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Gestão e controle de qualidade

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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Clarice Virgilio Gomes / Bianca Yureidini Santos
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professor: Ana Daniela Coutinho Vieira
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade analisará a estruturação de um laboratório clí-
nico com base nos requisitos legais e nas recomendações técnicas 
referentes à qualidade analítica e à gestão de processos, visando uma 
abordagem clara e próxima à realidade das análises clínicas e toxico-
lógicas. Serão abordados temas como biossegurança, processos e 
etapas analíticas, tipos de amostras biológicas, métodos de análise, 
sistemas de controle interno e externo da qualidade e certificação la-
boratorial. A unidade é estruturada de forma que permita o desenvol-
vimento técnico do analista clínico ao mesmo tempo em que comple-
menta seu repertório com temas administrativos e focados na gestão, 
ampliando a sua atuação e desenvolvendo conceitos cada vez mais 
importantes na prática laboratorial moderna.
Controle de Qualidade. Gestão Laboratorial. Qualidade Analítica.
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 CAPÍTULO 01
BIOSSEGURANÇA E PRÁTICAS LABORATORIAIS
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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O Laboratório Clínico e o Ofício Diagnóstico _____________________
Obtenção de Amostras Biológicas ______________________________
Montagem e Estruturação de Laboratórios Clínicos ______________
 CAPÍTULO 02
AMOSTRAS BIOLÓGICAS
Principais Tipos de Amostras Biológicas _________________________ 31
26Recapitulando ________________________________________________
Recapitulando _________________________________________________ 47
15
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológi-
cas ____________________________________________________________
35Coleta de Amostras Sanguíneas ________________________________
18Métodos Analíticos ______________________________________________
23Validação de Métodos Analíticos ________________________________
38Coleta de Amostras de Urina __________________________________
40Interferentes Analíticos em Amostras Biológicas ________________
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Controle de Qualidade Interno ___________________________________ 54
Controle de Qualidade Externo __________________________________ 61
Indicadores da Qualidade _______________________________________ 61
Recapitulando __________________________________________________ 63
Fechando a Unidade ____________________________________________ 68
Referências _____________________________________________________ 71
 CAPÍTULO 03
CONTROLE DE QUALIDADE E CERTIFICAÇÕES LABORATORIAIS
Garantia da Qualidade ________________________________________ 52
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Há poucas décadas, os laboratórios clínicos consistiam em 
empresas pequenas, com estrutura e equipamentos básicos, em sua 
maioria para atender a uma restrita população regional. Porém, com o 
desenvolvimento da ciência e da medicina, e com a criação de novas 
formas de acesso aos exames através de convênios e planosde saúde, 
o mercado de análises clínicas entrou em crescimento exponencial e, 
com isso, trouxe mudanças significativas ao cenário.
Primeiramente, em um âmbito mais administrativo, houve adap-
tações em relação às margens de lucro e formas de pagamento e acesso 
aos exames. O que anteriormente acontecia, basicamente, através de 
pagamentos diretos dos clientes, agora envolve toda uma cadeia econô-
mica, especialmente na utilização de planos de saúde terceirizados. 
Esse novo formato de mercado trouxe maior competitividade e 
a necessidade de adaptação. Além disso, a criação de grandes corpora-
ções de redes de laboratório baseadas na aquisição de laboratórios de 
menor porte provocou uma expansão geográfica no atendimento.
De forma mais técnica, as adaptações ocorreram a partir de 
diretrizes e normas, frequentemente revisadas, que buscam a melhoria 
contínua das metodologias e práticas aplicadas aos laboratórios clíni-
cos. Com isso, padronizações e exigências relacionadas a estruturação, 
execução de processos e monitoramento da qualidade foram criadas e 
fazem parte da realidade diária dos laboratórios.
Por isso, cada vez mais, há a necessidade de uma formação e 
atualização contínua dos profissionais atuantes nesse segmento. A com-
provação de qualidade laboratorial há muito deixou de ser um diferencial 
opcional e passou a ser um pré-requisito na execução das análises labo-
ratoriais, tornando indispensável a educação voltada para este segmento.
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O LABORATÓRIO CLÍNICO E O OFÍCIO DIAGNÓSTICO
O laboratório clínico é responsável pelo processamento de 
amostras clínicas de forma segura e competente, a fim de gerar informa-
ções relevantes que afetam diretamente a tomada de decisões quanto ao 
diagnóstico e tratamento de pacientes, atuando no suporte às resoluções 
clínicas e na saúde como um todo. Neste sentido, uma série de proces-
sos, metodologias e profissionais dedicam-se a executar os exames labo-
ratoriais com qualidade, gerando resultados fidedignos e úteis.
Neste cenário, é cada vez mais necessário que os profissionais 
envolvidos com as análises laboratoriais possam associar suas competên-
cias técnicas com a capacidade de gestão administrativa e da qualidade. 
Um bom exemplo da evolução deste segmento, são os programas de cer-
BIOSSEGURANÇA E PRÁTICAS
LABORATORIAIS
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tificação e acreditação laboratoriais, que eram inicialmente vistos como di-
ferencial atingível por poucos laboratórios e hoje em dia são uma exigência 
do mercado para os laboratórios que pretendem se manter competitivos.
Para que um laboratório consiga atingir tais objetivos, de qua-
lidade e competitividade, é essencial que haja consciência de todos os 
processos envolvidos no fluxo de trabalho, desde produtos, fornecedo-
res, equipamentos, metodologias utilizadas à gestão de funcionários, 
clientes e legislações envolvidas neste segmento. Para facilitar o geren-
ciamento de tais processos, diversas ferramentas podem ser utilizadas, 
como os já bastante conhecidos ciclo PDCA, matriz SWOT e Seis Sig-
ma, que são abordados de forma resumida no Quadro 1.
Quadro 1 – Ferramentas de gestão administrativa e da qualidade
Fonte: Thompson AA, 2011; McPherson A, 2012
Para um melhor gerenciamento desses processos, as rotinas la-
boratoriais são frequentemente divididas em três fases: pré-analítica, analí-
tica e pós analítica. A fase pré-analítica envolve toda a preparação para que 
um exame seja realizado. Começa desde a requisição médica, envolvendo 
a orientação do paciente e a correta solicitação de exames por parte do clí-
nico, passando pela recepção do paciente no laboratório, onde os exames 
a serem realizados deverão ser identificados corretamente e o paciente 
será orientado quanto às condições de preparo necessárias para a realiza-
ção do exame, também envolvendo o recebimento e a coleta de amostras 
biológicas. Ainda nesta etapa ocorrem o acondicionamento e o transporte 
das amostras coletadas. Pode-se dizer que a fase pré-analítica envolve to-
dos os processos que ocorrem antes de o analista iniciar o processamento 
da amostra, e que a maioria dos erros ocorre nesta fase, pois é quando a 
amostra está sujeita a uma maior quantidade de variáveis.
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Já a fase analítica envolve a execução do exame propriamente 
dito. É nesta etapa que são aplicadas técnicas manuais e automatizadas 
para que o material recebido pelo laboratório possa fornecer as informa-
ções acerca dos analitos-alvo. Nessa fase, os analistas clínicos utilizam 
toda a sua bagagem teórica e científica para executarem metodologias 
nos mais diversos setores laboratoriais, tais como: microbiologia, bioquí-
mica, hematologia, imunologia, urinálise, biologia molecular, entre outros.
Por sua vez, na fase pós-analítica são realizadas as avaliações 
e liberações das informações geradas na fase anterior. Estes dados 
são transformados em um resultado (qualitativo ou quantitativo) que é 
liberado através do laudo, um documento que formaliza a execução do 
trabalho e repassa os resultados para o paciente e para o médico. Além 
disso, a fase pós-analítica envolve a assessoria científica, que consiste 
no esclarecimento de possíveis dúvidas de pacientes e médicos sobre 
os resultados e/ou metodologia.
Entretanto, apesar de operar através de processos bem defi-
nidos e sequenciais, a execução de exames laboratoriais está ineren-
temente sujeita a ocorrência de erros. Por isso, é de suma importância 
que sejam inseridos sistemas de gestão da qualidade visando a detec-
ção, o rastreio, a correção e a prevenção de tais erros, bem como a 
execução de boas práticas laboratoriais.
Sabe-se que a fase pré-analítica engloba a maior parte dos 
erros laboratoriais e, por isso, uma atenção redobrada deve ser des-
pendida aos processos desta etapa, visto que a qualidade da amostra 
recebida para a análise no setor técnico é absolutamente dependente 
da eficiência desta fase.
Caso não sejam respeitadas recomendações, por exemplo, de 
jejum, temperatura de armazenamento e transporte e recipientes de co-
leta, os componentes da amostra podem ser deteriorados ou adultera-
dos, comprometendo as propriedades do analito e, consequentemente, 
o laudo laboratorial.
