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Código Logístico 58296 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6210-2 9 788538 762102 Com portam ento do consum idor e m arketing de relacionam ento Fabiano Larentis Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento IESDE BRASIL S/A 2019 Fabiano Larentis Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ L333c Larentis, Fabiano Comportamento do consumidor e marketing de relaciona- mento / Fabiano Larentis. - [2. ed.] - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 198 p. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6210-2 1. Marketing de relacionamento. 2. Serviços ao cliente. 3. Comportamento do consumidor. I. Título. 18-54424 CDD: 658.812 CDU: 658.8:330.567.22 © 2012 - 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem auto- rização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Tevarak/iStockphoto Fabiano Larentis Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Administração com ênfase em Marketing pela UFRGS. Especialista em Gestão Estratégica em Marketing pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Graduado em Administração, com habilitação em Comércio Exterior pela UCS. Tem experiência na área de administração, atuando principalmente nos seguintes temas: marketing de relacionamento, pesquisa de marketing, satisfação de clientes e aprendizagem organizacional. É professor nos cursos de gra- duação, especialização e MBA, mestrado e doutorado. Sumário Apresentação 9 1. Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 11 1.1 A sociedade e o consumo 12 1.2 O comportamento do consumidor: definições e processos 15 1.3 Classificações de clientes e compra/consumo de produtos e serviços 18 1.4 Papéis do consumidor e decisão de compra familiar 20 1.5 Comportamento do consumidor e estratégias de marketing 21 1.6 Noções básicas de direito do consumidor 23 2. Processo de decisão do consumidor 29 2.1 Reconhecimento da necessidade 31 2.2 Busca de informações 32 2.3 Avaliação das alternativas e decisão de compra 34 2.4 Ato de compra 39 2.5 Consumo, avaliação pós-consumo e descarte 41 2.6 Processo de decisão do consumidor: diferenças entre indi- víduos, famílias e organizações 46 3. Influências sociais no comportamento do consumidor 51 3.1 Influências das classes sociais 52 3.2 Influências de pessoas e grupos 56 3.3 Influências culturais 59 3.4 Influências da situação 63 4. Influências pessoais no comportamento do consumidor 67 4.1 Características pessoais 67 4.2 Motivações e necessidades 70 4.3 Percepções 73 4.4 Emoções e sentimentos 74 4.5 Atitudes 76 4.6 Envolvimento 79 4.7 Aprendizagem 80 5. Tipos de tomada de decisão do consumidor 89 5.1 Decisões rotineiras 90 5.2 Decisões limitadas 93 5.3 Decisões extensivas 94 5.4 Os tipos de decisão e as ações de marketing 97 6. Marketing de relacionamento: conceitos, tipos e características 103 6.1 Definições de marketing de relacionamento 104 6.2 Satisfação, valor e lealdade 107 6.3 Relacionamento interno, com consumidores finais e com empresas 111 6.4 Níveis de relacionamento 114 6.5 Relacionamentos e tecnologia 115 7. Planejamento do relacionamento: aplicações estratégi- cas e táticas 121 7.1 Estratégias de marketing de relacionamento 122 7.2 Programas de satisfação 128 7.3 Programas de fidelidade 131 8. Administração da fidelidade 137 8.1 Tipos de programas de fidelidade 138 8.2 Programas de redução de deserção e de reconquista de clientes 143 9. Requisitos de desempenho do relacionamento 151 9.1 Importância de ouvir o cliente 151 9.2 Mensuração da satisfação 153 9.3 Mensuração da fidelidade 159 9.4 Valor do cliente 164 9.5 Investimento nos relacionamentos versus retorno às empresas 166 10. Preparação e desenvolvimento de equipe e processos no atendimento ao cliente 171 10.1 Estrutura para atendimento ao cliente 172 10.2 Atendimento e tecnologia: internet e telefonia computadorizada 176 10.3 Competências do profissional de atendimento ao cliente 179 10.4 Dificuldades no atendimento ao cliente 181 Gabarito 189 Apresentação Na atualidade, sabemos da importância dos clientes para as em- presas. Sem cliente, não há empresa. Profissionais das diversas áreas organizacionais, em especial os de marketing – os quais lidam com a compreensão e o atendimento das necessidades dos mercados (em outras palavras, dos clientes) –, precisam compreender como os clientes se comportam, fazem suas compras, usufruem de servi- ços e consomem produtos. Além disso, necessitam saber o que fazer para que o cliente permaneça comprando da empresa por um bom tempo, mantendo um relacionamento duradouro. Ou seja, o gestor, principalmente o de marketing, deve conhecer o comportamento do consumidor e o marketing de relacionamento, para poder propor e implementar estratégias que permitam entender e atender melhor os clientes. Sendo assim, este livro trata dos aspectos básicos referentes ao comportamento do consumidor e ao marketing de relacionamento. Nesta obra, abordamos as definições básicas, sua importância para as organizações e o papel do profissional de marketing nesse contex- to. Além disso, apresentamos sugestões para planos e respectivas im- plementações, tanto para questões ligadas ao consumidor quanto ao marketing de relacionamento. O tema comportamento do consumidor está estruturado nos cinco primeiros capítulos desta obra. O primeiro lida com as premissas bá- sicas a respeito do assunto, enquanto o segundo trata do processo de decisão de compra e consumo. O Capítulo 3 traz as influências sociais e culturais que afetam o comportamento do consumidor e, no Capítulo 4, temos as características pessoais do consumidor. Por fim, no quinto capítulo abordamos os tipos de decisão de compra. 10 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento O tema marketing de relacionamento é abordado nos cinco últimos capítulos deste livro. O Capítulo 6 trata das definições básicas do assun- to e da importância dele às empresas. Em seguida, no sétimo capítulo, abordamos o planejamento do relacionamento, considerando suas es- tratégias, os programas de satisfação e os de fidelidade. O Capítulo 8 tem como foco a administração da fidelidade e, no Capítulo 9, são trabalha- dos os requisitos para se avaliar o desempenho do relacionamento. Por fim, no décimo capítulo, abordamos a preparação e o desenvolvimento de equipes e processos no atendimento ao cliente. Bons estudos! 1 Premissas e perspectivas a respeito do consumidor Não é novidade para ninguém, na atualidade, a importância que é dada ao consumidor e aos clientes. Empresas buscam de diversas maneiras oferecer o que os consumidores precisam, com a melhor relação custo-benefício. Os níveis de concorrência são intensos, produtos são lançados e retirados do mercado a todo momento e a tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas, fazendo com que os consumidores tenham ao seu dispor uma ampla diversidade de produtos e serviços. Todavia, para lidar com esse ambiente, as empresas precisam entender não apenas quem são seus mercados-alvo – em outras palavras, seus clientes e consumidores-alvo. As organizações devem compreender, fundamentalmente, como esse consumidor se comporta, como ele reage e reflete em relação aos estímulos do ambiente, tanto das empresas quanto da sociedade, como ele pode se posicionar a favor ou contra determinados produ- tos e determinadas empresas. Com o intuito de proporcionar noções introdutórias a respei- to do consumidor e do seu comportamento, neste capítulo serão abordados, inicialmente, a sociedade e o consumo e definições de comportamento do consumidor. Em seguida, os tipos de clientes, os papéis do consumidor e as decisõesde aquisição familiar. Por fim, abordaremos as relações entre comportamento do consumidor e estratégias de marketing e noções básicas de direito do consumidor. 12 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento 1.1 A sociedade e o consumo Vivemos em uma sociedade na qual o con- sumo faz parte de nossas vidas. O consumo é a retaguarda do sistema econômico, considerando que vivemos em um sistema capitalista. Quantas empresas e empreendedores surgem buscando atender às necessidades das pessoas? Quantas empresas desapa- recem porque não conseguiram atender aos anseios dos clientes? Quantos empregos são gerados pela satisfação de necessidades, transformada em produtos e serviços? Quantos impostos são ge- rados com base no que as empresas produzem e no que os consu- midores compram e consomem? Mesmo que algumas empresas não sejam honestas em relação às propagandas que divulgam e aos produtos que oferecem (e isso pode acontecer em outras atividades da vida humana), não podemos esquecer que empregos e impos- tos são gerados por empresas que oferecem produtos e prestam serviços. Por outro lado, visto de uma perspectiva social, o consumo ajuda a moldar a sociedade. Quantas marcas e produtos podem ser con- siderados símbolos de determinados países e de determinados mo- mentos da história? Além disso, existe uma cultura do consumo, isto é, diversos valores, costumes e atitudes calcados nas ações de compra e consumo. Mas isso não é algo recente: muitos produtos já serviram, em outras épocas, para atender a diversas necessidades, sejam fisioló- gicas e de segurança (como comprar roupas no início da Revolução Industrial), sejam ligadas ao ego e ao status (como os gastos feitos nas construções de luxuosos palácios pelas cortes francesas, no século XVIII). No entanto, na atualidade esse movimento se intensificou. E isso é também diz respeito à intensificação – e globalização – das formas de comunicação, dos transportes, do número de empresas e Vídeo Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 13 de inovações e do acesso à tecnologia. Hoje temos, por exemplo, o consumidor global e o consumidor virtual. Segundo Solomon (2016), há diversas situações ligadas ao cha- mado lado obscuro do consumo: o terrorismo