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APG03 – CETOACIDOSE DIABÉTICA (MENOS É MAIS) Objetivos: Compreender a Etiofisiopatologia da cetoacidose diabética (CAD), hiperosmolaridade glicêmica e hipoglicemia. Entender o mecanismo de ação da insulina tipos e aplicação clínica. Explicar as manifestações clínicas das complicações agudas da diabetes mellitus (DM). Entendeu o diagnóstico diferencial das complicações agudas e manejo clínico respectivamente. Compreender a Etiofisiopatologia da cetoacidose diabética (CAD), hiperosmolaridade glicêmica e hipoglicemia. MOUNT, David B. Treatment and prevention of hyperkalemia in adults. UPTODATE. Last updated: Apr 29, 2022. A cetoacidose diabética (CAD) e o estado hiperglicêmico hiperosmolar (HHS, também chamado de estado hiperglicêmico hiperosmótico não cetótico [HHNK]) são duas das complicações agudas mais graves do diabetes. Cada um deles representa um extremo no espectro hiperglicêmico. A cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação aguda grave do DM, responsável por até 8% das internações por diabetes, cuja incidência tem aumentado em todo o mundo. Cerca de 30% dos casos novos de DM1 apresentam cetoacidose como manifestação inicial da doença – especialmente em crianças e adolescentes. Embora seja mais comum em quem tem diabetes tipo 1, principalmente jovens do sexo feminino, a CAD pode acontecer em quem tem diabetes tipo 2 submetidos a estresse intenso – infarto do miocárdio, sepse. O Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico (EHH), entretanto, é uma complicação exclusiva do DM2. ETIOLOGIA DA CAD Duas anormalidades hormonais são amplamente responsáveis pelo desenvolvimento de cetoacidose diabética (CAD) e estado hiperglicêmico hiperosmolar (HHS) em pacientes com diabetes não controlado: o Deficiência e/ou resistência à insulina. o Excesso de glucagon, que pode resultar da remoção do efeito supressor normal da insulina. Embora o excesso de glucagon contribua para o desenvolvimento da CAD, não é essencial. Além desses fatores primários, o aumento da secreção de catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento, que se opõem às ações da insulina, também contribuem para o aumento da produção de glicose e cetoácidos. A deficiência de insulina (deficiência absoluta ou deficiência relativa causada pelo excesso de hormônios contrarreguladores) é mais grave na CAD em comparação com a HHS. Uma vez que a supressão da lipólise e da cetogênese é mais sensível à insulina do que a inibição da gliconeogênese, a secreção residual de insulina e sua atividade sistêmica no HHS é suficiente para minimizar o desenvolvimento de cetoacidose, mas não é adequada para controlar a hiperglicemia. O aumento dos níveis e da atividade do glucagon também é menor no HHS gerando uma menor diminuição da relação insulina/glucagon, o que gera um menor estímulo à cetogênese. A concentração sérica de glicose no HHS frequentemente excede 1.000 mg/dL (56 mmol/L), mas na CAD, geralmente está abaixo de 800 mg/dL (44 mmol/L) e muitas vezes na faixa de 350 a 450 mg/dL ( 19,4 a 27,8 mmol/L). As alterações hormonais na CAD e HHS geram hiperglicemia por seu impacto em três processos fundamentais no metabolismo da glicose. o Utilização prejudicada da glicose nos tecidos periféricos o Aumento da gliconeogênese hepática e renal o Aumento da glicogenólise FISIOPATOLOGIA DA CAD O substrato fundamental da CAD é a deficiência grave de insulina, a qual pode ser absoluta, com ausência de insulina circulante, como ocorre no DM1 sem tratamento adequado, ou relativa, por grande elevação dos hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento – GH) em pacientes com deficiência moderada de insulina, como pacientes com DM2 submetidos a estresse intenso. Na ausência de insulina, a secreção do glucagon é estimulada, dificultando a entrada de glicose nas células musculares e adiposas, levando a uma hiperglicemia. De maneira compensatória, ocorre a lipólise caracterizada pela quebra de triglicérides em ácidos graxos livres e glicerol. A gliconeogênese hepática também é motivada pelo aumento das concentrações séricas de glucagon e pela hipoinsulinemia. Os ácidos graxos livres produzidos pela lipólise são utilizados nos tecidos periféricos