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NUTRIÇÃO E ATENÇÃO À SAÚDE Luciana de Souza Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 S719n Souza, Luciana de. Nutrição e atenção à saúde / Luciana de Souza. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 194 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-068-9 1. Nutrição. 2. Atenção à saúde. I. Título. CDU 613.2 Atuação do nutricionista na saúde coletiva: Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identi� car o papel do nutricionista na saúde coletiva. Reconhecer a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). Identi� car a Promoção de uma Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) no PNAN. Introdução Na saúde coletiva deve haver interações socioeconômicas dos indivíduos da comunidade com o ambiente em que eles vivem, tendo a percepção de quanto isso pode influenciar na saúde desta região ou comunidade. Também que ao contrário de outras áreas da saúde, onde a característica principal é o tratamento, na saúde coletiva o objetivo principal é prevenir o desenvolvimento ou a disseminação de doenças e demais problemas de saúde, de determinados indivíduos, em determinada região. O seu papel como nutricionista é prevenir doenças relacionadas à alimenta- ção e nutrição, assim como promover hábitos alimentares adequados e saudáveis, tendo como um dos principais subsídios a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). Neste capítulo, você irá identificar o papel do Nutricionista na Saúde Coletiva, sua atuação conforme princípios da PNAN e PAAS. O papel do nutricionista na saúde coletiva É importante você saber que a alimentação e nutrição são requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando o pleno potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. Você sabia que nas últimas décadas, a população brasileira passou por grandes transformações sociais que resultaram em mudanças no seu padrão de saúde e consumo alimentar? Essas transformações tiveram como consequência a redução da pobreza e da exclusão social e, consequentemente, da fome e escassez de alimentos, melhorando o acesso à maior variedade de alimentos e aumentando a variedade de nutrientes da alimentação, além de garantir disponibilidade média de calorias para consumo. Apesar disso, ainda existam milhões de brasileiros vivendo na pobreza extrema. Porém, a diminuição da fome e da desnutrição veio acompanhada do aumento da obesidade em todas as camadas da população, apontando para um novo cenário de problemas relacionados à alimentação e nutrição. A dieta habitual dos brasileiros é composta por diversas influências e atualmente é fortemente caracterizada por uma combinação de uma dieta chamada “tradicional”, a qual é baseada no arroz com feijão, com alimentos classificados como ultraprocessados, ou seja, com altos teores de gorduras, sódio e açúcar e com baixo teor de micronutrientes, além do alto conteúdo calórico. O consumo médio de frutas e hortaliças ainda é metade do valor recomendado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, mantendo-se estável na última década, enquanto alimentos ultraprocessados, como doces, salgadinhos e refrigerantes, têm o seu consumo aumentado a cada ano. Fatores como a renda, escolaridade e faixa etária são determinantes na definição do padrão de consumo alimentar. Você como o profissional que deve orientar a população na seleção de alimentos que possam garantir sua alimentação e nutrição, com aporte calórico adequado, promovendo a saúde e minimizando ou evitando os agravos resultantes da má escolha dos alimentos. Você deve, também, saber avaliar e diagnosticar as peculiaridades de cada um dos fatores determinantes na escolha dos alimentos para consumo, promovendo a escolha mais saudável e adequada para cada indivíduo, em cada ciclo da vida, respeitando sua cultura e região demográfica. Para isso, você deve incluir as ações de vigilância alimentar e nutricional, como avaliação antropométrica (peso, estatura), bem como avaliação do padrão alimentar. Podemos afirmar então que sua atuação como nutricionista na saúde co- letiva compreende os cuidados relativos à alimentação e nutrição voltados à promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento de agravos, 27Atuação do nutricionista na saúde coletiva devendo estar associados às demais ações de atenção à saúde do SUS, para indivíduos, famílias e comunidades, contribuindo para a formação de uma rede integrada, resolutiva e humanizada de cuidados. Portanto, a atenção nutricional tem como