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HAM III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período Anemia é a diminuição da contagem de eritrócitos, que leva à redução do hematócrito ou teor de hemoglobina. A anemia pode resultar de 3 etiologias básicas: Perda de sangue aguda ou crônica; Formação ineficiente; Hemólise excessiva (destruição de eritrócitos). ERITROPOIESE A produção de glóbulos vermelhos (eritropoiese) acontece na medula óssea sob o controle do hormônio eritropoetina (EPO). As células justaglomerulares renais produzem eritropoietina em resposta a: Hipoxemia; Estímulo androgênico = estimulação hormonal. Além de eritropoietina, a produção de eritrócitos requer fornecimento de substratos adequados, principalmente ferro, vitamina B12, folato e heme. DEGRADAÇÃO DE HEMÁCIAS As hemácias sobrevivem por cerca de 120 dias após serem produzidas. São eliminadas da circulação pelas células fagocíticas do baço e fígado. São decompostas em: Heme > Bilirrubina; Ferro; Globina. A anemia então, como já visto, é a diminuição do número de eritrócitos. Medido pelo teor de hematócritos ou hemoglobina nos eritrócitos. Nos homens: Hemoglobina < 14 g/dL E hematócritos < 42% ou eritrócitos < 4,5 milhões/mcL. Nas mulheres: Hemoglobina < 12 g/dL, hematócrito < 37% ou eritrócitos < 4 milhões/mcL A anemia não é um diagnóstico, é a manifestação de uma doença de base (um sinal semiológico). Sendo assim, a anemia mesmo que assintomática deve ser investigada para que o problema primário possa ser diagnosticado e tratado. DIAGNÓSTICO DE ANEMIA Geralmente, a suspeita de anemia é levantada pela anamnese que deve conter fatores de risco de anemias especificas, sinais e sintomas da própria anemia e sinais e sintomas da doença subjacente ou pelo exame físico. A anemia apresenta diversos fatores de risco: A dieta vegetariana, causa anemia por deficiência de vitamina B12; O alcoolismo eleva o risco da anemia por deficiência de folato. Aspectos clínicos das anemias HAM III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período Algumas hemoglobinopatias são hereditárias, e certos fármacos e infecções predispõem à hemólise. Câncer, doenças reumáticas e doenças inflamatórias crônicas podem suprimir a produção de eritrócitos. Os sinais e sintomas comuns da anemia são: Fadiga geral; Fraqueza; Dispneia aos esforços; Sonolência; Angina; Síncope; Palidez. Podem também ocorrer vertigem, dores de cabeça, zumbido, amenorreia, perda da libido e queixas gastrintestinais. Os sintomas da anemia não são específicos, nem sensíveis e não ajudam a diferenciar dentre os diversos tipos de anemias. Os sinais e sintomas refletem as respostas compensatórias à hipóxia tecidual e, geralmente, aparecem quando o nível de hemoglobina cai muito abaixo do nível normal de cada paciente. Certos sintomas podem sugerir uma causa de base de anemia: Por exemplo, melena, epistaxe, hematoquezia, hematêmese ou menorragia indicam sangramento; Icterícia e urina escura, na ausência de doença hepática, sugerem hemólise; Perda ponderal pode sugerir câncer; Dor óssea ou torácica difusa de forte intensidade pode sugerir doença falciforme; Parestesias em luva pode sugerir deficiência de vitamina B12. EXAME FÍSICO Fezes heme-positivas identificam sangramento gastrintestinal. Choque hemorrágico (hipotensão, taquicardia, palidez, taquipneia, diaforese e confusão) pode resultar de sangramento agudo. Icterícia pode sugerir hemólise. Esplenomegalia pode ocorrer com hemólise, hemoglobinopatia, doença do tecido conjuntivo, distúrbio mieloproliferativo, infecção ou câncer. Neuropatia periférica sugere deficiência de vitamina B12. Distensão abdominal em um paciente com trauma fechado sugere hemorragia aguda ou ruptura esplênica. As petéquias se desenvolvem na trombocitopenia ou disfunção plaquetária. Febre e sopros cardíacos sugerem endocardite infecciosa. EXAMES NA INVESTIGAÇÃO DE ANEMIA O hemograma completo automatizado mede: Hemoglobina, eritrócitos e leucócitos e o número de plaquetas; VCM (volume corpuscular médio, uma medida do volume dos eritrócitos) = macro, micro ou normocítica; Hematócrito (uma medida do percentual do sangue formado de eritrócitos) Hemoglobina corpuscular média (HCM, medida do teor de hemoglobina em cada eritrócito) = hiper, hipo ou normocrômica; Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM, medida da concentração de hemoglobina em cada eritrócito); Técnicas automatizadas também podem determinar o grau da variação do tamanho dos eritrócitos, expresso como amplitude de distribuição do volume de eritrócitos (RDW). RDW alto pode ser a única indicação de distúrbios microcíticos e macrocíticos simultâneos; O termo hipocromia refere-se às populações de eritrócitos em que a HCM é < 27 pg/eritrócito ou a CHCM é < 30%. As populações de eritrócitos com valores de HCM e CHCM normais são normocrômicas. Os índices hematimétricos podem ajudar a indicar o mecanismo