como substrato energético e podem também ser convertida em acilCoA que é oxidada a acetil-coenzima A (acetil-CoA), pelo fígado. Desta maneira, em situações de hipoinsulinemia, a acetil-CoA é condensada em acetoacetil-CoA, formando o ácido acetoacético, que é reduzido a ácido β-hidroxibutírico ou origina a acetona. Devido à falta de tamponamento dos sistemas ocorrido na CAD, pela liberação exacerbada de íons gerada durante a produção patológica de corpos cetônicos, a presença dos ácidos acetoacético e β-hidroxibutírico resultam na cetose e acidose metabólica. MOUNT, David B. Treatment and prevention of hyperkalemia in adults. UPTODATE. Last updated: Apr 29, 2022. Outro problema clínico em pacientes diabéticos é a hiperpotassemia redistributiva, que ocorre mais comumente na hiperglicemia não controlada (por exemplo, cetoacidose diabética ou estado hiperglicêmico hiperosmolar). Nesses distúrbios, a hiperosmolalidade e a deficiência de insulina são as principais responsáveis pelo deslocamento transcelular de potássio das células para o líquido extracelular, que pode ser revertido pela administração de líquidos e insulina. Além disso, segundo Barone (2007), outro sintoma de pacientes com CAD é o hálito cetônico (de “maçã passada”) e outras alterações, como do ritmo respiratório. Inicialmente há taquipnéia, que é seguida por ritmo de Kussmaul, podendo evoluir para respiração superficial em casos mais graves. O exame físico revela desidratação, com mucosas ressecadas, turgor cutâneo diminuído e língua pregueada. Pode ainda haver hipotensão arterial. A fisiopatologia da cetoacidose diabética envolve: o 1. Deficiência grave de insulina + aumento de hormônios contrarreguladores: falta da ação da insulina → aumento da glicogenólise e gliconeogênese hepática e renal; redução da captação de glicose pelos tecidos sensíveis a insulina (músculos, tecido adiposo, fígado) → aumento da concentração plasmática de glicose → perda urinária de glicose, quando a glicemia ultrapassa o limiar de recaptação renal de glicose (180 a 200 mg/dL) → diurese osmótica → perda intensa de água e eletrólitos → distúrbios hidroeletrolíticos (hiperosmolaridade, hipocalemia, hipotensão, choque); o 2. Hiperglicemia, depleção de volume, distúrbios eletrolíticos: falta de inibição da insulina sobre a lipase hormônio-sensível → lipólise aumentada → aumento dos ácidos graxos circulantes → transportados para o fígado → aumento da atividade da CPTF pelo estímulo do glucagon → betaoxidação dos ácidos graxos e síntese de corpos cetônicos (acetona, ácido acetoacético e beta-hidroxibutírico); o 3. Cetonemia e acidose metabólica: evolução aguda/subaguda (horas/dias), com quadro clínico associado a hiperglicemia (poliúria, polidipsia) , depleção (hipotensão, taquicardia), acidose (dor abdominal, vômitos, respiração de Kussmaul), cetose (hálito cetônico) e hiperosmolaridade (redução do nível de consciência). Entender o mecanismo de ação da insulina, tipos e aplicação clínica. MECANISMO DE AÇÃO DA INSULINA A insulina tem três ações: o Estimular a captação de glicose pelas células alvo e armazenar glicose na forma de glicogênio. o Evitar decomposição das gorduras e do glicogênio o Inibir a gliconeogênese e promover a síntese de proteínas. A insulina promove o armazenamento das gorduras facilitando o transporte de glicose ao interior dos adipócitos. Além disso, esse hormônio facilita a síntese dos triglicerídios a partir da glicose nos adipócitos e inibe a decomposição intracelular dos triglicerídios armazenados. A insulina também inibe a decomposição proteicae promove a síntese de proteínas aumentando o transporte ativo dos aminoácidos ao interior das células do corpo. Esse hormônio inibe a gliconeogênese, ou seja, produção de glicose a partir de outras fontes, principalmente aminoácidos. Quando há quantidades suficientes de glicose e insulina, a decomposição das proteínas é mínima porque o corpo consegue usar glicose e ácidos graxos como fontes de combustível. Nas crianças e nos adolescentes, a insulina é necessária ao crescimento e desenvolvimento normais. A forma ativa da insulina é composta de duas cadeias polipeptídicas – uma cadeia A e uma cadeia B. A insulina ativa é produzida nas células β a partir de uma molécula