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Eduarda Gostinski 2022 Medicina Veterinária Clínica de Animais de Produção Enfermidade do Sistema Respiratório de Ruminantes 1. Introdução Problematização: ambiente úmido, mal higienizado, com pouca ventilação, animais que não mamaram adequadamente o colostro. ● Quando se detecta os sinais clínicos, quer dizer que já está em uma evolução acentuada; ● Doenças dos animais adultos: Mastite, infertilidade, enfermidades dos cascos; ● Doenças dos bezerros: diarreias, onfalites, anaplasmose e babesiose; ● Broncopneumonia presente nas duas idades; ● Incidência de 8,7 - 9,8 % e no Brasil de 12 % relacionado ao ambiente (predisponentes e patógenos oportunistas e circulantes). Importância econômica: ● Leva a morte; ● Redução da produção, crescimento e engorda (animal atrasado); ● Custo do diagnóstico e do tratamento; ● Sistema de produção dependente. Princípios anátomo-fisiológicos: ● Divisão das vias aéreas em posteriores e anteriores, pela borda caudal da cartilagem cricóide; ● Pulmão possui lobo acessório no lado direito; ● O bronquíolo é a estrutura de menor calibre; ● Hilo pulmonar é a estrutura por onde os vasos adentram o pulmão; ● Impressão cardíaca é onde o coração “marca” o pulmão. Funções do sistema respiratório: ● Troca gasosa (O₂→ CO₂); ● Equilíbrio ácido-básico (CO₂); ● Termorregulação (estresse térmico); ● Reservatório de sangue; ● Ativação da angiotensina; ● Metabolização de outros hormônios (prostaglandina, serotonina, entre outros); ● Grande área de espaço morto e a septação interlobular leva a redução da oxigenação alveolar e a permanência prolongada de patógenos nas vias aéreas inferiores. Mecanismos de defesa do sistema respiratório: ● Ar inspirado - filtração aerodinâmica; ● Equilíbrio da microbiota; ● Transporte mucociliar (que retém as partículas); ● Defesa Celular; ● Imunoglobulinas; ● Outros fatores. Predisposição anátomo-fisiológica: precisa determinar se a sede do processo está nas vias anteriores ou posteriores. Eduarda Gostinski 2022 Medicina Veterinária 2. Vias Aéreas Anteriores Enfermidades Nasais: ➔ Sinusite Definição: é a complicação decorrente da descorna. Acomete as áreas frontal e maxilar. Ocorrência: comum em bovinos. Etiologia: ● Fatores predisponentes: cirurgias de descorna; ○ Sinusite frontal - aberta. ● Dentes infectados; ○ Sinusite maxilar - fechada. ● Actinobacilose; ● Neoplasias nasais: ○ Extensão até os seios paranasais. Manifestações Clínicas: Sinusite aberta: ● Secreção nasal muco-serosa dependendo do grau da infecção; ● Drenagem pelo local da cirurgia; ● Aumento de volume nos seios paranasais. Sinusite fechada: ● Secreção nasal mucopurulenta; ● Alterações do fluxo de ar; ● Odores expiratórios fétidos (principal fator); ● Dor; ● Inclinação da cabeça. Casos graves: ● Manifestações neurológicas por compressão craniana; ● Protuberância óssea por sinusite crônica. Diagnóstico: ● Exame clínico ○ Anamnese: histórico de descorna ● Manifestações clínicas ● Exame físico ○ Dor ○ Percussão – som maciço por estar cheio de secreção, o fisiológico seria som claro. ● Exames complementares: ○ Raio X. Tratamento: Antimicrobianos: ● Penicilina - 22.000 UI/Kg, IM. Anti-inflamatórios (Tratamento prolongado): ● Fenilbutazona ○ 17,6 mg/kg, primeiras 48 horas; ○ 4,4 mg/kg SID. Tratamento sistêmico: ● Flunixin meglumine - 0,5 a 1,1 mg/kg, IM ou IV, 1-3 x/dia. Cirúrgico. Trepanação do seio frontal (ou maxilar) e fixação de sonda para realização de lavagens com agentes antisépticos (iodóforos suaves) e antibióticos (0,5 a 1 g amplo espectro). Descorna se houver lesão no chifre. ➔ Oestrose Definição: doença causada por larvas de Oestrus ovis nos seios paranasais, comete principalmente ovinos. Manifestações Clínicas: ● Espirros; ● Secreção nasal; ● Redução do fluxo de ar; ● Infecção bacteriana secundária. Diagnóstico: ● Endoscopia; ● Raio X. Tratamento: ● Ivermectina no final do verão e no inverno. Controle: ● Antiparasitários. 