MONTAGEM E ESTRUTURAÇÃO DE LABORATÓRIOS CLÍNICOS
Com a variedade de particularidades que envolvem o serviço 
de análises clínicas e toxicológicas é imprescindível que os laboratórios 
sigam padronizações e recomendações técnicas a fim de estabelecer 
critérios de qualidade nos serviços. Neste sentido, algumas recomenda-
ções são voluntárias, como as acreditações, e outras são mandatórias, 
como veremos a seguir.
As principais bases legais para a montagem e para o funciona-
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mento dos laboratórios clínicos no Brasil são as RDCs 302/2005 e 50/2002, 
ambas amparadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
A RDC 302/2005 determina o “Regulamento Técnico para Fun-
cionamento de Laboratórios Clínicos”, sejam estes privados ou públi-
cos, e engloba orientações sobre responsabilidade técnica, obrigações 
legais, estrutura organizacional, infraestrutura, processos operacionais, 
registros, controle e gestão da qualidade e biossegurança.Esta é a prin-
cipal base legal para a fiscalização dos laboratórios no Brasil e, por 
isso, deve sempre ser consultada antes de se iniciar a implantação ou 
a adequação de um estabelecimento, bem como, é utilizada como fun-
damento para a estruturação de programas da qualidade, juntamente 
com outras diretrizes. De acordo com as necessidades e prerrogativas 
locais, as Secretarias de Saúde dos Municípios, Estados e Distrito Fe-
deral também podem criar normas complementares à RDC 302/2005.
Já a RDC 50/2002 dispõe sobre questões relacionadas ao pro-
jeto físico dos laboratórios, com recomendações arquitetônicas e estru-
turais, que vão desde as dimensões mínimas para o laboratório e para 
os seus setores aos materiais permitidos na construção e revestimento 
e aos requisitos de ventilação e iluminação, entre outras determinações.
Todo laboratório clínico atuante no país deve estar alinhado 
com as recomendações destas RDCs e, em caso de inadequações, 
pode sofrer as devidas penalizações.
As RDCs regulamentam a montagem e o funcionamento 
dos laboratórios clínicos, por isso é de grande importância que todo 
profissional atuante nesse segmento tenha conhecimento sobre as 
suas particularidades e exigências, e embase suas tomadas de deci-
sões em tais critérios. Para leitura destes documentos, acesse:
RDC 302/2005: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopa-
ciente/index.php/legislacao/item/rdc-302-de-13-de-outubro-de-2005 
RDC 50/2002: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopa-
ciente/index.php/legislacao/item/rdc-50-de-21-de-fevereiro-de-2002 
BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E 
TOXICOLÓGICAS
Além da adequação às normas regulamentadoras, o labora-
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tório deve prover um ambiente seguro para que seus colaboradores 
possam exercer suas atividades com o menor risco possível de conta-
minação e acidentes com materiais biológicos, químicos e até mesmo 
físicos. Por isso, medidas de segurança e prevenção são um tema fun-
damental na gestão laboratorial.
A exposição aos riscos é inerente à medicina diagnóstica e 
deve ser tratada de forma a minimizar seus danos, com foco na segu-
rança dos profissionais e da comunidade. Para isso, práticas seguras 
devem fazer parte da cultura da empresa e da rotina de trabalho.
Uma das primeiras etapas na gestão de riscos ocupacionais 
é a definição dos níveis de segurança dos setores laboratoriais. Atual-
mente, os laboratórios clínicos englobam quatro níveis de biosseguran-
ça, de acordo com os microrganismos envolvidos nas atividades:
• Nível 1: são laboratórios ou setores que manipulam agentes 
biológicos de classe de risco 1, ou seja, com baixo risco individual e 
coletivo e que não requerem processos diferenciais, além das boas prá-
ticas laboratoriais. São, por exemplo, os laboratórios de ensino.
• Nível 2: são os laboratórios que manipulam agentes biológicos 
de classe de risco 2, ou seja, aqueles que apresentam moderado risco 
individual e limitado risco para a comunidade. Nesta categoria encaixam-
-se, por exemplo, a maioria dos laboratórios com setor de microbiologia, 
onde são realizados testes para diagnóstico de doenças infecciosas. São 
necessárias, além das boas práticas laboratoriais, medidas de contenção 
primária, como a utilização de cabine de segurança biológica. Além disso, 
o desenho estrutural do laboratório deve favorecer o isolamento do setor.
• Nível 3: são laboratórios que manipulam, além de agentes 
biológicos de classe de risco 2, os microrganismos de classe 3, que 
apresentam risco infeccioso elevado e, por isso, as medidas de prote-
ção devem ser ainda mais rígidas e o acesso deve ser mais controlado. 
Um exemplo clássico deste tipo de laboratório é aquele onde é feita a 
manipulação de micobactérias. Nestes casos, sugere-se que a cabine 
de segurança biológica possua um sistema de ventilação que reduza a 
possibilidade de contaminação.
• Nível 4: neste tipo de laboratório são manipulados agentes 
biológicos com alto poder de transmissão ou para os quais ainda não 
profilaxia e terapia eficaz (classe de risco 4). Por isso, são necessá-
rias medidas especiais de segurança, além de barreiras de contenção, 
visando o isolamento das demais áreas. Laboratórios deste nível são 
adequados, por exemplo, para a manipulação de vírus Ebola.
Além da categorização e adequação dos laboratórios quanto 
ao risco biológico, as boas práticas laboratoriais envolvem uma série de 
condutas visando à proteção do profissional. A mais básica e essencial 
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destas condutas é o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), 
como jalecos, luvas, máscara e touca; e coletiva (EPC), como o chuvei-
ro de emergência e a cabine de segurança biológica.
As cabines de segurança biológica são especialmente impor-
tantes neste contexto, pois são estruturas cuja principal função é pro-
teger o manipulador, o ambiente e as amostras manipuladas, em dife-
rentes níveis. Também possuem uma classificação de acordo com o 
tipo de material e agente biológico manipulado no seu interior, como é 
demonstrado no Quadro 2.
Quadro 2 – Classificação das cabines de segurança biológica
 
Fonte: Autora, 2020.
Mesmo com o arsenal de EPIs e EPCs disponíveis em um la-
boratório, é importante salientar que tais medidas só serão efetivas se 
estiverem alinhadas com um comportamento adequado dos funcioná-
rios, praticando a biossegurança no dia a dia do ofício.
Por isso, cada laboratório deve desenvolver documentos e prá-
ticas que visem a educação contínua dos seus funcionários. O manual 
de biossegurança é um documento-chave e que deve ser apresentado 
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a todos os colaboradores, além de ficar disponível para consulta sem-
pre que necessário. Neste manual devem estar esclarecidas as atitudes 
esperadas em relação à manipulação de materiais biológicos e ao cui-
dado com possíveis agente nocivos.
Outro documento importante neste sentido é o mapa de riscos 
que, como o nome propõe, faz um mapeamento dos possíveis riscos 
dentro do laboratório clínico, sejam estes físicos, químicos, biológicos, 
ergonômicos ou de acidente. Os riscos biológicos incluem, principal-
mente, os microrganismos como bactérias, fungos, vírus e parasitas. 
É importante salientar que todo material biológico manipulado deve ser 
considerado potencialmente infeccioso, pois não é possível afirmar que 
está livre destes agentes, e, portanto, deve ser manipulado com extre-
ma cautela e com uso de EPIs e EPCs adequados, principalmente em 
amostras e processos com potencial risco de formação de aerossóis.
Os riscos químicos, por sua vez, englobam substâncias que 
possam, de alguma forma, ser absorvidas pelo organismo humano, seja 
por inalação ou outro tipo de contato. Já os riscos físicos envolvem o am-
biente onde a função é desempenhada, com suas características de ilu-
minação, pressão, temperatura, ruídos, umidade e possíveis radiações.
Além disso, qualquer atividade que possa gerar alterações psi-
cofisiológicas no profissional, afetando a sua saúde e bem-estar, podem 
ser consideradas como risco ergonômico. E, por fim, os possíveis aci-
dentes durante a jornada de trabalho, que coloquem a integridade do 
profissional em risco, também são considerados riscos.
Os acidentes mais comumente encontrados na execução 
de tarefas laboratoriais são os com materiais perfurocortantes, 
como agulhas, lancetas, lâminas, entre outros. Por isso, é de grande 
importância que estes materiais sejam corretamente manipulados e 
descartados, em recipientes rígidos e específicos paraeste fim.
MÉTODOS ANALÍTICOS
Atualmente, devido à modernização e à necessidade de realiza-
ção de testes em larga escala e com resultados mais rápidos, a grande par-
te dos exames realizados em laboratório utilizam sistema de automação. 
