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CA COLORRETAL (CCR) Epidemio: - uma das maiores causas de morte em países ocidentais; - 95% dos casos são de adenocarcinomas primários de cólon e reto; - 2ª causa de morte nos EUA; no Br atrás de mama e próstata; Etiopatogenia: - interação genética + ambiente; · Genética = PAF, HNPCC; proto-oncogenes KRAS; perda de genes supressores tumorais APC, DCC, p53; alteração em genes MMR levam a erros de replicação e propensão à mutação; · Ambiente = CA esporádico (mas também tem componente genético associado); - FR: idade avançada (>50 anos), HF de CA, obesidade, tabagismo prolongado, sedentarismo, ingestão alta de carne vermelha ou processada e bebidas alcoólicas, baixa ingestão de cálcio, frutas e fibras), DMT2, radiação ionizante, presença de pólipos, sds genéticas, DII... - prevenção 1ª = orientação dietética, comportamental, remoção de lesões precursoras. Fatores de risco: · Pólipos adenomatosos - pólipos macroscópicos evoluem para displasia; - risco de evolução adenoma-carcinoma depende do tamanho e da histologia do pólipo; a evolução pode levar até uma década, e o progresso de adenoma p/ neoplasia invasiva pode levar 5 anos; - o risco p/ desenvolvimento de CCR é proporcional ao nº de pólipos presentes; - geralmente, ocorrem adenomas em localização anatômica próxima de neoplasias (pólipos-sentinela); - é comum o achado de CA em pólipos removidos por colonoscopia ou cirurgicamente, e o risco é proporcional ao grau de displasia encontrado no pólipo; - a remoção de pólipos adenomatosos por colonoscopia em pctes sob seguimento diminui o risco de mortalidade por CA. · História familiar - Câncer esporádico: - 70-75% dos casos de CCR; - maior suscetibilidade de CCR em familiares portadores de CCR, principalmente de 1º grau. - Polipose adenomatosa familiar (PAF): - 1% de todos os CCR; - centenas a milhares de pólipos começam a desenvolver-se no cólon e no reto a partir dos 15-20 anos e, caso não haja remoção, evoluem p/ CA em cerca de uma década; - sd de Gardner e Turcot são variantes da PAF, associadas a osteomas do crânio e ossos longos, CA de tireoide, cistos epidermoides, fibromas e cistos sebáceos na 1ª e tu no SNC na 2ª; - dx por meio de colono em indivíduos sintomáticos ou em parentes assintomáticos; - recomendado o tto cx do CCR, com ressecção de todo o intestino grosso, geralmente, ao final do crescimento somático. - Câncer de cólon e reto hereditário não polipoide (HNPCC): - 5-10% dos casos de CCR; - sd de Lynch (dç autossômica) forma geneticamente determinada mais comum de predisposição para o CCR; - podem existir pólipos e o adenocarcinoma se origina dos adenomas; o que não ocorre é a polipose, pois o nº de pólipos é pequeno; lesões tumorais ocorrem no cólon direito; - sd de Lynch 1 = predispõe apenas CCR; - sd de Lynch 2 = predispõe CCR e tu ginecológicos (carcinoma de endométrio e ovário); - critérios de Amsterdam: Amsterdam 1 pelo menos 3 membros da mesma família com CCR; 1 dos membros deve ser parente de 1º grau dos outros 2; pelo menos 2 gerações sucessivas acometidas; um dos membros deve ter <50 anos no dx; deve ser excluída PAF; deve haver confirmação anátomo-patológico de CCR; Amsterdam 2 Amsterdam 1, podendo os 3 membros da mesma família serem portadores de tumores de endométrio, intestino delgado, ureter ou pelve renal, além do CCR. · Outras síndromes - Sd de Peutz-Jeghers; - Polipose juvenil familiar. - Dç intestinal inflamatória - nos casos de RCU inespecífica, há aumento do risco de CCR, especialmente após 8 anos de instalação da doença; risco maior nas pancolites. Rastreamento: · ≥ 50 anos de idade, sem outros FR: · Baixo risco ou normal; · Pesquisa de sangue oculto nas fezes e exame proctológico anuais; encaminhar para colonoscopia os casos positivos ou colono a cada 5-10 anos; · História pessoal ou familiar (1º grau) de CCR ou história pessoal de adenoma: · Risco médio; · Colonoscopia a cada 3 anos; · Portadores de sd genéticas relacionadas ao CCR, DII na forma de colite e enterite actínica colorretal: · Alto risco; · Colonoscopia anual. Diagnóstico: - fases precoces = assintomático; pode causar anemia, massa palpável, obstrução intestinal, diarreia, dor local; - tumor de ceco e cólon ascendente = grandes massas, anemia, sangue oculto nas fezes; muito sangrantes; raramente causam obstrução; fezes mais líquidas; idosos com sintomas de fadiga, alterações cardiorrespiratórias + descoramento e/ou melena; Obs: tríade tumor de cólon ascendente massa palpável + anemia + diarreia; - tumor de cólon descendente e sigmoide = alterações do hábito intestinal, com obstrução intestinal, alterna períodos de constipação e diarreia; pode ocorrer mucorreia e enterorragia; - tumor de reto = sintomas obstrutivos, hematoquezia, enterorragia; tenesmo, dor retal; sintomas de invasão de órgãos adjacentes, como uropatia obstrutiva, hematúria e fístulas vaginais; · Colonoscopia: - diagnóstico de tumores com maior sensibilidade que exames radiológicos; - propicia biópsias e excisão de lesões pré-cancerígenas, como os adenomas; - em conjunto com o TR fazem a maioria dos dx de CCR; · Enema opaco: - alternativa à colono; - pode não detectar lesões pequenas; · Exs laboratoriais: - CEA não é utilizado para dx ou rastreamento; - é um marcador de recidiva em pctes em acompanhamento pós-opertatório; Obs: - rotina para tumores