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Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia - UFAPE É muito comum o uso de fontes de nitrogênio não-protéico (ex: ureia) nos sistemas de produção de ruminantes. Essas fontes quando ingeridas em excesso, causam riscos a saúde dos animais devido a toxidade. A HIPERAMONEMIA é o excesso de amônia no organismo e apresenta sintomas ligados ao sistema neurológico, pois a falta de ATP nas células nervosas e o acúmulo de neurotransmissores podem excitar ou deprimir o SNC. OBS: Os ruminantes conseguem reciclar a ureia pela saliva ou por difusão através da parede ruminal via corrente sanguínea. A ureia quando ingerida, é rapidamente hidrolisada a NH3 (amônia) e CO2 (dióxido de carbono) no rúmen pelos microrganismos ureolíticos. A amônia também é produzida pela deaminação (liberação do grupo amina) que ocorre no meio intracelular dos microrganismos. Quanto maior a concentração de amônia no rúmen, maior será a taxa de absorção pela parede ruminal, essa maior absorção é dada pela diferença de concentração entre o rúmen e a corrente sanguínea. Outro fator que favorece esse aumento é o efeito tamponante da amônia, pois o aumento do pH favorece sua absorção. O N-amoniacal (NH3 + N) esta presente no rúmen de duas formas: NH3 (amônia) e NH4+ (amônio). ↑ pH - maior produção de amônia (tamponante); ↓ pH - maior produção de amônio (acidificante). Essa redução do pH favorece o melhor uso do nitrogênio amoniacal (NH3 – N) para crescimento microbiano, e menor absorção de NH3 pela parede ruminal. Quando existe altos níveis de amônia no rúmen, ocorre uma diminuição da reciclagem de ureia, para isso, a atividade ureolítica da parede ruminal é reduzida, como também a passagem de amônia da corrente sanguínea para o rúmen. A ureia formada pelo metabolismo do fígado tem 3 destinos: reciclada no trato digestivo (rúmen), excretada na urina e excretada no leite (5 a 20mg/dL). INTOXICAÇÃO Rúmen – acima de 100mg/dL Sangue – acima de 2mg/dL A intoxicação por ureia é causada pelo excesso do aporte de amônia no rúmen, excedendo a utilização do fígado. Quando associado a ingestão INTOXICAÇÃO POR UREIA Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia - UFAPE de carboidratos de baixa fermentação CNF (falta energia para produção de protéina microbiana de alto valor biológico). Ao ser ingerido o NNP chega ao rúmen e logo sobre a ação da urease, originando 2 NH3 + CO2 o que provoca o aumento da concentração de amônia no rúmen (> 20mg/dLl) o pH aumenta e ocorre a absorção da amônia pela parede ruminal devido a diferença de concentração. Quando ocorre um quadro de intoxicação por amônia, há um quadro de encefalopatia resultante dos efeitos tóxicos no SNC (devido a elevação nos níveis de NH3 no sangue, ocorre também um aumento no líquido cérebroespinhal ocasionando sistomas neurológicos). SINTOMAS Animais inquietos e agressivos; Bruxismo; Timpanismo; Tremores e até convulsões; SNC afetado: animais cambaleando (bêbados); Coma e morte. A intoxicação por ureia e hiperamonemia pode ser mais intensa em casos como: - Animais com insuficiência hepática (produção de ureia pelo fígado comprometida); - Fêmeas de ruminantes em períodos de transição (mobilização do tecido adiposo do rúmen); - Animais com esteatose hepática (fígado gorduroso). TRATAMENTO Reduzir a taxa de hidrólise da ureia no rúmen e consequentemente, da absorção de amônia pelo epitélio. Rumenotomia (retirar fluido ruim e introduzir outro sadio); Administração de ácido fraco (vinagre): ácido acético 5% para reduzir o pH transformando amônia em amônio, diminuindo a absorção de amônia. Água gelada (20 a 40L/animal) reduz a temperatura ruminal e a urease, aumentando a taxa de passagem e levando NH3 – N e ureia. PREVENÇÃO Animais em pastejo; Limitar o consumo de suplementos com ureia; Fornecer suplemento em áreas cobertas (ureia diluida aumenta os riscos de intoxicação devido a maior solubilização); Adição de ureia na silagem de forma bem homogênea; Uso de fontes de ureia de lenta degradação junto com fontes de carboidratos com baixa taxa de degradação (maior aproveitamento), redução da absorção de amônia pela parede ruminal (maior utilização) e menor risco de intoxicação. A intoxicação por nitritos e nitratos pode acontecer através de água contaminada ou pelo consumo de plantas que podem acumular nitratos. Em condições normais, as forrageiras transformam nitratos (NO3-) que associados a INTOXICAÇÃO POR NITRITOS E NITRATOS Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia - UFAPE outros compostos fazem a síntese de aminoácidos pela planta. Em períodos de estresse hídrico, falta de luminosidade ou frio intenso, o metabolismos da planta é reduzido o que favorece o acúmulo de nitratos. Outro fator que pode favorecer esse acúmulo no solo e nas forrageiras é a fertilização intensa com fontes de N (ureia). No ambiente ruminal a alta quantidade de nitrato é convertido a nitrito (NO2-) que é a forma mais tóxica para os animais, esse por sua vez é reduzido a gás nitrogênio (N2) pela de-nitrificação ou é reduzido a amônia (NH3). Quando ingerido em grandes quantidades, a conversão de nitrato para produtos nitrogenados pode não ser rápida o suficiente para impedir a sua absorção pela corrente sanguínea, ocasionando assim a intoxicação por nitrato. O consumo de nitrato a níveis seguros, depende da quantidade carboidratos de rápida fermentação, pois com a conversão à nitrito e amônia, a energia produzida é utilizada para produção de proteína microbiana. Quando corre a absorção de grande quantidade de nitrito do rúmen para corrente sanguínea, maior é a oxidação de Fe de hemoglobina e maior a produção de metahemoglobina (proteína incapaz de se ligar ao oxigênio). SINTOMAS Os animais podem morrer antes de apresentar qualquer sintoma ou os sinais clínicos podem surgir em até 14h após a ingestão. CONVERSÃO DE HEMOGLOBINA A METAHEMOGLOBINA Conversão de 40 a 60%: Dispneia e respiração forçada; Fraqueza muscular; Incoordenação motora; Má oxigenação do sangue; Aborto ou morte fetal. Conversão acima de 75%: Morte por falta de oxgenação no cérebro; Sangue com colaração avermelhada ao achocolatado. DIAGNÓSTICO Coloração do sangue; Histórico do consumo de forragens ou alimentos ricos em nitratos; Qualidade da água fornecida pelo animal (máx. de 100mg/L de nitrato e 33mg/L de nitrito). TRATAMENTO Retirar forragens e alimentos ricos em nitratos da dieta (milho, trigo, aveia, azevém, sorgo, capim elefante, etc.); Fornecer substâncias que reduzam a oxidação de Fe, assim evitando maior formação de metahemoglobinas (azul de metileno a 1% - 4 a 15mg/kg de PV). PREVENÇÃO Limitar o consumo de alimentos e forragens que tem maior facilidade de acumular nitratos; Limitar o acesso dos animais aos pastos após as primeiras chuvas precedidas do período seco; Stephanie Lima @tell_lima | Zootecnia - UFAPE Limitar o consumo de água com excesso de nitrato; Fornecer fontes de carboidratos de rápida digestão a fim de estimular o uso de amônia, reduzindo o acúmulo de nitrito; Fornecer L-cisteína (0,5 a 0,6 g/Kg – supre 60% das necessidades de S).
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