Essa modernização permite que os setores sejam cada vez mais interliga-
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dos e que o fluxo de trabalho ocorra de forma mais independente de ma-
nipulação. O compartilhamento de diferentes metodologias em um mesmo 
equipamento, por exemplo, facilita a rotina, pois amplia a capacidade e a 
variedade de exames que podem ser realizados simultaneamente, o que 
é notável em laboratórios com grandes núcleos automatizados ou mes-
mo de automação total. Porém, mesmo em laboratórios de menor fluxo e 
complexidade há a necessidade de equipamentos e técnicas que facilitem 
a execução dos exames, pelo menos em setores com maior fluxo e com 
automações mais popularizadas, como bioquímica e hematologia.
A automação na etapa analítica gera um enorme ganho em 
questão de tempo de execução e padronização, pois a maioria dos ana-
lisadores realiza a análise desde a leitura de códigos de barra nos tubos 
de amostra, realizando a pipetagem, a manipulação de reagentes, a incu-
bação, a leitura das reações, os cálculos e a transmissão de resultados. 
É importante salientar, entretanto, que os processos automati-
zados não estão livres de falhas e erros e, portanto, juntamente com a 
utilização desses analisadores, é necessário que os laboratórios condu-
zam rigorosos processos internos e externos de controle de qualidade. 
Por este motivo, é essencial que os analistas clínicos conheçam a fundo 
os princípios e os parâmetros das principais metodologias e equipa-
mentos utilizados.
Como será exposto a seguir, variadas metodologias podem ser 
utilizadas para a mensuração de analitos-alvo, tais como técnicas cito-
métricas, fotométricas, eletroquímicas, eletroforéticas, cromatográficas, 
imunoensaios e espectrometria de massa, e com o avanço das auto-
mações, alguns equipamentos oferecem a integração de mais de uma 
metodologia para resultados mais sensíveis e/ou específicos. 
É essencial que todo profissional responsável pela manipula-
ção de equipamentos analíticos conheça seus princípios e seu funcio-
namento, tanto para uma melhor interpretação dos resultados, quanto 
para eventuais necessidades de manutenção e calibração.
Nas análises celulares, a metodologia mais frequentemente utili-
zada é a citometria de fluxo, consistindo na mensuração das células sus-
pensas em uma matriz líquida, que ao passarem por uma fonte luminosa 
podem ser identificadas de acordo com as suas características de tama-
nho e complexidade, pois dispersam a luz emitida de diferentes formas, 
de acordo da célula. Os citômetros são amplamente utilizados em hema-
tologia e citologia, mas também podem ser utilizados para a mensura-
ção de partículas virais, bactérias e fragmentos de DNA. Adicionalmente, 
podem ser incorporados processos de coloração com fluorocromo para a 
associação de luz fluorescente na identificação das partículas.
De forma resumida, em um citômetro, as amostras são intro-
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duzidas e posteriormente suspensas em uma câmara de fluxo, com a 
utilização de pressão de ar. Nesta câmara, forma-se um fluxo laminar a 
partir da inserção de uma corrente líquida, alinhando as células em filas 
únicas. Neste processo, também chamado de focagem hidrodinâmica, 
as células enfileiradas passam por um feixe de luz e é então que elas 
podem ser identificadas por três mecanismos principais: dispersão da 
luz em ângulo reto (características nucleares e de granularidade celu-
lar), dispersão da luz frontal (tamanho da célula) e detecção de fluoro-
cromos (marcadores específicos).
Já nas análises imunoquímicas, a maior parte das metodolo-
gias se baseia na medida de energia radiante posteriormente detectada 
por sensor, seja esta energia refletida, dispersa, emitida ou absorvida. 
Quando a energia absorvida ou transmitida encontra-se na forma de 
energia luminosa, as metodologias são chamadas de fotométricas e 
avaliam as reações químicas por meio da interação da luz com os subs-
tratos consumidos ou com os produtos formados na reação.
Uma das principais técnicas fotométricas é a espectrofoto-
metria. Nela, a determinação da concentração de um analito em uma 
amostra é feita com base na absorção de luz monocromática por uma 
solução. Nessa metodologia, a intensidade da luz emitida diminui ao 
passar por uma solução, pois ela é absorvida pelo produto gerado em 
uma reação química. A quantidade de luz absorvida é chamada de ab-
sorbância. Nesse método também é mensurada a quantidade de luz 
que consegue passar sem ser absorvida pela solução, a transmitância.
Quanto maior for a concentração da solução, maior será a ab-
sorbância e menor será a transmitância; por outro lado, quanto menor 
for a concentração, menor será a absorbância e maior será a transmi-
tância. A concentração da solução, por sua vez, estará relacionada à 
quantidade de produto formado a partir de uma reação química especí-
fica que é utilizada para quantificar um analito.
Sendo assim, um espectrofotômetro deve ser capaz de utilizar 
a energia luminosa para gerar informações sobre a concentração de 
uma solução e, para isso, é composto basicamente por seis elementos: 
fonte, seletor de comprimento de onda, cubeta, fotodetector, proces-
sador de sinal e dispositivo de leitura. Diferentes métodos podem ser 
analisados em um espectrofotômetro.
Os métodos mais utilizados para análises em espectrofotôme-
tros são os colorimétricos, nos quais o produto da reação forma uma 
coloração no espectro de luz visível, e os UVs — nestes, as moléculas 
absorvem a energia luminosa no espectro UV. 
A metodologia colorimétrica é a mais frequente nas análises 
bioquímicas e se baseia na intensidade da cor e, consequentemente, 
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da reação química. Ela é utilizada na mensuração de diversos analitos 
e pode ser associada a técnicas enzimáticas, ou seja, técnicas que me-
dem a atividade de uma enzima por intermédio da sua interação com 
um substrato, gerando, portanto, um produto colorido. Já a metodologia 
UV é independente da formação de compostos de cor, pois seus espec-
tros de leitura atuam em uma faixa diferente de comprimento de onda. 
Nesse caso, a reação é avaliada pela quantidade de luz absorvida pelos 
substratos NAD e NADP em uma reação.
Para a leitura de tais reações, podem ser utilizados métodos de 
ponto final, em que a atividade enzimática é medida levando em conside-
ração a mensuração do produto ao final da reação; já nas leituras cinéti-
cas, a atividade enzimática é mensurada em diferentes intervalos de tem-
po durante a formação do produto, sendo por este motivo mais precisa.
É importante salientar que a espectrofotometria utiliza química 
úmida, ou seja, soluções líquidas para as análises, e por isso o controle 
de qualidade da água reagente é fundamental. Já reflectometria, apesar 
de bastante semelhante à espectrofotometria, utiliza química seca e, 
por isso, a mensuração dos analitos se baseia na luz refletida, e não na 
absorvida. Os reflectômetros são bastante semelhantes aos fotômetros 
em sua composição, com diferenças básicas em relação aos suportes 
sólidos utilizados para a reflexão da luz.
Por sua vez, a luminescência se baseia na troca de energia gera-
da a partir da absorção de radiação eletromagnética pelos compostos. Tal 
absorção gera uma agitação que pode ser quantificada pela emissão de 
luzfluorescente que é detectável por fluorômetros e espectrofluorômetros. 
A luminescência tem sensibilidade e especificidade bastante altas, mas 
que foram melhoradas ainda mais na quimioluminescência, muito utilizada 
em imunoensaios. Esta variação da técnica que utiliza substâncias quími-
cas ou reações eletroquímicas para a produção de compostos excitados.
Já na dosagem de íons podem ser utilizadas diversas metodo-
logias. Entre elas, a fotometria de chama, em que há a emissão de luz 
a partir da excitação dos átomos da solução pela exposição a uma cha-
ma. Os átomos emitem luz quando retornam do estado excitado para 
o de repouso e, a partir de comprimentos de onda específicos, a luz 
emitida pode ser quantificada.
De forma similar, e mais utilizadas atualmente, outras metodo-
logias baseiam-se na excitação de átomos. A espectrometria de emissão 
atômica fundamenta-se na capacidade dos átomos ou íons emitirem ra-
diações com comprimento de onda específicos quando excitados, sendo 
a intensidade dessa radiação luminosa proporcional ao conteúdo de me-
tal na amostra. E a espectrometria de absorção atômica, por sua vez, ba-
seia-se na medida da absorção de luz por átomos metálicos em repouso.