maior conhecida como proinsulina. Essa forma da insulina é sintetizada por modificação da proinsulina por clivagem da estrutura do peptídio C, que interliga as cadeias A e B. As cadeias de peptídio C podem ser dosadas clinicamente e este valor pode ser usado para estudar a função das células β. Por exemplo, pacientes com diabetes tipo 2 e pouquíssima ou nenhuma função das células β têm níveis muito reduzidos ou indetectáveis de peptídio C no sangue. Desse modo, esses pacientes provavelmente necessitarão de tratamento de reposição de insulina. A insulina secretada pelas células β entra na circulação porta e é levada diretamente ao fígado, onde cerca de 50% são usados ou decompostos. A insulina, que se liga rapidamente aos tecidos periféricos ou é destruída pelo fígado ou pelos rins, tem meiavida de cerca de 15 min depois que é secretada na circulação sistêmica.3 Para seus efeitos nos tecidosalvo, a insulina liga-se a um receptor da membrana. Como as membranas celulares são impermeáveis à glicose, uma família de transportadores de glicose está encarregada de transferir a glicose do sangue para dentro das células.3 Esses transportadores transferem a glicose através da membrana celular a uma taxa mais rápida que poderia ocorrer por difusão simples. Esses transportadores de glicose são conhecidos como GLUT1, GLUT2 e assim por diante e cada um tem sua própria distribuição tecidual específica.3 Por exemplo, o GLUT4 é o transportador de glicose sensível à insulina dos músculos esqueléticos e tecidos adiposos (Figura 50.5). Esse transportador fica sequestrado dentro da membrana dessas células e, deste modo, não pode funcionar como transportador de glicose até que um sinal liberado pela insulina estimule sua transferência de um local inativo para dentro da membrana celular, onde facilita a entrada da glicose. TIPOS E APLICAÇÃO CLÍNICA DA INSULINA Insulinas de ação rápida: é a insulina mais empregada no tratamento da cetoacidose diabética. Insulinas de ação ultrarrápida: propiciam melhor controle da glicemia pós-prandial. Também causam menos hipoglicemias do que a IR. Insulinas de ação intermediária: ela em geral requer duas aplicações diárias. Insulinas de ação lenta: A principal indicação das insulinas de ação lenta é prover a insulinemia basal. Portanto, é necessária a coadministração da insulina Regular (ou, de preferência, Aspart, Glulisina ou Lispro) para evitar a hiperglicemia pós- prandial. A vantagem delas sobre a NPH é o fato de necessitarem de apenas uma aplicação diária (no caso da Glargina e da Degludeca), terem melhor previsibilidade de ação, ausência de picos e menor risco de hipoglicemia, principalmente noturna. Pré-misturas: Existem pré-misturas de insulinas NPH e Regular nas proporções de 90/10, 80/20 e 70/30 (a única disponível no Brasil), na apresentação de Penfill® ou frascos. Além disso, dispõe-se das pré-misturas da Lispro (25% e 50%) com Lispro protamina neutra (75% e 50%), bem como da Aspart (30%) com Aspart protamina (70%).27 As pré-misturas têm como inconveniente maior o fato de as proporções entre as duas insulinas serem fixas e não se adequarem a muitos pacientes. Além disso, aumentam o risco de hipoglicemia e se associam a maior ganho de peso.4–6 Na prática, são mais utilizadas no tratamento do DM2. Uma nova formulação de pré- mistura é composta pelas insulinas Degludeca e Aspart (Rysodeg®). Explicar as manifestações clínicas das complicações agudas da diabetes mellitus (DM). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA CAD A cetoacidose ocorre, principalmente, na população com faixa etária entre 20 e 29 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade. Seu aparecimento é agudo e os pacientes apresentam pródromo com poliúria, polidipsia, polifagia e mal-estar indefinido, com duração de em geral de horas ou 1 dia. Sintomas o Poliúria; Polidipsia; Perda ponderal; Náuseas e vômitos; Dor abdominal difusa, sem peritonismo; Intolerância alimentar e Cansaço. Sinais o Desidratação (perda 5-10%) o Hálito cetônico o Taquicardia o Hipotensão (19% de óbitos) o Taquipneia (Kussmaul) o Torpor/coma (10%) o Manifestações da doença precipitante o Hipotermia Febre = infecção Exame físico o Ao exame físico geralmente há desidratação, podendo haver hipotensão