sujeitos: os indivíduos, a famí- lia e a comunidade. Os indivíduos apresentam características específicas e, entre os elementos de sua diversidade, está a fase do ciclo da vida em que se encontram, além da influência da família e da comunidade em que vivem. Você como nutricionista deve focar em todas as fases do ciclo da vida, sendo necessária a identificação e priorização de fases mais vulneráveis aos agravos relacionados à alimentação e nutrição. As famílias e comunidades devem ser entendidas como “sujeitos coletivos”, com características, dinâmicas, formas de organização e necessidades distintas, assim como apresentam diferentes respostas a diferentes fatores e diferentes agravos. Você também deve considerar os diferentes grupos populacionais, povos e comunidades tradicionais, como a população negra, quilombolas e povos indígenas, entre outros, assim como as especificidades de gênero. Você sabia que a atenção nutricional deve fazer parte do cuidado inte- gral na Rede de Atenção à Saúde (RAS)? Tendo a Atenção Básica como coordenadora do cuidado e ordenadora da rede. A Atenção Básica, pela sua capacidade de identificação das necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade, contribui para que a organização da atenção nutricional parta das necessidades dos usuários. Nesse sentido, o processo de organização e gestão dos cuidados relativos à alimentação e nutrição na RAS, pelo nutricionista, deverá ser iniciado pelo diagnóstico da situação alimentar e nutricional da população atendida nos serviços e equipes de Atenção Básica. Entenda que a vigilância alimentar e nutricional possibilitará a constante avaliação e organização da atenção nutricional no SUS, identificando prioridades e realizando diagnósticos de acordo com o perfil alimentar e nutricional da população assistida. Para este diagnóstico, você deverá utilizar o Sistema de Vigilância Alimen- tar e Nutricional (SISVAN) e outros sistemas de informação em saúde para identificar indivíduos ou grupos que apresentem agravos e riscos para saúde, relacionados ao estado nutricional e ao consumo alimentar. Para identificar possíveis determinantes e condicionantes da situação alimentar e nutricional da população, é importante que as equipes de Atenção Básica incluam em seu processo de territorialização: identificação de locais de produção, comercia- lização e distribuição de alimentos; costumes e tradições alimentares locais; características da região demográfica onde vive a população, que possam ser relacionados aos seus hábitos alimentares e estado nutricional. Nutrição e atenção à saúde 28 É importante que você lembre que a atenção nutricional deverá priorizar a realização de ações no âmbito da Atenção Básica. Porém, você precisa incluir, de acordo com as necessidades dos usuários, outros pontos de atenção à saúde, como serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, serviços especializados, hospitais, atenção domiciliar, entre outros no âmbito do SUS. Assim como ações em diferentes equipamentos sociais, governamentais ou não, que possam contribuir com o cuidado integral em saúde por meio da intersetorialidade. Nesse contexto, as práticas e processos de acolhimento precisam considerar a alimentação e nutrição como determinantes de saúde e levar em conta a parti- cularidade e complexidade do comportamentoalimentar. Devendo disseminar essas concepções entre os profissionais de saúde, contribuindo para a qualificação de sua escuta e capacidade resolutiva em uma perspectiva humanizada. A atenção nutricional está presente nos âmbitos da atenção básica e hospitalar Âmbito de atenção básica Você deverá dar respostas às demandas e necessidades de saúde do seu território, considerando as de maior frequência e relevância e observando critérios de risco e vulnerabilidade. Diante do atual quadro epidemiológico do país, deverão ser prioritárias as ações preventivas e de tratamento da obesidade, da desnutrição, das carências nutricionais específicas e de doenças crônicas não transmissíveis, relacionadas à alimentação e nutrição. Também constituem demandas para a atenção nutricional, no SUS, o cuidado aos indivíduos portadores de necessidades alimentares especiais, como as decorrentes dos erros inatos do metabolismo como alergias e intolerâncias alimentares, transtornos alimentares, entre outros. No contexto da garantia da oferta de alimentação adequada e saudável, ressalta-se a importância de que a rede de atenção à saúde constitua-se em uma rede de apoio ao aleitamento materno e da alimentação complementar saudável. Para tanto, você deve incentivar e favorecer a prática do aleitamento materno, exclusivo até o 6º mês e complementar até os 2 anos, bem como a doação de leite humano em diversos serviços de saúde, de forma articulada com os Bancos de Leite Humano, para ampliar a oferta de leite materno nas situações de agravos maternos e infantis que impossibilitem a prática do aleitamento materno. 