contra o consumidor (bioterrrorismo e o ciberterrorismo), o consumo viciante (uma de- pendência fisiológica e/ou psicológica de produtos ou serviços, o que inclui a associada à tecnologia), o consumo compulsivo (o comprar repetitivo, muitas vezes excessivo, como um antídoto para a tensão, ansiedade, depressão ou tédio – não confundir com compra por im- pulso), o consumidor consumido (em que os próprios consumido- res se tornam mercadorias, como a venda de sangue e de cabelos), o roubo de consumidor e o anticonsumo, com produtos e serviços descaracterizados ou mutilados, tanto em sua forma quanto em re- lação à sua imagem – o que inclui os associados a protestos políticos. O anticonsumo pode envolver pichações, incidentes sérios de adulte- ração de produtos, difusão de vírus de computador e adulteração de outdoors ou anúncios publicitários. Isso não deixa de ser um retrato, um reflexo, da sociedade em que vivemos. Não significa que as empresas envolvidas nessas ativi- dades sejam inocentes (e há questões éticas e legais que podem ser levantadas em relação a isso), mas que toda a sociedade está envol- vida no consumo. Se nossos dias fossem retratados daqui a 30 anos, seguramente um dos pontos a enfatizar seria o consumo. Mesmo com essas mudanças, não se pode esquecer de comen- tar que o consumidor está cada vez mais sofisticado, isto é, com mais informação disponível, com mais conhecimento a respeito de produtos, serviços e práticas de marketing das organizações, e com mais exigência em relação a produtos e serviços. O incremento da concorrência e do número de opções disponíveis para comprar, as- sim como as facilidades de crédito e a ampliação da tecnologia da informação e comunicação (como internet e smartphones), fez com que o consumidor ganhasse poder e se tornasse mais exigente. Com 14 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento mais disponibilidade de informações, que podem ser descobertas em poucos “toques” no Google com um smartphone, o consumidor, em pouco tempo, sabe muito sobre diversos produtos e serviços. O consumidor também está mais amparado e preparado para exigir seus direitos. Há algumas décadas surgiram movimentos de defesa de direitos ligados ao consumo, tal como o consumerismo (que não é a mesma coisa que consumismo), iniciado nos Estados Unidos na década de 1960 (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005), assim como leis relacionadas a isso (o Código de Defesa do Consumidor brasileiro é de 1990). Muitas escolas e organizações não governamentais vêm oferecendo educação ligada ao consu- mo. Isso tudo faz com que as práticas ilegais relacionadas ao con- sumo por parte de determinadas organizações fiquem mais em evidência e tornem-se menos atrativas, já que o consumidor está mais ciente dos seus direitos e do seu poder. Portanto, o consumo faz parte do nosso dia a dia. Ele está pre- sente desde o momento em que, com dificuldade, tentamos esco- lher uma entre diversas opções de ofertas (em uma prateleira de supermercado ou em um site de escolha de pacotes turísticos) até o momento em que pagamos pela mercadoria no caixa ou pelo telefone celular. O consumo nos leva a investir tempo em deter- minadas situações, como em uma fila de um restaurante ou em uma pesquisa na internet sobre a melhor relação custo-benefício de determinado produto ou serviço (o chamado valor para o cliente), e até mesmo tempo e deslocamento, como uma ida a um evento de tecnologia do outro lado da cidade. O consumo também nos gera determinados sentimentos: de dú- vida por não saber o que comprar, de ansiedade por ainda não ter usufruído de determinado produto (por exemplo, um computador que precisamos que funcione com urgência ou um livro que não sabemos o seu final) e de satisfação (ou insatisfação) pelo produto consumerismo: consumo consciente. Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 15 ou serviço ter desempenhado o que esperávamos (ou ter ficado aquém do esperado). Baseando-se em Solomon (2016), podemos dizer que somos o que consumimos. 1.2 O comportamento do consumidor: definições e processos Como visto na seção anterior, o consumo faz parte de nossas vidas. Somos todos consumidores. Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), empresas que apresentam bons desempenhos (crescimento de vendas, aumento de participação de mercado e aumento da lucratividade) com seus mercados, ou seja, seus clientes e consumidores, conseguem isso porque compreendem e aplicam a razão de ser do negócio (satisfazer o cliente), praticam o con- ceito de marketing (identificar e oferecer o que os mercados precisam, fazendo melhor que a concorrência) e alcançam o foco no cliente, o que leva a atender melhor às necessidades da sociedade. Convém ressaltar que marketing não é apenas ações de comuni- cação (como propaganda, publicidade ou venda pessoal), mas toda e qualquer atividade relacionada à compreensão e ao atendimento das necessidades e dos desejos dos mercados (ou seja, clientes e consumi- dores). Como diria Richers (2000), marketing é em essência entender e atender mercados. Além disso, é importante frisar que necessidades, conforme Solomon (2016), são motivos biológicos, carências básicas de natureza fisiológica e psicológica (como ter sede ou mostrar-se melhor que os outros, necessidade de ego) e desejos que represen- tam os modos que a sociedade nos ensinou, pelos quais a necessidade pode ser satisfeita (tomar um suco de laranja ou comprar um carro importado). O desejo é, de certa forma, a necessidade vestida com uma roupa feita com tecidos culturais e sociais. Em relação a isso, a necessidade está lá e os profissionais de marketing recomendam maneiras de satisfazê-la, que podem ser adequadas ou questionáveis.Vídeo 16 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento O objetivo básico do marketing é despertar, assim, a consciência de que necessidades existem (não criar a necessidade propriamente dita). Assim, em uma sociedade na qual o consumo é de grande im- portância, percebe-se a necessidade, por parte dos gestores, (espe- cificamente os de marketing) de compreender o comportamento do consumidor. Entender, como indagam Sheth, Mittal e Newman (2001), por que os consumidores compram. O que compram? Por que eles respondem aos estímulos de mercado da maneira que o fazem e como o comportamento do consumidor explica a maneira pela qual os vendedores se comportam? Afinal, o que é o compor- tamento do consumidor? Como os consumidores se comportam? Afinal, o que é o comportamento do consumidor? A primeira definição, de Blackwell, Miniard e Engel (2005), apresenta compor- tamento do consumidor como aquele que compreende as atividades diretamente envolvidas na obtenção, no consumo e no descarte de produtos e serviços, incluindo o processo de decisão que precede e segue essas ações. Há uma relação, então, com um processo que envolve desde a compra de um produto ou serviço até o seu descarte (o consumidor se desfazer do produto), passando pelo consumo. Ou seja, o comportamento do consumidor envolve bens, serviços, atividades, experiências, pessoas e ideias, desde a aquisição até o descarte, como complementam Hoyer e Macinnis (2012). Paralelo a isso, há o processo de decisão desse consumidor. Decisão não apenas no momento de escolher determinado produto ou serviço, mas no momento de definir como, quando e onde con- sumir e descartar. Por exemplo, o interesse em trocar de aparelho celular, já que o antigo está muito velho e apresenta um mau aspecto, pode levar a buscar informações por novos modelos, avaliar preços e propostas (o que inclui “ganhar” o celular da operadora), escolher aquele mais adequado às necessidades do consumidor, aprender a utilizá-lo e, além disso, saber onde e como descartar o aparelho antigo – uma vez que não é recomendado colocá-lo em lixo convencional, Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 17 por causa de sua bateria. É o consumidor comprando, consumindo e descartando o produto influenciado por ações de marketing, por questões situacionais e culturais e pela causa ecológica. A segunda definição, baseada em Sheth, Mittal e Newman (2001), indica o comportamento do consumidor, como as atividades mentais, físicas e sociais realizadas pelos consumidores que resultam em decisões e ações de pagar, comprar e usar produtos/serviços, assim como descartá-los, conforme a situação. As atividades mentais são todas aquelas relacionadas ao proces- samento de informações e de tomada de decisão do produto, ou seja, um caráter predominantemente psicológico. Entre elas, avaliar uma marca, inferir qualidade com base em um anúncio, escolher um produto entre diversas alternativas, avaliar experiências de consumo e decidir a melhor forma de descarte. Já as atividades físicas são aquelas envolvidas nos deslocamentos, esforços físicos e gastos de energia do consumidor relacionados à compra, consumo e descarte (caráter predominantemente biológico do consumidor). Como exemplos: deslocar-se até o ponto de venda, visitar a loja, pagar, armazenar o produto, utilizá-lo ou consumi-lo e colocar a embalagem no lixo. As sociais são as relacionadas às interações entre as pessoas nos processos de compra, consumo e descarte (caráter predominante- mente sociológico e antropológico do consumo). Podemos citar como atividades sociais, também, visitar lojas e pagar, assim como reclamar do atendimento e solicitar informações ao vendedor, que podem ser feitas presencialmente ou por meios virtuais. É importante destacar que uma atividade de compra, consumo e descarte pode ter características mentais, físicas e sociais. Enquanto a pessoa decide por um produto (atividade mental), pode estar se deslocando dentro de determinada loja em busca de outros produtos (atividade física) e interagindo com vendedores 18 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento pessoalmente ou com atendentes por meio de um aplicativo no smartphone (atividade social). Quando faz a escolha e efetua o pa- gamento, provavelmente estará interagindo com o caixa ou com um sistema automático de cobrança. 