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Confeitaria UNIDADE 1 - Introdução à confeitaria e às massas base Aula 1 Introdução à confeitaria Introdução Caro estudante, A disciplina de Confeitaria tem como objetivo o ensino dos principais conceitos e elementos que compõem a arte da doçaria. É por meio desse conhecimento que o profissional da gastronomia constrói sobremesas e doces com qualidade e técnicas apuradas. Assim, é esperado que, após as aulas ministradas nas quatro unidades da disciplina, você esteja apto a executar massas, cremes e sobremesas básicas da confeitaria. Nessa primeira aula, você vai aprender um pouco da história da confeitaria no Brasil e no mundo, descobrindo a diferença entre confeitaria clássica e confeitaria artística (cake design) e conhecendo os principais profissionais responsáveis pela elaboração e produção de doces e sobremesas. Indicamos, também, a leitura dos livros indicados nas Referências e no Saiba mais. Lembre-se: é por meio do estudo e do conhecimento que conquistamos nossa autonomia. Bons estudos! Breve histórico da confeitaria Na Pré-História, o homem alimentava-se, basicamente, de produtos de sua caça e coleta, como cervos, faisões, frutas e sementes. Foi durante o período Neolítico que a natureza nômade dos primeiros hominídeos mudou para a natureza sedentária, dando origem aos primeiros povos agricultores. Além da alteração na alimentação, foi nesse período que o homem começou a dominar o fogo e a criar os utensílios necessários para a cocção de alimentos. À medida que a civilização se desenvolvia, grandes conglomerados de pessoas foram se juntando e criando as primeiras vilas e cidades, tendo como dieta básica os grãos produzidos em suas próprias plantações. Segundo Suas (2011, p. 6), escavações arqueológicas na região do Rio Nilo, no Egito, apresentaram sinais de que os homens, cerca de 4000 anos a.C., já cultivavam espelta, trigo e cevada para a produção doméstica de produtos alimentícios, como cerveja e pães. É ainda por meio de registros arqueológicos que temos conhecimento dos primeiros bolos produzidos na região do Egito Antigo, usando mel e frutas como elementos adoçantes (REVEL, 1982). Na Idade Média, as Cruzadas desempenharam um papel essencial para o desenvolvimento da confeitaria, trazendo para o Ocidente o açúcar, então considerado uma especiaria extremamente cara, além de frutas e outros ingredientes que seriam essenciais para a doçaria. Com as Grandes Navegações, do século XIV ao XVI, a produção do açúcar intensificou-se, especialmente nas Américas e na África, possibilitando o desdobramento e a difusão da produção de doces nas diversas culinárias do mundo, em especial a francesa, a italiana, a alemã e a austríaca. É dessa época o surgimento de grandes clássicos da confeitaria, como o creme frangipane (creme de amêndoas), usado como recheio de tortas clássicas, como a tarte bordaloue, e o macarron. O século XVIII foi um período de evolução para a confeitaria, com o refinamento dos processos e métodos, e com a incorporação de produtos estrangeiros, como o café, o chá e o chocolate. É possível verificar, também, um grande aumento no consumo de sobremesas geladas, como sorvetes e sorbets (SUAS, 2011). Também é preciso chamar a atenção para a importância dos mosteiros e conventos no desenvolvimento da confeitaria no Brasil. Os padres e freiras usavam claras de ovos para engomar suas roupas ou clarificar os vinhos produzidos pelas irmandades. Assim, sobravam muitas gemas que, rapidamente, foram incorporadas ao açúcar produzido nos engenhos brasileiros, possibilitando o surgimento da chamada doçaria conventual. No Brasil, a confeitaria estava intimamente ligada aos processos de conservação de frutas. Devido à alta produtividade das fazendas e pomares, muitos insumos se estragavam. Assim, surgiram os doces de compota, geleias e marmeladas como uma opção para evitar a perda da produção. Atualmente, a confeitaria se profissionalizou, elevando o chef pâtissier (confeiteiro) a um patamar de importância dentro dos restaurantes e estabelecimentos comerciais de alimentação. Surgiram campeonatos mundiais, como a Copa do Mundo de Confeitaria, e a doçaria ganhou seu espaço na televisão, com programas, séries e reality shows. Confeitaria clássica x confeitaria artística Quando falamos em Confeitaria, nos referimos a um vasto campo de conhecimento e produção, que pode ser dividido, basicamente, em duas correntes principais: a confeitaria clássica e a confeitaria artística. Essa divisão não está relacionada somente aos ingredientes utilizados, mas às propostas estéticas e técnicas que compõem a prática do confeiteiro. A confeitaria clássica está diretamente relacionada à produção de doces considerados clássicos e históricos. Além disso, essa confeitaria tem a característica de estar mais relacionada ao profissional pâtissier, ao desenvolvimento da confeitaria e aos doces e sobremesas empratadas de restaurante. É a confeitaria ensinada nas grandes escolas de culinária do mundo, como a Le Cordon Bleu e o Instituto Americano de Gastronomia (IAG), e a corrente que apresenta as tendências contemporâneas na produção de doces. Assim, podemos encontrar como produtos característicos da confeitaria clássica: as massas básicas, como a folhada; as massas de bolo; a massa choux; cremes, como o creme de confeiteiro; e o chantilly, além de outros produtos. Reconhecidos profissionais fazem parte dessa corrente, como os franceses Christophe Michalak, Pierre Hermé, Yann Couvreur, Antonio Bachour e Cédric Grolet. No Brasil, podemos citar os chefs confeiteiros Diego Lozano, Flavio Federico, Rhaiza Zanetti, Henrique Rossanelli, Saiko Izawa, Vivianne Wakuda, entre muitos outros. Por outro lado, a confeitaria artística, também conhecida como cake design ou sugarcraft, desenvolveu-se em maior escala no século XX, mais especificamente a partir dos anos 1990. Esta vertente da confeitaria criou e aperfeiçoou a prática de fazer bolos confeitados, seja com a utilização de pasta americana, glacê real ou outras técnicas e métodos de decoração. Diferentemente da confeitaria clássica, a confeitaria artística tem como foco de atuação as festas particulares, como aniversários e casamentos, e a produção de doces e confeitos para comemorações. Também é possível encontrar como produtos característicos dessa confeitaria os biscoitos decorados e os cupcakes. Outra característica dessa vertente é a utilização maciça de ingredientes industrializados e/ou com alto teor de açúcar, como leite condensado e pastas de avelã. Apesar de muitos estudos indicarem a Inglaterra como o berço dessa vertente da confeitaria, vestígios apontam que a Itália, mais precisamente a corte de Catarina de Médicis, foi a precursora na decoração de bolos. Atualmente, os grandes expoentes da confeitaria artística estão nos Estados Unidos – em especial os que trabalham com fondant, pasta americana e glacê real –, e na Coréia do Sul, que desenvolveu técnicas avançadas de buttercream, como o glossy buttercream, o shiny buttercream e a bean paste (pasta de feijão). Entre os confeiteiros mais conhecidos da confeitaria artística, podemos citar Buddy Valastros, famoso por reality shows e confeitarias internacionais, Peggy Porschen, Mich Turner e