29Atuação do nutricionista na saúde coletiva Política nacional de alimentação e nutrição (PNAN) Você sabia que a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), apro- vada no ano de 1999, integra os esforços do Estado Brasileiro que, por meio de um conjunto de políticas públicas, propõe respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação? Então, essa Política atesta o compromisso do Ministério da Saúde com os males relacionados à escassez alimentar e à pobreza, sobretudo à desnutrição infantil e materna, assim como com o complexo quadro dos excessos já con- figurados no Brasil pelas altas taxas de prevalência de sobrepeso e obesidade na população adulta. Foi a partir de uma série de eventos participativos, pessoas, instituições governamentais e não-governamentais que atuam no campo da alimentação e nutrição, quando ouvidas, consignaram suas contribuições para a formula- ção da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). Tal Política se revestiu de especial importância frente à prioridade política governamental para o combate à fome. Propósito A PNAN integra a Política Nacional de Saúde, se inserindo, ao mesmo tempo, no contexto da Segurança Alimentar e Nutricional. Compondo o conjunto das políticas de governo voltadas à concretização do direito humano universal à alimentação e nutrição adequadas, esta Política tem como propósito a garantia da qualidade dos alimentos colocados para consumo no País, a promoção de práticas alimentares saudáveis e a preven- Âmbito hospitalar Saiba que é necessário promover a articulação entre o acompanhamento clínico e o acompanhamento nutricional, tendo em vista a relevância do estado nutricional para a evolução clínica dos pacientes. Assim como a interação destes com os serviços de produção de refeições e os serviços de terapia nutricional, entendendo que a oferta de alimentação adequada e saudável é componente fundamental nos processos de recuperação da saúde e prevenção de novos agravos nos indivíduos hospitalizados. Nutrição e atenção à saúde 30 ção e o controle dos distúrbios nutricionais, bem como o estímulo às ações intersetoriais que propiciem o acesso universal aos alimentos. Além disso, para garantir os direitos humanos no âmbito da alimentação e nutrição, a definição desta política setorial compreendeu a revisão de con- ceitos, levando em consideração a diversidade e a necessidade de tratamento diferenciado e tendo por base a análise da situação alimentar e nutricional da população. Veja que essa revisão de conceitos implicará, por consequência, no redimensionamento das práticas, mediante a formulação ou readequação dos planos, programas, projetos ou atividades que operacionalizarão as diretrizes fixadas nesta Política Nacional. Princípios A PNAN tem por pressupostos os direitos à Saúde e à Alimentação e é orien- tada pelos princípios doutrinários e organizativos do SUS: universalidade, integralidade, equidade, descentralização, regionalização e hierarquização e participação popular. A estes se somam os princípios a seguir; A alimentação como elemento de humanização das práticas de saúde: veja que pelo fato de a alimentação expressar relações sociais, valores, histórias e sentimentos dos indivíduos, ela pode ser abordada de modo a relacionar tudo isso com as práticas de saúde, valorizando o ser humano para além de suas condições biológicas e reconhecendo-o como o centro no processo de produção da saúde. O respeito à diversidade e à cultura alimentar: você deverá considerar as particularidades regionais do povo brasileiro, influenciadas principalmente pelas culturas indígena, portuguesa e africana. Reconhecer, respeitar, pre- servar, resgatar e difundir a riqueza incomensurável de alimentos e práticas alimentares corresponde ao desenvolvimento de ações com base no respeito à identidade e cultura alimentar da população. O fortalecimento da autonomia dos indivíduos: é importante aumentar a capacidade de interpretação e análise do sujeito sobre si e sobre o mundo, dando ênfase à capacidade de fazer escolhas, governar e produzir a própria vida. A determinação social e a natureza interdisciplinar e intersetorial da alimentação e nutrição: contribuir para a construção de formas de acesso a uma alimentação adequada e saudável, colaborando com a mudança do modelo de produção e consumo de alimentos que determinam o atual perfil epidemiológico. 