e duradouras. Imagine que você tem o sonho de adquirir sua casa própria e está fazendo faz muitos anos uma poupança com esse objetivo. Começa a procurar anúncios que estejam dentro de suas possibilidades e encontra um que atende exatamente suas expectativas, porém em um valor de 10% acima do que você pode investir. Você propõe ao proprietário um pagamento à vista, com esse desconto. Por sua vez, o proprietário avalia sua proposta como vantajosa para ele, pois acabou de anunciar o imóvel e a venda rápida lhe permitirá aplicar o valor recebido no mercado financeiro e recuperar em um curto espaço de tempo, os 10% que ele lhe concedeu. Esse é um exemplo de negociação integrativa, pois ambas as partes envolvidas ficaram satisfeitas com o desfecho da negociação. Estratégias de resolução de conflitos Antes de apresentar as estratégias que a literatura nos indica como sendo estratégias adequadas para a resolução de conflitos, é importante retornar alguns pontos do tema anteriormente trabalhado. Primeiramente é importante entender que os conflitos se apresentam em variadas intensidades podendo incluir desacordos leves, ofensas verbais, ameaças, agressão física ou até combates diretos. Quanto mais sutis e menos tensas, mais funcionais serão e quanto mais destrutivos forem, mais comprometem os resultados organizacionais. Daí a importância de ser hábil na ação da mediação de conflito, podendo evitar que ele alcance os patamares mais altos. Já sabemos que a mediação pode ser realizada por qualquer pessoa do contexto organizacional. Mas, quais habilidades e cuidados essa pessoa precisa possuir? Fela Moscovici e Stephen Robbins, destacam: Capacidade analítica: Para compreender com profundidade os fatores que originaram o conflito, suas motivações. Entender as razões que desencadearam o conflito, auxiliará a definir de forma mais assertiva a estratégia de resolução a ser utilizada. Compreender a interpretação: Já sabemos que não são puramente os dos fatos que geram conflitos e sim como os fatos foram interpretados. Por isso, é preciso estar atento às possíveis distorções que foram feitas dos fatos reais e o quanto isso pode estar estimulando o conflito. Nível de atenção e escuta: A escuta deve ser ativa, como já comentado em outro tema, uma escuta centrada apenas na situação e com ausência de distrações que tirem o foco da atenção. Ademais, a atenção deve ser proporcional a ambas as partes. Ouvir a todos os envolvidos na mesma proporção é fundamental para que ninguém se sinta preterido, uma vez que sentir-se excluído pode dificultar o acordo entre as partes. Gerenciando sentimentos: É comum que em situações de conflito surjam sentimentos reprimidos. Ao ouvir os envolvidos, tão importante quanto ouvir é acolher os sentimentos sem emitir julgamentos ou opiniões. Neutralidade: É muito comum, ao lidarmos com a expressão das emoções humanas, nos sentirmos abalados ou afetados pelo que possa estar sendo expresso. No entanto, demonstrar maior sensibilidade para uma das partes, pode colocar em risco a negociação. Deve-se ter um cuidado redobrado para não deixar que os sentimentos interfiram na decisão final sobre o fato ocorrido, daí a importância do negociador sem um agente externo ao conflito, pois nesse caso é alguém que não está emocionalmente envolvido, podendo ter maior neutralidade diante da situação conflituosa. Para compreender as formas de administrar os conflitos tomaremos emprestado o método criado por Kenneth Thomas e Ralph Kilmann, os quais propõem 5 formas de gerenciar conflitos. Existem várias maneiras de abordar e administrar conflitos. Uma das mais eficazes e aceitas na literatura e denominada de “Estilos de Administração de Conflitos”. Fonte:ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. São. Paulo: Prentice Hall, 2002. pg. 442 A análise da figura nos permite entender que diante de situações de conflitos as pessoas apresentam dois tipos de comportamentos em diferentes graus e intensidades. Os autores denominaram de assertividade a primeira dimensão que objetiva revelar a extensão com que cada uma das partes envolvidas procura satisfazer suas necessidades ao longo da negociação. A segunda dimensão, é a cooperação, que concentra a medida em que as partes procuram satisfazer as necessidades da outra parte. Em outras palavras, existem dois tipos de preocupação que influenciam diretamente a estratégia de conflito que será utilizada, dentre: competição, colaboração, evitamento, acomodação e compromisso. A preocupação consigo mesmo e a preocupação com o outro. No modelo bidimensional, observa-se que no eixo vertical se encontra a motivação assertividade, variando de não assertiva à assertiva ou de nenhum foco em sua necessidade até o enfoque total no seu desejo. Já no eixo horizontal, tem-se a atitude cooperação também variando de uma postura nada cooperativa em relação ao outro, até uma alta disponibilidade em colaborar. Não existe estilo certo ou errado em relação a qualquer um desses métodos. Cada qual pode ser apropriado e muito efetivo, dependendo das circunstâncias, do assunto a ser resolvido e das personalidades envolvidas. E, a opção por uma ou outra estratégia também depende das condições intelectuais e psicológicas