Candace Nelson. No Brasil, a confeitaria artística é bastante presente no cenário da gastronomia, tendo reconhecidos profissionais, como Mara Cakes, Tabata Romero, Ana Salinas e Douglas Marchione. Profissionais de confeitaria Conforme visto anteriormente, a área da confeitaria é um vasto campo de conhecimento, com diversas possibilidades de atuação para os profissionais da gastronomia. Segundo Costa et al. (2018, p. 15), “com a evolução da confeitaria e a ampla gama de serviços e produtos oferecidos, houve a necessidade de setorizar o ramo”. Assim, diversos profissionais com conhecimentosespecíficos vão surgindo na área da confeitaria, responsabilizando-se pelo estudo, desenvolvimento e produção dos itens de doçaria. A seguir, identificamos alguns desses profissionais. O principal profissional é o chef executivo de confeitaria, também conhecido como chef pâtissier. Ele é o responsável por toda a produção de uma confeitaria ou da praça de confeitaria de um restaurante. Sua área de atuação vai desde a criação do cardápio e de testes até a confecção e o resultado final, atuando direta e indiretamente na produção dos doces. Além disso, é o responsável pelo gerenciamento das equipes que vão atuar na área da confeitaria. O confeiteiro, ou confiseur, é o profissional que compõe as equipes das praças de confeitaria, responsável pela preparação de grande parte dos produtos do estabelecimento, como massas, bolos, cremes, caldas, sobremesas, etc. De acordo com Costa et al. (2018), normalmente é possível verificar esses profissionais sendo auxiliados por pessoal específico para a realização da mise en place. Pode, também, ser responsável por auxiliar o chef executivo de confeitaria na elaboração de novas técnicas e produtos. O decorador, ou decoratéur, é o responsável pela produção e elaboração de itens decorativos, como esculturas de açúcar, cortes de frutas e elementos estéticos. Não é um cargo muito comum nas brigadas de confeitaria. Existe um profissional, chamado sucrier, que tem como responsabilidade a elaboração de caldas e esculturas em açúcar. Em alguns lugares, é possível verificar as duas funções sendo executadas por um único profissional. O chef chocolatier prepara todos os produtos que têm o chocolate como base principal. Assim, é o responsável pelos trabalhos de temperagem, elaboração de bombons, trufas, ganaches, namelakas e elementos decorativos em chocolate. Por ter um trabalho extremamente singular, que requer temperatura e umidade específicas, o chef chocolatier, usualmente, possui uma área reservada para seu trabalho. O sorveteiro, ou chef gelatier, prepara as sobremesas geladas, como sorvetes, sorbets, granitas, semifredos, parfaits, entre outros. Segundo Costa et al. (2018), esse profissional costuma trabalhar sozinho, pois assim como o chef chocolatier, precisa de uma área com climatização específica para a execução de seus produtos com padrões de qualidade. Além dos profissionais citados anteriormente, as confeitarias ou praças de confeitaria em restaurante também podem contar com padeiros, ou chef boulanger, para a elaboração de algumas massas que possuem como características a utilização de fermentos biológicos, como as massas usadas para sonhos, baba au rhum, ou até mesmo para a produção de massas folhadas e pães doces. Cabe ressaltar que a presença de profissionais específicos para cada atividade está condicionada ao tamanho do estabelecimento, bem como ao tamanho do cardápio e à especificidade dos produtos a serem elaborados e disponibilizados para os comensais (clientes). Saiba mais Um dos profissionais da confeitaria mais importantes da história foi o francês Marie-Antoine Carême. Carême (1783-1833), conhecido como “chef dos reis e rei dos chefs”, nasceu em Paris e tornou-se célebre na área da confeitaria por ter sido o responsável pela simplificação e codificação de muitas bases da confeitaria clássica. Além disso, é considerado o pai da haute cuisine (alta cozinha), sendo o responsável por difundir esse estilo de gastronomia. Em seu trabalho, chama-se a atenção para as pièces montées, grandes composições de confeitaria, com técnicas elaboradas, comparáveis a obras arquitetônicas. Carême também escreveu livros clássicos e importantes para o desenvolvimento da gastronomia e da confeitaria, como o livro Le Pâtissier Pittoresque (O confeiteiro pitoresco). Ficou curioso? Assista ao vídeo indicado a seguir com mais informações sobre Carême, e não deixe de ler o livro de Ian Kelly, indicado nas referências dessa aula. Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=LJHXdJlwy2M https://www.youtube.com/watch?v=LJHXdJlwy2M Aula 2 Equipamentos e ingredientes Introdução Caro estudante, A disciplina de Confeitaria tem como objetivo o ensino dos principais conceitos e elementos que compõem a arte da doçaria. É por meio desse conhecimento que o profissional da gastronomia constrói sobremesas e doces com qualidade e técnicas apuradas. Assim, é esperado que, após as aulas ministradas nas quatro unidades da disciplina, você esteja apto a executar massas, cremes e sobremesas básicas da confeitaria. Na segunda aula, você vai conhecer os principais equipamentos e utensílios utilizados em confeitarias. Além disso, vai aprender sobre os ingredientes mais importantes usados nas preparações – farinhas, ovos, gorduras, açúcares, líquidos e aromatizantes – e suas principais funções nas massas e cremes da confeitaria. Lembre-se: é por meio do estudo e do conhecimento que conquistamos nossa autonomia. Bons estudos! Equipamentos e utensílios Para a produção de doces e sobremesas, o confeiteiro conta com um arsenal de equipamentos e utensílios. É essencial que o profissional reconheça essas ferramentas de forma a executar seu trabalho com precisão e qualidade. Equipamentos • Fornos e fogões tradicionais: podem ser a gás ou elétricos. Não possuem mecanismos de controle preciso de temperatura, mas com o auxílio de termômetros de forno é possível utilizar os fogões convencionais em confeitarias. • Fornos combinados: são equipamentos que permitem que a temperatura e a umidade sejam controladas, possibilitando a produção dos mais diversos produtos de confeitaria e panificação, com qualidade e precisão. Figura 1 | Forno combinado. Fonte: Scuderia Inox (2020, [s. p.]). • Batedeira: podem ser encontrados dois tipos de batedeiras: as batedeiras manuais, com um tipo de batedor e de menor porte; e as batedeiras planetárias, que comportam quantidades maiores de massas e cremes e possuem três tipos de batedores: o globo, a raquete e o gancho. Figura 2 | Batedeira planetária. Fonte: KitchenAid ([s. d.], [s. p.]). • Liquidificador, mixer e processador de alimentos: são usados tanto em suas funções originais de picar e processar como na fabricação de emulsões em cremes e massas. • Sorveteira: máquina que congela e, ao mesmo tempo, bate as bases, produzindo sorvetes de qualidade técnica e sensorial superior aos feitos em congelador e batedeira. Figura 3 | Sorveteira. Fonte: Tramontina ([s. d.], [s. p.]). Instrumentos de medida e precisão • Balança: o trabalho na confeitaria requer precisão. Para isso, opte sempre por trabalhar com medidas em gramas, ao invés de volumes (mililitros, xícaras e colheres). • Copo medidor e conjuntos de xícaras