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Teologia_Sistematica_Eclesiologia (1)

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Teologia 
Sistemática: 
Eclesiologia 
 
 
 
Pr. Kenneth Eagleton 
 
(A apostila segue a exposição feita pelo livro Introdução à Teologia Sistemática 
de Millard Erickson, Edições Vida Nova, com algumas modificações). 
 
 
 
 
Escola Teológica Batista Livre 
(ETBL) 
Campinas, SP 
 
2010 
1 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
A IGREJA (Eclesiologia) 
 
Eclesiologia é o estudo do que as Escrituras ensinam com respeito à 
igreja (ekklesia). Portanto, é a doutrina da igreja. 
 
A sua natureza 
A salvação é um assunto que diz respeito aos indivíduos. A igreja diz respeito à comunhão 
de um grupo de crentes. No livro de Atos vemos que um indivíduo convertido passa 
naturalmente a fazer parte de uma comunidade cristã. 
 
Significado básico de “igreja” 
A igreja é um fenômeno do Novo Testamento. O sentido da palavra 
grega ekklesia (igreja) é “uma assembléia dos cidadãos de uma 
localidade”1. O uso no Novo Testamento tem dois sentidos: 
1. O conjunto de “todos os crentes em Cristo em todas as 
épocas e lugares. Este é o sentido que Jesus dá em Mt 
16:18”2. Paulo também dá esse sentido quando usa a figura 
do corpo de Cristo (Ef 1:22-23; 4:4; 5:23). Esse é um sentido 
genérico, conhecido também como Igreja universal. 
 
2. O segundo sentido “refere-se a um grupo de crentes em 
dada localidade geográfica. Este é o sentido claro em textos 
como 1 Co 1:2 e 1 Ts 1:1”3. Esse é o sentido usado com 
maior freqüência no Novo Testamento; conhecido também 
como igreja local. 
 
Em nenhum lugar do Novo Testamento a igreja é descrita como uma organização humana. É 
óbvio que se seres humanos vão se congregar e trabalhar juntos, precisa haver alguma 
organização e estrutura. Mas não devemos confundir esta estrutura com o conceito bíblico 
de Igreja. 
 
Esta estrutura e organização humana é o que é mais visível e, portanto, muitas vezes é 
conhecida como igreja visível. A igreja visível pode ser falha, pois é humana. Ela também 
não tem a mesma composição da igreja bíblica, pois na igreja visível existem pessoas que 
não são realmente convertidas. Este é o fator que traz confusão aos olhos do mundo, pois 
para a sociedade as duas coisas se confundem. 
 
A unidade da igreja 
Uma das características da igreja é a unidade. O ideal bíblico da igreja é praticar e exibir a 
unidade: Jo 17:20-23; Ef 4:1-6; At 4:32; Fp 2:2. Existe uma unanimidade em propósito e em 
ação, mas não uma uniformidade. 
 
 
1 ERICKSON, p. 438. 
2 ERICKSON, p. 438. 
3 ERICKSON, p. 438. 
Eclesiologia é a 
doutrina bíblica 
sobre a Igreja. 
A palavra 
“igreja” tem dois 
usos no Novo 
Testamento: o 
conjunto de 
todos os crentes 
em Cristo (igreja 
universal) e o 
conjunto de 
crentes que se 
reúnem em um 
local específico 
(igreja local). 
2 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
Até que ponto podemos exibir unidade e a partir de que ponto devemos nos separar 
daqueles que se dizem cristãos? Esta é uma pergunta de muito debate e de pontos de vista 
extremamente diversos. 
 
Figuras bíblicas da igreja 
O Novo Testamento não nos dá uma definição precisa do 
que é a igreja, mas ela nos dá várias figuras que nos 
ajudam a entender a natureza da igreja. Algumas destas 
figuras são: o povo de Deus, o corpo de Cristo, a noiva de 
Cristo, sacerdócio e santuário espiritual, rebanho de Cristo 
e outras. 
 
1. Igreja como povo de Deus. No Antigo Testamento, Israel, uma etnia criada por Deus, 
aparece como sendo o seu povo (Dt 32:9-10). Ainda no Antigo Testamento Deus nos 
informa que o seu povo futuramente seria mais abrangente do que só Israel (Os 
1:10). No Novo Testamento o povo de Deus não é identificado com alguma raça ou 
nação, mas com os salvos, ou a igreja: 1 Pe 2:9-10; Rm 9:24-26; Tito 2:14 (neste caso, 
povo de Cristo). O povo de Deus é chamado por Ele e é a Sua propriedade. “O 
conceito de Israel e a igreja como povo de Deus contém algumas implicações. Deus 
se orgulha deles. Ele provê cuidado e proteção a seu povo; ele o mantém çomo a 
menina dos olhos’ (Dt 32:10)... ele espera que seja seu povo sem reservas e 
fidelidade total”4. 
 
2. Igreja como corpo de Cristo. Talvez a figura mais usada é a da igreja como o corpo de 
Cristo. A referência mais completa é a de 1 Co 12:12-31, mas encontramos esta 
figura também em Ef 1:19-23; Cl 1:18; 2:19. 
 
Implicações: 
o “Cristo é a cabeça desse corpo (Cl 1:18) do qual os crentes, como indivíduos, 
são membros ou partes... Os crentes, unidos a ele, estão sendo alimentados 
por meio dele, a cabeça a que estão ligados. Sendo a cabeça do corpo, ele 
também governa a igreja”5. 
 
o A igreja não tem vida ou existência independente de Cristo. Uma igreja sem 
cabeça não é igreja. Seus membros permanecem em Cristo e encontram sua 
vida nele. A igreja existe para cumprir a vontade do Senhor no poder do 
Espírito Santo. 
 
o A igreja é um organismo vivo, dinâmico, que cresce e se movimenta. O seu 
crescimento deve ser como organismo. A ênfase não é o crescimento como 
organização. 
o Os membros da igreja são um corpo, interdependentes uns dos outros. Existe 
uma ligação mútua. Não existe vida cristã isolada, solitária. O Espírito Santo é 
a “massa” ou a “cola” que une os membros. 
 