3. Vias aéreas posteriores Enfermidades pulmonares Complexo Doença Respiratória dos Bovinos (CDRB) ➔ Broncopneumonias Definição: processo inflamatório que acomete as vias respiratórias posteriores Eduarda Gostinski 2022 Medicina Veterinária (brônquios, bronquíolos e parênquima pulmonar). Respectivas complicações: enfisema pulmonar, pleurisia, abscessos pulmonares. Etiologia: ● Fatores predisponentes: ○ Maturação de adaptação neonatal; ○ Desmama; ○ Estresse; ○ Idade; ○ Colostro; ○ Nutrição deficiente; ○ Clima frio e úmido; ○ Aglomeração de animais; ○ Ventilação; ○ Distocias. ● Fatores determinantes: ○ Virais: ■ IBR (Herpesvírus bovino tipo 1); ■ BVD (Vírus da diarreia viral bovina); ■ Parainfluenza; ■ BRSV (Vírus sincicial respiratório bovino); ■ Lentiviroses de pequenos ruminantes (CAE). ○ Bacterianas: ■ Pasteurella multocida; ■ Mannhemia haemolytica; ■ Mycobacterium spp ● Tuberculose; ■ Staphylococcus aureus; ■ Mycoplasma. ○ Parasitárias: ■ Dictyocaulus sp; ■ Muellerius capillaris - principalmente em ovinos e caprinos. Manifestações Clínicas: ● Febre; ● Secreção nasal; ● Tosse; ● Apatia e anorexia; ● Taquicardia e alteração da amplitude respiratória; ● Dispneia; ● Linfonodos regionais aumentados; ● Frêmito; ● Som maciço ou submaciço ao percutir; ● Crepitação grossa ou estertor úmido; ● Posição ortopneica - pescoço estendido, animal respirando pela boca. Diagnóstico: ● Inspeção direta: ○ Frequência respiratória aumentada - taquipnéia; ○ Ritmo - arritmias respiratórias; ○ Intensidade/Amplitude - superficial (normalmente é costal); ○ Tipo - abdominal; ○ Atividade - dispneia. ● Inspeção indireta: ○ Endoscopia. ● Palpação: ○ Com a mão espalmada, avaliando o reflexo da tosse, frêmito (pleural e brônquico). ● Percussão: ○ Submaciço - tecido pulmonar consolidado ou diminuição da quantidade de ar; ○ Timpânico - enfisema ou pneumotórax. ● Auscultação: ○ Tuberosidade coxal - 11° EIC; ○ Tuberosidade isquiática - 8°EIC; ○ Articulação escápulo-umeral - 5° EIC. Eduarda Gostinski 2022 Medicina Veterinária ● Exames complementares: ○ Lavado broncoalveolar; ○ Lavado traqueobrônquico; ○ Broncoscopia; ○ Histopatologia e citologia; ○ Ultrassonografia; ○ Citometria de fluxo; ○ Hemogasometria; ○ Hemograma: ■ Fibrinogênio - proteína de fase aguda, pode ser importante já que seus níveis se elevam no início. ○ Cultura e antibiograma; ○ Sorologia: ■ Vírus sincicial respiratório bovino (BRSV); ■ Vírus tipo 3 da parainfluenza bovina (PI-3); ■ Vírus da diarreia viral bovina (BVDV); ■ Herpesvírus bovino tipo 1 (BHV-1) (IBR); Tratamento: ● Antimicrobianos: ○ Oxitetraciclina 5 a 10 mg/kg ○ Ampicilina 22mg/Kg; ○ Penicilina 20.000 – 40.000 UI/Kg; ○ Enrofloxacina 2,5 a 5,5 mg/Kg; ○ Tilosina 25 mg/Kg após a dose inicial de 50 mg/Kg ; ● Antiinflamatórios: ○ Flunixin meglumine 2,2 mg/Kg, TID/EV; ○ Meloxicam; ● Mucolíticos: bromexina. ● Expectorantes: iodeto de potássio; ● Broncodilatadores: aminofilina; ● Anti-helmínticos; ● Tratamento de Suporte: ○ Antitérmicos: dipirona sódica 20 a 50 mg/Kg a cada 12 horas IV; ○ Oxigenioterapia; ○ Inalação; ■ Solução fisiológica; ■ Mucolítico; ■ Expectorante; Prognóstico: bom, reservado e mau. ● Broncopneumonias abscedantes; ● Animais novos; ● Depende da idade, imunização e diagnóstico precoce. Prevenção e controle: ● Administração de colostro; ● Manejo adequado; ● Programas de controle sanitário específicos; ● Adequado diagnóstico e precoce; ● Correção de fatores de risco.
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