e colheres de medição: caso não seja possível o trabalho com medidas em gramas, use utensílios que possibilitem a padronização das quantidades usadas nas receitas. • Termômetros: alguns preparos, como as caldas de açúcar e a temperagem dos chocolates, precisam de temperaturas específicas de trabalho. Para isso, conte com os mais diversos tipos de termômetro encontrados no mercado, como os termômetros de açúcar, o termômetro palito e o termômetro por infravermelho. Figura 4 | Balança, conjunto de medidores e termômetro palito. Fonte: Amazon ([s. d.]A, B e C, [s. p.]). Ferramentas e utensílios • Formas, tabuleiros e aros: são utensílios para assamento das massas, montagem de sobremesas, produção de chocolateria, entre outras funções. São encontradas em diversos tamanhos, materiais e funções. A definição da quantidade e das características das formas dependerá da proposta do estabelecimento e do tamanho de sua produção. • Bowls e tigelas: as confeitarias devem ser munidas de bowls e tigelas de diversos tamanhos e materiais, em especial aço inoxidável e vidro. • Fouets (batedor de arame) e espátulas: executam as mais diversasfunções, como auxiliar o confeiteiro na produção de massas, cremes e outras sobremesas. O fouet, especificamente, auxilia o confeiteiro na produção de cremes chantilly, merengues e massas que precisam de aeração dos ingredientes. Figura 5 | Fouet (batedor de arame) e espátulas. Fonte: Amazon ([s. d.]D e E, [s. p.]). Figura 6 | Saco e bico de confeitar. Fonte: Amazon ([s. d.]F, [s. p.]). Ingredientes na confeitaria As receitas e os processos de produção de gêneros alimentícios na gastronomia e na confeitaria devem ser compreendidos como equações químicas. E, como em toda equação química, a compreensão dos fatores e dos elementos que participam das fórmulas é essencial para que o produto final tenha as características organolépticas desejadas. Cada ingrediente executará uma função na receita, podendo ou não agir sobre o papel exercido por outro ingrediente. Isso quer dizer que o entendimento e a compreensão do papel executado pelos componentes da receita é primordial para o sucesso na produção de doces e sobremesas. Os ingredientes básicos de uma receita em confeitaria são: um tipo de farinha ou amido, elementos edulcorantes (adoçante), um tipo de gordura, ovos, líquidos (leite, suco, água, etc.), agentes de fermentação e elementos saborizantes (como baunilha e especiarias). A farinha de trigo é o farináceo mais usado na confeitaria. Suas características vão depender do tipo de trigo com o qual é feita, das suas condições de crescimento e do processamento industrial que sofre (GISSLEN, 2011). No mercado, é possível encontrar farinhas de trigo forte e farinhas de trigo fracas, a diferença entre elas está na quantidade de proteína que a farinha possui. Farinhas fortes possuem quantidades superiores a 10% de proteína, enquanto farinhas fracas giram em torno de 7%. Essa característica é importante para a formação de glúten, elemento essencial na panificação. Para a confeitaria, é indicada a utilização de farinhas fracas, uma vez que a formação de glúten não é uma característica desejada na maioria dos produtos de confeitaria, como biscoitos, bolos e massas de torta. O elemento edulcorante mais usado na confeitaria é açúcar branco de mesa, refinado. No entanto, outros açúcares, como o cristal, o demerara, o mascavo, o de confeiteiro e o impalpável, também podem ser encontrados nas receitas. A diferença entre esses tipos de açúcares é o nível de processamento industrial. O açúcar mascavo é o menos refinado de todos os açúcares, contendo, ainda, traços do melado de cana em sua composição. O demerara é o segundo na linha de açúcares com menos processamento. O açúcar cristal, o refinado e o de confeiteiro passam pelos mesmos processos químicos de refino, mas diferenciam-se pelo tamanho de seus cristais. Logo, o açúcar cristal possui grãos maiores do que o refinado, que, por sua vez, é mais granuloso que o de confeiteiro. O açúcar impalpável é o açúcar de confeiteiro com acréscimo de até 3% de amido em sua composição. As gorduras mais presentes nas receitas de confeitaria são os óleos e as manteigas. Os óleos são gorduras insaturadas, de origem vegetal, líquidos em temperatura ambiente e compostos por 100% de lipídios. Já as manteigas são gorduras saturadas, de origem animal, compostas por cerca de 80% de lipídios e 20% de água e sólidos de leite. As margarinas, ou gorduras vegetais hidrogenadas, são óleos que passaram por processos industriais de hidrogenação e tiveram suas cadeias químicas e propriedades físicas alteradas, sendo sólidas em temperatura ambiente. Agentes de fermentação são elementos que vão auxiliar no volume dos produtos de confeitaria, especificamente nas massas, como as de bolo e biscoito. O mais conhecido é o fermento químico. O fermento químico é composto por bicarbonato de sódio, um elemento ácido (que pode ser cremor tártaro, fosfato monocálcico ou outro elemento neutralizante) e amido de milho. Funções dos ingredientes No bloco anterior, vimos que os produtos em confeitaria são feitos, basicamente, de: um tipo de farinha, em especial, a farinha de trigo; um elemento adoçante, como o açúcar; ovo; gordura; líquido; agente de fermentação; elementos de sabor. Esses ingredientes podem ser classificados em três categorias, segundo sua função na receita: ingredientes estruturantes (ou fortalecedores), ingredientes amaciantes e ingredientes saborizantes (SUAS, 2011). Os ingredientes estruturantes, ou fortalecedores, como o nome explicita, são os ingredientes que trarão estrutura para o produto. Quando falamos em estrutura, falamos de formato, textura e crocância. Assim, conhecer como os ingredientes estruturantes agem permite que você tenha o controle desses três elementos. Cabe ressaltar que um elemento estruturante também pode atuar como um elemento amaciante, a depender de sua função na equação química (receita). Consideramos as farinhas e os ovos os principais elementos de estrutura, principalmente por conta do conteúdo de proteínas desses ingredientes. A proteína, quando em contato com calor, alteração de pH ou ação mecânica intensa, passa por processos de desnaturação e coagulação, alterando a estrutura e textura dos ingredientes e, consequentemente, do produto final. A farinha de trigo, por exemplo, possui duas proteínas – gliadina e glutenina – que, ao entrarem em contato com água e passarem por ação mecânica (sova), desenvolvem a chamada cadeia de glúten. Essa cadeia ou rede favorecerá a expansão (crescimento) do produto. Ao mesmo tempo, os amidos da farinha gelatinizam, as proteínas coagulam, e a estrutura da massa “solidifica”. Assim, quando colocamos uma massa de bolo, por exemplo, no forno, para assar, o fermento vai agir, produzindo gases, e os líquidos vão evaporar, havendo a expansão da massa (crescimento), enquanto as proteínas dos ovos e da farinha vão coagular, mantendo a estrutura do bolo. Já os elementos amaciantes são aqueles que atuarão para que as massas tenham textura macia e úmida. Os principais elementos amaciantes são as gorduras e os açúcares. As gorduras agirão, especialmente, ao amaciar as proteínas das farinhas, impedindo que elas absorvam muito líquido da receita e