1.3 Classificações de clientes e compra/consumo de produtos e serviços Conforme Sheth, Mittal e Newman (2001), existem clientes domésticos e clientes comerciais (ou organizacionais) que adquirem tanto produtos como serviços. Aqui é importante distinguir, então, clientes domésticos de clientes organizacionais e produtos de serviços. Clientes domésticos, também chamados de clientes domiciliares, são os consumidores finais, indivíduos que adquirem produtos ou serviços para uso ou consumo. É o caso do cliente que compra seus mantimentos no supermercado ou que adquire um sapato novo em uma loja de vestuário ou em um site de e-commerce. Eles são o últi- mo elo na cadeia de comercialização. Clientes organizacionais, por outro lado, são organizações que adquirem produtos de outras organizações, tanto para consumir quanto para revender. Por exemplo, uma empresa de móveis que adquire madeira é cliente da empresa madeireira: consumirá a matéria-prima para a produção de suas mercadorias. Por outro lado, uma loja de materiais de construção que adquire cimento poderá revender, depois, tanto para outra empresa (uma construtora, que o consumirá em suas obras) quanto para os consumidores finais (os clientes domiciliares). Há também diferenças em considerar um cliente (tanto consu- midor quanto organização) que adquire e utiliza produtos e em con- siderar um consumidor que adquire e consome serviços. Podemos Vídeo Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 19 ter clientes organizacionais que adquirem produtos (que podem ser matérias-primas ou material de escritório) ou que adquirem serviços (um serviço de consultoria ou o serviço de telefonia). Isso também ocorre para clientes domiciliares (os consumidores finais), que podem adquirir produtos (material para limpeza ou alimentos) ou contratar serviços (uma viagem aérea, serviço de streaming de filmes ou o serviço de um eletricista). Em relação ao serviço, conforme Nickels e Wood (1999), é im- portante destacar que ele é consumido ao mesmo tempo em que é produzido (característica da simultaneidade de produção e con- sumo). Ele não pode ser armazenado ou estocado, não pode ser examinado fisicamente (intangibilidade) e sua variabilidade é muito maior do que a variabilidade de produtos (geralmente, por depender de pessoas para ser prestado, a padronização em serviços é menor que a padronização em produtos). Com o produto, não necessariamente o consumo deve acontecer no mesmo momento da compra. O serviço, além disso, não pode ser possuído ou ser propriedade de alguém. Tanto uma empresa pode armazenar chapas de aço quanto um consumidor pacotes de arroz. Tanto uma empresa pode ter propriedade de máquinas e equipa- mentos quanto um consumidor pode ser proprietário de um auto- móvel. No entanto, uma empresa não consegue armazenar o serviço de assistência técnica, que prestam a ela para manutenção de suas máquinas, assim como um consumidor não consegue armazenar o serviço de locação de um automóvel ou de oficina mecânica – ou, até mesmo, o atendimento de um garçom. O serviço de cabeleireiro é produzido ao mesmo tempo em que o consumidor está tendo seu cabelo cortado (consumindo o serviço). O serviço de consultoria é produzido e a empresa, ao mesmo tempo, consome as ideias e conselhos gerados em uma reunião. Mesmo que o consumidor te- nha acesso a aspectos tangíveis quando retira dinheiro de um caixa eletrônico (pode tocar a máquina ou passar pela porta giratória), o serviço propriamente dito (serviço bancário) é intangível. 20 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamentoTodas essas características diferenciam o comportamento de alguém que adquire um produto de outra pessoa que adquire um serviço. Como o serviço em si não pode ser examinado fisicamente, os consumidores dependerão muito mais de experiências passadas (como no caso de um serviço de restaurante ou estético), da con- fiança e das credenciais em relação a um prestador de serviço (como a prestação de serviços por parte de um médico ou de um advogado) para poder avaliá-lo, escolhê-lo e utilizá-lo (KOTLER; KELLER, 2013). 1.4 Papéis do consumidor e decisão de compra familiar Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), o consumidor pode desempenhar diferentes papéis, como usuário, pagador e comprador, individual- mente ou em família. Como usuário, ele consome ou usa o produto ou recebe os benefícios do serviço. Como pagador, ele financia a compra, disponibiliza recursos para pagar por determi- nado produto ou serviço. Como comprador, ele participa da compra, decide pela compra. Importante ressaltar que o consumidor pode desempenhar mais de um papel. Nas compras familiares1, ou considerando outros grupos de in- divíduos, há outros papéis além do usuário, pagador e comprador. De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), são cinco papéis: 1. Iniciador: pensa sobre a compra de um produto ou serviço e busca informações para auxiliar a tomar a decisão. Como 1 Convém expor, como apresentam Blackwell, Miniard e Engel (2005), a diferença entre família e domicílio: família é um grupo de duas ou mais pessoas relacionadas por sangue, casamento ou adoção que residem em um mesmo local; domicílio descreve todas as pessoas, mesmo não sendo parentes, que ocupam uma unidade residencial. Vídeo Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 21 exemplo, o filho mais novo que percebe a necessidade de comprar um novo computador e busca informações sobre ele. 2. Influenciador: aquele cujas opiniões são relevantes para os critérios de avaliação utilizados no processo de decisão. Por exemplo, o filho mais velho, que entende de computadores e das marcas disponíveis. 3. Decisor: pessoa com autoridade e/ou poder financeiro que decide como alocar o dinheiro da família. Como é o caso do pai e da mãe, que nessa família decidem em conjunto como alocar os recursos financeiros. 4. Comprador: quem realiza a compra, visitando a loja, ligando para os fornecedores, pagando e trazendo os produtos para dentro de casa. Por exemplo, o pai e o filho mais novo, que efetuaram a compra no ponto de venda. 5. Usuário: a pessoa que usa o produto ou o serviço. Neste caso, todos os quatro integrantes da família. É importante assinalar que cada papel pode ser desempenhado por diferentes integrantes da família, assim como um integrante da família pode desempenhar mais de um papel. Isso dependerá das cir- cunstâncias envolvidas e da forma como as famílias estão estrutura- das (como número de integrantes, nível de recursos, escolaridade, conhecimentos a respeito de produtos, cultura e valores). Além disso, deve-se considerar o conceito de ciclo de vida da família. A família, de modo geral, inicialmente é composta por um casal. Em seguida, vêm os filhos. Posteriormente, esses filhos crescem e estudam. Mais alguns anos, saem de casa e constituem suas próprias famílias. Por fim, a família em questão volta a ser apenas o casal, mas com mais idade, caso permaneçam juntos. No entanto, há também famílias com casais que resolveram não ter filhos ou famílias em que os filhos saem de casa já adultos, com mais de 25 anos, e, ainda, pessoas que decidiram não constituir famílias. 22 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento 1.5 Comportamento do consumidor e estratégias de marketing Os profissionais de marketing, responsáveis nas organizações por entender e atender os mercados (clientes), devem conhecer as características do comportamento do consumidor (o entender o cliente) para poder atendê-los e influen- ciá-los quanto às suas decisões de compra (o atender). Devem, além disso, considerar que o consumidor não é só influenciado pelas ações de marketing (relacionadas ao produto, preço, distribuição/ponto de venda e comunicação/promoção), mas também por influências so- ciais (as questões culturais, as classes sociais, a renda, os grupos, as pessoas de referência) e influências situacionais (o ambiente físico, o tempo, as condições presentes naquele momento e a tarefa envolvida). Ou seja, precisam entender e identificar quem realiza quais proces- sos, quem desempenha determinado papel, por que determinados processos ocorrem da maneira como ocorrem, quais características dos próprios clientes determinam seu comportamento e que fatores ambientais influenciam seu comportamento (CHURCHILL; PETER, 2012). No momento em que os profissionais de marketing compreen- dem como os consumidores se comportam, quais papéis eles de- sempenham, com que tipo de clientes eles estão lidando, com quem esses clientes vivem, que tipos de influências recebem, eles podem propor e implementar, adequadamente, estratégias de marketing. Em outras palavras, como atuar nos mercados escolhidos para al- cançar os resultados almejados (os objetivos). Por exemplo, atual- mente há diversos adultos vivendo sozinhos e há uma diversidade de alimentos que consideram o consumo de apenas um indivíduo. Vídeo Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 23 A compreensão do comportamento do consumidor, primeira- mente, permitirá aos profissionais de marketing definir, dentro das estratégias de marketing, variáveis de segmentação de mercado (por idade, gênero, geográfica, estrutura familiar, classe social, etnias, cul- tura, estilos de vida), escolher os mercados-alvo e definir posiciona- mentos no mercado (relacionados a ocupar uma imagem distintiva na mente dos consumidores). Além disso, auxiliará na definição das características dos produtos, dos preços, da forma de comunicação e dos pontos de venda/distribuição mais adequados para atender esses mercados-alvo. Conhecer, por exemplo, quais os papéis desempe- nhados pelo consumidor e os papéis desempenhados nas compras familiares levará a saber com quem a empresa precisa se comunicar, por meio de propaganda, publicidade ou venda pessoal. Conhecer as preferências do consumidor e os seus hábitos de compra pode auxi- liar a desenvolver o produto, definir o seu preço e escolher o melhor ponto de venda para sua distribuição. Ressalta-se, como indica Solomon (2016), que muito do que se sabe sobre o mundo é filtrado pelos profissionais de marketing. Anúncios sugerem como se deveria agir e avaliar outras pessoas. Além disso, confia-se nesses profissionais para vender produtos se- guros e com o desempenho conforme o prometido, para dizer a verdade sobre o que estão vendendo, garantir preço e distribuição justos para os produtos e acreditar que vale a pena comprar ou usu- fruir. Ou seja, há um componente ético que deve ser considerado nas estratégias de marketing em relação ao consumidor. 