31Atuação do nutricionista na saúde coletiva A segurança alimentar e nutricional com soberania: se refere ao direito dos povos de decidir seu próprio sistema alimentar e de produzir alimentos saudáveis e culturalmente adequados, acessíveis, de forma sustentável e ecoló- gica, colocando aqueles que produzem, distribuem e consomem alimentos no coração dos sistemas e políticas alimentares, acima das exigências de mercado. Diretrizes A PNAN foi aprovada pela Portaria 710, de 10 de junho de 1999, tendo como diretrizes programáticas desta Política, que tem como fi o condutor o Direito Hu- mano à Alimentação e a Segurança Alimentar e Nutricional, são as seguintes: 1. Estímulo a ações intersetoriais com vistas ao acesso universal aos alimentos: na condição de detentor dos dados epidemiológicos relativos aos aspectos favoráveis e desfavoráveis da alimentação e nutrição, em âmbito nacional, o setor Saúde deverá promover ampla articulação com outros setores governamentais, a sociedade civil e o setor produtivo, cuja atuação esteja relacionada a determinantes que interferem no acesso universal aos alimentos de boa qualidade. 2. Garantia da segurança e qualidade dos alimentos: o redirecionamento e o fortalecimento das ações de vigilância sanitária buscarão a garantia da segurança e da qualidade dos produtos e da prestação de serviços na área de alimentos. Essas ações constituem: instrumento básico na preservação do valor nutricional dos alimentos, com os critérios de qualidade sanitária, na prestação de serviços neste âmbito, visando à proteção da saúde do consumidor, dentro da perspectiva do direito humano à alimentação e nutrição adequadas. 3. Monitoramento da situação alimentar e nutricional: será ampliado e aperfeiçoado o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), de modo a agilizar os seus procedimentos e a estender sua cobertura a todo o País. Você deverá fazer a consolidação desseSistema, especial- mente, com o apoio de centros colaboradores em alimentação e nutrição e de núcleos de trabalho existentes na quase totalidade dos estados e em centenas de municípios brasileiros. 4. Promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis: se inicia com o incentivo ao aleitamento materno e está inserida na adoção de estilos de vida saudáveis, componente importante da promoção da Nutrição e atenção à saúde 32 saúde. Deverá dar ênfase à socialização do conhecimento sobre os alimentos e o processo de alimentação, bem como na prevenção dos problemas nutricionais, desde a desnutrição (incluindo as carências específicas - ferro, vitamina A, iodo) até a obesidade. 5. Prevenção e controle dos distúrbios e doenças nutricionais: atuação no quadro de morbimortalidade, dominado pelo binômio desnutrição/ infecção, que afeta, principalmente, as crianças pobres, nas regiões de atraso econômico e social. Atuação no grupo predominante do sobrepeso e obesidade, diabetes melito, doenças cardiovasculares e algumas afecções neoplásicas, que acometem mais os adultos e pessoas de idade mais avançada, pelo fato de não reconhecer que muitos desses problemas podem ter início na infância. Atuação nas doenças crônicas não-transmissíveis, em que as medidas estarão voltadas à promoção da saúde e ao controle dos desvios alimentares e nutricionais, por constitu- írem as condutas mais eficazes para prevenir sua instalação e evolução. 6. Promoção do desenvolvimento de linhas de investigação: a imple- mentação de todas as diretrizes da PNAN contará com o suporte de linhas de investigação, desenvolvidas de acordo com as normas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa Humana (Conep/MS), que esclarecem aspectos particulares e até gerais de alguns problemas, avaliam a contribuição dos fatores causais envolvidos e indicam as medidas mais apropriadas para seu controle. 7. Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos em saúde e nutrição: o desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos cons- tituem diretriz que perpassará todas as demais definidas nesta Política, configurando mecanismo privilegiado de articulação intersetorial, de forma que o setor Saúde possa dispor de pessoal em qualidade e quan- tidade, e cujo provimento, adequado e oportuno, é de responsabilidade das três esferas de governo. 