formem redes de glúten muito fortes, que levariam a uma massa endurecida e de textura emborrachada. O açúcar também desempenha papel amaciante na receita. Por ser higroscópico, ou seja, possuir propriedade de absorção de água, o açúcar “captura” parte do líquido da receita, enfraquecendo a formação de cadeias de glúten ao diminuir a quantidade de água absorvida pelas farinhas. Com isso, também deixa as massas mais úmidas e tenras. Alguns elementos podem desempenhar tanto a função estruturante quanto a função amaciante; o ovo é uma delas. Além de atuar na estrutura, devido ao conteúdo proteico das claras, a gordura presente nas gemas atuará como elemento amaciante. Da mesma forma, o açúcar desempenha papel amaciante, conforme visto anteriormente, porém, também é determinante para alcançar texturas crocantes em algumas receitas. Assim, a compreensão da função de cada ingrediente e o papel que ele executa na receita é essencial para o sucesso do confeiteiro. Além dos ingredientes estruturantes e dos ingredientes amaciantes, as receitas em confeitaria também contam com ingredientes saborizantes. Esses ingredientes são aqueles que não desempenharão papéis importantes na estrutura do produto, mas que aportarão sabor. Entre esses elementos, podemos incluir a baunilha, as especiarias, as raspas de cítricos, as essências e extratos e as pastas saborizantes, muito comuns na confeitaria artística. Saiba mais Você já ouviu falar em gastronomia molecular? A gastronomia molecular é uma corrente contemporânea da culinária que altera texturas, cores e sabores com a utilização de técnicas avançadas, como esferificação e gelificação, e de elementos químicos, como carbonato de cálcio e transglutaminase.Essa corrente também foi incorporada pela confeitaria, e muitos chefes começaram a utilizar essas técnicas na elaboração de sobremesas empratadas que são verdadeiros shows de pirotecnia e sabor. No Brasil, podemos chamar a atenção para o trabalho desenvolvido pela chef Angélica Vitali, criadora do Gastrô Brasil e defensora das técnicas moleculares na gastronomia. Ficou curioso? Acesse o site da chef e conheça algumas técnicas e produtos utilizados: https://www.gastrobrasil.com.br/. Um dos utensílios de cozinha mais falados atualmente é a Thermomix. A Thermomix é um robô criado no início dos anos 1960, por uma empresa alemã, chamada Vorwerk, que possuía sete funções: mexer, amassar, cortar, raspar, misturar, moer e liquidificar. Nos anos 1970, a máquina chegou ao mercado francês e foi aprimorada para que pudesse produzir, com excepcional qualidade, um dos pratos mais aperfeiçoados da culinária francesa: a sopa. A Vorwerk criou, então, um aparelho que, além de reproduzir as funções de vários eletrodomésticos em um robô só, inclui a possibilidade de trabalhar com temperaturas. As Thermomix, hoje, fazem parte das cozinhas mais bem equipadas de restaurantes e confeitarias, trazendo praticidade, resultados com qualidade superior aos aparelhos tradicionais e a possibilidade de criar texturas diferenciadas para os produtos de confeitaria. Figura 7 | Thermomix. Fonte: Thermomix ([s. d.], [s. p.]). https://www.gastrobrasil.com.br/ Aula 3 Petit fours Introdução A disciplina de Confeitaria tem como objetivo o ensino dos principais conceitos e elementos que compõem a arte da doçaria. É por meio desse conhecimento que o profissional da gastronomia constrói sobremesas e doces com qualidade e técnicas apuradas. Assim, é esperado que, após as aulas ministradas nas quatro unidades da disciplina, você esteja apto a executar massas, cremes e sobremesas básicas da confeitaria. Nesta terceira aula, você vai descobrir o que são petit fours, conhecendo suas características principais e as famílias dos petit fours. Além disso, vai aprender quatro receitas de petit fours bastante conhecidos. Lembre-se: é por meio do estudo e do conhecimento que conquistamos nossa autonomia. Petit fours, biscoitos e cookies O termo petit fours, traduzido ao pé da letra, significa “pequeno forno”. São iguarias delicadas, como biscoitos, tortinhas, pequenos bolos, que normalmente acompanham brunches, cafés da manhã, coffee-breaks e chás da tarde. Segundo Suas (2011), essas delícias possuem inúmeras características específicas, incluindo leveza, delicadeza, crocância ou maciez. Ainda segundo o autor, os petit fours podem ser considerados miniaturas de preparações tradicionais da confeitaria, utilizando massas tradicionais, como massas de base de tortas, bolos e cremes. Outra característica importante dessas preparações é o tamanho: os petit fours são pequenos, e, normalmente, comemos em uma ou no máximo duas mordidas. Podemos dividir os petit fours em duas categorias principais: os petit fours sécs (secos) e os petit fours glacées (glaceados). Os petit fours sécs são os biscoitos (macios e duros) e cookies. Apesar de parecerem simples, essas iguarias demandam atenção a detalhes específicos em sua manufatura para que se alcance o sucesso nas características finais desejadas, em especial sua textura seca e crocante. Já os petit fours glacées são sobremesas decoradas de alguma forma, em especial pequenos bolos cobertos com glacês, fondant ou outra cobertura. Para essa aula, vamos focar nos petit four sécs, em especial nos biscoitos e cookies Figura 1 | Petit fours sécs. Fonte: G. (2011, [s. p.]). Figura 2 | Petit fours glacées. Fonte: Cake Decorist ([s. d.], [s. p.]). Os biscoitos e cookies podem ser classificados, segundo Canella-Rawls (2020), de acordo com sua textura ou seu método de modelagem. Se divididos por sua textura, os biscoitos podem ser: • Secos: biscoitos de massa firme, duros, com alto teor de açúcar, ingrediente responsável por absorver líquidos, deixando menos umidade no biscoito e retardando a coagulação das proteínas, o que demanda mais tempo de cocção e resulta em biscoitos mais secos. • Firmes e mastigáveis: biscoitos de massas mais firmes, porém com alto teor de gordura e líquidos, o que resulta em massa menos seca e mais mastigável. • Macios e mastigáveis: biscoitos feitos com massas macias, de resultado mais mastigável e úmido. • Com textura de bolo: biscoitos com massa similar à de um bolo. Em algumas bibliografias, encontramos as madeleines e financiers nessa categoria, em outras, como bolos de massa cremosa. Costa et al. (2018), complementando a divisão proposta por Canella-Rawls (2020), nos informam que as texturas dos biscoitos, que podem ser macias, firmes, duras, quebradiças, leves ou densas, estão diretamente relacionadas à quantidade de ingredientes estruturantes e amaciantes que estão na receita. Pelo método de modelagem, os biscoitos podem ser divididos em nove tipos ou famílias: • Cookies de refrigerador: nessa família, a massa é enrolada em cilindros, congelada e, depois, fatiada na espessura desejada para ser assada. A massa desses biscoitos é firme e de fácil manuseio. • Cookies dispensados com boleador ou à mão: são as massas de cookies tradicionais, que esparramam quando assadas e atingem diâmetros variados a depender do sucesso do método da mistura. Figura 3 | Cookies dispensados por boleador. Fonte: A Gazeta (2020, [s. p.]). • Biscoitos de corte: são massas firmes, de fácil manuseio, abertas com rolo e moldadas com o auxílio de cortadores de