1.6 Noções básicas de direito do consumidor Diante do quadro de ofertas de produtos em todos os cantos do mundo, das diversas formas de comunicação e de algumas empresas interes- sadas em lucrar a todo o custo (sem considerar o Vídeo 24 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento impacto de suas ações nos outros), surgiu, há algumas décadas, o movimento de defesa do consumidor, chamado de consumerismo. Na década de 1960, século XX, nos Estados Unidos, foi elaborada a Lei dos Direitos do Consumidor (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005), composta por seis direitos: 1. O direito à segurança: proteção contra produtos e serviços que sejam prejudiciais à saúde e à vida. 2. O direito de ser informado: fornecimento de fatos necessários para uma escolha fundamentada; proteção contra declarações enganosas ou incorretas. 3. O direito de escolher: acesso assegurado a uma variedade de produtos e serviços a preços competitivos. 4. O direito a ser ouvido(reparação): segurança de que os inte- resses do consumidor recebam consideração total e favorável na formulação e implementação de políticas e justa restituição. 5. O direito de usufruir de um ambiente limpo e saudável. 6. O direito do pobre e de outras minorias de ter seus inte- resses protegidos. No Brasil, em setembro de 1990, foi promulgada a Lei n. 8.078 (BRASIL, 1990), o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Esse código, segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC, 2019), trata das relações de consumo e dos mecanismos para a reparação de danos causados, tanto administrativa (definindo mecanismos para o poder público atuar nas relações de consumo) quanto penalmente (estabelecendo novos tipos de crimes e respectivas punições). O CDC, entre outras coisas, apresenta os direitos do consumidor, as infrações penais, a defesa do consumidor e o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC). Nos direitos do consumidor, estão contempla- dos a política nacional de relações de consumo, os direitos básicos do consumidor, regras em relação à qualidade de produtos e serviços, prevenção e reparação de danos, regras em relação a práticas comer- ciais, assim como a proteção contratual e as sanções administrativas. Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 25 Os direitos básicos do consumidor, com algumas semelhan- ças aos direitos do consumidor norte-americano, são os seguintes (BRASIL, 2019a): • Proteção da vida e da saúde: ser avisado pelo fornecedor dos possíveis riscos à saúde ou segurança. • Educação para o consumo: receber orientação sobre o con- sumo correto dos produtos e serviços. • Liberdade de escolha de produtos e serviços: poder escolher o produto ou serviço que considerar melhor. • Informação: produtos e serviços devem trazer informações claras sobre suas características e o modo de utilizá-los ou usufruí-los. • Proteção contra publicidade enganosa e abusiva: ser cum- prido tudo o que for anunciado. • Proteção contratual: proteger o consumidor quando as cláu- sulas do contrato não forem cumpridas ou quando forem prejudiciais a ele. • Indenização: quando prejudicado, há direito de indenização ao consumidor (inclusive por danos morais) por quem vendeu o produto ou prestou o serviço. • Acesso à Justiça: consumidor que tiver seus direitos violados pode recorrer à Justiça. • Facilitação da defesa dos direitos: permitir que em certos casos seja invertido o ônus de provar os fatos. • Qualidade dos serviços públicos: prestação de serviços de qualidade por órgãos públicos ou empresas concessionárias de serviços públicos. Quanto à estrutura para defesa do consumidor (BRASIL, 2019a), o CDC prevê a participação de diversos órgãos públicos e entidades privadas, bem como a consideração de vários institutos como ins- trumentos para a realização da Política de Consumo. Em relação a isso, temos a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o 26 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento Sistema Nacional do Consumidor (SNDC). A Senacon, subordinada ao Ministério da Justiça e criada em 2012, é responsável pelo plane- jamento, coordenação e execução da Política Nacional das Relações de Consumo. Procura garantir a proteção dos consumidores, pro- mover a harmonização das relações de consumo e participar de or- ganismos, fóruns, comissões e comitês ligados aos interesses dos consumidores (BRASIL, 2019b). Além disso, a Senacon atua de forma coordenada e articulada com os integrantes do SNDC, constituído pelo Procon, Ministério Público, Defensoria Pública, delegacias de defesa do consumidor, juizados especiais cíveis e organizações civis de defesa do con- sumidor, assim como procura prevenir e solucionar conflitos de consumo pelo Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) e Portal do Consumidor2. Considerações finais Neste capítulo proporcionamos noções introdutórias a respeito do consumidor e do seu comportamento, associados a estratégias de marketing. Fica evidente, primeiramente, a importância fundamen- tal de termos o foco do cliente, não apenas o foco no cliente, o que passa pela compreensão do seu comportamento. É quando resol- vemos ter preferencialmente “janelas” (olhar de fora para dentro e de dentro para fora) a “espelhos” nas empresas (acreditar que nosso reflexo é representativo do que ocorre fora). Outro ponto relevante é o quanto é interdependente o fato de entender mercados e atender mercados, já que a área de marketing, dentro das organizações, é a principal responsável por elaborar e conduzir as promessas das empresas do mercado – que não envolvem apenas propagandas ou ações de venda, mas também quando a empresa apresenta seu posicionamento. 2 Disponível em: https://www.consumidor.gov.br. Acesso em: 23 jan. 2019. Premissas e perspectivas a respeito do consumidor 27 Ampliando seus conhecimentos • RECLAME AQUI. São Paulo, 2001. Disponível em: www. reclameaqui.com.br. Acesso em: 21 jan. 2019. Recomendamos o acesso ao site do Reclame Aqui, portal em que consumidores postam suas reclamações e aguardam providências das empresas. Nele temos as qualificações das empresas quanto à gestão das reclamações, as quais resultam nos rankings das melhores e piores empresas. É uma forma interessante de pesquisar sobre a maneira como fornecedo- res tratam das reclamações dos consumidores, o que inclui empresas interessadas em conhecer as melhores práticas e as ações dos seus concorrentes. • MERCADO & CONSUMO. Programa sobre experiência do consumidor. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=Ny8Rrwuzoto. Acesso em: 21 jan. 2019. Outra dica interessante é o vídeo do programa sobre expe- riência do consumidor, no canal Mercado & Consumo, com destaque à marca Nespresso. Atividades 1. Por que você é o que você consome? 2. Como os profissionais de marketing entendem e atendem ao comportamento do consumidor? 3. Como você se sente em relação aos seus direitos básicos de consumidor? O que é cumprido? O que não é cumprido? Dê exemplos. 28 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento Referências BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W.; ENGEL, J. Comportamento do con- sumidor. Tradução de Eduardo Teixeira Ayrosa. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2005. BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 set. 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. Acesso em: 23 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor. Código de defesa do consumidor. Nova ed. rev., atual. com os Decretos nº 2.181, de 20 de março de 1997 e nº 7936, de 15 de março de 2013. Brasília, DF. Disponível em: http://www.justica.gov.br/seus-direitos/consumidor/Anexos/ cdc-portugues-2013.pdf. Acesso em: 28 jan. 2019a. BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor. O que é Senacon. Disponível em: http://www.justica.gov.br/ seus-direitos/consumidor/o-que-e-senacon. Acesso em: 28 jan. 2019b. BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor. Sistema Nacional de Defesa do Consumidor - SNDC. Disponível em: http://www.justica.gov.br/seus-direitos/consumidor/ a-defesa-do-consumidor-no-brasil/anexos/sistema-nacional-de-defesa- do-consumidor-sndc. Acesso em: 28 jan. 2019c. CHURCHILL JR., G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clien- tes. Tradução de Cecília C. Bartalotti. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. HOYER, W. D.; MACINNIS, D. J. Comportamento do consumidor. Tradução de EZ2 Translate. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Código de Defesa do Consumidor. Disponível em: https://idec.org.br/codigo-de-defesa-do- consumidor. Acesso em: 23 jan. 2019. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. Tradução de Sônia Midori Yamamoto. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2013. NICKELS, W. G.; WOOD, M. B. Marketing: relacionamentos, qualidade,valor. Tradução de José Carlos Barbosa dos Santos. Rio de Janeiro: LTC, 1999. RICHERS, R. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócio Editora, 2000. SHETH, J. N.; MITTAL, B.; NEWMAN, B. I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. Tradução de Antonio Carlos de Almeida. São Paulo: Atlas, 2001. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. Tradução de Beth Honorato. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. 2 Processo de decisão do consumidor Como colocado por Blackwell, Miniard e Engel (2005), a sobera- nia do cliente representa um formidável desafio, mas as habilidades de marketing podem afetar sua motivação e seu comportamento, se o produto ou serviço oferecido é desenhado para satisfazer suas necessidades e expectativas. Esse desafio também se apresenta no processo de decisão do consumidor, quando esse resolve escolher, considerando seus recursos financeiros e informações, por deter- minado produto ou serviço, marca, local e momento de compra e de consumo. Conforme mostra a Figura 1 a seguir, no processo de decisão es- tão envolvidas questões de pré-compra, questões de compra e ques- tões de pós-compra. Esse processo pode ser visto do ponto de vista do consumidor (como acontece a decisão de compra, consumo e descarte) e do ponto de vista do profissional de marketing (o que é necessário compreender para satisfazer o consumidor em seus atos de compra e de consumo e para influenciar suas decisões). 30 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento Figura 1 – Questões que envolvem o processo de decisão Como um consumidor constata que precisa de um produto? Quais são as melhores fontes de informação para saber mais sobre outras opções? Questões de pré-compra Perspectiva do consumidor Perspectiva dos profissionais de marketing A aquisição de um produto é uma experiência estressante ou agradável? O que a compra diz sobre o consumidor? Questões de compra O produto traz satisfação ou desempenha a função pre- tendida? Como o produto é finalmente descartado e quais as consequências desse ato para o meio ambiente? Questões de pós-compra Como as atitudes do con- sumidor são formadas e/ou modificadas? Quais pistas os consumidores utilizam para identificar quais produtos são superiores aos outros? De que forma fatores situacionais, como falta de tempo ou os mos- truários das lojas, afetam a decisão de compra do consumidor? O que determina se um consu- midor ficará satisfeito com um produto e voltará a comprá-lo? Essa pessoa conta aos outros sobre suas experiências com o produto e influencia as decisões de compra deles? Fonte: Solomon, 2016, p. 7. Com o objetivo de possibilitar o conhecimento e as reflexões a respeito de como o consumidor decide, neste capítulo apresentare- mos e discutiremos as etapas do processo de decisão do consumidor, considerando o reconhecimento da necessidade, a busca de infor- mações, a avaliação de alternativas, a decisão de compra, o ato de compra, o consumo, a avaliação pós-consumo e o descarte. Ao final, são indicadas as diferenças no processo de decisão entre o indiví- duo, a família e as organizações. Processo de decisão do consumidor 31 2.1 Reconhecimento da necessidade Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), o reconhecimento da necessidade, ou do problema, é uma percepção da diferença entre a situação dese- jada e a situação real suficiente para despertar e ati- var o processo decisório. Ocorre, conforme Churchill e Peter (2012), toda vez que o consumidor vê uma diferença significativa entre seu estado atual e algum estado desejado ou ideal. Há um problema a ser resolvido. Para Sheth, Mittal e Newman (2001), reconhecer o proble- ma é a percepção de que se precisa comprar algo para voltar ao estado normal de conforto, uma vez que o problema é a indicação de que há um estado de privação, desconforto e falta (física ou psicológica). Como exemplo: Paulo percebe que necessita adquirir um novo smar- tphone, pois quer uma melhor qualidade em suas fotografias postadas nas redes sociais. Até não comprar o novo smartphone (resolver o problema), Paulo estará preocupado e, possivelmente, desconfortável. De acordo com Churchill e Peter (2012), o reconhecimento da necessidade depende de dois estímulos, um de ordem interna e ou- tro de ordem externa. O estímulo interno está relacionado às dife- renças individuais, como os recursos que o consumidor tem ao seu dispor, os processos de motivação, as atitudes (o grau em que os consumidores gostam ou não de alguma coisa), o nível de conhe- cimentos, a personalidade, valores pessoais, estilos de vida e o en- volvimento em relação à compra (grau de relevância pessoal). Já os estímulos externos estão ligados às influências, ou fatores ambien- tais, como a cultura, classe social, família e situação (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Por exemplo, a ida a uma academia de ginástica pode ter surgido por um estímulo interno do indivíduo para obter uma melhor forma física ou por uma indicação médica. Vídeo 32 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento Importante alertar que pode haver interação entre os estímulos in- ternos e externos (um pode ser dependente do outro). Além disso, segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), um pro- blema pode ter sido reconhecido no passado, mas não se mostrou relevante, prioritário ao consumidor. Nesse caso, um comercial ou a indicação de um amigo pode reacendê-lo. Além disso, é possível que nunca se tenha reconhecido uma necessidade, mas a exposição a um produto ou serviço (que pode ser via propaganda, no ponto de ven- da ou por meio de conversas com amigos) tem condições de desper- tar desejos, sendo que o seu atendimento gera um reconhecimento de problema. É importante frisar que esse impulso para atender a uma necessidade chama-se motivação. 2.2 Busca de informações Conforme Solomon (2016), uma vez que um problema tenha sido reconhecido, os consumi- dores precisam de informações adequadas para resolvê-lo. O consumidor investiga seu ambiente à procura de dados e informações adequados para tomar uma decisão razoável. Como acontece com o reconhecimen- to da necessidade, a busca de informações é influenciada por dife- renças individuais e fatores ambientais (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Quando o consumidor busca informações para resolver deter- minado problema (comprar um produto ou usufruir de determina- do serviço), ele considera, como indicam Solomon (2016) e Sheth, Mittal e Newman (2001), diversas fontes: internas, de grupo, comer- ciais, públicas e experimentais. Vejamos: • Fontes internas: presentes na memória do consumidor, ge- radas pela exposição, atenção, compreensão, aceitação e re- tenção de informações prévias, como colocam Blackwell, Miniard e Engel (2005). Vídeo Processo de decisão do consumidor 33 • Fontes de grupo: informações que são buscadas com amigos, familiares e colegas. Essas fontes de informação geralmente gozam de alta credibilidade e confiabilidade (por isso que a comunicação boca a boca é bastante valorizada). • Fontes de marketing: embalagens, vendedores, propaganda, promoção de vendas, merchandising, websites e catálogos. • Fontes públicas: independente dos profissionais de marketing e de outros consumidores, como relatórios, informações de especialistas em produtos ou serviços, boletins e notícias. • Fontes de experimentação: provenientes das experiências e testes dos indivíduos com produtos e serviços. A busca de informações também pode ser deliberada (plane- jada) ou acidental (não planejada, com aprendizagem incidental). No caso da acidental, de acordo com Solomon (2016), embora um produto possa não ser de nosso interesse direto neste exato mo- mento, a exposição à propaganda, o boca a boca, a embalagem e as atividades de promoção de vendas podem resultar em aprendizagem incidental. Em relação a isso, com uma propaganda constante, em pequenas doses, épossível que sua associação com produtos seja estabelecida e mantida até o ponto em que são necessárias (o ponto em que o indivíduo utilize a informação da propaganda para decidir comprar determinado produto). A propaganda de um xampu na televisão, por exemplo, duas vezes ao dia, e em dias intercalados, em quatro meses, pode permitir informação e lembrança do produto até o momento de compra. Outro ponto relevante em relação à busca de informações é quanta pesquisa será feita, ou seja, qual a quantidade de informações que será procurada e quanto tempo será investido nessa procura. Isso dependerá, segundo Solomon (2016) e Sheth, Mittal e Newman (2001), de quanto conhecimento prévio o consumidor já possui (re- lativo a experiências e aquisição de informações prévias), do en- volvimento, da pressão de tempo, do risco percebido em relação à 34 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento compra (o grau de perda, ou de arrependimento, no caso de uma escolha errada) e da sobrecarga de informações (saber qual informa- ção utilizar, dentro de um grande número disponível). Em outras palavras, quanto menos conhecimento prévio o con- sumidor tiver, se a compra desse produto for pessoalmente relevante (alto envolvimento), se o risco percebido para comprá-lo for elevado, isto é, se os ganhos (benefícios) de aquisição da informação forem maiores que os custos de sua aquisição (como financeiros, físicos e mentais), provavelmente sejam buscadas mais informações e gas- to mais tempo na pesquisa. Alerta-se, como reforça Sheth, Mittal e Newman (2001), que os consumidores são seletivos em sua aquisição de informação (não consideram todas as informações disponíveis). Convém ressaltar que, em relação ao risco, como apresenta Solomon (2016), podemos ter o monetário (risco de fazer uma com- pra cujos benefícios do produto ou serviço sejam menores do que os gastos envolvidos, ou de ter outras ofertas com a relação custo x be- nefício melhor), o funcional, ou de desempenho ou obsolescência (o produto não funcionar conforme esperado e ser substituído depois por produtos mais modernos), físico (relacionado ao esforço físico despendido na compra do produto e seu uso posterior), psicológico (produto não refletir a pessoa, gerar sentimento de culpa) e social (os outros não aprovarem a compra). 