das partes. É necessário entender essa lógica para aplicá-la à compreensão de cada uma das estratégias de resolução de conflitos, conforme seguem:1 Competição É uma atitude assertiva e não cooperativa, ou seja, ao se estabelecer o conflito, a pessoa envolvida procura atingir os seus próprios interesses em detrimento dos interesses da outra pessoa. É um estilo agressivo, no qual prevalece a lógica ganha-perde, perde-ganha. Mesmo sendo um estilo coercitivo, há ocasiões em que o uso da competição é justificável e pode ter resultados positivos. Na vida cotidiana, muitas vezes resolvemos situações por meio da competição. Um exemplo muito simples é o jogo de damas: um jogador precisa perder para outro ganhar, pois não existe a possibilidade de dois vencedores. No entanto, nas organizações do trabalho se aplica quando as partes envolvidas estão em busca da satisfação de seus próprios interesses, independentes do impacto sobre a outra parte. 2 Acomodação Revela um alto nível de preocupação com a outra parte e nenhum foco nos seus próprios interesses. Ocorre quando a estratégia utilizada na resolução do conflito implica em que uma das partes sacrifique totalmente seus interesses em detrimento dos interesses do outro. Isso geralmente ocorre quando se prioriza fortalecer o relacionamento, não se quer semear animosidades por admiração ou medo do outro. É muito comum ocorrer nas organizações do trabalho quando alguém apoia totalmente o outro ou renuncia totalmente aos seus interesses, mesmo que nem concorde com seus interesses. É, portanto, uma atitude inassertiva, cooperativa e autossacraficante, o oposto de competir e também baseada na lógica ganha-perde ou perde-ganha. Mas pode ser positiva como forma de resolução de conflitos, quando por exemplo, a questão que motiva o conflito é muito mais importante para o outro e você tem pouco a perder, e é útil para manter um relacionamento colaborativo. 3. Evitamento É uma estratégia em que uma das partes procura fugir de um conflito ou tentar suprimi-lo. É uma atitude inassertiva e não cooperativa. Ao afastar-se a pessoa não se empenha em satisfazer os seus interesses, nem tampouco coopera com a outra pessoa, ele ignora e evita o conflito. O indivíduo coloca-se diplomaticamente à margem do conflito, às vezes adiando o assunto para um momento mais adequado, ou então simplesmente recuando diante de uma situação de ameaça (física, emocional ou intelectual). Muitas vezes se elege esse tipo de condução quando o custo de um confronto é maior do que o benefício que o resultado de lidar com o conflito possa trazer. Mas, também pode ser uma alternativa positiva quando se precisa resguardar sua neutralidade ou reputação ou, por exemplo, quando há uma real possibilidade do conflito pode se diluir com o tempo. 4 Acordo ou Compromisso É uma posição intermediária entre assertividade e cooperação e uma estratégia de resolução de conflitos em que não há perdedor ou apenas um ganhador. As partes envolvidas procuram soluções mutuamente aceitáveis, que satisfaçam parcialmente os dois lados. Não significa ganhar tudo, pelo contrário, alguém abre mão de alguma coisa, desde que em contrapartida receba algo em troca que seja de seu interesse. O acordo significa trocar concessões, isto é, as partes estão dispostas a abrir mão de alguma coisa para solucionar o conflito. A característica mais importante desse estilo é que a satisfação dos interesses será parcial porque a solução do conflito sempre implica em ceder em algo. É um estilo bastante recomendável para as organizações do trabalho especialmente em situações que todos têm a perder se não chegarem a um entendimento ou quando mesmo que os prejuízos sejam inevitáveis, as perdas puderem ser reduzidas para os dois lados, por exemplo. 5 Colaboração É a expressão mais fiel de um processo ganha-ganha no qual ambas as partes estão comprometidas com a satisfação das necessidades da outra e possuem alto disponibilidade para colaborar na busca da solução do conflito. Por isso, é uma atitude tão assertiva quanto cooperativa. Ao colaborar, as partes procuram trabalhar com a outra sem perder de vista que o foco da negociação é encontrar uma solução que satisfaça plenamente os interesses das duas partes. Significa aprofundar o assunto para identificar as necessidades e interesses dos dois lados e encontrar uma solução satisfatória para todos os envolvidos. Ao colaborar, o indivíduo procura aprender com os desacordos, olhando o ponto de vista do outro, bem como resolver situações que de outra forma poderia descambar para competição por recursos, ou ainda tentar encontrar soluções criativas para problemas de relacionamento interpessoal. É indicada em situações em que se precisa encontrar uma solução integrada e as necessidades e interesses de ambas as partes são por demais importantes para serem ignoradas, quando existe um ambiente de mútua confiança, quando o relacionamento das partes precisa se perpetuar ou quando ambas as partes ganham mais juntas do que isoladamente. Dificilmente as pessoas aplicam um estilo puro, mas dependendo da situação e circunstâncias, aplicam as mais variadas estratégias de resolução de conflitos.
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