biscoito. Figura 4 | Biscoitos de corte. Fonte: Luiza (2016, [s. p.]). • Biscoitos modelados: elaborados pela modelagem manual da massa em bolinhas, bastões, etc. Figura 5 | Biscoitos modelados. Fonte: Panelinha ([s. d.], [s. p.]). • Biscoitos por impressão: formados pela impressão de um design a partir de rolos decorados ou outros tipos de moldes. Figura 6 | Biscoito por impressão. Fonte: Pinterest ([s. d.], [s. p.]). • Biscoito fatiado ou porcionado: biscoitos cuja massa é assada inteira e, posteriormente, fatiada. • Biscoito por stencil: biscoitos muito finos, delicados, normalmente feitos com massa pastosa, como a pâte cigarette. • Biscoitos mangueados: produtos trabalhados com saco e bicos de confeiteiro. Figura 7 | Biscoito mangueado. Fonte: Gonçalves ([s. d.], [s. p.]). • Biscoitos por extrusão: massas maleáveis, porém não moles, que ganham formato por meio da utilização de uma máquina extrusora. Figura 8 | Máquina extrusora de biscoito. Fonte: OfertaViva ([s. d.], [s. p.]). Vamos conhecer a receita de dois biscoitos clássicos? Biscoito 123 e cookie clássico Agora que já descobrimos o que são os petit fours sécs e entendemos qual a diferença entre os biscoitos, além de como podemos classificá-los segundo sua textura ou sua forma de modelagem, vamos colocar em prática nossos conhecimentos, aprendendo duas receitas tradicionais de biscoito. Biscoito 123 A primeira receita que faremos é a de um biscoito chamado Biscoito 123. Em algumas bibliografias, encontramos também como 321. Os números do nome dessa receita são uma legenda para a quantidade de ingredientes da base (farinha, manteiga e açúcar) que colocamos na massa, conforme receita da tabela a seguir: Tabela 1 | Ingredientes do biscoito 123. Fonte: elaborada pelo autor. Essa receita base permite a criação de diversas receitas diferentes, uma vez que o acréscimo de ingredientes saborizantes não alterará a textura do biscoito. Dessa forma, é possível fazer uma receita de limão, laranja, canela ou baunilha somente com a inclusão desses ingredientes. Vamos fazer uma receita de biscoito de limão? Tabela 2 | Receita de biscoito de limão. Fonte: elaborada pelo autor. Modo de preparo: 1. Com o auxílio de um ralador, ou zester, retirar as raspas de limão e juntá-las ao açúcarrefinado, esfregando bem as raspas no açúcar para soltar todo o óleo essencial da casca do limão. 2. Em uma tigela, misturar o açúcar com as raspas e a manteiga em temperatura ambiente. Bater até que forme um creme pálido e macio. O processo pode ser feito na batedeira, usando o batedor raquete. 3. Juntar a farinha e incorporar bem. Não sovar para não desenvolver o glúten da farinha e resultar em biscoitos duros. 4. Envolver a massa em filme plástico e levar para a geladeira por, pelo menos, 30 minutos. 5. Abrir a massa, modelar os biscoitos, colocar em uma assadeira forrada com papel manteiga e assar em forno pré-aquecido a 180 ºC, somente até dourar levemente as laterais. 6. Retirar do fogo e esperar esfriar. Cookies Os cookies são biscoitos de origem norte-americana; sua principal característica é ser crocante por fora e macio e cremoso por dentro. Existem inúmeras versões de cookies, desde os simples, com gotas de chocolate, até os recheados com cremes de avelãs ou brigadeiro. Figura 9 | Cookies com gotas de chocolate. Fonte: Receitas Nestlé ([s. d.], [s. p.]). Para a produção de cookies, é essencial que se tenha em mente dois pontos importantes: 1. O açúcar, por sua característica higroscópica, tende a espalhar a massa na hora do processo de assar. Sendo assim, utilize um açúcar com granulometria alta, como o cristal, para diminuir esse derretimento ao assar. 2. O período de descanso na geladeira e congelamento é primordial para o sucesso da massa. Ao entrar congelado no forno, o derretimento do açúcar e da gordura demora mais para acontecer, permitindo que as proteínas da farinha e do ovo coagulem e o resultado não seja um cookie chato, muito espalhado. Tabela 3 | Receita de cookie de chocolate. Fonte: adaptada de Costa et al. (2018, p. 81). Modo de preparo: 1. Bater a manteiga e os açúcares até ficar cremoso. Para isso, poderá ser usada a batedeira com a raquete. 2. Acrescentar o ovo e a essência de baunilha e bater novamente. 3. Adicionar os demais ingredientes, com exceção das gotas de chocolate, somente até incorporar. Não bater demais para não desenvolver o glúten da farinha. 4. Com o auxílio de uma espátula, incorporar as gotas de chocolate. 5. Porcionar a massa com a ajuda de um boleador de sorvete, espátula ou colher e dispor sobre um tabuleiro forrado com papel manteiga. 6. Levar para refrigerar até que a massa fique firme. Se possível, congelar. 7. Assar em forno pré-aquecido a 170 ºC, por 10 a 15 minutos, ou até os cookies ficarem firmes por fora e cremosos por dentro. Madeleine e financier Em algumas referências de gastronomia, tem-se que confeitos e bolos servidos em pequenas porções, como suspiros, macarrons, madeleines, financiers e brownies, são considerados da família dos petit fours. Dessa forma, conhecer algumas dessas produções é imperativo para os profissionais da confeitaria. Entre esses produtos estão dois bolinhos clássicos da confeitaria francesa: as madeleines e os financiers. Esses bolinhos têm algumas características semelhantes, como a presença de farinha de amêndoas em sua composição. No entanto, a característica mais marcante dessas duas iguarias é a presença de beurre noisette. A beurre noisette é um tipo de manteiga clarificada e cozida até que sua cor fique dourada e exale aroma de amêndoas e nozes. Seu nome, em tradução literal, quer dizer “manteiga de avelã”, por conta de sua coloração e do aroma que ela deixa nos doces. Então, antes de aprendermos como fazer as madeleines e os financiers, vamos entender como fazer a beurre noisette. Tabela 4 | Receita de beurre noisette (manteiga noisette). Fonte: elaborada pelo autor. Modo de preparo: 1. Em uma panela pequena, levar a manteiga cortada em pedaços ao fogo baixo para que ela derreta. 2. Quando estiver completamente derretida, a manteiga começará a borbulhar e a fazer um barulho semelhante ao óleo quando está fritando. Isso é a água evaporando. 3. Quando a manteiga estiver com a cor dourada, exalando um aroma de amêndoas, desligar o fogo e retirar da panela. Você pode filtrar para retirar os sólidos do leite que cozinharam (pontinhos pretos), caso prefira uma manteiga mais límpida. 4. Deixar esfriar e usar na receita. Figura 10 | Beurre Noisette. Fonte: Gastronomixs ([s. d.], [s. p.]). Madeleines As madeleines são pequenos bolinhos em formato de concha, feitos, normalmente, com farinha, ovos, açúcar, mel, laranja e manteiga noisette. Algumas fontes históricas relatam que as madeleines receberam esse nome em homenagem a Madeleine Paulmier, uma confeiteira de Commercy, cidade na região de Lorraine, na França. Independentemente de sua origem, as madeleines ganharam notoriedade e espalharam-se pelo mundo graças a Marcel Proust, escritor francês conhecido pela série de livros Em Busca do Tempo Perdido, clássico da literatura mundial, no qual ele cita essa iguaria. Para a manufatura das madeleines, o confeiteiro precisa estar munido de formas específicas. Figura 11 | Formas para madeleines. Fonte: Scarpin (2007, [s. p.]). Tabela 5 | Receita de madeleines. Fonte: adaptada de Costa et al. (2018, p. 81). Modo de preparo: 1. Fazer a manteiga noisette. Reservar. 