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Assistência odontológica para pacientesAssistência odontológica para pacientes com dCNT na atenção primáriacom dCNT na atenção primária pacientes com câncerpacientes com câncerpacientes com câncer O câncer no Brasil é considerado um problema de saúde pública, sendo uma das principais causas de óbito do país. Profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) devem promover oferta de atenção adequada às pessoas com câncer, e compete à Atenção Primária à Saúde (APS) o apoio ao cuidado das pessoas com a patologia, dado que o tratamento ao câncer é oferecido pela rede hospitalar, mas o tratamento de outros agravos bucais pode ser realizado na APS em sintonia com atenção hospitalar. O câncer é caracterizado pelo crescimento celular descontrolado, com as células tumorais invadindo/infiltrando os tecidos normais. Apresenta também a característica de migrar para locais distantes do sítio primário (metástases). O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima para cada ano do triênio 2020-2022 cerca de 625 mil casos novos de câncer no Brasil. o que é câncer?o que é câncer?o que é câncer? Rede de cuidado aoRede de cuidado aoRede de cuidado ao paciente com câncerpaciente com câncerpaciente com câncer A rede de cuidados ao paciente com câncer no SUS deve organizar e articular os recursos nos diferentes níveis de atenção, garantindo o acesso do usuário aos serviços e ao cuidado integral. Para garantir o acesso e a integralidade são necessárias linhas de cuidado, que são estratégias de estabelecimento do trajeto assistencial do usuário nas Redes de Atenção à Saúde (RAS). As RAS têm o objetivo de organizar o fluxo de indivíduos, de acordo com suas necessidades, sendo a APS a principal porta de entrada e o centro de comunicação da RAS. As linhas de cuidado variam de acordo com os recursos econômicos, o padrão de ocorrência do câncer na população, o grau de desenvolvimento social e do sistema de saúde de cada estado ou região. Neste sentido, um dos cânceres que ainda apresenta dificuldade no tratamento e organização da RAS é o câncer de cabeça e pescoço. São diagnosticados tardiamente e demoram a iniciar o tratamento, apresentando importante impacto sobre a carga de doenças e agravos não transmissíveis. Esse contexto apontou para a necessidade de repensar o modelo de atenção à saúde para que este seja configurado em rede articulada, contribuindo assim para a promoção da saúde, prevenção do agravo e cuidado longitudinal desta doença. O câncer de boca e sua abordagem naO câncer de boca e sua abordagem naO câncer de boca e sua abordagem na atenção primária a saúdeatenção primária a saúdeatenção primária a saúde A portaria nº 516, de 17 de Junho de 2015 estabelece as diretrizes diagnósticas e terapêuticas do câncer de cabeça e pescoço. Os pacientes com o diagnóstico devem ser preferencialmente atendidos em hospitais habilitados como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) ou Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON). Os hospitais habilitados devem ofertar serviço de radioterapia e suporte tecnológico suficiente para diagnosticar, tratar e realizar seu acompanhamento com uma estrutura ambulatorial, de internação, terapia intensiva, hemoterapia e suporte multiprofissional e de laboratórios para o adequado atendimento. O câncer de boca é um tumor maligno que afeta lábios e interior da boca como gengivas, bochechas, palato duro, língua (principalmente as bordas e assoalho da boca). O carcinoma de células escamosas é o tipo histológico de câncer mais frequente em boca. Esse tipo de câncer é mais comum em homens acima dos 40 anos de idade. E o diagnóstico, em sua grande maioria, é realizado de forma tardia, com isso afeta consideravelmente o prognóstico do paciente. A APS, através da Equipe de Saúde Bucal (ESB), deve utilizar estratégias de prevenção primária, como: A falta de informação dos pacientes (principalmente devido às condições socioeconômicas e culturais), a falta de capacitação de profissionais de saúde e a natureza silenciosa da doença, com uma evolução inicial apresentando poucos sintomas, são os principais fatores responsáveis pelo atraso no diagnóstico do câncer de boca. Identificar os grupos de risco para desenvolvimento do câncer de boca na comunidade, bem como integrar os programas de controle do tabagismo, etilismo e outras ações de proteção e prevenção do câncer, com intuito de reduzir ou eliminar os fatores de risco para a doença. Realizar busca ativa dos casos e das estratégias de prevenção secundária, através da detecção precoce de lesões