e, muitas vezes, taquicardia. Não é incomum que as extremidades estejam quentes e bem perfundidas pelo efeito de prostaglandinas. A dor abdominal é um achado bastante característico de cetoacidose (não no estado hiperosmolar, exceto se há outras causas associadas) e, provavelmente, tem relação com a alteração de prostaglandinas na parede muscular intestinal e com íleo paralítico (por desidratação, acidose e alterações hidroeletrolíticas). É um achado que tende a melhorar muito com a hidratação inicial. Podem ocorrer: o Taquipneia para compensação da acidose metabólica; o Ritmo respiratório de Kussmaul (movimentos respiratórios rápidos e profundos quando o pH está entre 7 e 7,2); o Hálito cetônico ou “de maçã podre”, em razão do caráter bastante volátil da cetona. O paciente pode, ainda, apresentar as manifestações clínicas da condição precipitante do episódio de cetoacidose, como infecção do trato urinário e IAM. O quadro clínico é, portanto, relativamente inespecífico. Entretanto, o quadro laboratorial é largamente característico, composto pela tríade de hiperglicemia, cetonemia/cetonuria e acidose. As manifestações neurológicas e as alterações do nível de consciência são muito mais relacionadas ao EHH do que à CAD. Entretanto, cerca de 10 a 20% dos casos de CAD (os mais graves, com maior hiperosmolaridade) podem cursar com torpor ou coma. O achado de febre não é frequente entre os indivíduos com CAD, e sua ausência não descarta a presença de infecção. Hipotermia é sinal de mau prognóstico. Manifestações gastrintestinais: dor, náuseas e vômitos estão presentes em cerca de metade dos casos. A dor abdominal pode ser grave a ponto de simular abdome agudo, mas tende a melhorar com a reversão da cetoacidose, o que ajuda no diagnóstico diferencial. Entender o diagnóstico diferencial das complicações agudas e manejo clínico respectivamente. DIAGNÓSTICO DA CAD Avaliação laboratorial Glicemia (mesmo que tenha HGT) e HbA1c (acúmulo de glicose nos últimos 3 meses) Gasometria arterial Eletrólitos (K, NA, P, Cl) Hemograma EQU (Avaliação de cetonúria) Creatinina e ureia RX (se crepitação pulmonar) ECG (alterações de eletrólitos) Culturas se sinais/sintomas de infecção *HbA1c < 7% é o ideal * Se glicemia > 250mg/dL, mas com cetonúria positiva e acidose metabólica, questionar sobre uso de glifozina (medicação que se usa em associação, para pacientes com difícil manejo da glicemia – é um inibidor SGLT-2, inibe a receptação de açúcar na urina). * A cetonúria tem detecção feita a partir de reação de nitroprussiato que reage com ácido aceto- acético e acetona, mas não reage com ácido 2-beta-OH-butírico: pode “piorar” no início do tratamento. Piora na cetonúria no início do tratamento não significa piora clínica. TRATAMENTO DA CAD Os quadros de hiperglicemiacom cetose, mas sem acidose (pH > 7,3), conhecidos como cetose diabética, podem ser tratados com hidratação e insulina suplementar, com reversão em poucas horas, geralmente sem necessidade de internação. Pacientes com CAD devem ser internados, submetidos a pesquisa de fatores desencadeantes e tratados de acordo com as diretrizes. Os 3 pilares fundamentais da terapêutica são hidratação intravenosa, reposição de potássio e insulinoterapia. Outros fatores importantes são a correção de outros distúrbios hidroeletrolíticos, a identificação e o tratamento do fator desencadeante e, acima de tudo, a monitorização contínua. A cada 2 a 4 horas, amostras de sangue para análise de potássio, sódio, glicose, ureia, creatinina e pH venoso devem ser colhidas. A hidratação inicial visa restaurar o volume intracelular, o volume extracelular e a perfusão renal. A reposição volêmica deve corrigir o déficit de água e eletrólitos em 24 horas. A terapia com hidratação intravenosa é suficiente para reduzir a glicemia em 20 a 25% de seu nível inicial , independentemente do uso de insulina. O mecanismo ocorre pela diluição da glicose sérica, diminuição da resistência periférica a insulina (por melhora da perfusão) e diminuição do estímulo adrenérgico. A reposição inicial vai de 1.000 a 2.000 mL de soro fisiológico a 0,9% nas primeiras 2 a 3 horas (15 a 20 mL/kg de peso). Reposição de potássio o Se a potassemia for muito baixa (< 3,3 mEq/L), não se deve