4 ERICKSON, p. 440. 
5 ERICKSON, p. 441. 
Figuras bíblicas da igreja 
incluem: povo de Deus, 
corpo de Cristo, noiva de 
Cristo, sacerdócio e 
rebanho de Cristo. 
3 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
o O corpo de Cristo é universal. Não existe acepção de pessoas. Não importa o 
sexo, a raça, a cor, o idioma, a cultura e nem a idade. Existe uma verdadeira 
união (Cl 3:11; Rm 11:25, 26, 32; Gl 3:28; Ef 2;15). 
o Existe uma união, mas não uniformidade. Há diversidade de dons, de talentos 
e de funções; mas tudo isso é para trazer edificação ao corpo de Cristo (Ef 
4:11-16). 
o “Sendo o corpo de Cristo, a igreja é a extensão de seu ministério. Não 
devemos levar essa idéia longe demais”6, mas devemos olhar para a Grande 
Comissão de Cristo como uma extensão do seu ministério. A igreja é a 
continuação da presença e do ministério do Senhor no mundo. 
 
3. Igreja como noiva de Cristo (Ef 5:23-33; 2 Co 11:2; Ap 19:7-9). O casamento é visto 
como um reflexo do relacionamento de Cristo com a sua igreja. 
 
Implicações: 
o A igreja é submissa a Cristo como a esposa é submissa a seu marido. 
o Cristo ama a igreja (sua noiva) com amor sacrificial como um marido deve 
amar sua esposa. 
o Cristo cuida da sua igreja como um marido de sua esposa. 
o Cristo deseja ver a sua noiva pura como o marido a sua esposa. A igreja é 
composta por seres humanos imperfeitos. Ela não alcançará perfeita 
santificação ou glorificação até o retorno do seu Senhor, o noivo. 
o O relacionamento é permanente. 
o O relacionamento é íntimo. 
o A igreja é a noiva de Cristo. No futuro haverá um casamento (Ap. 19:7-9) – as 
bodas do Cordeiro. 
4. Igreja como sacerdócio (1 Pe 2:5, 9-10; Ap 1:6; 5:10). 
o A igreja é separada e santificada, como os sacerdotes. 
o A igreja oferece sacrifícios a Deus. 
o A igreja tem um ministério de intercessão, pois tem acesso direto a Deus: 1 
Tm 2:1-2. 
o Somos também santuário de Deus – relacionado com o sacerdócio: 1 Pe 2:5, 
20-22; 1 Co 3:16; 6:19; 2 Co 6:16; Ap 3:12. 
 
 
6 ERICKSON, p. 442. 
4 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
5. Igreja como rebanho de Cristo (At 20:28; 1 Pe 5:1-4; Jo 10:16: 21:15-17; Hb 13:20 
Jesus é o Bom Pastor – Jo 10:14). 
 
 
O Espírito Santo e a Igreja 
O Espírito Santo tem uma atuação grande e muito importante na igreja: 
1. Ele batiza no corpo de Cristo os que se convertem – 1 Co 12:13. 
2. Ele une os cristãos no corpo – At 4:32. 
3. Ele orienta e dá direção – Rm 8:14. 
4. É o Espírito Santo que transmite poder para a igreja (At 1:8). Ele fortifica e capacita 
os cristãos a pregarem com intrepidez e a viverem a vida cristã. 
5. Ele distribui os dons espirituais para que os membros sejam eficazes no corpo de 
Cristo: 1 Co 12:5, 7.As funções da Igreja 
A igreja funciona em três direções: para cima (em direção a Deus), 
para dentro e para fora. Ela precisa caminhar constantemente em 
todas essas direções ao mesmo tempo. A igreja não será saudável se 
avançar em somente uma direção. Estas direções não são 
contraditórias, mas complementares e interdependentes. Exemplo: 
qual é mais importante? Comer, beber ou dormir? A resposta é que 
todas são importantes e precisa existir um equilíbrio entre os três, 
assim como a igreja precisa ter equilíbrio em caminhar nas três 
direções simultaneamente para ser uma igreja saudável. 
 
O evangelho como centro do ministério 
“É importante estudar atentamente o fator que dá forma básica a tudo o que a igreja faz, o 
elemento que se coloca no centro de todas as suas funções, a saber, o evangelho, as boas 
novas”. Jesus pregou o evangelho (Mc 1:14-15) e “anunciou que foi ungido especificamente 
para pregá-lo; mais tarde, ele encarregou os apóstolos de continuarem difundindo o 
evangelho. Sem dúvida, portanto, o evangelho está na raiz de tudo o que a igreja faz”7. 
 
Qual é o conteúdo do evangelho? O essencial do evangelho é Jesus Cristo como o Filho de 
Deus, sua humanidade genuína, sua morte pelos nossos pecados, seu sepultamento, 
ressurreição, aparecimentos subseqüentes e vinda futura para julgamento e como isto tudo 
pode nos salvar e mudar a nossa vida. O evangelho é essencial para a salvação do homem: 
Rm 1:16-17. Este evangelho foi confiado à Igreja para a sua divulgação. 
 
Funções da igreja ao caminhar para cima, em direção a Deus: 
1. Glorificar a Deus. A função mais importante da igreja é glorificar a Deus: Ef 1:5-6, 12; 
3:20-21. 
 