2.3 Avaliação das alternativas e decisão de compra Após ter reconhecido o problema e bus- car informações, o consumidor, influenciado por fatores ambientais e diferenças individuais (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005), avalia as alternativas disponíveis de marcas, produtos e serviços e efetua a decisão de compra. Para isso, ele se perguntará quais caracterís- ticas são mais importantes, o que cada alternativa oferece, qual a Vídeo Processo de decisão do consumidor 35 alternativa que oferece a melhor relação custo x benefício (o melhor valor para o cliente) e quanto tempo ele tem para tomar a decisão. Além disso, como a racionalidade de qualquer indivíduo na tomada de decisões é limitada, ou seja, não é possível considerar todas as alternativas possíveis para tomada de decisão, os consumidores tam- bém dependem de seus relacionamentos sociais, de suas emoções e das circunstâncias do momento para tomarem suas decisões. Depois da avaliação das alternativas, o consumidor parte para a decisão de compra propriamente dita. Essa decisão pode ser em relação a um produto, um serviço, uma marca, um determinado fornecedor, uma determinada quantidade e uma determinada for- ma de pagamento. Como indicam Sheth, Mittal e Newman (2001), quando as decisões de compra são tomadas perto do momento de consumo (ou para consumo imediato), o valor da conveniência adquire importância maior. Além disso, quanto mais se combinam os papéis de usuário, pagante e comprador, mais conflitante se torna o processo decisório. Os consumidores, conforme apresentam Sheth, Mittal e Newman (2001), consideram, em relação a marcas, produtos e servi- ços, diversos conjuntos de alternativas. Inicialmente há o conjunto conhecido, ou seja, marcas que o consumidor conhece. Em segui- da, consideram o conjunto evocado, cujas marcas eles lembram no momento de tomar uma decisão. Posteriormente, os consumidores levam em conta o conjunto considerado, das marcas que podem ser escolhidas para a escolha de determinado produto ou serviço. Assim, as marcas conhecidas (conjunto conhecido) levam a marcas lembradas (conjunto evocado) e a marcas não lembradas. As marcas lembradas levam, por sua vez, a marcas consideradas (conjunto considerado) e a marcas não consideradas. Como exem- plo, Paulo conhece as marcas de calçados X, W, Y e Z; lembra no momento de tomar a decisão das marcas X, W e Z (não lembrou da Y); considera para escolha as marcas X e W (não considerou a Z, 36 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento mesmo lembrando dela). No entanto, no momento da compra no ponto de venda, pode considerar na decisão outras marcas que não conhecia, mas que são apresentadas pelo vendedor. Por outro lado, como indicam Solomon (2016) e Sheth, Mittal e Newman (2001), os consumidores consideram como critérios de ava- liação um conjunto de atributos salientes e importantes, assim como um conjunto de atributos qualificadores e determinantes na avaliação de alternativas e no momento da decisão. Os atributos salientes são aqueles que os consumidores conseguem perceber como presentes em um determinado produto, serviço ou marca. Já os atributos importan- tes, mais do que os salientes, entram de forma significativa no processo de decisão de compra. Por exemplo, um detalhe decorativo em um vio- lão pode ser considerado um atributo saliente, mas não importante. Já a qualidade das cordas pode ser importante, mas não saliente. Há outras situações, todavia, que atributos salientes podem também ser conside- rados importantes. Os atributos qualificadores são aqueles que servem para definir um patamar, um critério inicial de escolha. Os determinantes, por outro lado, são atributos importantes que determinam a compra de um produto ou serviço. Como exemplo, um consumidor, para escolher um apartamento para alugar, poderia considerar como atri- butos qualificadores o apartamento com um quarto, distante até 10 km do local de trabalho, com uma posição solar Leste e em um local que tivesse nas proximidades supermercado e farmácia. As ofertas de aluguel que não possuem essas características estariam desqua- lificadas e, portanto, desconsideradas. Consideraria como atributos determinantes, para as ofertas qualificadas, o menor preço e a me- nor distância do local de trabalho. Outro elemento a considerar nos processos de avaliação de al- ternativas e decisão são os atalhos mentais, ou seja, um atalho a um processamento mais extenso de informações, uma vez que não se faz cálculos mentais complexos toda vez que são avaliadas alternativas e Processo de decisão do consumidor 37 produtos (SOLOMON, 2016). Esse atalho mental também é chama- do de heurística: procedimentos mentais práticos que levam a uma decisão acelerada (SOLOMON, 2016). Como exemplos de heurís- tica, temos “produtos mais caros são melhores”, “comprar a mesma marca que comprei outra vez”, “comprar a marca de sabão em pó que minha mãe sempre comprava”. Como tipos de atalhos mentais, para Solomon (2016), temos o sinal de produto – tendência a inferir dimensões ocultas baseadas em atributos observáveis, como sinal de qualidade subjacente, por exemplo, a forma como a embalagem se apresenta indica qualida- de superior; as crenças de mercado – suposições sobre empresas, produtos, marcas, lojas e países, por exemplo, o produto importado é melhor, o produto chinês é de baixa qualidade e determinada em- presa tem os produtos de melhor qualidade porque cobra mais; e a inércia – compra a ser feita em função do hábito ou do menor es- forço, por exemplo, comprar a marca que comprei no mês passado, comprar o primeiro produto disponível na prateleirado supermer- cado, comprar o mais barato. Podemos também ter a marca como heurística, na qual pessoas formam preferências por uma marca e podem, literalmente, não mudar de ideia por toda a vida. Existem, além disso, as regras de decisão compensatórias e as regras não compensatórias. As regras compensatórias, conforme Solomon (2016), dão ao produto uma oportunidade de compensar um atributo em que ele é pior por outro em que ele é melhor. Nesse caso, os consumidores querem exercer um esforço para considerar o quadro mais abrangente de alternativas disponíveis. Para as regras não compensatórias, entretanto, um produto com uma baixa colo- cação em um atributo não consegue compensar essa posição sendo melhor em outro atributo. Em outras palavras, eliminam-se todas as opções que não atingirem alguns padrões básicos (como o exemplo dado anteriormente para atributos qualificadores para a compra de um apartamento). Sheth, Mittal e Newman (2001) ainda sugerem a 38 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento estratégia de decisão por fases, com o uso inicial, por exemplo, de regras compensatórias e depois de regras não compensatórias. Dentro das regras de decisão não compensatórias, Sheth, Mittal e Newman (2001) indicam os seguintes modelos: • Modelo conjuntivo: o consumidor começa determinando li- mites mínimos de todos os atributos importantes (um pão de forma com até 300 gramas e com até 80 calorias por fatia). • Modelo disjuntivo: implica compensações entre aspectos das alternativas de escolha (uma casa com quatro quartos, ou com três quartos, mas com dependência para empregada). • Modelo lexicográfico: atributos das alternativas são ordenados ou classificados em termos de importância – as alternativas são analisadas pelo critério mais importante, avaliam aquelas com o maior nível desse critério; se permanece mais de uma alterna- tiva, considera-se o segundo critério mais importante e assim por diante (para um automóvel, o critério mais importante é presença de câmbio automático; das opções que tinham câm- bio automático, o segundo critério mais importante é ser da marca X; se houve duas alternativas com essa marca, o terceiro critério é menor preço). • Modelo de eliminação por aspectos: além de indicar ordem de importância, são definidos valores de eliminação para o atributo mais importante. Admitem-se para continuar a ava- liação apenas aqueles que atingiram o nível mínimo definido (para um serviço de academia de musculação, o critério mais importante é estar distante no máximo 3 km da residência do consumidor e possuir Wi-Fi; para as academias que al- cançaram esse critério, escolhem-se aquelas que fecham à meia-noite ou depois; em seguida, se ainda há mais de uma alternativa, escolhe-se aquela com o menor movimento). Todos esses aspectos evidenciam a necessidade de perceber- mos em nossas atividades como a compra e o consumo estão Processo de decisão do consumidor 39 atrelados à avaliação de alternativas e à decisão, e o quanto tais processos são complexos. 