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Fisiopatologia e Dietoterapia das Doenças Renais – Parte II Insuficiência Renal Aguda (IRA) • ↓ súbita na taxa de filtração glomerular (TFG). • Capacidade renal ALTERADA de eliminar carga diária de excreção metabólica. • Duração: dias a semanas IRA intrínseca Exposição de agentes tóxicos (Nefrotoxicidade) Reação alérgica a agentes Glomerulonefrite progressiva Necrose tubular aguda isquêmica Destruição tecidual Acidose Uremia Hipercalemia Insuficiência Renal Aguda (IRA) • Quando ocorre a Recuperação (fase DIURÉTICA): – ↑ débido urinário – Retorno da eliminação de metabólitos • Pode ser necessária DIÁLISE Reposição da função renal durante a IRA Hemodiálise PADRÃO Diálise PERITONEAL IRA inicial Vômitos, diarréia ou estase gástrica ↓ tolerância alimentar por via ORAL Nutrição Parenteral ↓ catabolismo proteico e produção de uréia Recomendações Nutricionais na IRA Proteína • Pacientes SEM diálise: 0,5 a 0,8g/kg/dia (hipo a normoproteica) • Pacientes DIALISADOS: 1 a 2g/kg/dia (normo a hiperproteica) • Período estável: ingestão proteica mínima = 0,8 a 1g/kg/dia (60% AVB) Energia: 30 a 40kcal/kg/dia Potássio: 30 – 50mEq/dia Sódio: 20 (1,2g sal) – 40 mEq/dia (2,3g sal) Cada 1g de sal = 17mEq de Na Fósforo: limitar conforme necessário (monitorar) Líquidos: repor o débito do dia anterior (vômitos, diarréia e urina) em mais de 500ml/dia Doença Renal CRÔNICA Fatores de risco para DRC Diabetes Mellitus DCV Glomerulopatias Doença renal policística Doenças autoimunes Infecções sistêmicas ITU repetição Uropatias obstrutivas Neoplasias Idade > 60 anos HAS ↓ TFG adaptações Perda de néfrons Doença Renal Progressiva Doença Renal Crônica Toxinas urêmicas Acidose metabólica ↓ atividade física; Deficiência de EPO/anemia ↓ 1,25-di-hidroxivitamina D Resistência insulínica Acidose metabólica ↓ 1,25-di-hidroxivitamina D ↑ secreção de Paratormônio ↓ secreção de insulina Hiperglicemia Formas de Tratamento da DRC Conservador Dialítico - DIÁLISE (Terapia Renal Substitutiva – TRS) Deve ser iniciada em pacientes NÃO Diabéticos TFG < 10mL/min Deve ser iniciada em pacientes DIABÉTICOS TFG < 15mL/min Transplante Avaliação da função renal • Albuminúria: – Marcador de nefropatia – Fator preditor de risco para progressão de DRC e DCV – Descartar: • Febre • Exercício físico • Infecção urinária • Insuficiência cardíaca Parâmetros de excreção urinária (24h) de Albumina: • Normoalbuminúria: – 30mg em 24h • Microalbuminúria: – 30 a 300mg em 24h • Proteinúria ou macroalbuminúria: – > 300mg em 24h Avaliação da função renal • Filtração Glomerular: – Creatinina sérica – Cálculo da depuração da creatinina eliminada na urina em 24h OU – Estimativa - FÓRMULAS: • Cockroft-Gault EQUAÇÕES PREDITIVAS PARA ESTIMAR A FILTRAÇÃO GLOMERULAR Cockroft- Gault TFG (mg/dL) = (140 – idade) x peso (Kg) 72 x Cr sérica (mg/dL) Multiplicar o resultado por 0,85 para o sexo feminino TFG X Estágios da DRC I 90 – 130mL/min Rim danificado, mas normal para a função renal aumentada II 60 – 89mL/min Leve diminuição na função renal III 30 – 59mL/min Moderada diminuição na função renal IV 15 – 29mL/min Grave diminuição na função renal V < 15mL/min Insuficiência renal com tratamento Doença renal em estágio terminal (DRET) Fase DIALÍTICA Zn Proteínas Carboidratos Na Fe Vitaminas Se Lipídeos K Energia Ca Água Dietoterapia na DRC PESO CORPORAL para estimar as necessidades nutricionais National Kidney Foundation (K/DOQI), recomenda: • Peso atual: deve ser usado para estimar as necessidades nutricionais quando o paciente estiver com o peso próximo do ideal ou desejável. • Adequação do peso for > 115% ou < 95%: – Utilizar o PESO AJUSTADO Peso ajustado = [ ( peso ideal – peso atual) x 0,25 ] + peso