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Ainda em relação a métodos fotométricos, a turbidimetria e a 
nefelometria são utilizadas para a medida de partículas de maior ta-
manho, como as proteínas. Nessas técnicas, avalia-se a dispersão da 
luz após atingir os compostos em suspensão na solução, uma vez que 
essas partículas dispersam a luz de forma proporcional à sua concen-
tração na solução. A principal diferença entre os nefelômetros e os turbi-
dímetros é que os primeiros detectam a luz dispersa em vários ângulos, 
já os segundos mensuram a diminuição da transmissão de luz pela for-
mação de partículas na solução.
Além de técnicas fotométricas, as análises imunoquímicas, tam-
bém podem utilizar métodos eletroquímicos, especialmente através de 
potenciometria e eletrodos íons seletivos (ISE). Estes métodos realizam 
a medida da voltagem entre dois eletrodos (um de referência e um teste) 
em uma solução. Essa voltagem é o potencial e deve ser comparado 
entre os dois eletrodos, sendo útil na detecção de íons, pois estes são 
capazes de causar alterações entre os potenciais. Um bom exemplo da 
aplicação deste tipo de metodologia é a gasometria, em que realiza-se a 
quantificação de gases sanguíneos e a determinação de pH no sangue. 
Porém, outros metabólitos e eletrólitos podem ser dosados por essa me-
todologia, como cálcio ionizado, sódio, potássio, chumbo e cloro.
Já para a dosagem de macromoléculas, proteínas plasmáticas 
e algumas drogas, a eletroforese apresenta-se como uma alternativa 
viável. Esse método utiliza uma corrente elétrica para gerar um fluxo 
que separa os compostos de uma solução iônica de acordo com a car-
ga elétrica e o tamanho dos seus compostos. Nesse fluxo, os cátions, 
carregados positivamente, migram para o polo negativo enquanto os 
ânions, carregados negativamente, migram para o polo positivo. Essa 
separação forma bandas que podem ser identificadas e quantificadas, 
permitindo, assim, a análise destes compostos.
Outra forma de dosagem destes compostos é através de me-
todologias de cromatografia. Neste método ocorre a separação de uma 
solução com base nas interações físicas e químicas dos compostos 
com uma fase móvel e uma fase estacionária, sendo a fase móvel res-
ponsável por transportar a amostra pela fase estacionária. Atualmente, 
existem diversos tipos de cromatografia que podem ser utilizadas iso-
ladas ou em associação a outras técnicas analíticas, como a cromato-
grafia líquida de alta resolução, que pode realizar a mensuração dos 
compostos por fotometria e potenciometria, por exemplo.
Estas técnicas são bastante utilizadas em ensaios de toxicolo-
gia, para a detecção e mensuração de drogas e fármacos, mas também 
podem ser utilizadas para detecção qualitativa e quantitativa de amino-
ácidos, fosfolipídios, vitaminas e ácidos orgânicos.
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A detecção de fármacos também pode ser realizada por imu-
noensaios, apesar de estes métodos serem mais utilizados para o diag-
nóstico de doenças infecciosas e para a detecção e mensuração de 
marcadores tumorais e de hormônios. 
Os imunoensaios baseiam-se em reações de antígeno-an-
ticorpo para detectar imunocomplexos, anticorpos ou antígenos, com 
ou sem reagentes marcadores. Estes reagentes podem ser marcado-
res enzimáticos, fluorescentes ou quimioluminescentes, e sua principal 
vantagem é o aumento da sensibilidade do método quando utilizados.
Por fim, uma metodologia cada vez mais presente nos labora-
tórios clínicos é a espectrometria de massas, que se baseia na fragmen-
tação e ionização de moléculas. Nesse tipo de método, a abundância 
relativa de cada íon produz um espectro de massa característico e a 
ionização da molécula-alvo de análise a separa das demais substâncias 
presentes na amostra, tornando possível a sua identificação e quantifi-
cação na amostra com base na sua relação massa/carga.
Os equipamentos atuais podem utilizar uma combinação de 
duas ou mais destas metodologias, fazendo com que as análises sejam 
cada vez mais precisas e diversas. 
VALIDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS
Para que um teste laboratorial seja considerado válido, é ne-
cessário que atenda a alguns critérios básicos que avaliam, principal-
mente, seu desempenho e confiabilidade. Sendo assim, a eficiência de 
um método pode ser avaliada, principalmente, pela sensibilidade e pela 
especificidade do teste.
A especificidade pode ser descrita como a capacidade de um 
teste gerar um resultado negativo na ausência da doença, ou seja, um 
verdadeiro negativo. Já a sensibilidade seria o oposto, a capacidade 
de um teste obter um resultado positivo na presença da doença: um 
verdadeiro positivo. 
É importante destacar que esta é uma forma didática e resumi-
da de explicar esses conceitos, pois a “presença da doença” abrange 
também uma abordagem clínica e não necessariamente será possível 
de identificar através de testes, por isso, em muitos casos, utiliza-se um 
marcador laboratorial relacionado a esta doença.
Para a obtenção destes valores, são usados os seguintes cál-
culos:
Sensibilidade = VP___________ x 100
 VP + FN
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Especificidade = VN___________ x 100
 VN + FP
Acurácia = VP + VN__________
 VP + VN + FP + FN
Onde:
VP: verdadeiros positivos
VN: verdadeiros negativos
FP: falsos positivos
FP: falsos negativos
A sensibilidade exemplificada no texto reflete a sensibilidade 
diagnóstica, que é diferente da sensibilidade analítica. A sensibilida-
de analítica é referente ao limiar de detecção de um método, ou seja, 
ao menor nível de um analito que um determinado método consegue 
detectar com precisão. Esse parâmetro também deve ser levado em 
consideração no momento de escolha de um método analítico.
Além de auxiliar na determinação de especificidade e sensibi-
lidade, os valores de verdadeiro positivo e verdadeiro negativo auxiliam 
na elaboração da acurácia do método, que é avaliado através dos va-
lores preditivos negativos e positivos. Já que o valor preditivo negativo 
(VPN) demonstra a capacidade do método apresentar resultado nega-
tivo em pacientes que não estão com a doença e/ou seu marcador, 
testes com alto VPN são bastante úteis em testes de triagem, nos quais 
é importante que os pacientes saudáveis (sem adoença) sejam identi-
ficados corretamente, com alta sensibilidade.
Por sua vez, o valor preditivo positivo (VPP) reflete a capacida-
de de obter-se um resultado positivo em uma pessoa que possui a do-
ença e/ou o marcador e, portanto, é útil para testes de caráter confirma-
tório, em que é necessário que se identifique corretamente os pacientes 
doentes, e por isso devem ser altamente específicos.
Ainda nesse tema, a precisão do teste revela a sua capacidade 
de fornecer resultados que, em repetidas corridas analíticas sob condi-
ções semelhantes, apresentam resultados próximos entre si. Por exem-
plo, se um mesmo analito for dosado 10 vezes em um mesmo aparelho, 
com os mesmos reagentes, através da mesma metodologia, espera-se 
que os resultados gerados sejam muito próximos entre si, com peque-
nas variações acima e abaixo da média. Este critério corresponde à 
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reprodutibilidade do método e é frequentemente avaliado através dos 
ensaios de Controle Interno da Qualidade (CIQ).
Já a exatidão de um teste corresponde à sua capacidade de 
gerar resultados próximos ao valor real do analito. Neste caso, é ne-
cessário que o valor real seja conhecido, e quanto mais próximo deste 
valor a análise do teste estiver, maior será a sua exatidão. Para averi-
guar esta característica podem ser utilizados Ensaios de Proficiência, 
através da participação do laboratório em programas de Controle Ex-
terno da Qualidade (CEQ). Nestes programas, também chamados de 
controle interlaboratorial, uma amostra com valor conhecido é avaliada 
simultaneamente por diferentes laboratórios participantes, sem que es-
tes saibam qual é o valor real do analito e, posteriormente, seus resulta-
dos são comparados e avaliados, gerando uma média e um relatório de 
proficiência, avaliando a capacidade de exatidão do método utilizado.
Atualmente existem diversos programas de proficiência dispo-
níveis, sendo os mais conhecidos o Programa Nacional de Controle de 
Qualidade (PNCQ), a Proficiência em Ensaios Laboratoriais da Con-
trollab e o Programa do College of American Pathologists (CAP). Mas 
existem outras opções comercialmente disponíveis que podem ser ava-
liadas de acordo com as necessidades de cada laboratório.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2014 Banca: FAURGS Órgão: HCPA Prova: BIOMÉDICO I ou 
FARMACÊUTICO-BIOQUÍMICO I (Bioquímica Clínica e Diagnóstico 
Personalizado) Nível: Superior.