33Atuação do nutricionista na saúde coletiva Responsabilidades institucionais Conforme os princípios do SUS, os gestores, de forma articulada e dando cumprimento às suas atribuições comuns e específicas, atuarão no sentido de viabilizar o alcance do propósito da PNAN. Considerando as características peculiares de intersetorialidade e de vinculação desta Política à Política de Segurança Alimentar e Nutricional, existem as responsabilidades de natureza intra e intersetorial. Caberá aos gestores do SUS, em suas respectivas áreas de abrangência, promover a implementação e a avaliação desta Política, estabelecendo o processo de articulação com aqueles setores envolvidos com a Segurança Alimentar e Nutricional, visando, estabelecer parcerias e articulação interinstitucional que possibilitem consolidar compromissos multilaterais. Será, também, buscado o estabelecimento de parceria com a sociedade, para alcançar a efetiva participação na PNAN. Promoção de uma Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) no PNAN Entende-se por alimentação adequada e saudável a prática alimentar apropriada aos aspectos biológicos e socioculturais dos indivíduos, bem como ao uso sustentável do meio ambiente, os quais se iniciam no aleitamento materno. Veja que deve estar em acordo com as necessidades de cada ciclo da vida e com as necessidades alimentares especiais, considerando a cultura alimentar, dimensões de gênero, raça e etnia, sendo acessível do ponto de vista físico e fi nanceiro, harmônica em quantidade e qualidade, baseada em práticas pro- dutivas adequadas e sustentáveis com quantidades mínimas de contaminantes físicos, químicos e biológicos. Você sabia que a Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) é uma das vertentes da Promoção à Saúde? No SUS, a estratégia de promoção da saúde é uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-doença no Brasil. Assim, as ações de promoção da saúde são formas mais amplas de intervenção sobre os fatores condicionantes e determinantes sociais de saúde, de forma intersetorial e com participação popular, favorecendo escolhas saudáveis por parte dos indivíduos e coletividades no território onde vivem e trabalham. Nutrição e atenção à saúde 34 A PAAS tem como objetivo melhorar a qualidade de vida da população, por meio de ações intersetoriais, voltadas ao coletivo, aos indivíduos e aos ambientes físico, social, político, econômico e cultural, de caráter amplo e que possam responder às necessidades de saúde da população, contribuindo para a redução da prevalência do sobrepeso e obesidade e das doenças crônicas associadas e outras relacionadas à alimentação e nutrição. Entenda que esta Política envolve a educação alimentar e nutricional que se soma às estratégias de regulação de alimentos, as quais envolvem a rotulagem e informação, publicidade e melhoria do perfil nutricional dos alimentos, bem como o incentivo à criação de ambientes institucionais que promovam alimentação adequada e saudável. Ou seja, alimentos saudáveis devem estar presentes nas escolas e nos ambientes de trabalho. Veja que a oferta de ali- mentos saudáveis também deve ser estimulada entre pequenos comércios de alimentos e refeições da chamada “comida de rua”. Uma comunicação social adequada e sistemática deve ser inserida nestes ambientes, pois tem uma ampla capacidade de abrangência, em todas as classes sociais, priorizando a publicidade de produtos de alimentação infantil. Na educação alimentar e nutricional você deverá buscar consenso sobre conteúdos, métodos e técnicas do processo educativo, considerando os dife- rentes espaços geográficos, econômicos e culturais. A promoção de práticas alimentares contemplará, também, iniciativas específicas dirigidas ao aleita- mento materno, tendo prioridade, neste contexto, às mulheres em idade fértil. Você deve saber que a PAAS tem como medida relevante o acompanha- mento do processo de industrialização e comercialização de produtos farmacêu- ticos e ou dietéticos, apresentados como soluções terapêuticas ou profiláticas de problemas nutricionais, de que são exemplos importantes: o controle do peso, da fadiga, do processo de envelhecimento, bem como a prevenção e o tratamento eficaz de doenças de difícil manejo, além de outras indicações discutíveis ou francamente injustificadas. 