2.4 Ato de compra Após a decisão, efetua-se propriamente a compra. Essa geralmente ocorre em pontos de venda de varejo, mas também em outros lo- cais, como na venda em domicílio e na compra pela internet. Assim como nas outras etapas, há também influência de fatores ambientais e diferenças individuais (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). De acordo com Solomon (2016), as razões para comprar, além de questões pessoais, podem envolver experiências sociais (passear em um shopping center e jantar na praça de alimentação), compar- tilhamento de interesses comuns (comprar mercadorias em lojas especializadas e trocar informações com outros consumidores) e atração interpessoal (conhecer outras pessoas). Além disso, segundo ele, dependendo da situação e das características do consumidor, uma compra pode ser estimulante, entediante, agradável, desagra- dável, excitante, melancólica, angustiante, relaxante. Pode, também, gerar um status instantâneo (pessoas que querem ser esperadas pelo vendedor) e a emoção da caçada (orgulho por conhecer o que o mercado oferece). Há, também, conforme Solomon (2016), alguns tipos de com- pradores, tais como o comprador econômico (procura sempre maximizar o valor do dinheiro, tem metas definidas de compra), o personalizado (compra onde sabem o seu nome, onde o tratam de forma única), o ético (compra para ajudar os menos favoreci- dos ou os estabelecimentos locais), o apático (vê a compra como uma tarefa necessária, mas desagradável) e o recreativo (vê a compra como uma atividade social divertida, um modo de passar o tempo livre). Destaca-se, também, que os papéis do consumidor – pagante, Vídeo 40 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento comprador e usuário (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001) – po- dem ganhar menor ou maior peso no momento de compra: enquan- to que os valores e características do usuário do produto ou serviço são mais influentes na avaliação das alternativas, os valores do com- prador (conveniência de compra) ou do pagante (financiamento disponível) tornam-se importantes no estágio de compra, podendo gerar o conflito comentado anteriormente. As decisões de compra, ademais, podem ser oriundas de uma compra planejada, não planejada (reconheceu-se a necessidade enquanto se estava na loja ou acessando a um site de compra) ou por impulso (reconhecimento súbito da necessidade). Em rela- ção ao vendedor, é importante considerar sua aparência, seus es- tilos de interação, negociação e identidade com os consumidores. Considerando esse último ponto, a teoria da troca indica que toda interação envolve uma troca de valor – dá-se algo ao outro e espera- -se algo em troca. Outro ponto a destacar na venda é a imagem da loja, sua equipe, organização e atmosfera, isto é, o espaço da loja e seus ambientes (SOLOMON, 2016), assim como a apresentação de determinado site, sua funcionalidade de uso, informações disponí- veis e sua segurança e credibilidade percebidas. Por fim, como indicam Sheth, Mittal e Newman (2001), o pro- cesso de compra parte inicialmente da identificação da escolha, ou seja, a decisão de que determinado produto é o que se deseja e se prefere. Em seguida, passa pela intenção de compra, a determinação de que a pessoa compraria aquele produto ou serviço (“da próxima vez que estiver no mercado vou comprá-lo”). Essa intenção pode envolver uma anotação mental (colocar o item na lista de “coisas a fazer”). Por fim, ocorre a implementação da compra, na qual se arranjam os termos de transação, busca-se e obtém-se do vendedor a transferência do direito ou título, paga-se pelo produto, ganha-se a posse ou o compromisso do serviço do vendedor. Processo de decisão do consumidor 41 Importante ressaltar que o caminho da identificação da escolha até a implementação da compra nem sempre ocorre de maneira pre- visível. Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), pode haver demora na implementação da compra (adiamento da compra) e desvio em relação à escolha identificada (falta do produto, da marca preferida, novas informações disponíveis que podem fazer rever o processo de decisão e falta de recursos financeiros ou de tempo). Como exemplo, um indivíduo, preocupado com a questão ambien- tal, decidiu comprar uma xícara de cerâmica produzida de maneira sustentável, para tomar café em seu trabalho (decisão), de uma marca divulgada em um post no Facebook, e colocou em sua lista “mental” de coisas a fazer (intenção de compra). Chegando ao supermercado, próxi- mo ao seu trabalho, a última unidade daquela xícara havia sido vendida. Como queria comprar naquele dia (não quis adiar a compra), e estava sem tempo, resolveu comprar de outra marca, até porque não tinha muitas informações disponíveis sobre o produto. 2.5 Consumo, avaliação pós-consumo e descarte Ao final da compra, parte-se para o consumo do produto, avaliação pós-consumo e descarte. Como indicado por Blackwell, Miniard e Engel (2005),o estágio de consumo tradicionalmente não atraía muito do interesse dos profissionais de marketing, cujo objetivo principal era fechar a venda. No entanto, o interesse maior em satisfazer e reter clientes, assim como em conhecer como os con- sumidores consomem para poder oferecer novos produtos ou servi- ços ou melhorar os existentes, têm mudado esse quadro. A avaliação pós-consumo está relacionada ao atingimento das expectativas do consumidor. Isto é, tem a ver com a satisfação, ou insatisfação do consumidor, se o desempenho de determinado produto ou serviço está dentro das expectativas. Essa comparação Vídeo 42 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento expectativa-desempenho gerará novas informações, que funciona- rão como feedback ou retroalimentação de informações para futu- ros processos de compra. Por isso, esse processo pode determinar o relacionamento futuro do consumidor com o produto ou marca (SOLOMON, 2016). Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), a fase pós-compra passa por quatro estágios: confirmação da decisão, avaliação da experiência (consumo), satisfação/insatisfação e resposta futura. Cada uma delas é apresentada a seguir. Para Sheth, Mittal e Newman (2001), na confirmação o con- sumidor procura confirmar a sensatez da decisão, buscando evitar a chamada dissonância cognitiva, ou seja, a dúvida pós-compra so- bre a sensatez da decisão, uma dúvida se a alternativa escolhida era mesmo a melhor (SOLOMON, 2016). Conforme Solomon (2016), a existência de dissonância cognitiva pode resultar na impossibili- dade de se examinar a fundo os custos e benefícios de determinado produto ou serviço, pois se gera um arrependimento pós-decisão e a possibilidade de não mais comprá-los. Depois da confirmação da decisão, de acordo com Sheth, Mittal e Newman (2001), ocorre a avaliação da experiência, no momento em que o produto é consumido. Em relação a isso, a maioria dos produtos e serviços que as pessoas utilizam é usada de forma ro- tineira e com poucos questionamentos em relação ao consumo. Alguns produtos, pelo nível de envolvimento em questão, no en- tanto, geram uma avaliação mais consistente da experiência (como um apreciador de vinho, com alto envolvimento ou alta relevância pessoal ao consumo dessa bebida). Ainda sobre o consumo tanto de produtos quanto de ser- viços, além dos fatores ambientais e diferenças individuais (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005), Sheth, Mittal e Newman (2001) indicam que os papéis do consumidor podem gerar influências diferentes se comparados a outros estágios, como Processo de decisão do consumidor 43 a avaliação de alternativas, decisão e compra. Considerando o consumo em determinados locais públicos, os valores sociais do usuário (“aparecer bem na foto”) podem ganhar mais peso, em detrimento dos valores do pagante (economia). Após a avaliação da experiência, para os consumidores que não ficaram com dúvidas a respeito do desempenho dos produtos e ser- viços, ocorre a satisfação ou insatisfação. Se o desempenho foi infe- rior às expectativas, o consumidor ficou insatisfeito. Apresenta-se, conforme coloca Solomon (2016), a chamada desconfirmação da expectativa em relação ao desempenho, que também ocorre com o desempenho superior à expectativa. Produtos e serviços com desempenho acima da expectativa ge- ram o que alguns chamam de consumidores encantados. No entanto, considerando que a satisfação pode ser vista como cumulativa, ou seja, que experiências passadas são consideradas em expectativas posteriores, a tendência é que as expectativas cresçam com expe- riências que se mostraram positivas com o tempo (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Nesse caso, é importante que empresas que pretendam continuamente encantar seus clientes estejam pre- paradas para continuamente superar expectativas em crescimento. Após a satisfação/insatisfação, ocorre a resposta futura. Essa resposta futura, como argumentam Sheth, Mittal e Newman (2001), pode ser o abandono de determinado produto ou serviço (pela in- satisfação, não comprar mais), a reclamação ou a lealdade. Os que abandonam retornam ao início do processo decisório quando apa- recer um novo problema de compra, já que desconsideraram, de suas opções futuras, o produto com o qual eles ficaram insatisfei- tos. Os que reclamam, também insatisfeitos, decidirão depois se dão uma nova chance para o produto ou serviço em questão para com- pras futuras. A tendência a reclamar, conforme Sheth, Mittal e Newman (2001), depende de três fatores. O primeiro deles é a importância da 44 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento insatisfação, na qual pequenas diferenças entre expectativa e desempe- nho, ou grandes diferenças para produtos triviais, podem ser ignoradas. O segundo está relacionado às atribuições feitas à empresa. Nesse caso, não há reclamação se os clientes considerarem que a culpa não foi da empresa e haverá menos motivação para reclamar se os consu- midores acreditarem que a falha não se repetirá, que a empresa toma- rá medidas corretivas ou que é perda de tempo reclamar, já que não se acredita em compensações. O terceiro fator é o traço de personalidade do consumidor. Aqueles com maior autoconfiança e maior grau de agressividade sentem-se mais seguros em reclamar. Para os que reclamam, se a reclamação não for bem atendida, pode-se intensificar o boca a boca negativo. Se a reclamação for bem atendida e o problema do consumidor resolvido, pode-se aumentar o boca a boca positivo e o nível de satisfação do consumidor. Isso está relacionado ao que Sheth, Mittal e Newman (2001) chamam de justiça percebida, a percepção do consumidor por ter sido tratado com respeito durante o processo de resolução do conflito. Em relação a isso, se a percepção de justiça não ocorre, aumenta a hostilidade. Outra resposta futura à satisfação/insatisfação, além do aban- dono e da reclamação, é a lealdade, ou a repetição duradoura de compra. Nesse caso, deve-se tomar cuidado, pois uma recompra consistente pode ser apenas uma