O desenvolvimento tecnológico levou à automação de várias téc-
nicas laboratoriais buscando aumento da eficiência e eficácia. Em 
relação às metodologias empregadas nas automações é INCOR-
RETO afirmar que:
a) a nefelometria é um método de medida do espalhamento de luz inci-
dente por partículas em suspensão. Esta técnica é sensível para quan-
tificar as reações de precipitação entre antígeno e anticorpo.
b) a quimioluminescência tem como princípio a detecção da reação an-
tígeno-anticorpo através da luz emitida pelo conjugado formado após 
a incidência de luz fluorescente, que produz compostos intermediários 
em estado excitado, que quando retornam ao estado inicial, emitem luz.
c) a turbidimetria é um método de medida da diminuição da intensidade 
da luz transmitida em relação à incidente.
d) a citometria de fluxo tem sido utilizada para contagem e diferenciação 
de células. A adição de flourocromos permite, ainda, diferenciar células 
maduras de imaturas.
e) na eletroforese capilar pode-se utilizar diferentes métodos de sepa-
ração, como, por exemplo, eletroforese capilar em gel e cromatografia 
eletrocinética micelar. Esta versatilidade permite analisar desde íons até 
macromoléculas, como proteínas.
QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EBSERH Prova: Biomédico Nível: 
Superior.
No que tange a procedimentos e a diversos equipamentos utiliza-
dos em laboratórios clínicos, julgue os itens seguintes como cer-
tos (C) ou errados (E):
( ) A eletroforese consiste na separação de compostos carregados com 
base na carga elétrica, ocorrendo a redução da condutividade de uma 
solução com o aumento da concentração iônica total.
( ) A cromatografia é um método de separação em que, quanto maior 
a interação do composto com a fase estacionária, menor será o tempo 
de eluição.
( ) Uma vantagem da cromatografia líquida em relação à cromatografia 
gasosa é a possibilidade de análise, na primeira, de compostos termo-
lábeis, sem a necessidade de derivatização prévia da amostra.
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( ) O termociclador é um equipamento imprescindível para a amplifica-
ção do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR), pois controla 
precisamente a temperatura, o tempo em que ocorrem as etapas e o 
número de ciclos.
( ) O espectrofotômetro é um equipamento utilizado para realizar a 
quantificação da fluorescência absorvida ou transmitida por uma amos-
tra laboratorial.
QUESTÃO 3
Ano: 2009 Banca: UEM Órgão: SESA Paraná Prova: Farmacêutico-
-Bioquímico Nível: Superior.
A RDC Nº 302/2005 dispõe sobre Regulamento Técnico para fun-
cionamento de laboratórios clínicos. De acordo com a resolução, é 
incorreto afirmar:
a) O laboratório clínico pode contar com laboratórios de apoio para a 
realização de exames.
b) O laboratório clínico deve participar de ensaios de proficiência para 
todos os exames realizados na sua rotina.
c) O posto de coleta laboratorial deve possuir vínculo com apenas um 
laboratório clínico.
d) Todo laboratório clínico e posto de coleta laboratorial, público e pri-
vado, devem estar inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos 
de Saúde – CNES.
e) As cópias dos laudos de análise bem como os dados brutos devem 
ser arquivados pelo prazo de 1 (um) ano, facilmente recuperáveis e de 
forma a garantir a sua rastreabilidade.
QUESTÃO 4
Ano: 2007 Banca: FAURGS Órgão: HCPA Prova: BIOMÉDICO ou 
FARMACÊUTICO-BIOQUÍMICO (Bioquímica e/ou Imunoensaios) 
Nível: Superior.
Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, associando 
os analitos a serem dosados com os métodos bioquímicos.
(1) Espectrofotometria
(2) Nefelometria
(3) Reflectância
(4) fotometria de chama
( ) Lítio
( ) fitas de urina
( ) glicose
( ) proteína C reativa - PCR
A sequência numérica correta de preenchimento dos parênteses 
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da segunda coluna, de cima para baixo, é:
a) 1 – 2 – 3 – 4.
b) 4 – 2 – 1 – 3.
c) 4 – 3 – 1 – 2.
d) 2 – 3 – 4 – 1.
e) 2 – 1 – 4 – 3.
QUESTÃO 5
Ano: 2013 Banca: MAKIYAMA Órgão: Prefeitura do Município de 
Jundiaí Prova: Biologista (Análise Clínica) Nível: Superior.
Considerando os fatores que podem afetar a interpretação dos 
resultados de exames laboratoriais, avalie as afirmativas que se-
guem e assinale a que CORRETAMENTE conceitua especificidade:
a) Refere-se à capacidade do exame em detectar pacientes com algu-
ma doença específica.
b) Descreve o grau com que a anormalidade do teste se restringe aos 
indivíduos que possuem a doença em questão.
c) Demonstra o impacto da prevalência de doença na interpretação de 
resultados de exames laboratoriais.
d) Refere-se à obtenção de resultados iguais em testes realizados com 
a mesma amostra do material biológico, quando feitos por diferentes 
pessoas em diferentes locais.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
A RDC 302/2005 da ANVISA é o principal documento relacionado com a 
fiscalização e inspeção de laboratórios clínicos no Brasil. Este regulamento 
técnico apresenta os requisitos mínimos para o funcionamentodos labora-
tórios e possui um foco na gestão de riscos potenciais e na rastreabilidade 
de processo. De acordo com a RDC 302/2005, quais são as condutas reco-
mendadas a partir da ocorrência de resultados críticos laboratoriais?
TREINO INÉDITO
A classificação do risco biológico dos setores laboratoriais é de 
extrema importância para a gestão dos riscos ocupacionais e para 
a determinação de medidas de biossegurança, através da classifi-
cação em níveis. Neste sentido, um laboratório, ou setor, em nível 
3 de biossegurança é aquele que:
a) manipula agente biológicos de classe de risco 2 e 3, com moderado 
risco individual e limitado risco para a comunidade.
b) manipula agentes biológicos de classe de risco 3, para os quais ainda 
não existe profilaxia ou tratamento.
c) manipula agentes biológicos de classe de risco 3, com baixo risco 
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individual e para a comunidade.
d) manipula agentes biológicos de classe de risco 2 e 3, com elevado 
risco infeccioso.
e) manipula agentes biológicos de classe de risco 3, com baixo risco 
individual e elevado risco para a comunidade.
NA MÍDIA
MUDANÇAS EM REGRAS DE COLETA DE EXAME PREOCUPA 
PROFISSIONAIS
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disponibilizou as con-
sultas públicas, para comentários e sugestões do público geral, da RDC 
nº 44/2009, que dispõe sobre as Boas Práticas Farmacêuticas, e da RDC 
nº 302/2005, que trata sobre requisitos técnicos para a execução das ati-
vidades relacionadas aos Testes de Análises Clínicas (TAC) na prestação 
de Serviços de Apoio ao Diagnóstico e Terapêutico (SADT).
As Consultas Públicas (CPs) 911 e 912 relacionadas a serviços de saúde 
recebem a partir desta quarta-feira (9/9) comentários e sugestões da so-
ciedade. Publicadas no Diário Oficial da União (D.O.U.) de 2/9, elas perma-
necerão abertas por 45 dias a contar desta quarta-feira, ou seja, até 23/10.
A consulta pública recebeu críticas do Conselho Federal de Farmácia 
que afirmou que o conteúdo formulado pela Anvisa agride parâmetros 
legalmente estabelecidos.
Fonte: Folha BV
Data: 25 set. 2020.
Leia a notícia na íntegra: 
https://folhabv.com.br/noticia/SAUDE/Saude/Mudancas-em-regras-de-
-coleta-de-exame-preocupa-profissionais-/69188
NA PRÁTICA
Serviços de assistência à saúde e pacientes têm se beneficiado de inú-
meros avanços tecnológicos que, se por um lado contribuem para uma 
melhor qualidade de vida, por outro, pela complexidade que trazem, são 
responsáveis por incidentes que afetam a segurança dos pacientes e 
podem causar danos desnecessários, denominados “eventos adversos” 
(EAs). O impacto econômico desses eventos é crítico, constrangedor e 
resulta em atrasos de diagnóstico e tratamentos, gastos com prolonga-
mento de hospitalização ou incapacidades geradas e litígios.
A realização de exames laboratoriais também ocorre num ambiente 
complexo, propício ao aparecimento de problemas que, se não forem 
adequadamente controlados, impactam os próprios laboratórios clíni-
cos, médicos e pacientes.
(...)
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A criação do Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC), 
pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial 
(SBPC/ML), representou uma resposta a persistentes alegações e vá-
rias evidências de más práticas, erros, inexistência de padrões e frau-
des. Significou uma iniciativa de garantia da qualidade e melhoria con-
tínua nos laboratórios.
Título: Exames laboratoriais: a certeza de bons resultados
Data da publicação: julho de 2017.