7 ERICKSON, p. 451. 
As funções da 
igreja a fazem 
caminhar para 
cima (em 
direção a Deus), 
para dentro e 
para fora. 
5 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
2. Adoração a Deus (culto, louvor, agradecimento, oração, contribuição, viver uma vida 
agradável a Deus): Jo 4:23; Fp 3:3; Ef 5:19; Cl 3:16. Somos recomendados a não 
negligenciar a reunião coletiva para adoração: Hb 10:25. 
3. Comunhão com Deus: 1 Jo 1:3; Jo 17:24; Ap 21:3. 
4. Manter, preservar e proteger a verdade de Deus: At. 20:27; 2 Tm 2:2; 1 Tm 3:15. Esta 
função caminha em todas as 3 direções. É necessário promovermos a verdade 
dentro da igreja, defendendo-a fora da igreja e declarando-a a Deus em adoração. 
 
Funções internas da igreja: 
Atividades centradas nos crentes realizadas dentro da igreja: 
1. Comunhão e comunidade entre os crentes: 1 Jo 1:3; At 4:32; Jo 13:3; Sl 133:1; 1 Co 
12:26 (compartilhamento da dor e da alegria). 
2. Edificação dos crentes: Ef 4:11-16; Jd 20. A distribuição de dons a cada membro da 
igreja visa a edificação de todo o corpo (não é para satisfação pessoal). “Embora haja 
diversidade de dons, não deve haver divisões dentro do corpo. Alguns desses dons 
são mais notáveis que outros, mas nem por isso são mais importantes”8. Na 
discussão de Paulo sobre certos dons controvertidos, ele levanta a questão da 
edificação (1 Co 14:4-5, 12, 17, 26). A importância de edificar os outros quando uma 
pessoa exercita os dons controvertidos parece ser o critério usado por Paulo. 
3. Ensino: Mt 28:20. Um dos dons para a igreja é pastores e mestres (professores), Ef 
4:11, visando preparar e equipar o povo de Deus para o serviço. A instrução pode ser 
através da pregação, do ensino feito em salas de aula, instrução em pequenos 
grupos, discipulado individual e muitas outras formas. 
4. Promover ordem e conduta apropriada: 1 Tm 3:14-15; 1 Co 14:40; Cl 2:5. É função da 
igreja promover um comportamento bíblico de seus membros. 
 
Funções externas da igreja: 
Estas razões são talvez a razão maior pela qual Deus ainda permite que permaneçamos 
neste mundo após a nossa conversão. 
1. Mostrar a glória de Deus ao mundo: 1 Pe 2:2, 9. 
2. Evangelismo e missões transculturais. Esta função envolve proclamação da Palavra 
com o propósito de levar as pessoas à conversão. A igreja é a ferramenta principal de 
Deus para alcançar um mundo perdido: Mt 28:19-20; Jo 20:21; At 1:8: 4:19-20. A 
Grande Comissão nos mostra como devemos executar o evangelismo. Em Mt 28:19-
20, temos 4 formas verbais: 
o Indo – as palavras “ide” ou “vão” no português são a tradução de um verbo 
no grego que é um particípio presente contínuo; portanto, seria melhor 
traduzi-lo como indo. Para cumprir a Grande Comissão é preciso “ir”. É 
necessário tomarmos a iniciativa de sair do nosso lugar para levar o 
evangelho aos outros. Nossa função não é esperar que venham nos procurar. 
Temos toda autoridade para fazê-lo (v. 18) como também o poder (At 1:8). 
 
8 ERICKSON, p. 447. 
6 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
Veja a amplitude da nossa atuação: “todas as nações” (Mt 28:19) e “até os 
confins da terra” (At 1:8). “Para a igreja ser fiel ao seu Senhor e lhe alegrar o 
coração, deve se esforçar para levar o evangelho a todas as pessoas”9, tanto 
as que estão próximas como as que estão longe. 
o Fazei discípulos – é a única forma verbal que está no imperativo. É uma 
ordem. É a frase mais importante. Nosso objetivo deve ser fazer discípulos. 
Não é uma opção, mas sim a própria razão de ser da igreja. 
o Batizando-os – o batismo é a forma normal de confessar a Cristo 
publicamente. 
o Ensinando-os – o ensino é necessário para a instrução, a capacitação, o 
fortalecimento e o encorajamento. 
3. Obra social. Ministrar às necessidades sociais da sociedade combatendo a fome, a 
ignorância, a pobreza e a injustiça. Esta foi uma preocupação de Jesus: Lc 4:18-21; 
6:35-36; Mt 25:34-40 – ele curou enfermos, restaurou a função aos que eram cegos 
e paralíticos, ressuscitou mortos e defendeu as crianças, as viúvas e os injustiçados. 
A ação social foi também uma preocupação dos apóstolos: Gl 2:9-10; Tg 1:27. Veja 
também Gl 6:10; 1 Tm 6:11; Rm 15:26. 
 
Igreja com propósitos (Rick Warren): 
Rick Warren ensina que a Igreja tem 5 propósitos principais: 
1. Adoração 
2. Comunhão 
3. Discipulado (ensino) 
4. Evangelismo e missões 
5. Serviço 
 
Formas de governo 
Tentativas de desenvolver para a igreja uma estrutura de governo que esteja de acordo com 
a autoridade da Bíblia encontram dificuldades em dois pontos. O primeiro é a falta de 
material didático. Não há exposição prescritiva sobre como deve ser o governo da igreja. 
Quando passamos a examinar as passagens descritivas, encontramos um segundo 
problema. Há tantas variações nas descrições das igrejas do Novo Testamento, que não 
conseguimos descobrir um padrão normativo. Isto pode indicar que não existe uma forma 
de governo errada e uma certa. 
 