2. Em uma tigela, peneirar a farinha, o fermento e o sal. Reservar. 3. Na batedeira com o globo, bater os ovos com o açúcar até que a mistura esteja espumosa e volumosa. Acrescentar o mel. 4. Diminuir a velocidade para o mínimo e acrescer os secos, aos poucos, somente até incorporar. 5. Adicionar a manteiga noisette aos poucos, até incorporar. Com ajuda de uma colher ou saco de confeiteiro, preencher as formas de madeleines e levar para assar a 170 ºC, até que a massa fique dourada. Se sua forma for de metal, untar e enfarinhar. Figura 12 | Madeleines. Fonte: Confeiteira de Sucesso ([s. d.], [s. p.]). Financier Os financier também são bolinhos pequenos, de origem francesa, cuja receita leva a manteiga noisette. A massa do financier leva farinha de amêndoas e, diferentemente das madeleines, uitilizam-se somente as claras dos ovos em sua receita. Outra característica dos financiers é seu formato: são feitos redondos ou no formato de barrinhas. Essa característica está relacionada à história desses bolinhos. Segundo contam, os financiers foram criados no século XIX por um confeiteiro cuja loja ficava em frente à Bolsa de Valores de Paris; daí o formato lembrar uma moeda ou barrinha de ouro. Figura 13 | Forma para financier. Fonte: Amazon ([s. d.], [s. p.]). Tabela 6 | Receita do financier. Fonte: adaptada de Costa et al. (2018, p. 81). Modo de preparo: 1. Fazer a manteiga noisette. Reservar. 2. Com auxílio de um fouet, misturar as claras com o açúcar. 3. Acrescentar as farinhas. 4. Incorporar a manteiga noisette. Com ajuda de uma colher ou saco de confeiteiro, preencher as formas de financier e levar para assar a 170 ºC, até que a massa fique dourada. Se sua forma for de metal, untar e enfarinhar. Figura 14 | Financier. Fonte: Bittencourt (2019, [s. p.]). Saiba mais Uma das massas mais versáteis da confeitaria é a pâte cigarrette. Essa massa é feita juntando partes iguais de clara, farinha, açúcar de confeiteiro e manteiga. É com essa massa que os confeiteiros fazem as chamadas telhas (tuilles), os biscoitos da sorte chineses e as casquinhas de sorvete. Para fazê-la, basta misturar todos os ingredientes, assar finas camadas da massa a 180 ºC e moldá-las ainda quentes. Ao esfriar, a massa endurece e mantém o formato. Ficou curioso? Assista ao vídeo e aprenda como fazer a pâte cigarrette: https://www.youtube.com/watch?v=gkwz7nePSHk. https://www.youtube.com/watch?v=gkwz7nePSHk Aula 4 Massas quebradas Introdução A disciplina de Confeitaria tem como objetivo o ensino dos principais conceitos e elementos que compõem a arte da doçaria. É por meio desse conhecimento que o profissional da gastronomia constrói sobremesase doces com qualidade e técnicas apuradas. Assim, é esperado que, após as aulas ministradas nas quatro unidades da disciplina, você esteja apto a executar massas, cremes e sobremesas básicas da confeitaria. Nessa quarta aula, você vai conhecer a primeira família de massas bases da confeitaria: a família das massas quebradas. Essas massas são aquelas conhecidas no Brasil como “massa podre”. Além disso, vamos conhecer os dois principais métodos de produção dessas massas: a crémage e a sablage. Lembre-se: é por meio do estudo e do conhecimento que conquistamos nossa autonomia. Introdução às massas quebradas A confeitaria é composta por massas dos mais diferentes tipos, com características e métodos de produção específicos. Entre essas muitas famílias de massas encontra-se o grupo das massas quebradas. As massas quebradas, também conhecidas como pâtes friables, são massas quebradiças, frágeis, e que derretem na boca. Essas massas têm como característica principal o teor baixo de líquidos, porém uma quantidade alta de gorduras, em especial de manteiga. Apesar de serem usadas como bases de biscoitos ou outros tipos de sobremesas, como os crumbles, as massas quebradas são utilizadas, principalmente, como bases de tortas, como a tarte bourdaloue, a torta clássica de maçã, entre outras. Figura 1 | Tarte Bourdaloue. Fonte: Tombini (2021, [s. p.]). Em confeitaria clássica, quando usamos o termo “torta”, ou “tarte”, estamos nos referindo a uma produção específica, com uma base de massa quebrada e um recheio, que pode ser um creme ou frutas. No entanto, existem diferenças entre os tipos de torta, tendo como parâmetro a ordem dos elementos (base e recheio) na hora da montagem da sobremesa, a saber: Tarte São as tortas cuja massa está na base da sobremesa, com cremes, frutas, entre outros recheios. Quando em tamanho individual, são chamadas de tartelette. Figura 2 | Tarte de limão. Fonte: Receitas Nestlé ([s. d.], [s. p.]). Pie São as tortas que possuem base e cobertura de massa, como as tortas de maçã, muito comuns em desenhos animados. Figura 3 | Apple pie (torta de maçã). Fonte: Yukio (2015, [s. p.]). Crumble São as sobremesas que lembram tortas, com a massa por cima, mas são feitas com uma massa específica, a massa crumble. Figura 4 | Crumble de uva com maçã. Fonte: Panelinha ([s. d.], [s. p.]) Galette No estilo francês, mais rústica, é normalmente feita com recheio de frutas e semifechada. Figura 5 | Galette de morango com physalis. Fonte: Recepedia ([s. d.], [s. p.]). A família das massas quebradas é composta por diversas massas (COSTA et al., 2018). Porém, três são as mais conhecidas e usadas na confeitaria: a massa sablée, a massa brisée e a massa sucrée. • Massa sablée: possui quantidade alta de gordura e, por isso, textura arenosa e quebradiça. Pode ou não conter açúcar. Normalmente feita pelo método de sablage. • Massa brisée: possui proporção exata de uma parte de manteiga para duas de farinha, sendo, por isso, considerada uma massa básica. Não leva açúcar em sua composição. • Massa sucrée: contém açúcar em quantidades altas, sendo a mais usada para tortas doces. Por conter açúcar em sua composição, é feita, normalmente, por crémage. É uma massa mais macia e crocante. Além dessas três, uma massa bastante usada em sobremesas é a massa crumble, composta pelas mesmas quantidades de farinha, manteiga e açúcar. Também encontramos, na bibliografia, essa massa com o nome de streusel. Essas massas podem ser classificadas segundo a quantidade de gordura presente em sua composição: • Massas pesadas: massas que possuem quantidade de gordura superior a 50% em relação à quantidade de farinha. • Massas médias: massas que possuem cerca de metade da quantidade de farinha em gordura. • Massas leves: massas que possuem quantidade de gordura inferior a 50% em relação à quantidade de farinha. Agora que conhecemos as massas, vamos aprender como produzi-las! Métodos de preparo: sablage e crémage As massas quebradas são formadas, basicamente, pela mistura de farinha, gordura – normalmente manteiga – e líquido. Geralmente, a textura das massas quebradas é crocante, porém macia. Tendem a esfarelar e a dissolver na boca. No entanto, essas características estão relacionadas diretamente ao modo como a gordura será introduzida na massa. Existem, basicamente, dois métodos de produção de massas quebradas: a sablage e a crémage. Conhecer essas duas formas de fazer as massas é essencial para o confeiteiro, pois