potencialmente malignas ou câncer em estágios iniciais. A APS é a principal porta de entrada do usuário do SUS e o centro de comunicação da RAS. Assim como nas demais doenças e agravos, é ela que irá coordenar e manter o cuidado dos usuários com câncer de boca, ao referenciá-lo para outros pontos da rede de atenção à saúde. Os fatores de risco ao desenvolvimento do câncer de boca incluem: Tabagismo: o número de casos em fumantes é de duas a três vezes maior que entre não fumantes. Consumo excessivo de álcool: o sinergismo entre tabagismo e etilismo potencializa o risco de desenvolver o câncer de boca. Exposição ao sol sem proteção: é necessário orientar a população, principalmente as pessoas que se expõe ao sol para trabalhar, sobre a utilização de roupas que protejam o corpo e chapéus, e estimular o uso de protetor solar no corpo e nos lábios. O cirurgião-dentista da APS deverá estar atento à identificação e ao acompanhamento de Lesões Potencialmente Malignas (LPM), que são alterações dos tecidos da boca que apresentam um maior risco de se tornarem tumores malignos quando comparadas ao tecido normal Infecção pelo vírus HPV (tipos 16 e 18): esse fator de risco é mais relacionado ao câncer de orofaringe, sendo importante a conscientização da vacinação e o uso de preservativos no sexo oral diminuindo o risco de infecção. Realizar rotineiramente exames preventivos para detecção precoce do câncer bucal, garantindo-se a continuidade da atenção, em todos os níveis de complexidade, mediante negociação e pactuação com representantes das três esferas de governo. Cabe à APS a prevenção e controle do câncer bucal por meio de ações como: Imunossupressão: indivíduos HIV positivos ou que fazem uso de imunossupressores possuem maior risco de desenvolver câncer de boca. É importante um estudo cuidadoso e individualizado das lesões, pois sabe-se que nem todas as lesões orais potencialmente malignas sofrerão transformação maligna. O diagnóstico precoce das neoplasias de lábio e cavidade oral tem papel fundamental no aumento da sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes, pois o tratamento em estágios mais avançados da doença pode levar a sequelas estigmatizadoras que comprometem fala, mastigação, deglutição e convívio social. Realizam-se estratégias de prevenção primárias e secundárias para o câncer de boca, através da conscientização e redução dos fatores de risco da população, capacitação profissional no diagnóstico e melhor organização da assistência. AS PRINCIPAIS LESÕES POTENCIALMENTE MALIGNAS SÃO: Leucoplasia homogênea e não homogênea, eritroplasia, queilite actínica e líquen plano oral Os CEOs devem oferecer à população algumas especialidades mínimas obrigatórias, dentre elas os serviços de diagnóstico bucal, com ênfase na detecção precoce do câncer de boca. O principal acesso à RASB é através da APS, onde o paciente tem acesso ao exame clínico da boca e, caso apresente alterações suspeitas, deverá ser realizado o processo de confirmação do diagnóstico. A biópsia da lesão é o principal exame para diagnóstico de lesões potencialmente malignas e do câncer de boca. Pode ser realizada na APS, caso a equipe seja capacitada para realizar o exame e interpretar os resultados. Caso contrário, deve- se referenciar para o Centro de Especialidade Odontológica (CEO) ou hospital. A Rede de Atenção à Saúde Bucal(RASB) está estruturada articulando os três níveis de atenção e as ações multidisciplinares e intersetoriais. Vale ressaltar também a necessidade de aproximação entre as equipes da APS e do CEO, principalmente através do matriciamento, para definição sobre acesso, fluxos de encaminhamentos e discussões de casos clínicos Para que o fluxo de encaminhamento do material para o laboratório se realize o exame anatomopatológico deve estar bem estabelecido com a rede municipal, através de oferta de serviço de apoio diagnóstico e terapêutico através de serviços próprios ou conveniados. Os pacientes que tiverem o câncer confirmado pela biópsia devem ser encaminhados para uma UNACON ou CACON fluxograma assistencialfluxograma assistencialfluxograma assistencial ao câncer de bocaao câncer de bocaao câncer de boca GUSMÃO, T. P. L; ALVES, F. A. Organização do cuidado ao paciente com câncer no Sistema Único de Saúde. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Atendimento odontológico em pacientes com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Assistência odontológica para pacientes com DCNT na Atenção Primária: pacientes oncológicos. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2020. referênciareferênciareferência Fonte: Ministério da Saúde