da anemia e estreitar o número de causas possíveis. Microcitose, as causas mais comuns são: Deficiência de ferro; Talassemia; Defeitos relacionados à síntese de hemoglobina. Macrocitose: Deficiências de vitamina B12 ou folato; Fármacos; Quimioterapêuticos (hidroxiureia e agentes antifolato); Alcoolismo. Sangramento agudo pode. HAM III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período Esfregaço periférico: É altamente sensível à produção excessiva de eritrócitos e hemólise. É mais preciso do que as tecnologias automatizadas para o reconhecimento da estrutura alterada de eritrócitos, trombocitopenia, eritrócitos nucleados ou de granulócitos imaturos e pode detectar outras anormalidades (malária e outros parasitas, eritrócitos intracelulares ou inclusões de granulócitos) que podem ocorrer apesar da contagem automatizada normal das células sanguíneas. Lesão nos eritrócitos pode ser identificada pelo achado de fragmentos de eritrócitos, porções de células rotas (esquistócito) ou evidência de alterações significativas da membrana decorrentes das células com forma ovalada (ovalócitos) ou células esferocíticas. As células-alvo (eritrócitos finos com um ponto central de hemoglobina) são eritrócitos com insuficiência de hemoglobina ou excesso de membrana celular (em razão de hemoglobinopatias ou distúrbios hepáticos). O esfregaço periférico também pode revelar variação na forma (poiquilocitose) e no tamanho (anisocitose) do eritrócito. Contagem de reticulócitos: A contagem de reticulócitos é expressa como a porcentagem (variação normal de 0,5 a 1,5%) ou como a contagem absoluta (variação normal, de 50.000 a 150.000/mcL, ou de 50 a 150 a 10 9/L). A contagem de reticulócitos é um teste crucial na avaliação da anemia porque informa sobre a resposta da medula óssea e facilita a diferenciação entre uma eritropoiese (produção de eritrócitos) deficiente e uma hemólise (destruição de eritrócitos) excessiva como a causa da anemia. Por exemplo, valores mais altos indicam produção excessiva ou reticulocitose, havendo anemia, reticulocitose sugere destruição excessiva dos eritrócitos. O baixo número na presença de anemia indica a diminuição da produção de eritrócitos. Aspiração da medula e biópsia: Punção aspirativa e biópsia da medula óssea fornecem observação e avaliação diretas dos precursores do eritrócito. Maturação anormal (dispoese) das células sanguíneas e quantidade, distribuição e padrão celular do conteúdo de ferro podem ser avaliados. Outrosexames: A dosagem sérica de bilirrubina e desidrogenase lática (DHL) pode, algumas vezes, ajudar a diferenciar a hemólise da perda de sangue. Ambas estão aumentadas na hemólise e normais na perda de sangue. Outros exames, como os níveis de vitamina B12 e folato, ferro e capacidade de fixação do ferro, são feitos dependendo da suspeita da anemia. Esquistócitos (ver setas) são eritrócitos danificados, que podem ocorrer na anemia hemolítica microangiopática (incluindo coagulação intravascular disseminada, púrpura trombocitopênica trombótica/síndrome hemolítico-urêmica e hemólise valvular). As células alvo são consequência do desequilíbrio entre o volume da célula e seu teor de hemoglobina e caracterizam a talassemia, outras hemoglobinopatias (doença da hemoglobina C e hemoglobina SC), mas também podem ser vistas depois de esplenectomia e na doença hepática. HAM III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período Hepatoesplenomegalia é o termo semiológico definido como o aumento do fígado e baço podendo ser suspeitado por: Anamnese; Alterações do exame físico; Exames de imagem. O fígado tipicamente se estende do quinto espaço intercostal até a margem costal direita na linha hemiclavicular. O baço está localizado na cavidade peritoneal, na porção posterior do quadrante superior esquerdo, abaixo do diafragma e adjacente à 9°, 10° e 11° costelas, estômago, cólon e rim esquerdo, geralmente não é palpado no exame físico, exceto em crianças. Ele pode se tornar palpável não só pelo aumento do tamanho, mas também pela alteração da textura. A maior parte do fígado e, na maior parte das vezes, todo o baço ficam protegidos pela caixa torácica, o que dificulta a avaliação direta. As causas de hepatoesplenomegalia podem ser de etiologia sistêmica ou localizada no fígado. A hepatoesplenomegalia dolorosa inclui hepatite aguda, como hepatite viral ou doença hepática induzida por drogas, incluindo hepatite alcoólica. Além disso, distúrbios de fluxo venoso prejudicado por exemplo, síndrome de Budd-Chiari e insuficiência cardíaca do lado direito podem cursar com hepatomegalia e dor. As causas de hepatoesplenomegalia não dolorosa incluem: Doenças hepáticas crônica, incluindo cirrose hepática; Trombose das veias porta, hepática ou esplênica; Doenças colestáticas (por exemplo, colangite biliar primária ou colangite esclerosante primária); Distúrbios de armazenamento (por exemplo, lipídios, glicogênio); Distúrbios