colorretais intraperitoneais dosagem de CEA, TC de abdome, pelve e tórax, colonoscopia; - rotina para tumores colorretais extraperitoneais dosagem de CEA, TC de abdome, pelve e tórax, colonoscopia, USG endoanal (ou RNM). Estadiamento: - identifica extensão locorregional da lesão primária e lesões mtx; - define px e avaliação de dor nos resultados do tto; - CCR cresce localmente de forma circunferencial, principalmente no reto; evolui no sentido craniocaudal, dissemina-se por via linfática, vascular e transcelômica; - no pré-operatório a investigação do comprometimento locorregional de estruturas vizinhas, linfonodal e de mtx intra-abdominais deve ser feita por intermédio de USG ou TC; - no intra-operatório realizar investigação cuidadosa de toda a cavidade abdominal. Tratamento: · Pólipos adenomatosos que contêm carcinoma associado - carcinoma in situ e carcinoma intramucoso ressecção endoscópica, desde que as margens estejam livres de neoplasia; - carcinoma invasivo polipectomia se margem de ressecção livre de tumor, carcinoma diferenciado, s/ invasão de linfáticos e sanguíneos; - pólipos sésseis ressecção da submucosa em monobloco. · Tumores de cólon São feitas conforme princípios oncológicos: com margens de ressecção de pelo menos 5cm, ligaduras vasculares junto aos seus troncos de origem, linfadenectomia adequada e mínima manipulação tumoral. A invasão local p/ diafragma, int delgado, bexiga, ovários, útero, baço e fígado não é indicativa de irressecabilidade. - cólon direito colectomia direita; se abdome agudo obstrutivo pelo tumor de cólon direito = ressecção com anastomose primária; - ileostomia se pcte em más condições clínicas ou casos de perfuração e peritonite; - cólon transverso colectomia direita ou esquerda ampliada, colectomia transversa ou colectomia total; - cólon descendente colectomia esquerda; - sigmoide e reto alto retossigmoidectomia; - PAF / RCUI / HNPCC colectomia total, pois há grandes chances de desenvolvimento de novos tumores no cólon remanescente; - tumores irressecáveis tto paliativo com ostomias ou derivações internas. · Tumores de reto - reto médio e distal (extraperitoneal) margem de segurança de 2cm ou 1cm para lesões mais baixas, devido ao crescimento circunferencial nesse local, sendo realizada anastomose colorretal; a cirurgia de Hartmann (retossigmoidectomia com sepultamento do coto distal e colostomia terminal do sigmoide – deve ser reservada às emergências); - reto baixo ressecções anteriores baixas com anastomose coloanal ou amputação abdominoperineal do reto. Obs: - a excisão total do mesorreto (gordura perirretal limitada pelas fáscias de Denonvilliers e Waldeyer) éobrigatória em qualquer abordagem, para que seja feita a linfadenectomia adequada; - as anastomoses extraperitoneais, no reto distal, tem risco maior de complicações e devem ser drenadas – dreno sentinela; - as anastomoses mais distais, de reto baixo e coloanais podem demandar o uso de colostomia ou ileostomia em alça de proteção; - preconiza-se quimiorradiação neoadjuvante, trazendo benefícios para pctes nos estádios 2 e 3; - tumor de reto baixo, s/ invasão da camada muscular própria (T1) e que sejam considerados baixo risco – bem diferenciados, menores que 3cm, menos de 40% da circunferência da luz, sem invasão linfovascular e metástases linfonodais e restritos à camada superficial da submucosa (sm1), podem ser tratados por excisão local de parede total do reto por via transanal cirúrgica ou com dispositivos especiais; - operação de Miles amputação abdominoperineal do reto deve ser realizada sempre que há comprometimento do aparelho esfincteriano e leva a colostomia definitiva; são ressecados todo o reto e o ânus, juntamente com o aparelho esfincteriano e o mesorreto (gordura perirretal) e é confeccionada uma colostomia terminal do cólon proximal. · Metástases · Hepática - mtx hepática não contraindica a ressecção radical de CCR; - ressecção de mtx hepáticas determina incremento na sobrevida; - só deve ser realizada a ressecção se lesão totalmente ressecável, sem evidencia de tumor extra-hepático irressecável. · Pulmonar - mtx pulmonares localizadas podem ser ressecadas, desde que o paciente tenha reserva respiratória adequada em prova de função pulmonar e que o tumor inicial possa ser controlado, determinando incremento na sobrevida. Obs: achados pré ou intraoperatórios de carcinomatose ou mtx hepáticas e pulmonares disseminadas contraindicam ressecção aos assintomáticos. Seguimento - ex proctológico + dosagem de CEA + exs de imagem + colono em pctes operados; - recidivas locais ocorrem principalmente nos primeiros 2 anos de evolução e lesões metacrônicas, em outras localidades do cólon, em até 5% dos casos. Prognóstico - está diretamente relacionado ao estádio do tumor; - sobrevida de 5 anos é de 60-70% nos estádios 1 e 2; 40% no estádio 3; praticamente 0 no estádio 4; - prognóstico ruim tumores indiferenciados, mucinosos ou com cels em anel de sinete; CEA alto no dx, comprometimento linfonodal (pior se 4 ou mais), mtx, perfuração e obstrução, pctes jovens, invasões linfática, venosa e perineural e penetração na parede do órgão; - prognóstico bom reação imunológica, inflamação e instabilidade de microssatélites; tipo polipoide, neoplasias bem diferenciadas e aquelas que se manifestam por sangramento.
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