permite ao profissional identificar as características organolépticas desejadas para a torta e, assim, escolher o método que mais se adequa ao produto. Na sablage, primeiramente é feita uma farofa com a manteiga gelada e a farinha, até que lembre areia de praia molhada (areia em francês é sable, daí o nome da técnica). Posteriormente são adicionados os líquidos, normalmente ovo ou água gelada. Nessa técnica, a manteiga impermeabiliza os grãos de farinha antes que eles tenham contato com os líquidos, reduzindo sua absorção e, consequentemente, a formação da cadeia de glúten. O resultado é uma massa mais “esfarelenta” e quebradiça. Nessa torta não há obrigatoriedade de uso do açúcar, gerando massas mais neutras, usadas tanto para salgados quanto para doces. Figura 6 | Sablage – farinha misturada com a manteiga. Fonte: Thérèse (2019, [s. p.]). Por outro lado, na crémage¸ a manteiga em temperatura ambiente é batida com o açúcar até que fique esbranquiçada e cremosa. Acrescentam-se os líquidos, que são emulsionados, para, posteriormente, entrarem os secos. Nessa massa, a gordura não terá efeito na formação da cadeia de glúten, resultando em massas menos quebradiças, mais firmes, porém ainda macias. Figura 7 | Processo de cremar a manteiga com o açúcar. Fonte: CScrim (2010, [s. p.]). Algumas dicas são importantes para que o confeiteiro obtenha sucesso na fabricação das massas, a saber: • A temperatura dos ingredientes é essencial, na sablage, quanto mais gelada a manteiga estiver, melhor. Já na crémage, a manteiga tem de estar em temperatura ambiente para que a emulsão com o açúcar e os líquidos aconteça de maneira efetiva. Além disso, os líquidos que comporão as massas feitas por crémage também devem estar em temperatura ambiente. • Como em outras massas da confeitaria, devemos tomar cuidado para não desenvolver as cadeias de glúten. Não devemos sovar as massas, e sim apenas homogeneizar os ingredientes. Após a completa absorção dos líquidos pela farinha, formar uma massa compacta e levar para a geladeira envolta em plástico filme. • O descanso em geladeira é indispensável. Após sua manufatura, a massa deverá gelar por, pelo menos, duas horas, mas, preferencialmente, por doze horas. Ao refrigerar, possibilitamos que a cadeia de glúten que porventura tenha sido desenvolvida no processo de produção da massa, relaxe. Assim, a massa abrirá com mais facilidade, não apresentará retração no processo de assar e o resultado será uma massa crocante, porém macia, e que derrete na boca. Figura 8 | Massa homogeneizada e embalada para descanso. Fonte: Sylvie12 ([s. d.], [s. p.]). Após o descanso, a massa estará pronta para o processo de fonçage, ou seja, abrir a massa com auxílio de um rolo e dispô-la na forma para assar. Figura 9 | Fonçage. Fonte: Rachida (2020, [s. p.]). As massas podem ser pré-assadas (cocção à branco) ou assadas com os recheios. O que determinará é o recheio que a sobremesa levará. Se sua massa leva recheios que não precisam passar por cocção, como ganaches, a massa deverá ser pré- assada. Para isso, fure a massa com o auxílio de um garfo e leve para assar a 170 ºC, até que doure. No entanto, se o recheio precisar de cocção, como o creme frangipane, que tem ovos crus em sua composição, a massa deverá ser assada com o recheio. Figura 10 | Massa pré-assada (cocção a branco). Fonte:Rachida (2020, [s. p.]). Torta de morango e crumble Agora que já aprendemos as massas quebradas, seus tipos e como prepará-las, que tal colocar em prática seus conhecimentos e aprender duas sobremesas clássicas: a torta de morango e o crumble de maçã? Torta de morango Essa receita é um clássico da confeitaria francesa e das padarias brasileiras. Tradicionalmente, a torta de morango é feita com uma base de massa quebrada, um recheio de creme pâtissier (creme de confeiteiro) e morangos. Para mudar um pouco, optamos, nesta aula, por usar doce de leite e trazer um gostinho brasileiro a esse clássico francês. Figura 11 | Torta de morango clássica. Fonte: Rebeschini (2017, [s. p.]). Tabela 1 | Receita de torta de morango com doce de leite. Fonte: elaborada pelo autor. Modo de preparo: 1. Em um bowl, juntar a farinha de trigo, o sal e a manteiga gelada, cortada em cubos. Com a ponta dos dedos, ir desfazendo os cubos de manteiga na farinha até obter uma farofa que lembre areia de praia molhada. Esse passo pode ser feito no processador de alimentos. 2. Juntar uma gema e ir homogeneizando a massa. Se ainda estiver muito seca, juntar água gelada aos poucos, até formar uma massa concisa. Não sovar. 3. Formar um disco e embalar em plástico filme. Levar à geladeira por, no mínimo, duas horas. Preferencialmente, fazer a massa no dia anterior à montagem da torta. 4. Após o descanso, com o auxílio de um rolo, abrir a massa e forrar uma forma de torta de diâmetro entre 15 e 18 cm. 5. Furar a massa com a ajuda de um garfo e levar a forma com a massa para a geladeira por cerca de trinta minutos. 6. Pré-aquecer o forno a 180 ºC. 7. Juntar a gema restante com o leite. Pincelar na massa crua. 8. Pré-assar a massa até que esteja dourada. 9. Esperar esfriar, rechear com o doce de leite e decorar com morangos. Figura 12 | Massa de torta canelada. Fonte: Cozinha & Cia ([s. d.], [s. p.]). Crumble de maçã Como visto nos blocos anteriores, o crumble é uma massa feita pela junção de partes iguais de açúcar, manteiga e farinha. No entanto, é possível modificar a receita e usar mais de um tipo de açúcar ou farinhas de tipos diferentes, conforme a receita a seguir. Essa sobremesa é de origem norte-americana. Tabela 2 | Receita de crumble de maçã. Fonte: elaborada pelo autor. Modo de preparo: 1. Em uma tigela, misturar as farinhas, os açúcares e a manteiga. Com a ponta dos dedos, misturar tudo até alcançar a textura de uma farofa. Atentar para a temperatura da manteiga, que deverá estar sempre gelada. Reservar na geladeira. 2. Cortar as maçãs em quatro, retirar o miolo e fazer fatias finas. 3. Em uma tigela, juntar as fatias de maçã, o suco do limão, o amido de milho e a canela. Misturar tudo. 4. Em um refratário untado, colocar as fatias de maçã e, por cima, espalhar a farofa. 5. Assar em forno pré-aquecido a 200 ºC, até a farofa dourar. Servir quente com uma bola de sorvete. Figura 13 | Crumble de maçã. Fonte: Cozinha Técnica ([s. d.], [s. p.]). Saiba mais Tarte Tatin Uma das sobremesas francesas mais clássicas e históricas é a Tarte Tatin. Essa torta é feita de cabeça para baixo: em uma frigideira, faz-se um caramelo e são dispostas as maçãs, que vão cozinhar; por último, entra a massa aberta. Essa frigideira é levada para assar e, depois de pronta, a torta é desenformada com as maçãs para cima. Conta a história que essa torta foi criada pelas irmãs Stephanie e Caroline Tatin, que possuíam um restaurante em uma cidade no interior da França. Um dia, uma das irmãs, ao preparar uma torta de maçã, esqueceu de colocar a massa antes de levar as maçãs ao forno e acabou colocando por cima, dando origem ao doce. Ficou curioso? Assista ao vídeo para aprender a fazer: https://www.youtube.com/watch?v=nqMn5KsPVB0. https://www.youtube.com/watch?v=nqMn5KsPVB0 Aula 5 Revisão da unidade Introdução à confeitaria e às massas bases Olá, estudante, O confeiteiro, enquanto profissional, deve conhecer