iniciar ou se deve suspender temporariamente a administração de insulina (para não piorar a hipocalemia que pode levar a arritmias graves e fraqueza da musculatura respiratória) e repor KCl (intravenoso) até que o potássio plasmático esteja acima de 3,3 mEq/L, e só então reiniciar a infusão de insulina. Insulinoterapia o No tratamento emergencial, devem-se utilizar apenas insulinas de ação rápida, como a regular, ou eventualmente os análogos lispro, asparte ou glulisina (reservadas aos casos de CAD leve a moderada, não complicada, já que sua eficácia nos casos mais graves ainda não foi comprovada). Nos casos de CAD moderada a grave, ou nos casos leves com depleção de volume, a insulina regular deve ser administrada na forma de infusão contínua intravenosa. ESTADO HIPERGLICEMICO HIPEROSMOLAR (EHH) É uma complicação aguda, mais comum no Diabetes Mellitus tipo 2 e idosos. Os diabéticos tipo 2 têm insulina disponível, prevenindo a lipólise e cetogênese evidenciados no mecanismo da cetoacidose diabética já mencionado. Por isso, os diabéticos tipo 2 raramente apresentam cetoacidose diabética, e então a complicação aguda é na forma de EHH. O estado hiperglicêmico hiperosmolar é decorrente principalmente de uma hiperglicemia excessiva (>600mg/dL) constante associada à desidratação severa. Diferentemente do que ocorre na cetoacidose, o EHH tem desenvolvimento insidioso e se manifesta em dias a semanas. O EHH tipicamente não se acompanhada de acidose metabólica, os pacientes não têm taquipneia, porém apresentam maior grau de desidratação e maior déficit sensorial (podendo levar ao coma). FISIOPATOLOGIA DA EHH Há um aumento progressivo da osmolaridade sérica como consequência da hiperglicemia e hipernatremia sem uma elevação da osmolaridade intracelular, o que facilita o transporte de flui dos do meio intra → extra. Com a diminuição do volume intravascular, há comprometimento da função renal com menor eliminação de glicose (agrava a hiperglicemia). Essas alterações são possibilitadas em estados de hipovolemia persistente, uma vez que a reidratação causa queda da osmolaridade séria e aumento da eliminação renal de glicose, ou seja, o EHHNC só acontece em pacientes que estão com o mecanismo da sede/acesso a fluidos prejudicado. A grande diferença com a CAD é a ausência de acidose + cetonemia, uma vez que na DM2 há insulina, mesmo que em níveis baixos, permitindo que previna a lipólise e a cetogênese. QUADRO CLÍNICO DA EHH O quadro clínico do paciente em EHH se manifesta com sinais e sintomas de: o Desidratação o Hipovolemia o Taquicardia o Diminuição do débito urinário o Secura da pele. O estado neurológico pode variar de: o Confusão mental o Torpor o Coma. DIAGNOSTICO DA EHH Critérios da ADA para EHH: o Glicose plasmática > 600 mg/dl o Ph arterial > 7,3 o HCO3 > 18 o Osmolalidade plasmática efetiva > 320. TRATAMENTO DA EHH Os objetivos do tratamento da EHH são: Restauração do volume circulatório e perfusão tecidual Redução gradual da glicemia e da osmolaridade plasmática Correção do desequilíbrio de eletrólitos. O tratamento do EHH é semelhante ao do CAD, com foco na hidratação e administração de insulina. O cuidado necessário no EHH é quanto à velocidade da hidratação, pois a diminuição repentina da osmolaridade plasmática pode desencadear o edema intracelular (água entrando na célula), principalmente no edema cerebral , piorando o quadro neurológico do paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HIRSCH, Irl B; EMMETT, Michael. Diabetic ketoacidosis and hyperosmolar hyperglycemic state in adults: Epidemiology and pathogenesis. UPTODATE. Last updated: Jul 18, 2022. MOUNT, David B. Treatment and prevention of hyperkalemia in adults. UPTODATE. Last updated: Apr 29, 2022. WOLFRAN, Luciana; OYAFUSO, Mônica Kanashiro; OSAKI, Silvia Cristina. Cetoacidose diabética: Revisão. Pubvet, v. 13, p. 148, 2019. BARONE, Bianca et al. Cetoacidose diabética em adultos: atualização de uma complicação antiga. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 2007. VILAR, Lucio. Endocrinologia clínica. 6. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. PORTH C.M; GROSSMAN, G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2016.
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