Pode haver variações. No entanto, certos princípios precisam ser levados em consideração. 
Um destes princípios é o valor da ordem no culto e na igreja. É desejável que certas pessoas 
sejam responsáveis por ministérios específicos. Outro princípio é o sacerdócio de todos os 
crentes; cada um é capaz de se relacionar diretamente com Deus. Finalmente, a idéia de 
 
9 ERICKSON, p. 446. 
7 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
que cada pessoa é importante para todo o corpo está implícita em todo o Novo Testamento 
e explícita em passagens como Rm 12 e 1 Co 12. 
 
Evidencias de organização nas igrejas do Novo Testamento: 
1. Existiam oficiais (ou cargos) nas igrejas: Fp 1:1b; At 20:17, 28 (Paulo chamou os 
presbíteros da igreja de Éfeso); 1 Tm 3 (qualificações para os cargos de liderança na 
igreja). 
2. Haviam eleições na igreja: At 6:4-6 (escolha dos diáconos em Jerusalém). 
3. Há evidência de cultos regulares de adoração: At 20:27; Hb 10:25. 
4. Lista de membros e outras listas existiam na igreja: AT 2:47; 1 Tm 5:9 (as viúvas que 
poderiam ser incluídas em uma lista da igreja de viúvas que seriam ajudadas pela 
igreja); 1 Co 5:1-13 (a disciplina pressupõem uma diferença entre quem era e quem 
não era membro da igreja. 
5. Existiam práticas comuns: 1 Co 7:17; 11:16; 14:33. 
 
“A questão do governo da igreja consiste,em última análise, em definir onde reside a 
autoridade dentro da igreja e quem deve exercê-la. Na realidade, os defensores das várias 
formas de governo da igreja concordam que Deus é a autoridade final. Os pontos em que 
diferem estão em suas concepções de como ou por meio de quem ele expressa ou exerce 
essa autoridade”10. Existem 3 modelos principais de governo da igreja: 
 
1. Hierárquia – nesta forma de governo 
da igreja, “a autoridade reside no 
bispo”11. Num primeiro nível de 
autoridade existe o pastor, ministro 
ou sacerdote de uma igreja local. 
Pode também haver neste nível 
diáconos e presbíteros. Além desse 
nível, porém, há um segundo nível de 
ordenação que é a do bispo. O bispo 
exerce o poder de Deus, como seu 
representante e pastor, governando 
um grupo de igrejas e de pastores de 
igrejas locais. Entre seus poderes está 
a de ordenar ministros ou sacerdotes. 
Há variações de uma denominação a 
outra quanto ao número de níveis de 
bispos. A igreja Metodista só possui 
um nível de bispos. “Um pouco mais desenvolvida é a estrutura governamental da 
Igreja Anglicana ou Episcopal, enquanto a Igreja Católica Romana possui o sistema 
 
10 ERICKSON, p. 453. 
11 ERICKSON, p. 454. 
8 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
mais completo de hierarquia, com a autoridade investida especialmente no sumo 
pontífice, o bispo de Roma, o papa”12. A autoridade flui de cima para baixo. 
 
2. Colegiado – “o sistema presbiteriano (ou 
colegial) de governo da igreja também 
coloca a autoridade em determinado 
ofício”13, mas este ofício é exercido em 
pluralidade. O oficial principal na 
estrutura presbiteriana é o presbítero. Os 
presbíteros podem ser leigos eleitos pelas 
suas igrejas ou presbíteros formados em 
seminários. A autoridade é exercida por 
um colegiado de presbíteros (ou 
concílios). “É entre os presbíteros que a 
autoridade divina de fato atua dentro da 
igreja”14. Este sistema é adotado pelas igrejas Presbiteriana e Reformada, entre 
outras. No âmbito da igreja local, o conselho (Presbiteriana) ou o consistório 
(Reformada) é o grupo responsável pelas decisões. Todas as igrejas de uma área são 
governadas pelo presbitério (Presbiteriana) ou classe (Reformada). O grupo seguinte 
é o sínodo, formado por igual número de presbíteros leigos e clérigos escolhidos 
pelos presbitérios ou classes. No nível mais alto, a Igreja Presbiteriana também 
possui uma assembléia geral, chamada Supremo Concílio. “O sistema colegiado 
difere do hierárquico no fato de existir só um nível de clero, o presbítero docente 
(pastor) ou presbítero regente”15. 
 
3. Congregacional – “A terceira forma de governo da igreja destaca o papel do cristão 
como indivíduo e tem a igreja local como centro de autoridade. Dois conceitos são 
básicos ao sistema congregacional: autonomia e democracia. Por autonomia 
entendemos que a congregação é independente e governa a si mesma. Não há 
poderes externos que possam ditar diretrizes para a igreja local. Por democracia 
entendemos que cada membro da congregação local tem voz em seus assuntos. São 
os indivíduos da congregação que possuem e exercem a autoridade”16. Uma 
diretoria é eleita para cuidar das questões corriqueiras, mas decisões de peso, como 
escolha ou demissão do pastor, adoção de orçamentos, aceitação de membros, 
compra ou venda de propriedades e outras questões principais são sempre decididas 
em assembléia. Esta forma de governo é praticada pelas igrejas batistas, 
congregacionais e boa parte dos grupos luteranos. “Seguindo um princípio de 
autonomia, cada igreja local chama seu próprio pastor... Ela adquire e gera 
propriedades independentemente de quaisquer autoridades externas”17. As igrejas 
locais, sem renunciar à sua autonomia, decidem se reagrupar em associações de 
igrejas para um trabalho cooperativo. Estas associações podem ter vários níveis: 
 
12 ERICKSON, p. 454. 
13 ERICKSON, p. 454. 
14 ERICKSON, p. 455. 
15 ERICKSON, p. 455. 
16 ERICKSON, p. 456. 
17 ERICKSON, p. 456. 
9 
 
Teologia Sistemática 4 Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
Ordenança é um 
rito simbólico 
instituído 
pessoalmente pelo 
Senhor Jesus Cristo 
que demonstra as 
verdades centrais 
do evangelho. 
local, regional, estadual e nacional. Estas associações não têm poder de imposição 
sobre a igreja local. A autoridade flui de baixo para cima. A ordenação de pastores é 
iniciada a pedido da igreja local e auxiliada pela associação da qual faz parte a igreja. 
 