infiltrativos (por exemplo, amiloidose hepática). Anemias hemolíticas agudas e crônicas, doença falciforme, leucemias agudas e crônicas, linfomas, Mieloma múltiplo e suas variantes, entre outras, são algumas causas sistêmicas que podem cursar com hepatoesplenomegalia de causa não hepática. O tamanho e a forma do fígado e baço podem ser estimados por percussão e, às vezes, por palpação. EXAME FÍSICO PERCUSSÃO: Começando em um nível abaixo do umbigo no quadrante inferior direito (em uma região de timpanismo, e não de macicez), percuta suavemente para cima em direção ao fígado. Identifique a borda inferior da macicez hepática na linha hemiclavicular. Em seguida, identifique a borda superior da macicez hepática na linha hemiclavicular. Começando na linha mamilar, percuta de leve, seguindo do som claro timpânico pulmonar para baixo, no sentido da macicez hepática. Quando há aumento de tamanho do baço, isso ocorre no sentido anterior, inferior e medial, e geralmente se observa a substituição do timpanismo do estômago e do colo do intestino pela macicez de um órgão sólido. A percussão sugere, mas não confirma, a esplenomegalia. PALPAÇÃO: Coloque a mão esquerda por baixo do paciente, paralela à 11° à 12° costelas, de modo a sustentá-las bem como as partes moles adjacentes. Lembre ao paciente que ele pode relaxar apoiado na sua mão. Peça ao paciente que respire fundo. Procure sentir a borda do fígado quando ela desce de encontro às pontas de seus dedos. Abordagem da hepatoesplenomegalia HAM III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período Uma vez palpado o fígado, as seguintes características devem ser avaliadas: Borda hepática: A borda do fígado geralmente é fina, “cortante”. Uma borda romba sugere congestão hepática. Presença de dor: A palpação hepática pode até induzir desconforto, mas geralmente é indolor. A presença de estimulo álgico é compatível com distensão da cápsula de Gleasson por congestão, infarto ou invasão neoplásica. Consistência: O fígado possui normalmente uma consistência fibroelástica. Pode encontrar-se mais amolecido na presença de esteatose ou hepatite fulminante. Podemos também observar endurecimento nos casos de cirrose, fibrose, amiloidose, etc. A consistência pétrea sugere neoplasia maligna primária ou metastática. Superfície e forma: Podemos avaliar se a superfície hepática é lisa ou possui nodulações sugestivas de cirrose. Lembramos que a cirrose alcoólica é geralmente micro nodular (cirrose micronodular de Laennec) sendo dificilmente distinguida ao exame físico. Buscamos também a presença de alterações focais da forma que sugiram massas ou abscessos. Quantificar a que distância: Você deve aferir a que distância o fígado é palpável do rebordo costal na linha hemiclavicular. Quando palpável somente sobre o rebordo, não se esqueça de descrever o achado. A extremidade (ponta) do baço é palpável em aproximadamente 5% dos adultos normais. No entanto, a esplenomegalia é oito vezes mais provável quando o baço é palpável. Temos uma esplenomegalia de grande monta quando estamos diante de um baço que se estende além de 8 cm da margem costal esquerda e/ou pesa mais de 1.000 gramas. Outras referências chamam de esplenomegalia de grande monta o baço que ultrapassa a linha média ou atinge a fossa ilíaca. Espaço de Traube: O espaço de Traube é definido pela área situada no hipocôndrio esquerdo entre a 6ª costela, linha axilar anterior e o rebordo costal. Como essa área é geralmente ocupada pela flexura esplênica do colón e pelo fundo gástrico, sua percussão geralmente resulta na produção de sons timpânicos. No entanto, se houver crescimento do baco, a percussão dessa área pode se mostrar maciça ou submaciça. Os limites do espaço de Traube são: 5º espaço intercostal, linha axilar média e rebordo costal. EXAME DE IMAGEM Para pacientes com hepatomegalia, a ultrassonografia é um método comum para avaliar o tamanho e a patologia do fígado, e a técnica de ultrassom transaxial fornece uma medida quantitativa da amplitude do fígado. Tanto a TC quanto a ressonância magnética também podem ser usadas para determinar o tamanho e o volume do fígado. A TC é usada rotineiramente para medir o volume total do fígado e o volume segmentar do fígado como parte da avaliação pré-operatória para ressecção hepática. Em relação aos exames de imagem para identificação de lesões esplênicas, pode ser feita tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassom, cintilografia e PET-scan. Os exames complementares incluem perfil enzimático hepático, como AST, ALT, GGT e Fosfatase alcalina, para ajudar na diferenciação de doença intra-hepática para doenças colestáticas. É importante solicitar testes de função hepática, como tempo de coagulação, proteínas totais e bilirrubina sérica. O ultrassom Doppler é um excelente exame de imagem inicial para avaliação hepática e esplênica.
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