atual • Peso SECO: – Ausência de edema – Após sessão de hemodiálise – Descontar o líquido peritoneal Nutrição na Fase NÃO DIALÍTICA Tratamento CONSERVADOR Proteínas na Fase NÃO DIALÍTICA • Excesso de proteínas na dieta promove aumento de proteinúria, e danos histológicos renais. • Dieta HIPOPROTÉICA: – ↓ pressão intraglomerular – ↓ consumo de oxigênio devido menor excreção de amônia e fosfatos Razões para Dieta HIPOPROTÉICA na Fase NÃO DIALÍTICA 1. ↓ carga sobre os néfrons remanescentes 2. ↓ estresse oxidativo renal 3. Melhora a proteinúria 4. ↓ níveis de PTH 5. Melhora o perfil lipídico 6. Adaptação metabólica 8. ↓ morte e início da terapia renal substitutiva (Diálise) 9. Não causa desnutrição quando bem implementada. Recomendação de PROTEÍNA na fase NÃO DIALÍTICA da DRC Estágios 1 e 2 (TFG > 60mL/min) Normal (0,8 a 1g/kg/dia) Estágio 3 (TFG entre 59 e 30mL/min) 0,6 a 0,75g/kg/dia Estágio 4 (TFG entre 29 e 15mL/min) 0,6 a 0,75g/kg/dia ou 0,3g/kg/dia suplementada com AAE e cetoácidos (Ketosteril®) Estágio 5 (< 15mL/min) 0,6 a 0,75g/kg/dia ou 0,3g/kg/dia suplementada com AAE e cetoácidos (Ketosteril®) Recomendação de ENERGIA na fase NÃO DIALÍTICA da DRC > 60 anos 30 a 35kcal/kg/dia < 60 anos 35kcal/kg/dia Carboidratos 50% a 60% do valor energético total Lipídeos 25% a 35% do valor energético total No paciente com DISLIPIDEMIA: •< 30% do VET •Colesterol < 200mg •Gordura saturada < 7% •Aumentar gordura monoinsaturada (↑ HDL) •Aumentar ômega 3 (↑ HDL e ↓ TG) •Evitar gorduras trans Recomendações de SÓDIO na Fase NÃO DIALÍTICA • 2.000 a 2.300mg/dia (5 a 6g de sal/dia) • sabe-se que 1g de sal equivalem a 0,4 g de sódio • Restrição de temperos industrializados, produtos industrializados • Estimular leitura de rótulo e preferir produtos com reduzido teor de sódio: < 140mg RESTRIÇÃO DE SAL: • Ajuda no controle da PA • Melhora eficiência dos anti- hipertensivos • Melhora o efeito anti- proteinúrico dos anti- hipertensivos • Não usar sal dietético Manifestações Clínicas da HIPERCALEMIA • Pode evoluir para: - taquicardia ventricular, - fibrilação ventricular - fraqueza muscular; - Arritmia cardíaca • Efeitos gastrointestinais: – dor abdominal (cólicas intestinais intermitentes), – Diarréia – náusea. Redução do Teor de K+ pela COCÇÃO • Processo de cocção das frutas e hortaliças em água • Reduz em médias 60% a concentração de K+ Alimento (mEq/100g) Cru Cozido Beterraba 10,8 4,1 Cenoura 9,5 4,6 Couve 9,5 2,4 Banana 7,7 2,9 Feijão 21,6 6,9 Alimentos Ricos em Potássio (>5,1mEq) Alimento (g) Medida Caseira Potássio (mEq) Melão 170 1 fatia média 13 Laranja 150 1 unidade média 7 Mamão 100 1 fatia média 5,1 Maracujá 100 1 unidade grande 9,2 Abacate 150 1 unidade média 18,8 Banana nanica 60 1 un. média 5,1 Banana prata 60 1 un. média 5,7 Uva 130 1 cacho médio 6,3 Tangerina 150 1 unidade média 6,0 Cenoura (crua) 90 1 unidade média 8,6 Acelga (crua) 70 1 pires de chá 6,8 Escarola (crua) 70 1 prato de sobremesa 6,0 Couve (crua) 70 1 prato de sobremesa 6,6 Feijão (cozido) 100 1 concha média 10,6 Batata (frita) 65 1 escumadeira 14,2 Ameixa seca 25 5 unidades 4,8 Figo seco 30 3 unidades 5,5 Chocolate 100 1 tablete 10 Amendoim 80 1/2 xícara de chá 14 Doença Renal: Ca, P, PTH, Vit. D Função Renal Retenção de P Hiperfosfatemia Secreção de PTH Ca Hiperparatireoidismo secundário Síntese do calcitriol Hiperplasia da paratireóide Absorção de Ca Doença óssea renal Cálcio e Fósforo na DRC Fósforo: • Diretriz Brasileira de Prática Clínica ara Distúrbio Mineral e Ósseo na DRC recomenda (J. Bras. Nefrol, 2011): – Estágio 3 e 4 (TFG entre 15 a 59mL/min): ingestão de Fósforo seja 700mg/dia – DRC – diálise (TFG entre <15mL/min): 800 a 1000mg/dia – P sérico < 5,5mg/dL Cálcio: • Recomendação: 1400 a 1600mg/dia (Suplementação) Alimentos ricos em Fósforo • Leite e derivados, carnes bovina e de frango, fígado de boi, peixe, sardinha, ovo feijão, soja, amendoim, castanha de caju, refrigerantes a base de cola, cerveja. Vitamina D na DRC Classificação do Estado Nutricional de Vitamina D em pacientes com DRC de acordo com o quia K/DOQI Concentrações séricas de 25(OH)D (ng/mL) Classificação < 5 Deficiência GRAVE 5 a 15 Deficiência LEVE 16 a 30 Insuficiência > 30 Suficiência - normal Recomendação para Suplementação de Vitamina D em pacientes com DRC segundo o K/DOQI < 5 50.000 UI /semana durante 12 semanas 5 a 15 50.000 UI /semana durante 4 semanas 16 a 30 50.000 UI – 1 vez/mês Recomendações diárias de MINERAIS na FASE NÃO DIALÍTICA da DRC Potássio (mEq) 50 a 75 Sódio (mg) 2000 a 2300 Fósforo (mg) 750 Cálcio (mg) 1400 a 1600 Ferro (mg) Homens = 8; Mulheres = 15 Zinco (mg) Homens = 10 a 15; Mulheres = 8 a 12 Selênio (mcg) 55 Recomendações diárias de VITAMINAS na FASE NÃO DIALÍTICA da DRC Vitminas A e K Não suplementar Vitamina E (UI) 400 a 800 Vitamina B1 (Tiamina) (mg) 1,1 a 1,2 Vitamina B2 (Riboflavina) (mg) 1,1 a 1,3 Vitamina B3 (Niacina – ác. nicotínico) (mg) 14 a 16 Vitamina B6 (Piridoxina) (mg) 5 Vitamina B12 (Cianocobalamina) (mg) 2,4 Vitamina C (mg) 75 a 90 Ácido fólico (mg) 1 Vitamina B8 (Biotina) (mg) 30 Ácido Pantotênico (mg) 5 Hemodiálise • processo de filtração do sangue, no qual um rim artificial (hemodialisador) remove o excesso de líquidos e metabólitos . • É necessário o acesso à circulação sangüínea do paciente: – Fístula arteriovenosa – Cateter Femoral ou na veia jugular esquerda Recomendações Nutricionais na Hemodiálise • Energia: – 30 a 35 kcal/kg • Proteínas: – 1,1 a 1,2g/kg do peso ideal ou ajustado/dia • Carboidratos: – 50% a 60% do VET • Fibras: – 20 a 30g/dia • Lipídeos: – 25% a 35% do VET – Gordura saturada < 7% do VET – Gord. Poliinsaturada até 10% do VET – Gordura monoinsaturada até 20% do VET – Colesterol < 200mg/dia Recomendações Nutricionais na Hemodiálise • Sal: 5 a 6g/dia • Potássio: 1950 a 2730mg/dia • Fósforo: até 700ml/dia • Cálcio: 2000mg/dia Vitaminas • Tiamina: 1,1 a 1,2mg/dia • Riboflavina: 1,1 a 1,3mg/dia • Ác. pantotênico: 5mg/dia • B6: 10mg/dia • B12: 2,4mcg/dia • Ác. fólico: 1mg/dia • Vitamina C: 75 a 90mg/dia • Vitamina E: 400 a 800 UI/dia • Vitamina D: individualizado (conforme estado nutricional) Diálise Peritoneal • Objetiva o mesmo da hemodiálise: – tirar o excesso de água e as substâncias que deveriam ser eliminadas através da urina . • Utiliza a membrana peritoneal (peritôneo) localizada no interior do abdômen para filtrar o sangue. • Peritôneo é altamente vascularizado e funciona como uma membrana semipermeável reutilizável . Recomendações Nutricionais na Diálise Peritoneal • Energia: – < 60 anos: 35kcal/kg/dia – > 60 anos: 30 kcal/kg/dia • Absorção de Glicose na sessão de diálise peritoneal: – CAPD: 60% • Proteína: – 1,2 a 1,3g/kg/dia (50% AVB) – Depleção: 1,2 a 1,4g/kg/dia • Fósforo: – 8 a 17mg/kg/dia • Sódio: – 2 a 3g/dia (5 a 7,5g de SAL) Vitaminas (= Hemodiálise) • Tiamina: 1,1 a 1,2mg/dia • Riboflavina: 1,1 a 1,3mg/dia • Ác. pantotênico: 5mg/dia • B6: 10mg/dia • B12: 2,4mcg/dia • Ác. fólico: 1mg/dia • Vitamina C: 75 a 90mg/dia • Vitamina E: 400 a 800 UI/dia • Vitamina D: individualizado (conforme estado nutricional) Complicações NUTRICIONAIS da Diálise • Desnutrição energético protéica • HAS • Hipercalemia • Hipervolemia • Hiperfosfatemia Perda de Nutrientes na Hemodiálise Aminoácidos – 6 a 12 g Peptídeos – 2 a 3 g Glicose – 15 a 25 g Vitaminas hidrossolúveis Proteínas Desnutrição na Diálise 23-76% 18-50% Hipercatabolismo Uremia Acidose Metabólica Procedimento de HD Proteólise muscular Perda de Nutrientes no paciente