Cargos ou funções na igreja encontrados no Novo Testamento: 
1. Apóstolos – no sentido original se aplica aos doze discípulos de Jesus e Paulo. Eram 
testemunhas oculares da ressurreição de Jesus Cristo e foram indicados diretamente 
por Jesus. Exerceram uma função importante na definição da doutrina cristã em uma 
época em que ainda não existia um cânon sagrado, a Bíblia: At 2:42; Ef 2:20. Este 
tipo de apóstolo já não existe mais. Outros no Novo Testamento foram também 
chamados de apóstolos: At 14:4; Rm 16:7; Gl 1:19; 1 Ts 1:1; 2:6. A palavra “apóstolo” 
significa enviado e pode ser considerado como equivalente a um missionário, pois 
também tem o significado de um enviado (derivado do latim). 
 
2. Profetas – o sentido original de profeta era alguém que recebia revelação 
diretamente de Deus. Depois de completar o cânon esta função não é mais 
necessária, pois a revelação de doutrina diretamente de Deus está completa no 
conteúdo da Bíblia. Profetas eram também pessoas que proclamavam a mensagem 
de Deus. Neste sentido podemos falar de profetas que proclamam a mensagem da 
Palavra (escrita) de Deus, conclamando os homens à obediência. Os profetas 
também denunciavam o pecado e a injustiça na sociedade. Mas nos dias de hoje, 
este termo só traz confusão com pessoas que divulgam novas doutrinas extra-
bíblicas ou que são videntes. 
 
3. Evangelistas – At 21:8; 2 Tm 4:5 – são os que são especialmente chamados para 
anunciar as boas novas. 
 
4. Pastores – existem 3 palavras diferentes no grego que são usadas para designar um 
mesmo cargo: episkopooi (equivalente a “bispo” ou “supervisor”: 1 Tm 3:1), 
presbuteroi (equivalente a “presbítero” ou “ancião”: 1 Tm 5:17, Tt 1:5) e poimanate 
(significa “alimentar” ou “pastorear” = “pastor”: 1 Pedro 5:2). Paulo exorta os bispos 
de Éfeso a pastorear o rebanho: At 20:28. Em Tt 1:5 e 5:6 os termos presbítero e 
bispo parecem ser usados de forma intercambiável. As qualificações para pastor se 
encontram em 1 Tm 3:1-7 e Tt 1:5-9. 
 
5. Diáconos – a palavra grega diakonoi significa “serviço”. É um cargo de serviço à 
igreja: At 6:1-8; 1 Tm 5:8-11. As qualificações para diácono se encontram em 1 Tm 
3:8-13. 
 
Ordenanças da igreja 
Definição de ordenança: ordenança é um rito simbólico instituído 
pessoalmente pelo Senhor Jesus Cristo que demonstra as verdades 
centrais do evangelho. 
 
Algumas denominações usam a palavra sacramento em vez de 
ordenança porque crêem que é mais do que um ato simbólico, é 
um meio de graça. Isto significa que o próprio rito do sacramento 
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transmite a graça (benção) de Deus ao crente. Esta graça estimula e sustenta a fé fraca, 
transmitindo força e capacidade ao crente. 
 
As igrejas batistas entendem que Jesus instituiu ordenanças (ritos simbólicos), enquanto 
que igrejas reformadas, presbiterianas e luteranas (entre outras) entendem que Jesus 
instituiu sacramentos (meios de transmissão de graça). Todos concordam que uma 
ordenança (ou sacramento) tem que ter sido instituída pelo próprio Senhor Jesus Cristo para 
ser perpetuamente observada pela Igreja. 
 
O número de ordenanças: o entendimento do número de ordenanças tem variado através 
da história da igreja. A maioria das igrejas protestantes hoje pratica duas ordenanças (ou 
sacramentos: batismo e ceia do Senhor). A Igreja Batista Livre, junto com algumas outras 
denominações, pratica três ordenanças (batismo, ceia do Senhor e lavar dos pés dos 
santos). A Igreja Católica Romana praticasete sacramentos. 
 
Batismo 
Praticamente “todas as igrejas cristãs praticam o rito do batismo. Em grande parte, elas o 
fazem porque Jesus em sua comissão final”18 o ordenou – Mt. 28:19. “Existe uma 
concordância quase universal de que o batismo relaciona-se de alguma forma com o início 
da vida cristã; é a iniciação da pessoa tanto na igreja universal, invisível, como na igreja 
local, visível. Mesmo assim há divergências consideráveis a respeito do batismo”19. 
 
Diferentes posições quanto ao significado do batismo: 
1. O batismo como meio de graça salvadora – Esta é a posição luterana (típica entre os 
protestantes) e a católica. Como sacramento, “é o meio pelo qual Deus distribui a graça 
salvadora; ele resulta na remissão dos pecados... É obra do Espírito Santo na iniciação 
das pessoas na igreja [1 Co 12:13]... O batismo une objetivamente o crente a Cristo de 
uma vez por todas”20. Adultos que passam a crer em Cristo podem ser batizados assim 
como crianças ou recém-nascidos. “O batismo de crianças seria necessário para remover 
a mancha do pecado original. Como a criança não é capaz de exercer a fé necessária 
para a regeneração, é essencial que recebam a obra purificadora pelo batismo”21. Neste 
caso “o que conta é a fé dos pais (ou mesmo da igreja). [...] O método de batismo não é 
importante”22. 
 