Link: http://www.bibliotecasbpc.org.br/pags/view.archive.php?I-
D=1855&PATH=pdf
PARA SABER MAIS
Acesse os links: 
http://www.bibliotecasbpc.org.br/index.php?P=4&C=0.2 e https://www.
gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/laboratorios
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PRINCIPAIS TIPOS DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS
É de amplo conhecimento que a qualidade de um exame la-
boratorial está diretamente conectada à qualidade da amostra recebida 
no setor técnico. Quanto melhor for a preservação da amostra e a sua 
adequação para os fins a que se destina, maior será a probabilidade de 
o resultado gerado representar, de fato, a realidade em que o paciente 
se encontra, seja para uma avaliação de metabolismo, investigação de 
doenças ou pesquisa de substâncias específicas.
A maioria dos exames utiliza amostras de sangue ou de urina 
para suas análises. Esse fato é reforçado pela facilidade de obtenção de 
tais amostras, porém, em determinadas investigações clínicas, podem 
ser utilizadas diversas outros espécimes, tais como fezes, saliva, líqui-
AMOSTRAS BIOLÓGICAS
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do cefalorraquidiano (LCR), líquidos serosos (ascítico, sinovial, pleural), 
líquido amniótico, aspirados, secreções, fragmentos de cálculos, pelos 
e de tecidos.
Entretanto, de modo geral, é a amostra sanguínea a mais fre-
quentemente utilizada. Esse material fornece uma ampla variedade de 
informações laboratoriais e pode ser obtido e processado de diferen-
tes formas: sangue total, soro, plasma, sangue venoso, sangue arterial, 
sangue capilar. No Quadro 3 há uma demonstração das diferenças bá-
sicas entre soro e plasma sanguíneo.
Quadro 3 – Diferenças essenciais entre soro e plasma
Fonte: Autora, 2020.
A partir destas amostras sanguíneas podem ser realizados 
exames laboratoriais extensamente variados, desde os mais básicos, 
como hemograma e perfis bioquímicos, até análises genéticas e busca 
por marcadores específicos para determinadas doenças ou condições.
De forma ainda mais simples, as amostras de urina são bas-
tante fáceis de serem coletadas e, na maioria dos casos, não necessi-
tam de dispositivos invasivos, sendo coletadas pelo próprio paciente.
Coletas realizadas pelo próprio paciente, como a coleta de 
urina, fezes, escarro ou esperma são ainda mais suscetíveis a fa-
lhas pré-analíticas; por isso, nestes casos, a orientação ao pacien-
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te deve ser realizada da forma mais clara e instrutiva possível, a fim 
de evitar erros na coleta e no acondicionamento dos espécimes.
A coleta urinária pode apresentar algumas especificidades de 
acordo com o fim a que se destina, ou seja, de acordo com o exame que 
será realizado. A forma mais comumente solicitada é a urina aleatória 
ou isolada, que pode ser utilizada para análises bioquímicas, microscó-
picas, toxicológicas e microbiológicas. Para exames bioquímicos, prefe-
rencialmente, as amostras devem ser coletadas no período da manhã, 
pois é quando sua concentração atinge o ápice devido ao prolongado 
tempo sem micção e pelo pH reduzido devido à diminuição da frequên-
cia respiratória durante a noite.
Em alguns casos, podem ser solicitadas amostras de urina de 
24 horas, que consistem na coleta do volume total das micções neste 
período (obtida a partir da segunda micção da manhã — a primeira 
deve ser descartada — e deve compreender todas as micções sub-
sequentes no período de 24 horas). Além disso, em algumas análises 
toxicológicas, podem ser solicitadas urinas de início e de final de jorna-
da, ou coletas assistidas, em que um profissionaldo laboratório deve 
acompanhar a coleta de amostra realizada pelo paciente.
Dependendo do analito a ser dosado ou da quantidade de tem-
po que a amostra ficará acondicionada antes da análise, alguns conser-
vantes podem ser adicionados para a preservação dos metabólitos e 
para evitar contaminação microbiana.
Quando não é possível que o paciente realize a coleta através 
de micção controlada, como em crianças, podem ser utilizados sacos 
coletores específicos. Entretanto esta não é a coleta ideal, especialmen-
te para análises microbiológicas, pois gera um alto índice de contami-
nação, apresentando uma melhor correlação de valor preditivo negativo 
do que de positividade e identificação. Além disso, em alguns casos, 
pode ser necessário obter a amostra urinária através de procedimentos 
mais invasivos, como cateterismo ou coleta suprapúbica. Nestes casos, 
a coleta deve ser bem indicada, a fim de evitar procedimentos desne-
cessários, e bem executada por profissionais qualificados para tal.
Para a obtenção de amostras de outros tipos de líquidos cor-
porais, são necessários procedimentos médicos invasivos e, portanto, a 
amostra é considerada nobre e deve ser manipulada com o maior rigor 
técnico e analítico, evitando possíveis recoletas. São os casos dos se-
guintes procedimentos:
• Punção lombar: utilizada para a obtenção de LCR, geralmen-
te indicada na investigação de meningites, hemorragias, neoplasias ou 
doenças neurodegenerativas.
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• Paracentese: para obtenção de líquido ascítico, na avaliação 
de distúrbios hidroeletrolíticos e derrames peritoneais.
• Toracentese: para avaliação de derrames pleurais através da 
punção de líquido pleural.
• Artrocentese: utilizada para obtenção de líquido sinovial, para 
diagnóstico de doenças articulares de origem infecciosa ou inflamatória.
• Amniocentese: para avaliação do estado de saúde e maturi-
dade fetal, através da punção e análise do líquido amniótico.
OBTENÇÃO DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS
A etapa de obtenção de amostras biológicas é um dos pilares 
mais críticos para a qualidade dos exames realizados em laboratórios 
clínicos. É um dos primeiros passos que ocorrem dentro do laboratório e 
está inserido dentro da fase pré-analítica. Como já citado anteriormente, 
a qualidade de um exame é fortemente dependente da qualidade da 
amostra obtida e, portanto, requer cuidados e atenção especial.
O material coletado precisa ser representativo da real condição 
na qual o paciente se encontra, deve estar corretamente acondicionado 
e em quantidade suficiente para a realização de todos os procedimen-
tos necessários. Além disso, deve haver uma boa correlação entre a 
indicação clínica da solicitação do exame, a amostra obtida e os proce-
dimentos realizados, para que o diagnóstico seja útil e confiável. 
Antes mesmo do procedimento de coleta, o cadastro do pacien-
te deve seguir etapas que visam não apenas a identificação do pacien-
te, mas também a segurança de informações geradas pelo laboratório, 
como a garantia de que o material coletado e processado foi realmente 
coletado da pessoa que estará identificada no laudo. Segundo a RDC 
302/2005 da ANVISA, o cadastro de pacientes deve incluir, no mínimo:
- Número de identificação do paciente no sistema interno do 
laboratório.
- Nome completo do paciente.
- Idade do paciente.
- Sexo do paciente.
- Local de procedência do paciente (hospital, posto de coleta 
“X”, ambulatório, etc.).
- Telefone do paciente.
- Endereço do paciente.
- Nome do solicitante.
- Exames requisitados.
- Tipo de amostra.
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Em caso de pacientes menores de idade ou incapacitados, ain-
da deve-se cadastrar nome e contato de um responsável.
Para garantir a rastreabilidade das amostras, é recomendado 
que sejam inseridas no sistema informações quanto a data, horário e 
responsável pela coleta.
É nesse momento, também, que devem ser conferidas infor-
mações quanto à adequação e o atendimento às solicitações de jejum, 
dieta, uso de medicamentos, atividades físicas e quaisquer outros da-
dos que possam ser relevantes para a interpretação dos resultados e 
exames. Da mesma forma, sempre que for possível, recomenda-se que 
o paciente repouse por 15 a 20 minutos antes da realização da coleta, 
para evitar possíveis interferentes em decorrência de movimentação.
Para alguns exames, como dosagem de prolactina, catecola-
minas e testes funcionais, recomenda-se um repouso de 30 minutos.
COLETA DE AMOSTRAS SANGUÍNEAS
Para a coleta das amostras de sangue venoso é recomendado 
que o paciente seja acomodado em uma cadeira própria para este fim, 
com apoio para o braço, porém, em ambientes hospitalares essa coleta 
também pode ser realizada na beira do leito. É extremamente importan-
te que seja feita a conferência de identificação do paciente, sempre que 
possível com um documento de identificação com foto ou outro recurso.
Antes de iniciar a coleta, o profissional deve conferir se possui 
todos os materiais necessários para a realização do procedimento em 
fácil acesso. Atualmente, os materiais utilizados na coleta sanguínea 
são descartáveis em sua maioria, elevando o nível de biossegurança do 
procedimento. Após a coleta é recomendado que o profissional confira 
juntamente com o paciente se a identificação dos recipientes de coleta 
está correta, visando novamente reduzir possíveis trocas de amostras 
e erros pré-analíticos.