os equipamentos utilizados na produção de doces, bem como os ingredientes, suas funções, as massas, os cremes e os produtos básicos da confeitaria. Para que seu espaço de trabalho corresponda à demanda de produção, é imperativo que o profissional tenha um cardápio determinado e, assim, identifique os equipamentos necessários. Porém, alguns itens são obrigatórios, como fornos e batedeira. Podemos encontrar fornos de diversos tamanhos e com diferentes complexidades de funcionamento. O que vai determinar o tipo de forno necessário para sua prática profissional é o seu cardápio e o tamanho de sua produção. Além disso, é essencial que o profissional esteja munido de utensílios de precisão, como termômetros e balanças, para que suas receitas sejam executadas da maneira correta. Outro utensílio indispensável é a batedeira planetária. Esse equipamento possui três tipos de batedores: o globo, que é usado para emulsões e aerações, sendo, então, indicado para massas leves, como de merengues, chantilly ou massas de bolo pelo método aerado; a raquete, usada, normalmente, para massas médias, como as massas de bolo amanteigado, ou até para facilitar o processo de manufatura de massas quebradas e petit fours; e, por último, o gancho, frequentemente usado em produção de pães e massas que precisam de sova. O conhecimento dos ingredientes e suas funções também é essencial para que o confeiteiro possa executar suas receitas e identificar erros na produção. Os ingredientes são divididos em: estruturantes, amaciantes e saborizantes. Entre os estruturantes mais comuns em receitas estão as farinhas e os ovos. Esses ingredientes têm como função dar forma – estrutura – às massas. Já os amaciantes reduzem a força das proteínas que estruturam as massas, resultando em produtos macios. Entre esses ingredientes estão o açúcar e as gorduras (manteigas e óleos). Já os ingredientes saborizantes aportam sabores específicos às produções, como a fava de baunilha. Cabe ressaltar que alguns ingredientes podem executar dupla função, como o ovo, que possui teor proteico alto na clara, mas tem também teor de gordura na gema. Na primeira unidade da disciplina, também conhecemos os petit fours e a massas quebradas. Os petit fours são iguarias servidas em monoporções, com tamanhos pequenos, e são consumidos em, no máximo, duas mordidas. Servidos em cafés da manhã, coffee-breaks ou outras recepções, os petit fours podem ser divididos em duas categorias, sendo a mais comum a dos petit fours sécs. Esses petit fours compreendem biscoitos e pequenos bolinhos, como os cookies e as madeleines. Já as massas quebradas são usadas, normalmente, para bases de tartes (tortas) ou outras sobremesas que levam massas secas, como os crumbles. As massas quebradas mais comuns são a sablée, a brisée e a sucrée, que se diferenciam por sua textura final e pelo método e temperatura da gordura – normalmente a manteiga – na receita. A massa sablée possui quantidade alta de gordura, que deve estar gelada na receita, sendo feita, na maior parte das vezes, por sablage. A brisée possui uma proporção clássica de uma parte de gordura para duas partes de farinha. Já a sucrée possui uma proporção maior de açúcar, e a gordura entra em temperatura ambiente pelo método de crémage. Depois dessa revisão, convidamos você a pensar um pouco em como colocar todos esses conhecimentos em prática. Então, bons estudos! Estudo de Caso – Mão na Massa O confeiteiro é o profissional responsável pela produção de doces e sobremesas, sejam em confeitarias e estabelecimentos próprios, sejam em cozinhas de restaurantes. No entanto, existem inúmeras possibilidades para que o profissional de confeitaria trabalhe, como em caterings e banqueting. Catering e banqueting são serviços de aprovisionamento de alimentos e bebidas realizados por empresas ou profissionais especializados em servir aviões, trens, restaurantes e estabelecimentosem locais onde não existe estrutura adequada para a preparação de alimentos, ou em ocasiões de gala e representações. Em alguns eventos, é o serviço chamado de buffet. Uma empresa de seguros obteve aumento na venda de apólices e resolveu agradecer aos funcionários promovendo um café da manhã especial. Para isso, buscou no mercado empresas e profissionais de renome na confecção de cafés, brunches e recepções, chegando até a sua empresa. Assim, você, responsável pela empresa de buffet, realizou uma reunião com o dono da empresa de seguros e foi orientado de que o cardápio deve ser focado em café da manhã, com a inclusão de alguns tipos de biscoitos, pequenos bolos e tortas doces e salgadas. Sendo assim, desenvolva um cardápio com, no mínimo, 8, e, no máximo, 15 itens de confeitaria, identificando o tipo de preparo, as massas a serem utilizadas e os equipamentos que você deverá ter em sua cozinha para que possa executar o trabalho a contento. Esteja livre para criar um cardápio com conceito ou pensar em tipos diferentes de itens que respondam à demanda do dono da empresa. ________ Reflita Para a resolução do estudo de caso, você poderá pensar em festas e eventos, como coffee-breaks e cafés da manhã, de que você já participou. O que tinha no cardápio que você achou que combinou com o momento? Houve algum preparo que você achou que perdeu a qualidade após um determinado tempo de exposição? Havia algum conceito por trás do serviço, como somente preparações de confeitaria brasileira ou francesa? Resolução do Estudo de Caso – Mão na Massa Ao ser contratado para criar e executar o cardápio para o café da manhã de comemoração do crescimento das vendas de apólice pela seguradora, você poderá seguir por inúmeros caminhos. No entanto, o que deve estar presente é o menu com um número de preparos mínimos e máximos, conforme previsto no enunciado, além da indicação das massas que serão usadas e dos utensílios e equipamentos necessários, na linha do que aprendemos nas aulas dessa unidade. A importância desse estudo de caso está, exatamente, na elaboração de um cardápio de café da manhã tendo como base o que foi aprendido nas aulas de petit fours e massas quebradas, bem como na identificação das massas e dos utensílios necessários. Dessa forma, você poderá pensar em um cardápio que inclua os mais diversos tipos de biscoitos, cookies, minibolos e, até mesmo, tartelettes, pies e crumbles em pequenos formatos. O enunciado ainda proporciona ao aluno a possibilidade de pensar em um menu livre ou propor um menu conceitual. Então, se a sua escolha foi pelo menu conceitual, o que você acha de pensar em uma proposta que tenha somente ingredientes e preparos brasileiros? O que pensa de um cardápio voltado para as quitandas mineiras, com biscoitos amanteigados, biscoitos de polvilho, goiabinhas e tartelettes de doce de leite ou Romeu e Julieta? Somente após a decisão do cardápio é que você poderá pensar em quais massas deverá executar, bem como nos utensílios que deverá ter em sua cozinha. Lembre- se: só podemos identificar nossa demanda de utensílios, equipamentos e ferramentas de trabalho quando temos nosso cardápio definido. É o menu que determinará nossas demandas profissionais. Então, exercite sua criatividade na criação desse menu! Fonte: elaborada pelo autor.
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