2. O batismo como sinal e selo da aliança – “A posição adotada pelos teólogos reformados 
e presbiterianos tradicionais está diretamente ligada ao conceito de aliança. Eles vêem o 
batismo como um sinal e selo da concretização divina da aliança estabelecida com a raça 
humana. Assim como a circuncisão no Antigo Testamento, o batismo nos dá a certeza 
das promessas de Deus”23 (uma circuncisão espiritual). “A aliança, a promessa divina da 
graça, é a base, a fonte, de justificação e salvação; o batismo é o ato de fé pelo qual 
somos introduzidos nessa aliança e, portanto, à vivência de seus benefícios. O ato do 
 
18 ERICKSON, p. 459. 
19 ERICKSON, p. 460. 
20 ERICKSON, p. 460. 
21 ERICKSON, p. 461. 
22 ERICKSON, p. 461. 
23 ERICKSON, p. 461. 
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O batismo é um 
símbolo externo da 
mudança interna que 
ocorreu no crente. 
batismo é tanto o meio de iniciação na aliança como um sinal de salvação”24. A salvação 
dos recém-nascidos batizados é condicionada pela persistência futura nos votos feitos 
(confissão de fé feita mais tarde pela pessoa em idade de responsabilidade). “Os filhos 
de pais crentes devem ser batizados”, pois “Deus fez uma aliança espiritual com Abraão 
e sua descendência (Gn 17:7) e essa aliança continua até hoje”25. “A situação dos 
crentes, tanto no Novo Testamento como hoje, deve ser compreendida sob a ótica da 
aliança feita com Abraão”26 (Cl 2:11-12). “É uma iniciação objetiva na aliança com sua 
promessa de salvação”27, portanto a reação subjetiva da pessoa não é um fato 
importante. Para esta posição, o método de batismo não é muito importante. 
 
3. O batismo como evidência externa da salvação – Esta posição 
“vê o batismo como uma [evidência], um símbolo ou 
indicação externa da mudança interna que ocorreu no 
crente. O ato do batismo foi ordenado por Cristo (Mt 28:19, 
20)”, portanto, “é mais adequado entendê-lo como uma 
ordenança, não como um sacramento. Ele não produz nenhuma mudança espiritual na 
pessoa que o recebe. [...] O ato do batismo não transmite diretamente nenhum 
benefício ou bênção espiritual. [...] Não somos regenerados por meio do batismo, pois o 
batismo pressupõe fé e salvação”28. É um batismo de crentes. Trata-se, portanto, de um 
testemunho de que a pessoa já foi regenerada. Sendo assim, recém-nascidos não podem 
ser batizados, somente a pessoa que preenche “as condições para a salvação (i.e., 
arrependimento e fé ativa)”29. “Na Grande Comissão, a ordem de batizar segue-se à 
ordem de fazer discípulos. [...] No dia de Pentecostes Pedro exigiu arrependimento e 
depois batismo (At 2:37-41). A fé seguida do batismo é o padrão em At 8:12, 36-37; 18:8 
e 19:1-7”30. Entre os que entendem o batismo como um símbolo e testemunho do que 
já ocorreu na vida do indivíduo, a imersão é o método predominante, pois é o que 
melhor representa a ressurreição do crente da morte espiritual (Rm 6:3-4). Esta é a 
posição Batista Livre quanto ao batismo. 
 
Conclusões quanto ao significado do batismo: 
1. O batismo não é um meio de regeneração (salvação) e nem de lavagem do pecado. 
o Mc 16:16 não significa que o batismo é necessário para a salvação, pois é só ver a 
segunda parte do versículo onde a condenação está ligada à falta de crença, não 
à falta de batismo. 
o Jo 3:5 – a água neste versículo não se refere ao batismo. Pode se referir ao 
nascimento físico ou então simplesmente a idéia de purificação. 
o 1 Pe 3:21 – o que salva é o compromisso diante de Deus, não o batismo. É 
importante notar que geralmente o batismo no Novo Testamento era realizado 
 
24 ERICKSON, p. 461-462. 
25 ERICKSON, p. 462. 
26 ERICKSON, p. 462. 
27 ERICKSON, p. 462. 
28 ERICKSON, p. 463. 
29 ERICKSON, p. 463. 
30 ERICKSON, p. 463. 
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Ceia como transubstanciação: 
o pão e o vinho são o corpo e o 
sangue físico de Cristo. 
imediatamente após a conversão e, portanto, a conversão e o batismo viraram 
quase que sinônimos. 
o At 2:38 – a resposta de Pedro, a frase “e cada um de vós seja batizado em nome 
de Jesus Cristo” tem que ser vista como um parêntese, ficando o arrependimento 
relacionado com a remissão dos pecados. No final do sermão as pessoas 
arrependeram-se e creram antes de serem batizadas (v. 41). No próximo sermão 
de Pedro, em 3:17-26, a ênfase está no arrependimento, na conversão e na 
aceitação de Cristo, sem menção de batismo. 
o Tito 3:5 – o “lavar regenerador do Espírito Santo” não é o batismo; simplesmente 
a purificação dos pecados. 
 
2. O batismo não é uma substituição da circuncisão do Antigo Testamento e nem é um selo 
da aliança de Deus. A circuncisão do judeu era um símbolo externo, enquanto que a 
verdadeira circuncisão espiritual é interna, portanto, não pode ser o batismo nas águas 
(Rm 2:29). 
 
3. O batismo não transmite nenhuma graça invisível ao cristão. 
 
4. O batismo é um símbolo externo, um testemunho da regeneração interna que já 
ocorreu no momento da conversão. 
 
5. O batismo é uma imagem da morte para a vida antiga de pecado e a ressurreição para 
uma nova vida em Cristo (o novo nascimento). 
 