conveniência ou rotina por parte do consumidor, e não reflexo de uma preferência genuína, que está ligada à lealdade (SHET; MITTAL; NEWMAN, 2001). Nesse sentido, os autores alertam que satisfação não garante lealdade. Isso porque os consumidores podem estar satisfeitos com diversas marcas, podem estar entusiasmados por algo novo, bus- cam sempre por variedade ou podem ter maior satisfação com outra marca. De acordo com estatísticas relatadas por Hoyer e Macinnis (2012), 65% a 85% dos clientes que abandonam marcas disseram que estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com as ofer- tas abandonadas. Clientes precisam estar extremamente satisfeitos Processo de decisão do consumidor 45 ou necessitam de uma razão mais forte para permanecer com uma marca, produto ou serviço. A maior preocupação é a de buscar ações para retenção dos clientes, com a intenção de desenvolver relacionamentos de longo prazo com eles. Quanto ao descarte, ou despojamento do produto, Solomon (2016) indica que o consumidor toma diversas decisões. Uma delas é manter o produto, utilizando-o para o propósito original, trans- formando-o ou guardando-o. O consumidor pode também livrar-se permanentemente do produto, jogando-o fora, dando-o, trocando-o ou vendendo-o. O mercado de carros usados e os associados aos grupos de compra e venda de produtos usados em redes sociais são exemplos das ações de descarte. Além disso, o consumidor pode se livrar temporariamente do produto (alugando ou emprestando). Conforme Hoyer e Macinnis (2012), descarte não envolve ape- nas um distanciamento físico, ou seja, quando determinado item é fisicamente transferido para outra pessoa ou lugar. Também há o desapego emocional, um processo complexo e até mesmo do- loroso, pois consumidores podem permanecer emocionalmente ligados a posses por muito tempo, mesmo depois de terem sido fisicamente separados delas. Além disso, os autores abordam o descartede papéis durante períodos de transição, tais como a pu- berdade, a graduação e o casamento, nos quais os consumidores se desfazem de posses que simbolizavam antigos papéis. Por outro lado, o descarte está presente em situações de divórcio, envolven- do o descarte para libertação, com o objetivo de libertar alguém do antigo relacionamento, e o descarte para manutenção, com o intuito de prender-se a posses com a esperança de retomar o rela- cionamento. Ainda, há o descarte em situações de falecimento, a partir, por exemplo, dos testamentos. O descarte, por outro lado, vem ganhando espaço nos últimos tempos em função do aumento da consciência ecológica, conside- rando a reciclagem, o uso consciente de produtos e a logística 46 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento reversa (o retorno do produto usado ao fabricante). Especificamente em relação à reciclagem do consumidor, segundo Hoyer e Macinnis (2012), as variáveis mais relevantes para compreendê-la são a moti- vação, a habilidade e a oportunidade para reciclagem. 2.6 Processo de decisão do consumidor: diferenças entre indivíduos, famílias e organizações Como visto, o processo de decisão do consu- midor envolve o reconhecimento do problema, a busca de informações, a avaliação de alternativas e decisão, a com- pra, a avaliação pós-compra, consumo e descarte. Esse processo, no entanto, é específico do consumidor individual. Quando consi- deramos o processo de decisão em uma família ou outro grupo de pessoas e em uma organização (considerando que há outros papéis envolvidos na compra e no consumo), há algumas diferenças. Segundo Churchill e Peter (2012), na família o reconhecimento do problema pode começar por quem tem o papel de iniciador, em seguida, buscam-se e compartilham-se informações (nesse caso, o influenciador tem um peso importante). Depois, são avaliadas as alternativas, ocorre a decisão, efetua-se a compra e há, ao final, a administração do conflito entre os membros, tanto para o consumo, avaliação pós-compra e descarte do produto. O processo de decisão organizacional, por ocorrer em organiza- ções e ser desempenhado por profissionais treinados para trabalhar nas atividades de compra e de consumo, é mais racional em rela- ção ao processo de decisão individual e familiar. Conforme Sheth, Mittal e Newman (2001), primeiramente ocorre o reconhecimento do problema (a falta de determinada mercadoria ou necessidade de comprar um material novo). Em seguida é feita a descrição da Vídeo Processo de decisão do consumidor 47 necessidade geral de compra, a especificação do produto necessário, a procura de fornecedores, a solicitação de proposta, a seleção do fornecedor e a especificação do pedido de rotina, para futuros for- necimentos, que está relacionada ao processo individual de busca de informações, avaliação das alternativas, decisão e compra. Por fim, o uso do produto ou do serviço e a revisão de desempenho do forne- cedor, relacionado ao comportamento pós-consumo. Considerações finais Abordamos as etapas do processo de decisão do consumidor, des- de o reconhecimento da necessidade até a avaliação pós-consumo e o descarte. Ficou evidente a importância de conhecermos tais eta- pas, envolvendo os estágios pré-compra, compra e pós-compra, tanto como consumidores quanto como profissionais de marketing e outros agentes interessados na compra e no consumo. Marketing envolve entender e atender mercados, como declara- do por Richers (2000). Tal definição ganha força com as evoluções tecnológicas pelas quais temos passado. No entanto, entender os consumidores não é apenas identificar o que eles preferem, o que eles mais compram e como eles consomem determinado produto, mas como eles lidam com suas necessidades, motivações, dúvidas, anseios, conhecimentos, habilidades e atitudes. Ampliando seus conhecimentos • BRASIL. Ministério do Meio Ambiente – MMA. Logística reversa. Brasília, DF, [201-?]. Disponível em: http://www. mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/ logistica-reversa. Acesso em: 21 jan. 2019. • MARTINS, A. J. A.; ALMEIDA, M. L. de; SOUZA, D. M. da S. Análise das práticas de logística reversa aplicadas aos 48 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento vasilhames de vidro em uma engarrafadora de bebidas. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 116-130, 2018. Disponível em: http://www.spell. org.br/documentos/download/49559. Acesso em: 21 jan. 2019. O tema logística reversa, envolvido com o retorno de resíduos sólidos aos fabricantes, está ligado ao processo de decisão do consumidor, em especial o consumo, avaliação pós-consumo e descarte. Tal aspecto é importante e necessário para melho- rarmos nossos níveis de sustentabilidade. Acesse e explore o site do Ministério do Meio Ambiente, que trata da logística reversa, e o artigo “Análise das práticas de logística reversa aplicadas aos vasilhames de vidro em uma engarrafadora de bebidas”, que investigou a análise das práticas de logística re- versa aplicadas aos vasilhames de vidro em uma engarrafado- ra de bebidas, de autoria de Martins, Almeida e Souza (2018). Atividades 1. Apresente exemplos reais (podem ser os seus exemplos) para cada etapa do processo de decisão do consumidor (reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação das alternativas e decisão, ato de compra, ava- liação pós-compra, consumo e descarte) considerando um produto e um serviço específico. 2. O que os profissionais de marketing devem considerar em cada uma das etapas do processo de decisão do consumidor? 3. O que você considera mais danoso: um consumidor que não reclama ou um consumidor que reclama? Justifique. Processo de decisão do consumidor 49 Referências BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W.; ENGEL, J. Comportamento do con- sumidor. Tradução de Eduardo Teixeira Ayrosa. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2005. CHURCHILL JR., G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. Tradução de Cecília C. Bartalotti. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. HOYER, W. D.; MACINNIS, D. J. Comportamento do consumidor. Tradução de EZ2 Translate. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. RICHERS, R. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócio Editora, 2000. SHETH, J. N.; MITTAL, B.; NEWMAN, B. I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. Tradução de Antonio Carlos de Almeida. São Paulo: Atlas, 2001. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. Tradução de Beth Honorato. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. 3 Influências sociais no comportamento do consumidor O processo decisório de compra e consumo geralmente passa por cinco etapas: reconhecimento da necessidade (percepção do consumi- dor de que ele precisa comprar ou consumir algo); busca de informa- ções (em relação à necessidade de compra ou consumo); avaliação das alternativas e decisão de compra; ato de compra; consumo, avaliação pós-consumo (satisfação ou insatisfação) e descarte. Conforme apre- senta a Figura 1 a seguir, esse processo gera uma retroação (feedback) das informações que surgem na avaliação pós-compra para o reconhe- cimento do problema e a avaliação de alternativas. Figura 1 – Influências no processo decisório Influências ambientais • Cultura • Classe social • Influências de grupo • Família • Situação Diferenças individuais • Recursos do consumidor • Motivação e envolvimento • Conhecimento • Atitudes • Personalidade, valores e estilo de vida Reconhecimento do problema Busca de informações Avaliação de alternativas e decisão de compra Ato de compra Consumo, avaliação pós-compra e descarte Processo decisório do consumidor Variáveis que influenciam o processo decisório Fonte: Adaptada de Blackwell; Miniard; Engel, 2005, p. 84. 52 Comportamento do consumidor e marketing de relacionamento Além disso, o processo como um todo recebe influências de variáveis ambientais
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