A técnica pela qual o sangue é coletado é chamada de venopun-
ção ou flebotomia, e tradicionalmente é realizada na fossa antecubital, na 
área anterior do antebraço, pois é um local com mais fácil acesso a veias 
de bom calibre e bom fluxo, como a cubital mediana e a cefálica.
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Imagem 1 – Veias dos membros superiores
 
Fonte: Recomendações da SBPC/ML, 2010 (pág. 19).
Em casos em que não é possível realizar a coleta na fossa 
cubital, as veias do dorso da mão podem ser utilizadas e, em últimos 
casos, de outros locais. Vale lembrar que a coleta de outros locais favo-
rece o aparecimento de hematomas e costuma ser mais desconfortável 
e dolorosa para o paciente, por isso não são as mais recomendadas.
O primeiro passo da coleta propriamente dita se inicia com a 
visualização das veias, que nem sempre são facilmente identificáveis 
e, por isso, podem ser utilizados artifícios como a palpação, o garrotea-
mento e o uso de scanners de visualização transdérmica, caso estejam 
disponíveis no laboratório.
Após a identificação da veia, o garroteamento deve ser iniciado 
a, aproximadamente, 7 cm acima do local da punção. É importante que 
essa etapa não exceda o tempo de 1 minuto, pois pode gerar interfe-
rentes analíticos como hemoconcentração. Ainda é recomendado que 
o garroteamento não seja realizado em amostras para avaliação dos 
níveis de lactato e cálcio.
Com a visualização e determinação da veia a ser utilizada na 
punção, realiza-se a assepsia local, com gaze ou algodão umedecido 
com álcool 70% ou álcool isopropílico em movimentos circulares no 
sentido “de dentro para fora”, para evitar que locais previamente limpos 
sejam contaminados. É importante que a punção seja realizada apenas 
após a completa secagem do álcool e sem a contaminação do local com 
novos toques ou contatos.
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Para a coleta de amostras podem ser utilizadas duas técnicas 
tradicionais, a punção com agulha e seringa e a coleta à vácuo,sendo a 
segunda fortemente recomendada pela sua maior segurança e eficácia. 
Na punção a vácuo, o sistema de coleta é fechado, ou seja, sofre menor 
interferência e gera menor manipulação dos instrumentos, reduzindo 
a chance de acidentes perfurocortantes, por exemplo. Além disso, por 
utilizar o sistema de vácuo, coleta o volume de sangue exato para cada 
tipo de tubo, garantindo a proporção de sangue e anticoagulante, e evi-
tando a formação de microcoágulos, gerando amostras mais padroniza-
das e de maior qualidade.
A padronização da ordem dos tubos de coleta também é uma 
etapa crítica na fase pré-analítica, pois evita possíveis contaminações 
de anticoagulantes entre os tubos e interferência analítica. O correto é 
que se siga a seguinte ordem, de acordo com a necessidade dos tubos: 
frascos de hemocultura, tubo de citrato de sódio, tubo de soro (com ou 
sem ativador ou gel separador), tubo com heparina, tubo com EDTA e, 
por último, tubo com fluoreto.
O conhecimento sobre a utilidade de cada anticoagulante tam-
bém é relevante, e por isso um breve resumo sobre os mais utilizados 
será abordado a seguir.
- Heparina lítica ou sódica: inibe a coagulação pela ação da an-
titrombina III, neutralizando a trombina e evitando a formação de fibrina. 
É utilizada para a obtenção de plasma, geralmente, utilizado no setor de 
bioquímica clínica, e a cor padronizada para a tampa dos tubos é verde.
- EDTA (ácido etileno-diamino-tetracético: inibe a coagulação 
através da quelação do cálcio. Pode ser utilizado para obtenção de san-
gue total, em hematologia principalmente, pois é um ótimo conservante 
de morfologia celular, ou para obtenção de plasma utilizado, por exem-
plo, em ensaios de biologia molecular.
- Fluoreto de sódio e iodoacetato de lítio: mais do que a função 
de anticoagulante, destaca-se pela inibição da via glicolítica, preservan-
do os níveis de glicose sérica, por isso, torna-se o aditivo ideal para 
provas glicêmicas.
- Citrato de sódio: é o aditivo de escolha para obtenção de 
plasma para as provas de coagulação, pois apresenta a melhor preser-
vação dos fatores de coagulação. Sua atividade anticoagulante ocorre 
por quelação do cálcio.
Da mesma forma que a escolha do tubo correto é essencial, 
a escolha da agulha correta também é importante, uma vez que a in-
compatibilidade entre o volume de sangue a ser coletado e o calibre da 
agulha pode gerar interferentes, como a hemólise, em casos de calibres 
inferiores ao necessário.
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O acondicionamento das amostras coletadas deve levar em con-
sideração a necessidade ou não de centrifugação das mesmas, e a esta-
bilidade dos analitos. Sempre que possível, as amostras devem ser enca-
minhadas para a análise o mais rápido possível em temperatura ambiente, 
porém, quando não for possível, devem ser acondicionadas de acordo com 
as recomendações específicas para cada análise, seja em refrigeração en-
tre 2 e 8°C ou congeladas, pois não aconselha-se que as amostras de soro 
e plasma permaneçam em temperatura ambiente por mais de 8 horas.
Por sua vez, a coleta de sangue arterial é mais complexa e menos 
requisitada que a coleta de sangue venoso. Utilizada principalmente para a 
dosagem de gases sanguíneos, a coleta arterial geralmente é realizada por 
enfermeiros e requer um cuidado especial devido à localização das artérias 
e ao intenso fluxo que, por vezes, pode ser de difícil estancamento pela 
elevada pressão das artérias, em comparação com as veias. Neste tipo de 
coleta utilizam-se seringas com anticoagulante heparina, que devem ser 
encaminhadas para o laboratório imediatamente, de preferência em até 15 
minutos, para evitar evaporação de gases e alterações analíticas.
COLETA DE AMOSTRAS DE URINA
Juntamente com as amostras sanguíneas, as amostras urinárias 
conferem o maior volume de tipos de coletas realizadas em laboratórios 
clínicos. A principal diferença entre essas coletas é que a urinária é, ge-
ralmente, realizada pelo próprio paciente, através de micção espontânea.
Por isso, é fundamental que o laboratório forneça aos pacien-
tes todas as informações referentes a requisitos e cuidados na coleta, 
no acondicionamento e no transporte dessas amostras, de preferência, 
de forma verbal e escrita.
Mesmo em coletas realizadas fora do laboratório, ou por 
outras pessoas, a responsabilidade pela qualidade da amostra 
aceita é inteiramente do laboratório. Por isso, há a necessidade de 
orientação e inspeção de tais processos, a fim de garantir resulta-
dos fidedignos e o mais livre de interferentes possível.
A coleta de urina pode ter uma variedade de formas de coleta, 
desde períodos de retenção ou horários de coleta diferentes a formas 
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de obtenção da urina. Por isso, a tabela a seguir apresenta um resumo 
dos principais tipos de coleta de urina utilizados em laboratórios clínicos.
Quadro 4 – Principais tipos de amostras de urina utilizadas em laboratório 
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Fonte: adaptado de Mundt (2012) e SBPC/ML (2017)
É importante destacar que as amostras de urina devem ser 
coletadas em frascos descartáveis próprios para este fim e, no caso 
de amostras direcionadas para exames microbiológicos os frascos de-
verão ser estéreis. Após a coleta, as amostras devem, de preferência, 
serem mantidas em temperatura ambiente, ou refrigeradas e protegidas 
da luz, caso não possam ser analisadas em até 2 horas.
INTERFERENTES ANALÍTICOS EM AMOSTRAS BIOLÓGICAS
A qualidade do resultado de um exame é estreitamente depen-
dente da qualidade da amostra processada pelo laboratório. Sendo as-
sim, resultados fidedignos e com boa correlação com a condição clínica 
do paciente serão obtidos somente a partir de amostras corretamente 
coletadas e bem acondicionadas.
Neste sentido, é imprescindível que as etapas de requisição, 
preparo, cadastro, coleta e acondicionamento de amostras estejam 
bem delineadas e embasadas, e que todos os profissionais envolvidos 
nesses processos sigam as recomendações estabelecidas.
A fase pré-analítica envolve toda a manipulação da amostra 
antes da sua chegada ao setor técnico e, portanto, é a fase mais deci-
siva para a ocorrência ou não de interferentes analíticos. Mesmo amos-
tras coletadas pelos pacientes permanecem sob a responsabilidade do 
laboratório, devendo este orientar e prover os materiais necessários 
para uma coleta que forneça bons espécimes.