6. Os receptores do batismo devem ser somente os que já exerceram uma fé salvadora. 
Este é o único exemplo que temos no Novo Testamento. A ordem dos fatos é: ouvir a 
Palavra, crer (fé) e em seguida ser batizado. Sendo assim, não há justificativa para o 
batismo de recém-nascidos ou crianças pequenas. 
 
7. O modo bíblico de batismo é por imersão. A própria palavra batismo vem do grego 
baptizo, que significa mergulhar ou imergir na água. Jesus (Mt 3:16) e o eunuco (At 
8:39) entraram dentro da água para serem batizados. João batizava em Enom “porque 
havia ali muitas águas” (Jo 3:23). Este é o método que melhor representa o que Paulo 
estava falando em Rm 6:3-5. 
 
A Ceia do Senhor 
Jesus Cristo estabeleceu este rito como uma forma da Igreja continuamente comemorar a 
sua morte. Praticamente todos os ramos do cristianismo a praticam. Mas, por outro lado, há 
muitas interpretações deste rito que criam separação entre vários grupos cristãos. 
 
Diferentes concepções quanto ao significado da Ceia do Senhor: 
1. Concepção católica romana tradicional – A Igreja 
Católica Romana adota a posição da 
transubstanciação – doutrina que ensina “que 
quando o sacerdote oficiante consagra os 
elementos, ocorre uma verdadeira mudança metafísica. As substâncias do pão e do 
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Ceia como união com Cristo: 
o pão e o vinho contêm 
espiritualmente o corpo e o 
sangue de Cristo. 
Ceia como consubstanciação: 
o pão e o vinho contêm o 
corpo e o sanguefísico de 
Cristo. 
vinho... transformam-se respectivamente na carne e no sangue de Cristo. O que muda é 
a substância ou a essência”, não a aparência e o gosto. “Cristo inteiro está plenamente 
presente em cada” um dos elementos. “Todos os que participam da... santa eucaristia... 
ingerem literalmente o corpo físico e o sangue de Cristo”31. O pão e o vinho são o corpo 
e o sangue físico de Cristo. Para que os elementos da ceia se transformem, é necessário 
que um sacerdote devidamente ordenado os consagre senão, os elementos 
permanecem mero pão e vinho. Isto exige um sistema sacerdotal. 
 
Um “segundo princípio importante da concepção católica é de que a ceia do senhor 
abrange um ato sacrificial. Na missa, um sacrifício real é novamente oferecido por Cristo 
em favor dos adoradores. É um sacrifício no mesmo sentido em que foi a crucificação”32. 
 
2. A concepção luterana – “Lutero manteve a concepção 
católica romana de que o corpo e o sangue de Cristo 
estão fisicamente presentes nos elementos”, mas 
negou a transubstanciação. As moléculas dos 
elementos não se transformam, “mas o corpo e o 
sangue de Cristo estão presentes ‘em, com e sob’ o pão e o vinho”33 – isto é, além do 
pão e do vinho estão presentes o corpo e o sangue de Cristo. O pão e o vinho contêm o 
corpo e o sangue físico de Cristo. Esta posição é tambem conheciada como 
consubstanciação. Lutero rejeitou as posições católicas do sacerdotalismo e da missa 
como sendo um novo sacrifício. Lutéro ensinou que ao comer o corpo de Cristo e tomar 
o seu sangue há benefícios espirituais que são apropriados pelo crente. 
 
3. A concepção reformada (calvinista) – “Cristo está 
presente na ceia do Senhor, mas não em forma física 
ou corpórea. ...sua presença no sacramento é 
espiritual ou dinâmica. [...] O resplendor do Espírito 
nos transmite a comunhão da carne e do sangue de 
Cristo. [...] ...os verdadeiros comungantes são espiritualmente nutridos quando o 
Espírito Santo lhes dá uma relação mais estreita com a pessoa de Cristo”34. Portanto, o 
crente se aproxima mais de Cristo através da ceia e recebe de novo, e de modo 
contínuo, a vitalidade de Cristo. Além disto, a ceia do Senhor “sela o amor de Cristo para 
os crentes, dando-lhes a certeza de que todas as promessas da aliança e as riquezas do 
evangelho são deles por doação divina. Em troca de um direito pessoal e de uma 
verdadeira posse de toda essa riqueza, os crentes expressam fé em Cristo como Salvador 
e prestam obediência a ele como Senhor e Rei”35. O pão e o vinho contêm 
espiritualmente o corpo e o sangue de Cristo. 
 
 
31 ERICKSON, p. 468. 
32 ERICKSON, p. 468. 
33 ERICKSON, p. 469. 
34 ERICKSON, p. 470. 
35 ERICKSON, p. 470. 
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Ceia como memorial: 
o pão e o cálice 
representam o corpo e 
o sangue de Cristo. 
4. A concepção zwingliana (batista) – A ceia do Senhor é 
apenas um memorial da morte de Cristo e sua eficácia em 
favor do crente. “O valor... está simplesmente em receber 
pela fé os benefícios da morte de Cristo. Assim, o efeito da 
ceia do Senhor não é diferente em natureza, digamos, do 
efeito de um sermão”36. O pão e o cálice representam o 
corpo e o sangue de Cristo. Esta é a posição da Igreja Batista Livre. 
 
Conclusões quanto à ceia do Senhor: 
1. Os elementos da ceia não são e nem contêm literalmente o corpo e o sangue de Cristo. 
Quando Jesus instituiu esta ordenança na véspera da sua morte dizendo “isto é o meu 
corpo”e “isto é o meu sangue”, ele não poderia estar falando literalmente, pois ainda 
não tinha morrido. Podemos entender estas afirmações de Jesus como linguagem 
figurada equivalente às suas afirmações “eu sou” (eu sou o caminho, eu sou a porta, 
etc.). 
 