35Atuação do nutricionista na saúde coletiva Atualmente, o sobrepeso e obesidade são os maiores desafios nutricionais na infância. Juntamente com a este agravo, neste ciclo da vida, vêm as influências da publicidade infantil, as quais estão disponíveis em meios de comunicação de fácil acesso. Ao promover uma alimentação adequada e saudável, para este público, é imprescindível que você atue nas famílias, considerando os fatores biológicos, sociais e culturais. Nesta situação, a prevenção da obesidade já inicia na promoção do aleitamento materno, o qual previne inúmeros agravos na primeira infância, estendendo-se até a idade adulta. Posteriormente ao aleitamento, você deve promover uma introdução alimentar e nutricional saudável, desde a fase de desmame até a alimentação plena sem o leite materno. Na fase de introdução alimentar, a orientação adequada sobre a publicidade dos alimentos lácteos, atentando para a rotulagem, é primordial para os responsáveis pela criança saberem discernir entre o que é adequado e o que é apenas comercial. Você como nutricionista, com participação de toda equipe de atenção básica, tem o papel de promover hábitos saudáveis de vida, o que na infância poderá evitar agravos deste e dos demais ciclos da vida. Nutrição e atenção à saúde 36 1. Qualitem citado está relacionado a uma das principais modificações que implicam a área da alimentação coletiva? a) Redução da fome e escassez de alimentos. b) Aumento da pobreza. c) Não houve modificação do acesso à variedade de alimentos. d) Calorias abaixo da média para consumo. e) Redução da obesidade. 2. Não fazem parte da dieta habitual dos brasileiros: a) Combinação arroz com feijão. b) Consumo de frutas e hortaliças além do recomendado. c) Alimentos ricos em gordura. d) Alimentos ricos em sódio. e) Alimentos ricos em açúcar. 3. São propósitos da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN): a) Priorizar a atuação na desnutrição infantil e materna. b) Não priorizar sobrepeso e obesidade na população adulta. c) Proteger, promover e prover direitos humanos á saúde e alimentação universal. d) É uma Política que diverge da Segurança Alimentar e Nutricional. e) Orientação alimentar e nutricional como tratamento igualitário em todos os ciclos da vida. 4. São diretrizes programáticas da PNAN, exceto: a) Estímulo a ações intersetoriais com vistas ao acesso universal aos alimentos. b) Garantia da segurança e qualidade dos alimentos. c) Monitoramento da situação alimentar e nutricional. d) Não promover o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos em saúde e nutrição. e) Promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis. 5. A Promoção de uma Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) no PNAN entende-se por: a) Excluir o aleitamento materno. b) Desconsiderar os ciclos da vida. c) Considerar apenas o processo saúde do indivíduo. d) Melhorar a qualidade de vida apenas no ambiente físico do indivíduo. e) Práticas alimentares apropriadas aos aspectos biológicos e socioculturais do indivíduo. 37Atuação do nutricionista na saúde coletiva BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica- coes/ politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 710, de 10 de junho de 1999. Aprova a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, cuja íntegra consta do anexo desta Portaria e dela é parte integrante. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 jun. 1999. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/ 388704/PORTARIA_710_1999. pdf/b28dc77e-6a8d-48b2-adad-ae7bdc457fc3>. Acesso em: 20 jan. 2017. Leituras recomendadas ALVES, K. P. de S.; JAIME, P. C. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição e seu diálogo com a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 11, p. 4331-4340, 2014. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/csc/v19n11/ 1413-8123-csc-19-11-4331.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Estratégias de Promo- ção da Alimentação Saudável para o Nível Local. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2007. CARVALHO, D. B. B. de. Estudo de caso do processo de formulação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, DF, v. 20, n. 4, p. 449-458, out./dez. 2011. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/ ess/ v20n4/v20n4a04.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2017. CASTRO, I. R. R. de. Desafios e perspectivas para a promoção da alimentação ade- quada e saudável no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 31, n. 1, p. 7-9, jan. 2015. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/ csp/v31n1/pt_0102-311X- csp-31-01-00007.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2017. FERREIRA, V. A.; MAGALHÃES, R. Nutrição e promoção da saúde: perspectivas atuais. 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