Também cabe ao laboratório orientar o paciente sobre as re-
comendações pré-coleta, como jejum, utilização de medicamentos e 
prática de atividades físicas, a fim de evitar interferentes nas análises. 
Em geral, o tempo de jejum necessário costuma ser de 8 horas sem a 
ingestão de alimentos, mas pode ser reduzido para até 4 horas em al-
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guns casos, como em exames em lactentes por exemplo, pois há uma 
dificuldade em manter um jejum prolongado. 
O jejum excessivo, acima de 12 horas, por outro lado, pode 
induzir a situações de estresse fisiológico para o corpo causando altera-
ções hormonais como elevação de cortisol e redução de TSH (hormônio 
estimulador da tireoide), LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio 
folículo estimulante), além de alterações em dosagens bioquímicas de 
bilirrubina, triglicerídeos, glicerol ácidos graxos, ureia e ácido úrico. A 
ingestão de água deve permanecer como de costume, assim como a 
utilização de medicamentos de uso contínuo,a não ser que haja indica-
ção médica para alterações. 
O “Consenso Brasileiro para a Normatização da Determi-
nação Laboratorial do Perfil Lipídico”, publicado em 2016, imple-
mentou a possibilidade de flexibilização do jejum para os testes 
de perfil lipídico, tais como colesterol total, colesterol LDL, coles-
terol HDL, colesterol não HDL e triglicérides. Segundo esta nova 
recomendação assinada por sociedades médicas e voltadas para 
as análises clínicas, é possível que, mediante solicitação médica, 
sejam realizadas as dosagens desses analitos sem a necessidade 
de jejum, desde que esta condição esteja especificada no laudo e 
que não sejam dosados outros analitos que requisitem jejum.
Essa decisão levou em consideração o fato de que é o estado 
alimentado que perdura durante a maior parte do dia, e não o jejum, 
podendo, assim, o exame neste formato fornecer uma representação 
mais realista do risco cardiovascular do paciente. Além disso, con-
siderou-se a modernização das técnicas analíticas, que atualmente 
sofrem menor interferência pela turbidez das amostras e a praticidade 
de uma maior amplitude de horários para a realização de exames.
Porém, em alguns casos, mesmo com a correta realização do 
jejum, a dieta adotada pelo paciente pode influenciar nos resultados la-
boratoriais. Pessoas com hábitos alimentares vegetarianos, por exem-
plo, podem apresentar redução das lipoproteínas LDL e VLDL, além de 
colesterol total e triglicérides. Já pessoas com dietas ricas em carnes 
vermelhas e outras fontes proteicas podem apresentar elevações nos 
níveis séricos de ureia e amônia, e se a dieta rica em proteínas for 
acompanhada de quantidades diminutas de carboidratos, pode haver 
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um aumento na concentração urinária de cetonas.
Dietas ricas em lipídios e carboidratos podem gerar amostras 
com lipemia, que também consiste em um interferente bastante frequente 
nas amostras sanguíneas. A lipemia pode ser descrita como a presença 
de lipídios em excesso no sangue e pode ocorrer, por exemplo, a partir 
de níveis de triglicérides acima de 400 mg/dL, em distúrbios metabólicos 
e em amostras de coleta pós-prandial, ou seja, logo após uma refeição. 
Os níveis elevados de lipídios consistem em um interferente 
laboratorial pelo fato de causarem turbidez na amostra, em decorrência 
das numerosas partículas lipídicas, e por interferirem em metodologias 
turbidimétricas, como em dosagens de colesterol, bilirrubinas, coleste-
rol, albumina, enzimas hepáticas, cálcio, creatinina, entre outras. 
Outra alteração relacionada ao aspecto do soro é a hiperbilirru-
binemia, que ocorre quando a concentração sérica de bilirrubinas totais 
se encontra acima de 2,5 mg/dL, fazendo com que o plasma e o soro 
adquiram colorações ictéricas, ou seja, alaranjadas, podendo interferir 
em dosagens colorimétricas.
Além disso, hábitos como o consumo de álcool podem afetar 
as análises laboratoriais, uma vez que as bebidas alcoólicas ingeridas 
no dia que antecede a coleta podem gerar alterações nos níveis séricos 
de glicose, lactato e triglicerídeos, e a ingestão crônica pode estar rela-
cionada à elevação dos níveis séricos da enzima hepática GGT (gama 
glutamiltransferase). Da mesma forma, o hábito de tabagismo está rela-
cionado a reduções nos níveis de colesterol HDL e aumentos nos níveis 
de cortisol, adrenalina, hormônio do crescimento, lactato e insulina.
O exercício físico, por sua vez, mesmo sendo um hábito de ma-
nutenção e promoção da saúde, é contraindicado na véspera da colheita 
de material biológico. A depender da intensidade e do condicionamento 
físico do paciente, o exercício pode causar alterações bioquímicas con-
sideráveis, como a elevação do lactato e de enzimas relacionadas ao 
metabolismo muscular como creatina quinase (CK), aldolase e aspartato 
aminotransferase (AST), além da redução dos níveis séricos de glicose.
Até mesmo a posição corporal pode influenciar nos níveis de 
analitos dosados. Quando um paciente muda a posição, de decúbito 
para uma posição ereta, por exemplo, pode ocorrer extravasamento de 
líquido (água e substâncias filtráveis) do espaço intravascular para o in-
tersticial, elevando a concentração do sangue. Com essa falsa concen-
tração, podem ocorrer dosagens erroneamente elevadas de proteínas, 
especialmente albumina, e lipoproteínas como HDL, LDL e VLDL.
Além disso, alguns analitos podem apresentar variações em 
suas dosagens devido a variações cronobiológicas, ou seja, que são 
relacionadas com os ciclos circadiano, ultradiano e infradiano. O ciclo 
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circadiano pode ser descrito como um ciclo de variabilidade que ocorre 
em um período de um dia (24 horas), e determina as recomendações 
para uma série de exames bioquímicos. Como exemplos, tem-se as 
dosagens séricas de ferro, creatinina e ACTH (hormônio adrenocortico-
trófico), que devem ser realizadas no período da manhã, pois é quan-
do apresentam seus níveis mais elevados, proporcionando condições 
ótimas de resultados. De forma semelhante, a maioria dos eletrólitos, 
como sódio, potássio e fosfato, apresenta maiores concentrações em 
urinas coletadas pela manhã.
O ciclo ultradiano, por sua vez, engloba alterações que ocorrem 
em um período inferior a 24 horas, como é o caso dos picos hormonais 
de testosterona. Já o ciclo infradiano envolve variações mais espaçadas, 
acima de 24 horas, como a variação hormonal durante o ciclo menstrual, 
por exemplo. Por isso, o conhecimento sobre o horário de coleta é crítico, 
principalmente em exames hormonais, e por isso sempre que possível 
deve ser realizado um agendamento para data e horários de coleta. Po-
rém, quando não for possível realizar a coleta nos parâmetros recomen-
dados, sugere-se que o horário da coleta seja liberado juntamente com o 
resultado no laudo, para uma melhor interpretação clínica.
Os medicamentos utilizados pelo paciente também podem cau-
sar alterações in vivo e in vitro nos exames laboratoriais. Um exemplo 
de interferência in vivo, ou seja, que afeta o metabolismo do paciente, 
é a administração de glicocorticoesteroide, que pode causar uma ele-
vação na concentração de glicose no sangue, por ser um medicamen-
to diabetogênico. Porém, com a suspensão da medicação, os níveis 
provavelmente retornariam ao normal, pois não se trata de um quadro 
diabético verdadeiro, apesar de o resultado de um exame realizado du-
rante esta terapia possivelmente indicar isso. 
Outras formas de alterações medicamentosas in vivo podem 
ocorrer pela lesão tecidual e por alterações de funções dos órgãos, 
como acontece com uma série de medicamentos que sobrecarregam o 
fígado e geram alterações nos marcadores hepáticos.
Já as alterações in vitro são relacionadas à interferência pela 
interação entre um determinado medicamento e a técnica analítica usa-
da na amostra já coletada. Por exemplo, doses elevadas de ácido as-
córbico (vitamina C) podem interferir em metodologias de dosagem de 
glicose que sejam baseadas em reações redutoras, causando resulta-
dos falsamente elevados. 
A presença de paracetamol em doses elevadas na corrente san-
guínea também é um bom exemplo, pois pode causar valores reduzidos 
nas dosagens de analitos quando a metodologia é baseada na reação de 
Trinder, como pode ser o caso de testes de creatinina, glicose, LDH (lactato 
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desidrogenase) e alguns lipídios Ainda neste tópico, para a monitorização 
dos níveis de medicamentos terapêuticos, o planejamento da coleta de ma-
terial biológico deve adequar-se à farmacocinética