2. A ceia do Senhor é simplesmente uma comemoração da morte de Cristo – 1 Co 11:24. É 
um momento de relacionamento e comunhão com Cristo. A presença de Cristo na ceia é 
equivalente à sua presença em qualquer culto. 
 
3. A participação na ceia do Senhor não nos confere automaticamente nenhum benefício 
espiritual. Em 1 Co 11:27-32 Paulo dá a entender que a participação de alguns coríntios 
na ceia do Senhor ao invés de serem espiritualmente edificados, haviam-se tornado 
fracos e doentes, estando alguns até mortos (v. 30). Assim, o efeito da ceia do Senhor 
deve depender da fé demonstrada pela pessoa e de sua reação ao que se apresenta no 
rito. 
 
4. A ceia do Senhor é “um lembrete da morte de Cristo e de seu caráter sacrificial” em 
nosso favor, um símbolo de “nossa ligação vital com” o Senhor e um testemunho de sua 
segunda vinda. Ela é “uma ocasião de renovação do compromisso da pessoa com o 
Senhor”37. 
 
5. “A ceia do Senhor foi confiada à Igreja e, pelo que se presume, deve ser ministrada por 
ela. Entende-se, portanto, que seja justo que as pessoas escolhidas e empossadas pela 
igreja para supervisionar e dirigir seus cultos de louvor também supervisionem a ceia do 
Senhor”38. 
 
6. O único pré-requisito para que uma pessoa participe da ceia do Senhor é ter um 
relacionamento pessoal com Deus e capaz de examinar a si mesmo (1 Co 11:28). Os que 
estão sob disciplina e, portanto, afastados do corpo (1 Co 5:1-5) devem também ser 
proibidos de participar da ceia do Senhor. 
 
7. Não temos informações bíblicas sobre a freqüência em que se deve comemorar a ceia 
do Senhor. Portanto, a freqüência pode variar de uma igreja à outra. Ela “deve ser 
 
36 ERICKSON, p. 471. 
37 ERICKSON, p. 473. 
38 ERICKSON, p. 473. 
15 
 
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observada numa freqüência suficiente para evitar intervalos longos entre os períodos de 
reflexão sobre as verdades transmitidas por ela, mas não com tanta freqüência que a 
torne trivial ou comum”39. 
 
Lavar dos Pés dos Santos 
A maior parte das igrejas evangélicas pratica as 2 ordenanças acima. Os Batistas Livres e 
mais algumas outras denominações evangélicas praticam também o Lavar dos Pés dos 
Santos como uma ordenança. 
 
Base bíblica: 
1. “O lavar dos pés é mencionado duas vezes no Novo Testamento”40: João 13:1-20 (a 
referência principal) e 1 Tm 5:10. 
 
2. O evangelho de João foi escrito muitos anos após os outros 3 evangelhos. É o único a 
não mencionar a instituição da ceia do Senhor e o único a mencionar a instituição do 
lavar dos pés. 
 
3. O que Jesus fez no cenáculo foi mais do que um costume da época: a) Jesus era o 
mestre, não o servo; b) o lavar dos pés aconteceu depois da refeição, não ao chegarem, 
como seria de costume; c) as objeções de Pedro eram culturais, a resposta de Jesus 
mostrou que suas intenções eram espirituais e d) Jesus diz a Pedro que se ele não se 
submeter, não terá parte (comunhão) com ele. O ato de Jesus foi deliberadamente 
contracultural. 
 
4. No verso 8 Jesus diz que se Pedro não se submeter ele não teria parte (comunhão) com 
ele. “A palavra sugere algo necessário para o relacionamento ou para a comunhão”41. “O 
lavar dos pés nos lembra do nosso relacionamento com o Salvador e diz respeito 
diretamente ao bem estar espiritual do crente”42. 
 
5. No verso 14 lemos “vós deveis lavar os pés uns dos outros”. Este verbo dever se 
encontra no presente contínuo, dando a idéia de que é uma ação contínua. Quando 
visto em contexto com o v. 15, fica claro que Jesus tinha a intenção que os discípulos 
deveriam continuar a prática, sendo, pois, uma ordenança. 
 
6. A ordem de Jesus foi precedida por uma demonstração literal de como deveria ser 
praticada. Portanto, os discípulos teriam entendido a ordenança como sendo literal. 
 
7. Em 1 Tm 5:10 vemos uma lista de requisitos para que uma viúva fosse colocada em uma 
lista da igreja para receber ajuda. Todos são tarefas de serviço. Mas o lavar dos pés é 
dos santos, não atos de caridade ou humildade para a população em geral. 
 
 
39 ERICKSON, p. 474. 
40 DAVIDSON, William F. e PICIRILLI, Robert E., Os Batistas Livres e o Lavar dos Pés dos Santos. Trad. 
Rejane Eagleton. Ed. Martha Jalkauskas. Barbacena: Missão Batista Livredo Brasil, 2008, p. 7. 
41 DAVIDSON, p. 8. 
42 DAVIDSON, p. 9. 
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8. O significado do lavar dos pés dos santos: 
o Uma lição de humildade. Uma analogia pode ser vista entre o tirar a vestimenta 
de cima, se cingir de uma toalha e abaixar-se para lavar os pés com o que Cristo 
fez na sua encarnação: se despiu (se esvaziou) da sua glória, assumiu a forma de 
servo e de homem e se humilhou (Fp 2:7-8). 
 
o Uma lição na “necessidade diária de purificação do nosso pecado como parte do 
processo de santificação”43 (v. 10). Quem já se banhou = regeneração; lavar os 
pés = santificação. 
 
o Uma lição na necessidade de comunhão contínua com Deus (v. 8, 10, 17). 
 
43 DAVIDSON, p. 25.

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